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159 pages, Mass Market Paperback
First published January 1, 1971
The Black Mountains (As montanhas negras), de Fred Saberhagen, é o segundo volume da série The Empire of the East, numa pegada de mundo de fantasia pós apocalíptico com alguns elementos tecnológicos. O terceiro volume dessa saga The Changeling Earth é mencionado no Apêndice N, que recomenda também toda obra do autor.
No primeiro livro, The Broken Lands, um grupo de rebeldes consegue uma grande vitória contra os invasores do oriente, capturando um castelo onde vários líderes se reuniam para o casamento de Charmian, filha do sátrapa Ekuman. Além de tropas diversas, eles contam também com corujas gigantes, pedras mágicas, elementais e, é claro, um tanque atômico. Os sobreviventes fogem para as Montanhas Negras, principal reduto de poder do Império do Leste nas terras ocidentais.
A cidadela nas Montanhas Negras merece uma descrição a parte. No seu centro reside o Lorde Demônio Zapranoth, a quem todos os satrápas devem se comprometer, sacrificando parte de sua essência em troca de uma dádiva das trevas. Som the Dead (Som o Morto) atua como vice-rei do Leste, sua sala de audiência é repleta de perfumes para disfarçar seu cheiro apodrecido, e quem se aproximar demais consegue vislumbrar no canto dos olhos, uma caveira no lugar do rosto. Diz-se que ele é imune a veneno ou doença, e que qualquer ferimento de arma que lhe for infringido é imediatamente refletido de volta ao agressor. Ele comanda uma guarda pessoal de 500 homens, portadores de um artefato ligado a valquírias mecânicas que resgatam seus corpos quando mortos nos arredores da montanha, e os leva para serem curados nas águas da vida do Lorde das Feras Draffut, outra criatura ancestral que habita a região. É essa fortaleza que os Povos Livres planejam conquistar...
A trama acompanha o jovem Rolf, que continua procurando sua irmã desaparecida e ajudando os rebeldes com sua afinidade pela ciência dos antigos. Quando o mago Gray conjura um Djinn da Tecnologia, é Rolf que consegue fazer com que a criatura cumpra suas obrigações para construir os dispositivos necessários para invadir a fortaleza inimiga. Diversos personagens apresentados no primeiro livro são esquecidos ou relegados a segundo plano, tornando essa história quase independente do primeiro livro. Por exemplo, o Povo Silencioso, raça de corujas inteligentes, migra para o sul no outono, um conceito bem interessante para ser levado às mesas de jogo.
Assim como no primeiro volume, porém, a parte do vilões é muito mais interessante. Aqui vemos a volta de Lorde Chup, que, apesar de estar do lado “errado”, tinha um código de honra próprio, e era o único dos sátrapas que não tinha prestado juramento para o Lorde Demônio nas Montanhas Negras. Então quando finalmente consegue escapar dos Povos Livres, ele apresenta aos leitores esse novo e complexo local, a medida que vai sendo envolvido pelas intrigas da sua consorte Charmian em busca de poder.
A história vai num crescendo até um clímax de tirar o fôlego. Aqui vai um spoiler que não é tão grave já que, assim como o tanque atômico do primeiro livro, aparece na arte de capa. Lembra da cena inicial do filme do Senhor dos Anéis (que não está no livro) onde Sauron aparece em pessoa para liderar os exércitos? Aqui acontece algo parecido. Zapranoth assume a forma de um gigantesco guerreiro de armadura, sendo contido pelos magos dos Povos Livres e depois enfrentando um outro ser de igual poder, enquanto o grosso das tropas de ambos os lados combate aos seus pés.
Consigo encontrar poucas influências diretas ao RPG, os elementais e djinns certamente chegaram ao Monster Manual, mas talvez o livro tenha influenciado em parte na criação de um dos monstros mais clássicos: o lich. Sei que o lich em si foi criado por Gardner Fox na série Kothar, e não cheguei nessa leitura ainda, mas as semelhanças são muitas. Som the Dead é bem parecido com esse morto-vivo, além disso, os demônios nesse mundo podem transferir sua essência para algum objeto ou criatura, tornando-se assim incapazes de serem verdadeiramente destruídos enquanto esta estiver preservada, um conceito que parece bastante com o filactério dos lichs.
Independentemente disso, todo o livro parece bastante uma grande aventura de RPG, com inúmeros, locais, itens e personagens que podem ser facilmente “roubados” para qualquer campanha. Existe, por exemplo, uma cena onde Lorde Chup precisa invadir a sala do tesouro, enfrentando diferentes desafios que é quase um módulo pronto, e bem no espírito “old school” onde tentar matar todos os inimigos é o caminho certo para a morte.
Concluindo, não tem como errar com The Black Mountains, é uma melhora significativa do primeiro The Broken Lands, e tudo indica que o próximo volume, The Channeling Earth, será ainda melhor. Estou ansioso para descobrir por que Gygax escolheu incluir somente a conclusão da história no Apêndice N, aguarde (literalmente) o próximo capítulo...