Lisboa, 1921. Vivem-se ainda as sequelas da Grande Guerra e os temores causados pela Revolução Russa, mas sente-se sobretudo o descrédito dos políticos, responsáveis por uma crise sem fim à vista que mergulha o País na miséria e acende, por todo o lado, focos de violência. O assunto é tema de conversa em casa do advogado viúvo Eugénio Furtado - o «palacete» onde reside com as irmãs e a sua bela e encantadora filha Madalena -, mas também no prédio ao lado, do qual são inquilinos um casal de aristocratas russos refugiados, um velho fidalgo monárquico, uma prima de Eugénio e a famosíssima Elisa, actriz de grande talento mas reputação duvidosa, que organiza continuamente festas e jantares. É num desses serões que Madalena conhece um médico por quem se apaixona; mas, se o namoro poderia, à partida, ter quase tudo para dar certo, uma série de mal- -entendidos e intrigas vem minar a relação dos dois, tal como o cortejo de conflitos e dramas sociais mina a credibilidade do regime, culminando na Noite Sangrenta - talvez o mais trágico e vergonhoso episódio da nossa história colectiva - durante a qual desaparece misteriosamente um dos protagonistas do romance. Com um riquíssimo leque de personagens - republicanos convictos e saudosos do rei, devotos de Fátima e ateus, aristocratas, burgueses e populares -, Margarida Palma parte do microcosmos de um bairro lisboeta para nos dar conta de como se vivia e amava em Portugal no mais violento período da I República.
Since I discovered this Author, my only regret is that she has only published these two books up till now... This one tells of the time, after the Republic had already been instituted, when there were constant revolutions and a great deal of instability in the country. In both side, Republicans and Monarchists, there were people of honor who genuinely had ideals... But there were a lot of politicians who merely wanted to serve themselves. The instability will end up, years later, giving way to a dictatorship, but for now the instability of constantly changing weak governments, social injustice and hunger, give rise to one of the most shameful pages of history, the infamous night of 19 October 1921.
Marvelous characters, larger than life, one of which was already present in the previous book. A Director could turn these two books into a marvelous movie series. Someone compared the Author's books to Jane Austen's, but I guess she is more along the lines of the Forsyth Family or Upstairs Downstairs.
Um romance histórico é sempre um livro que causa alguns receios de leitura... muita gente tem a ideia de que são livros cansativos, e isso é um facto se o autor não tiver algum cuidado.
Este livro de Margarida Palma, infelizmente, foi um pouco um desses casos. Apesar da componente histórica ser interessante, para quem gosta do género como eu, é também um pouco arrastado. O que é pena.
A história deste livro centra-se em Lisboa em 1921. Estamos em plena I República, mas um regime que não tem nada de estável, com constantes revoluções. Assistimos, em paralelo com a história central, à preparação da revolução de 19 de Outubro de 1921, designada como "A Noite Sangrenta". Nessa noite foram assassinados nomes importantes do Governo em funções e apoiantes da Implantação da República, tendo sido executada por marinheiros e arsenalistas descontentes com a destituição de Liberato Pinto do Governo e a sua condenação. No centro destas convulsões está o amor crescente entre Madalena e Filipe, com a oposição de um terceiro elemento, Elisa, que tenta condicionar a realidade de modo a que Madalena, uma moça de boas famílias e com sentido de moral, não se deixe enredar pela paixão e deixe de estar interessada por Filipe. Ainda antes do final da obra ficamos a conhecer o desfecho desta relação e ficamos centrados apenas nos acontecimentos históricos. Senti que a narrativa se arrastava a determinados momentos e no final a "Noite Sangrenta" foi "despachada" em meia dúzia de capítulos, quando se andou a obra inteira a antever que algo de terrível e muito importante para o País iria ocorrer. Gostei e introduziu-me numa temática que não é muito falada, esta revolta que foi um verdadeiro massacre na I República, mas não senti que me prendesse a ponto de querer continuar a ler sofregamente para saber o final do enredo.
Nunca tinha lido nada sobre a Noite Sangrenta, desconhecia que tinha havido esta revolução. Este livro tinha tudo para ser excelente, mas, na minha opinião, teve demasiada informação, foi muita política e pouco romance. Levei muito tempo a ler pois não havia desenvolvimento, muito lento. Os próprios diálogos eram um pouco maçadores. Tive pena de não ter sido mais interessante.
Apesar de interessante a relação da história com a realidade política e social de Portugal na época, foi demasiado exaustiva a exploração desta componente, fazendo-me perder, por vezes, o fio à meada da história das personagens fictícias.