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As Aventuras de João Sem Medo

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Fábula fantástica recorrendo ao imaginário mágico, por vezes de inspiração surrealista, este romance de José Gomes Ferreira é um prodígio de imaginação e engenho narrativo que consegue provocar o agrado de adolescentes e adultos.
As aventuras fantásticas e intemporais de um João Sem Medo, natural de Chora que Logo Bebes, um aventureiro que foge de um país cinzento, conhece a diversidade do mundo, enfrenta o seu próprio medo...

170 pages, Paperback

First published January 1, 1963

29 people are currently reading
476 people want to read

About the author

José Gomes Ferreira

61 books32 followers
Nasceu no Porto a 9 de Junho de 1900. Com quatro anos de idade mudou-se para a capital. O pai, Alexandre Ferreira, era um empresário que se fixou na actual zona do Lumiar, em Lisboa, tendo doado as suas propriedades para a construção da Casa de Repouso dos Inválidos do Comércio. José estudou nos liceus de Camões e de Gil Vicente, com Leonardo Coimbra, onde teve o primeiro contacto com a poesia. Colaborou com Fernando Pessoa, ainda muito jovem, num soneto para a revista Ressurreição.
A sua consciência política começou a florescer também ela cedo, sobretudo por influência do pai (democrata republicano). Licencia-se em Direito em 1924, tendo trabalhado posteriormente como cônsul na Noruega. Paralelamente seguiu uma carreira como compositor, chegando a ter a sua obra "Suite Rústica" estreada pela orquestra de David de Sousa.

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Displaying 1 - 30 of 50 reviews
Profile Image for Luís.
2,348 reviews1,309 followers
March 13, 2024
This book is for both kids and adults. My old teacher in high school recommended it.
Profile Image for Inês .
20 reviews4 followers
May 5, 2021
"Bruxas? Não existem - dirão os senhores peremptórios, naturalistas e suficientes.
Pois não.
Mas a caça às bruxas, isso afirmo-vos eu que há."
Profile Image for Katya.
461 reviews
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February 2, 2022
"É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir."
10



João Sem Medo, "fala-barato de imprecações e graçolas populares, desprezador dos tiranetes e dos poderosos e, sobretudo, cheio de alegria de existir, de respirar, de acreditar nos bons sentimentos e de inventar monstros para os destruir e vencer”, que não por acaso se cruza com o eterno Rocinante de Quixote, começou a ser escrito, em 1933, sob o pseudónimo de Avô do Cachimbo, e em forma de folhetins, para a gazeta O Senhor Doutor.

Este João, nada mais que um fanfarrão sem idade ou rosto definido, passa o seu tempo a inventar, por necessidade e engenho - lá está, como o tio Quixote - os seus próprios monstros.

E antes de passar a interpretações duvidosas, era inevitável reconhecer as palavras de José Gomes Ferreira:


"...ninguém conseguiu nem conseguirá anular, garanto-vos, (...) a alegria encantada com que criei o meu João Sem Medo, afinal um pequeno-burguês gabarola que se ilude de não parecer covarde. E o sentimento de liberdade feliz com que senti correr a pena no papel, mesmo quando a constrangia a não cair no sentimentalismo moralizante. Ou o prazer com que ainda hoje me recreio com algumas páginas deste divertimento pícaro, sempre esperançado que o meu gozo, suspeito de vaidade efémera, contagie os leitores mais relapsos e os convença a lerem esta saga de contestação mansa, vencendo o preconceito de nela entrarem gigantes, fadas e bruxas.
Bruxas? Não existem - dirão os senhores peremptórios, naturalistas e suficientes. Pois não.
Mas a caça às bruxas, isso afirmo-vos eu que há.

[Nota final da 2° edição;
Lisboa - 1973]



Pois bem, e agora, em que universo se arrumam as fábulas?
Confesso que jamais as apreciei como hoje. E só chegada a idade adulta me apercebi da imensa quantidade de dor, tristeza e realidade que se acumula nestas histórias.
E se por um lado defendo que a literatura não deve ser rotulada, estratificada, classificada segundo faixas etárias (e recordo uma memória dolorosa: estaria, eu e uma colega de turma, num 5°/6° ano de escolaridade, embasbacadas frente à capa d'O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá numa feira do livro da escola. Perante o interesse dela surgia o meu. Estava tentada a pegar no livro...e de trás de mim ouço dizer à dita colega: "Acho muito bem que o leia que já tem maturidade suficiente para isso...ao contrário dos seus colegas." Escusado será dizer que a primeira vez que peguei nesse livro se passavam já 15 anos sobre esse episódio). Não podemos assumir que as crianças são tolas, têm fraca percepção ou discernimento. A literatura é a forma maior de democracia que o homem logrou conseguir e assim se deverá manter.
Depois, por outro lado reflito arrogantemente as ironias, as metáforas, os comentários (os sociais, e sobretudo os políticos) encaixados num tempo e lugar próprios e fica a dúvida se a obra é apreendida na sua totalidade até determinada altura da nossa vida - e se o é jamais!


"...todos por fim embarcariam na confusão, até certo ponto legítima, de esta história parecer exclusivamente destinada a crianças (que só lhe poderão entender a superfície). Visão pitosga, em suma, mas inevitável."

[José Gomes Ferreira,
Op. Cit.]



Afinal, o próprio João Sem Medo, quando parte de Chora-Que-Logo-Bebes, a pé, no Rocinante, montado em complexos engenhos mecânicos, o que seja, enfrenta as mais variadas aventuras e regressa pela metade! àquilo que deixou.


O autor é desapiedado na crítica, mordaz e ácido no retrato dos choraquelogobebenses (alguém extraviado que se acuse). Lido sob uns binóculos que o retomem ao seu contexto temporal, ou trazido para a nossa contemporaneidade, não deixa de fazer absoluto sentido acatar de orelhas baixas o dedo que aponta o texto:

" - A maioria das pessoas já nem pensa! - filosofou o rapaz.-Fala. Isto é: limita-se a pôr o aparelho em acção, a acertar a agulha no sulco respectivo e a deixar tocar o Disco... Sempre igual, aliás."
42


A polarização das ideias do autor é supramente interessante e centra-se em opor o mundo da inocência/ignorância (a floresta Branca que atravessa João Sem Medo) ao do saber e da bravura que o logra conquistar.

Mais do que o foco na efabulação que, podemos perceber, deu gozo ao autor fazer surgir, talvez devêssemos olhar de forma mais crítica um texto aparentemente fantasioso e tecnicamente engenhoso como algo ainda mais merecedor de elogio.

O meu fascínio pela sátira tem aqui, claro, o seu peso e não me permitiu escapar a ver semelhanças entre a intervenção do Teatro de Revista e os folhetins de Gomes Ferreira, essenciais para que o grosso da população nacional pudesse escapar ao regime Salazarista com o mínimo de danos possível e alguma da sanidade mental (cada qual em sua escala).
Profile Image for João Barradas.
275 reviews31 followers
July 17, 2017
À boa moda portuguesa, bajulamos a epopeia fantástica d’”O Principezinho” enquanto ignoramos a existência do mergulho fabulástico no realismo mágico deste autor português, escrita em pleno regime ditatorial e construída sobre um caminho repleto de pedras contra o mesmo (quem quiser que as tire do seu lugar e as atire para onde quiser!)
Para lá do muro ilusório, próxima de uma aldeia onde tão bem se apregoa a infelicidade , um alto contestatário demonstra a coragem necessária para dizer basta a uma vida monótona de resignção e embrenha-se numa viagem de descoberta.
Descortina, no entanto, apenas as características de um povo que, habituado ao regime, o não tenta debelar… mesmo que seja necessário ser: acéfalo para conquistar a felicidade, apologista da ignorância e da falta de altruísmo em detrimento das conquistas pelo proveito próprio, toldando problemas e confundindo perspectivas (ao invés de combater o maldoso dragão, contenta-se apenas com a procura sucessiva das diferentes princesas que ele rapta).
Com características tão mesquinhas, não admira que os animais, adoradores da Mãe Natureza (das quais retiram os principais bens), tenham querido distanciar-se dos humanos, esses vil seres que falam apenas para soltar baboseiras, servindo ainda de exemplos para os segundos na melhor forma de requerer a igualdade global: a luta por uma liberdade perante a diferença e que culmine na aceitação de uma identidade própria.
Cavando mais a cova, num clima de medo que se imiscui nas outras moléculas do ar (chegando mesmo a retirar o primeiro lugar ao azoto, em termos da sua composição percentual), tentam-se pular posições com base na sorte ou no compadrio e não na meritocracia, a ponto de uma monstruoso transmutação em autênticos antropófagos vegetarianos.
Entre a magia da quebra da quarta parede, ouve-se um grito, a plenos pulmões, contra as frases feitas e os pensamentos toldados, pela felicidade, aquela que apenas se obtém resistindo com teimosia a todas as infelicidades. E, revolucionário é aquele que, sem medo, constatando ser único a requerer um terramoto mental, se aproveita da resignação dos outros para conseguir manter os seus ideais.
Profile Image for João.
5 reviews2 followers
June 5, 2011
Muito mais do que o Principezinho, este foi o livro mais marcante dos meus primeiros e fundamentais anos de leitura séria e sistemática. Inevitáveis numa boa biblioteca juvenil, estas aventuras de João, que sem medo e quebrando uma longa tradição de submissão bovina à ignorância e ao sofrimento de Choraquelogobebes, saltou os muros da sua aldeia e mergulhou no mundo de imaginação delirante, de grande alcance metafórico, do grande José Gomes Ferreira. Para miúdos e graúdos. E «é proibida a entrada a quem não andar espantado de existir».
Profile Image for tiago..
455 reviews132 followers
February 10, 2024
Bruxas? Não existem - dirão os senhores peremptórios, naturalistas e suficientes.
Pois não.
Mas a caça às bruxas, isso afirmo-vos eu que há.

Quem leu Alice no País das Maravilhas vai decerto encontrar algo de deliciosamente familiar neste pequeno romance de José Gomes Ferreira. Como todo o bom poeta, José Gomes Ferreira acha difícil evadir-se à metáfora, mesmo quando escreve um livro infantil, e deixa que um sem-fim de duplos sentidos habitem esta encantadora história, cheia de gosto popular, liderada por um carismático protagonista que, tal como Geraldo, é sem pavor. Preso na pasmaceira de uma terriola a que chamam Chora-Que-Logo-Bebes, João Sem Medo arrisca partir para uma vida de aventuras, cruzando o muro que continha essa epígrafe que desde então tão famosa ficou:
É PROÍBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

As peripécias são infinitas, os personagens que se reencontram inúmeros, e a bravura do nosso João Sem Medo sem limite. E claro, como em toda a boa fábula, sempre um sentido oculto à espera de ser descoberto. Não há melhor moralista que um bom metaforista, a final de contas:
Segundo ela contou, a planície que se estendia até à Cordilheira do Vento-Aos-Coices pertencera em épocas imemoriais ao Devorador das Sete Bocas que, com crueldade pavorosa, de chicote em riste, obrigava as gentes da região a trabalhar 16 horas por dia para lhe satisfazer o apetite insaciável. Como paga, os infelizes recebiam apenas a côdea de broa dos escravos, que mal se sustinham de pé, sujeitos à mais selvagem vassalagem de que havia memória (...).

Resumindo: o abuso atingiu tais limites de execração que a revolta estoirou por fim, inevitável. O Devorador foi banido da face da Terra e os camponeses apossaram-se da planície para a cultivarem em proveito próprio. Mas (...) novas desgraças se multiplicariam, agora causadas pelos descendentes do Devorador que não renegavam os seus direitos de tirania herdada. (...)

- E quer saber como esses assassinos nos atacam agora? - conclui a estalajadeira. - Entranhando-se subtilmente nos nossos espíritos, disfarçados de espectros ou de pensamentos, para nos matarem de dentro para fora.

Desde um príncipe com orelhas de burro que tresanda a Salazar a uma bruxa que guarda uma caverna com mil poços e mil verdades, as Aventuras de João Sem Medo são um caleidoscópio através do qual se mostra uma realidade tão mais clara quão mais distorcida. E talvez quem leia este livro se ache a repetir a pergunta com que Lewis Carroll conclui essa outra maravilha que é Alice Através do Espelho :
Life, what is it but a dream?
Profile Image for Sonia Almeida Dias (Peixinho de Prata).
671 reviews30 followers
August 23, 2016
É bem possivel que este seja um dos meus livros favoritos, eu que não sou muito de ter livros favoritos. Sob a capa de livro juvenil, este livro esconde uma belissima sátira social ao que é ser português, a este fado do qual não saímos, ao chorar a nossa sorte.
Ao mesmo tempo põe nas nossas mãos o ónus de ter coragem, que na realidade passa apenas por fingir sempre que não temos medo, aliado a uma série de outras qualidades sendo a mais importante a perserverança e o eterno optimismo.
Muito fácil de ler, e reler, permite-nos sempre descobrir mais um significado que estava escondido debaixo de mais uma camada de bom humor.

Aconselho a todos, mesmo todos. Principalmente os que ainda estão espantados de existir.

https://peixinhodepratablog.wordpress...
Profile Image for Tempero.
48 reviews
July 7, 2025
Aventuras de João Sem Medo é uma colecção de pequenos contos que se ordenam em 15 capítulos para contar as peripécias da personagem homónima numa terra mágica onde há homens sem cabeça, árvores de dez braços, colinas de cristal, gramofones com asas, salas sem portas, a cidade da confusão, o príncipe das orelhas de burro, a princesa nº 46 734, etc..

É uma aventura surrealista com um estilo oral, baseado na cultura popular, e uma linguagem por vezes inventada por uma tendência do autor "para obrigar as palavras e os factos a fazerem o pino". Também é evidente a influência dos contos de fadas dos irmãos Grimm, das fábulas de Esopo e La Fontaine, do Quixote de Cervantes ou das aventuras de Alice no País das Maravilhas e do Cândido da obra de Voltaire.

Há um desconcerto do mundo e um universo mágico e caótico que extravasam as páginas do livro e envolvem o autor e o leitor nesta história fantástica de lugares-comuns, meios sentidos e entrelinhas. Por isso, desengane-se quem pensa que este livro é uma história para crianças!

João Sem Medo é "um fala-barato de imprecações e graçolas populares, desprezador dos tiranetes e dos poderosos e, sobretudo, cheio de alegria de existir, de respirar, de acreditar nos bons sentimentos e de inventar monstros para os destruir e vencer".

É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir!
Profile Image for Rui Ferreira.
Author 2 books48 followers
May 28, 2021
A leitura deste livro marcou-me pela capacidade de entreter miúdos e graúdos. Foi a nossa companhia para adormecer dois traquinas, um de 4 e outro de 9 anos, durante várias noites. Como se compreende, não é fácil encontrar leituras que agradem aos dois, ou neste caso, aos três! As Aventuras de João Sem Medo rivalizam com qualquer clássico infantojuvenil e retratam de forma mordaz a sociedade portuguesa do século XX que se preparava para a chegada do Estado Novo. Fica para sempre a extraordinária aldeia de Chora-Que-Logo-Bebes e a coragem de nos embrenharmos por caminhos onde “É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir”. Um livro de fantasia portuguesa absolutamente obrigatório.
Profile Image for Paulo Teixeira.
907 reviews14 followers
January 6, 2023
(PT) As aventuras de João Sem Medo, um rapa que mora em Chora-Que-Logo-Bebes, e decide explorar o mundo à sua volta.
Profile Image for Paula AL.
21 reviews2 followers
February 10, 2016
Durante muitos anos, o meu pai insistiu tanto e tanto para ler as Aventuras de João Sem Medo. Finalmente, está lido!
Entendo bem que o tenha feito (e agora o faça com a neta mais velha) - pelo humor, ironia, cinismo, trapalhices, surrealismo, trocadilhos e uma profusão absurda de recursos estilísticos (ou recursos expressivos; ou figuras de estilo ou ...como se chama agora?).
A narrativa tem um ritmo aceleradíssimo. Tão acelerado que, muitas vezes, tive de me forçar a abrandar a leitura para a sofreguidão não me fazer escapar tanto do que, com certeza, acabei por deixar escapar...
Profile Image for Beatriz Szwarc.
3 reviews1 follower
May 31, 2019
Escrito de uma maneira leve e fluida, explora mundos encantados enquanto aborda temas como optimismo, igualdade de género e depressão sem nunca mencionar nenhum destes termos. Inteligente, humorístico e rápido, um must desta vida! Sejamos todos felizes e sem medo!
Profile Image for Sandro Filipe.
174 reviews2 followers
May 25, 2017
Rate: 3.5 stars

This book was one of (probably) the many that I must have read a long time ago, when I was a kid, and that were completely erased from my memory since then. Recently, when I was checking in the library which books should I pick to read next, I came across this very book and got that feeling that I read this book before but couldn’t recall any of the contents, which led to my decision of picking it up again. And in some ways, it was good to do so, because as the author says, the ambiguity dominates in this book (an example of that is that he acknowledges that many may consider it a satire of our society, me included since that’s what happened to me), which is something that one probably doesn’t understand until they have reached a certain maturity. In fact, there’s something the author says about this, and that was probably the reason why I picked it up on the first time, some years ago, which is the fact that everyone will, involuntarily, think that this is a book written for children, when in fact they will only understand the surface of the plot. This is true, in fact, because the story tells more than just the adventures of the protagonist and the many weird worlds and crazy characters that he meets along the way...

By the way, to me João Sem Medo was just a kid, what about you?

trad.: Este livro foi um dos (provavelmente) muitos que eu devo ter lido há muito tempo, quando era uma criança, e que foram completamente apagados da minha memória deste então. Recentemente, ao percorrer as prateleiras da biblioteca para decidir que livros ler a seguir, encontrei este e tive logo a sensação de que já o tinha lido antes mas que não me conseguia lembrar, de todo, do seu conteúdo, o que me levou a decidir pegar neste livro outra vez. E de certo modo, ainda bem que o fiz, pois como o autor diz, a ambiguidade impera neste livro (um exemplo disso é que o autor reconhece que muitos poderão considerar o livro uma sátira da nossa sociedade, onde eu me sinto incluído uma vez que foi o que eu pensei também), o que é algo que podemos não entender até que tenhamos alcançado alguma maturidade. De facto, há algo que o autor diz também a respeito disto, e que foi provavelmente a razão por ter pegado no livro na primeira vez, há alguns anos atrás, que é o facto de que todos irão pensar, involuntariamente, que este é um livro feito para crianças, quando estas na verdade apenas irão entender a superfície. Isto é verdade pois a história conta-nos muito mais do que apenas as aventuras do protagonista e os muitos mundos estranhos e personagens loucos que ele encontra no caminho…

Já agora, para mim o João Sem Medo era apenas uma criança, e para ti?
Profile Image for Joana Pereirinha.
37 reviews4 followers
May 6, 2021
Intemporal e divertido são para mim, os adjetivos que melhor descrevem este livro. Um livro incrível contra a ditadura e contra as pessoas adormecidas, escrita de uma forma que pode ser vista como para crianças, mas com muitas camadas.
Queria ter um bocadinho de João Sem Medo em mim.
A minha parte preferida é quando o João Sem Medo está numa das suas aventuras e depois suplica pela ajuda do autor e depois José Gomes Ferreira aparece no meio da história. Nunca tinha visto isto num livro e simplesmente adorei.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Laura Perdigão.
171 reviews1 follower
April 4, 2025
Como é que ainda não tinha lido este livro? À boleia do espetáculo de teatro da minha filha, descobri a magia da viagem para lá dos muros de Chora-que-logo-bebes. Uma ode à coragem, à recusa de aceitar o mundo tal como está e à importância de agir com o coração, mesmo quando custa. Tão atual. Adorei.
Profile Image for Alexandra  Rodrigues.
231 reviews
October 9, 2017
Mais uma estreia pessoal - José Gomes Ferreira, num registo "supostamente" infanto-juvenil, elabora uma excelente metáfora da vida humana.
Profile Image for Jorge Candeias.
Author 114 books100 followers
July 14, 2010
- A novel, published in 1963, made from a series of short stories published in 1933, in a newspaper;
- i.e., a fix-up novel, something quite rare in Portuguese literature;
- it's an ironic fairy tale of sorts, about a fearless youth that goes forth into the realms of adventure and imagination;
- it's also a novel crawling with social chriticism, mostly targeting Portugal and the Portuguese;
- reminded me often of Swift's Gulliver Travels;
- not as incisive as Swift's book, though;
- has its hard satirical moments, but in other moments looks much more like a fun take on fairy tale tropes and clichés;
- beautifully written;

more (in Portuguese) at http://lampadamagica.blogspot.com/201...
Profile Image for Raquel.
166 reviews50 followers
January 17, 2016
Quem não andar espantado de existir, ficá-lo-á com este livro. ‘As Aventuras de João Sem Medo” é um clássico para jovens que gostam de pensar e para adultos que não perderam o espírito aventureiro. Faz parte do Plano Nacional de Leitura e inspira-se nas dimensões poética e antifascista do seu criador, que em 1963 compilou em romance estas 15 histórias lançadas em forma de panfleto em 1933.

em
http://leiturasmarginais.blogspot.pt/...
Profile Image for Gustavo Migueis.
10 reviews
January 3, 2016
Eu achei este livro fantástico porque tem muito fantasia. "Aventuras" é uma palavra no titulo deste livro que indica uma grande diversão.
Profile Image for David Aveiro.
20 reviews2 followers
July 20, 2022
este foi um livro que comprei por curiosidade, tendo em conta que é de um autor português.
surpreendeu-me imenso, pela positiva, por ser... diferente do que li até agora dentro deste género. as descrições surrealistas, as escolhas e soluções completamente aleatórias e imaginadas, literalmente fora da caixa e criativas, que me permitiram entrar no mundo e na realidade criada de forma mais natural, já que muitos desses elementos eram misturadas de elementos reais.
o autor também nunca deixou de mostrar a sua personalidade, não era simplesmente um narrador, mas abordava nos seus comentários pela obra o próprio processo criativo, e as próprias influências. fazia referências (por exemplo a revista Orfeu, e à obra Dom Quixote, entre outras), que acho que ao fim ao cabo enriqueciam a obra.
apreciei o modo e os mecanismos como foi explorado os temas da felicidade/infelicidade, ignorância/conhecimento, conformismo/revolução, ou até liberdade.

apartir desta parte pode conter pontos importantes da narrativa (apesar de ser apenas uma análise dos traços anteriores):

a felicidade do João Sem Medo que no início se tratava de explorar além-muro da sua localidade e que no final se tratava do regresso à mesma após ter explorado o mundo-realidade além-muro. a infelicidade que no início da obra se tratava de viver na própria localidade, um sítio de ignorância e de conformismo, e que ao longo da obra, se transformará em conhecimento, ao mesmo tempo que a distância aos poucos formula saudade, ao passar pelo caminho da infelicidade no mundo-realidade pós-muro. a revolução que se transforma em conformismo quando retorna à sua localidade. a liberdade e a rejeição de valores que combinados com a sua coragem o permitem alcançar objetivos, mas que para o final da obra, são questionados.
a própria divisão do João Sem Medo, no final da obra, ao passar o muro, revela a personalidade e o equilíbrio, demonstrando que se pode ter os dois mundos, o mundo além-muro onde se vive na aventura, na coragem, no conhecimento, no espanto e na emoção pura da aventura, e o mundo normal, cheio de ignorãncia e de conformismo. mas o que se mantém em comum é a infelicidade, sempre presente nas duas vidas e nas duas realidades, a diferença é que num mundo não é aceite e transforma-se em lamúrias (os habitantes da localidade de João Sem Medo), e no outro mundo (além-muro), é vista como algo a superar e é aceite como constante, porque é vista como garantida.

acho que a obra fica resumida nestas frases:
"- Que sei eu?... A verdade é que nestas minhas andanças descobri que, tanto no mundo da Imaginação Mágica (este que tu defendes de carimbo em punho) como em Chora-Que-Lobo-Bebes impera a mesma Lei tremenda que se pode resumir numa destas palavras à escolha do freguês: Maçada, Repetição, Monotonia, Chatice... Com uma diferença, claro. É que em Chora-Que-Logo-Bebes sofre-se mais. Ou pior ainda: sofre-se menos. Porque lá a pseudodor é tão pífia, tão pilha, tão vil, tão rasca que se ignora qual é a dor verdadeira.
(...)
-Bem... Os homens nunca se contentam... E eu, a falar franco, farte-me deste Imprevisto-Anárquico do Sonho em que vivi e agora apetece-me voltar a provar aquilo a que chamamos Realidade. (...)
Profile Image for Artur Coelho.
2,581 reviews74 followers
August 22, 2022
Fiquei cativado nos primeiros parágrafos deste livro peculiar, que desgraçadamente desconhecia. É uma lacuna tremenda, só agora ter pegado neste sublime clássico da literatura portuguesa, um livro um pouco ao contrário dos grandes clássicos da literatura. Não é pesado, portentoso, mas é complexo, sublime, e o que mais me surpreendeu, deliciosamente surreal. Tinha uma imagem diferente deste livro, tinha a impressão de que era um livro anti-regime dos tempos do estado novo. Há toques subtis (bem, não muito) desse aspeto, mas a obra é uma fábula surreal e não um drama.

João Sem Medo é um jovem inquieto com o seu destino, com a vida que lhe está destinada na aldeia onde vive, onde todos porfiam pela tristeza. E parte, pelos caminhos fora, escolhendo sempre os menos trilhados, descobrindo-se em terras estranhas com estranhos habitantes, vítima de forças que não compreende e se comprazem em brincar com as suas penas. E, ao longo das suas aventuras e desventuras, mantém-se fiel a si próprio, senhor do seu nariz, afirmando uma coragem que é no fundo um forte sentido prático, não cedendo a tentações ou desalentando perante adversidades. No fundo, a grande luta deste homem é a liberdade de ser e pensar, o não se sujeitar por conforto ou imposição, o manter viva a chama do espírito humano face ao conforto do conformismo.

A sucessão de episódios delirantes é constante. Estas aventuras são fábulas modernistas, onde a fantasia de outros tempos colide com os modos de viver e as tecnologias do século XX. Criado nos anos 30 como uma sucessão de episódios para uma revista infantil, as pérolas surreais que são estes contos não se esgotam num invocar de visões fabulásticas, nem num simples sucedâneo de peripécias. Há profundas observações morais e sociais nestas histórias, mostrando como a literatura infantil permite uma amplitude de liberdade de exploração que, num regime repressivo, outras formas não podem arriscar. A veia anti-conformista é muito forte, o lado moralista das histórias pende inevitavelmente para a libertação do indivíduo e a sua rejeição de sujeições. Tudo isto contido numa extravagante iconografia fantástica e surreal.

15 reviews1 follower
January 28, 2021
Como o próprio autor refere, em notas na 2a edição, ultrapassado "o preconceito de nela entrarem gigantes, fadas e bruxas" vemos em jeito de crítica mansa ao Estado Novo uma narrativa infantil das aventuras de João sem Medo.
Numa crítica que hoje infelizmente se vem a tornar outra vez mais atual aos efeitos da ignorância, da vaidade e do exagero na política (populista), percebemos o perigo de quem muito bem afirma: "Bruxas? Não existem - dirão os senhores peremptórios, naturalistas e suficientes. Pois não. Mas a caça às bruxas, isso afirmo-vos eu que há."
Nota 4,porque não posso no meu real juízo considerar uma obra prima, denotando-se naturalmente a falta de certos elementos que constituem as obras mais primorosas, mas valorizando sobretudo o mérito de, ainda que com algumas críticas repetidas ou até básicas, conseguir descrever uma realidade na velha fantasia da humildade portuguesa, povo que, independentemente de tudo o que lhe acontece, ainda assim segue altivo e irredutível na vontade de ser feliz.
Profile Image for Gonçalo Ferreira.
283 reviews11 followers
April 11, 2019
Livro com alguns apontamentos humorísticos e satíricos interessantes, no entanto com um enredo cuja simplicidade não me entusiasmou.

"-Ninguém pode seguir o caminho asfaltado que leva à Felicidade Completa sem se sujeitara este programa bem óbvio. Primeiro: consentir que lhe cortem a cabeça para não pensar,não ter opinião nem criar piolhos ou ideias perigosas."
(I - O Homem sem cabeça)

"E João Sem Medo continuou a subir o caminho árduo, resoluto na sua pertinácia de ocultar o medo - a única valentia verdadeira dos homens verdadeiros."
(I - O Homem sem cabeça)

"No regresso aparentava o ar feliz dos subalternos para quem a eficiência suprema consiste em acomodar-se à imaginação autoritária dos chefes."
(XV - O regresso)
1 review
April 28, 2019
É uma história sobre um rapaz chamado João Sem Medo que vive na aldeia Chora-Que Logo-Bebes, onde todos os habitantes vivem presos à tradição de que tanto se orgulham: chorar de manhã à noite.
Um dia, o João decide saltar o muro que separa a aldeia da Floresta Branca, local onde «os homens, perdidos dos enigmas da infância, haviam estalado uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos». E é assim que se inicia uma viagem repleta de aventuras, com direito a bichas de sete cabeças, gigantes de cinco braços, fadas, bruxas, animais que falam, e ainda com o mítico Príncipe das Orelhas de Burro. Uma história que recorre ao imaginário mágico, por vezes de inspiração surrealista, obra intemporal.
Profile Image for Joao.
93 reviews
August 15, 2024
Eu, de nome João, termino a releitura deste panfleto mágico, com um sentimento de profundidade que a história do meu país permitiu assimilar desde 1979, altura em que um professor de português o levou para as nossas aulas. Na altura as aventuras deste João espelhavam muito do meu sentir de adolescente e a alma artística que tomava forma nos meus cadernos escolares.
João sem Medo, como outro João das estórias noturnas do meu pai, continua vivo e intemporal no quotidiano dos dias.
Como recordava em 1973, José Gomes Ferreira, nas notas à 2 edição: "... Bruxas? Não existem - dirão os senhores peremptórios, moralistas e suficientes.
Pois não.
Mas caça às bruxas, isso afirmo-vos eu que há."
Profile Image for Sónia Santos.
182 reviews30 followers
June 21, 2024
É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR

Um romance deliciosamente mágico, que nos envolve e agarra com as peripécias e ambientes absurdos e surreais de um dos mais castiços personagens da nossa literatura, João Sem Medo.

- A maioria das pessoas já nem pensa! - filosofou o rapaz. -Fala. Isto é: limita-se a pôr o aparelho em acção, a acertar a agulha no sulco respectivo e a deixar tocar o Disco... Sempre igual, aliás.
Profile Image for Ines Norton.
534 reviews12 followers
June 5, 2023
#2 #runawaytbrJunho

Apesar de uma fantasia demasiado disparatada este livro foi divertido e dá para ser um bom entretém, contudo por ser tão curtinho contava tê-lo lido muito mais rápido que em 5 dias. É um livrocom mais de 40 anos da sua publicação mas se o encontrarem vão se rir com os disparates da imaginação do João sem Medo,
Profile Image for Sílvio Coutinho.
1 review1 follower
March 3, 2023
Na figura de João Sem Medo reconhece-se , no contexto da Constituição de 1933, uma personagem anti regime no qual as liberdades individuais foram oprimidas. Salta o muro e Sai de Chora-Que-Logo-Bebes à procura de aventuras até te tornares um empresário de sucesso.
Displaying 1 - 30 of 50 reviews

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