Coletânea de contos com temas de paixões frenéticas, conducentes a suicídios, mortes, traições, renúncias extremas. Uma das primeiras incursões, feitas por um autor português, no universo da literatura fantástico-gótico, muito pouco validado em Portugal na altura.
Estamos em plena Idade média. A noite era caliginosa e tétrica; o coriscar frequente dos relâmpagos, o ribombo estridente dos trovões repercutindo-se distante, e o restrugir medonho da floresta, completavam as harmonias intraduzíveis da tempestade. Anteriormente publicados no Jornal do Comércio e na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil, estes ditos “contos góticos” de Teófilo Braga, refletem no autor uma direta influência de leituras de Hoffman e de EdgarAllan Poe, tal como o seu conhecimento da filosofia esotérica de Swedenborg. Apesar disso, poder-se-à dizer que estas primeiras (e únicas) incursões de Teófilo Braga neste estilo literário, não foram de todo bem sucedidas. E isso porque o autor tentou conciliar um tema com pouca vinculação na literatura da sua época, com os estilos românticos mais populares. Plenos de referências eruditas, estes contos refletem mais as leituras filosóficas do seu autor do que propriamente uma imaginação de artista e não correspondem exatamente ao género fantástico. No entanto estes contos trouxeram, entre nós, muitos aspetos inovadores, pela introdução na narrativa dos finais de 1800, de elementos como o estranho, o misterioso, o sinistro e o macabro.
Joaquim Teófilo Fernandes Braga was a Portuguese politician, writer and essayist. His debut in literature was in 1859 with Green leaves. Graduated of the University of Coimbra, is fixed in Lisbon in 1872, where he teaches literature in the Curso Superior de Letras (now Faculty of Arts University of Lisbon). Of his literary career there are works of literary history, ethnography (with special emphasis on its collections of stories and traditional songs), poetry, fiction and philosophy.