Por qual razão nós brasileiros, apesar de não confiarmos nos políticos, a quem dedicamos insultos dos mais criativos e variados, pedimos que o governo intervenha sempre que surgem problemas? Por que vamos para as ruas protestar contra os políticos e ao mesmo tempo pedir mais Estado – como se este não fosse gerido pelos... políticos? Por que odiamos os políticos e amamos o Estado? Por que chegamos à condição de depender do Estado para quase tudo?
Bruno Garschagen busca entender como se formou historicamente no Brasil a ideia de que cabe ao governo resolver todos ou a maioria dos problemas sociais, políticos e econômicos. De Dom João VI a Dilma Rousseff, um compromisso inabalável uniu todos os governantes, inclusive aqueles chamados (erradamente, segundo o autor) de liberais ou neoliberais: a preservação do Estado monumental e mesmo o seu crescimento. Por quê?
Para responder a esse conjunto de questões, o autor vasculha a história política do Brasil desde que os portugueses aqui chegaram até os dias de hoje. Com texto brilhante, leve, bem-humorado e informativo, recorrendo também às explicações de pensadores brasileiros e portugueses, tece uma espécie de conversa entre os intelectuais que refletiram sobre a cultura política do Brasil para narrar a história de um país cuja formação cultural se confunde com a onipresença da burocracia nacional.
Este livro é um resumo não só de nossa história política (da chegada dos portugueses até o governo de hoje), mas de nossa história cultural, a cultura de venerar o Estado mesmo não confiando nos políticos. Como um paradoxo como esse existe? É o que Bruno Garschagen conta no livro.
É dividido em 8 capítulos, sendo os 3 primeiros dedicados ao período colonial, os 2 seguintes à monarquia, o capítulo 6 e 7 à República, e o último capítulo sendo uma análise geral com um prognóstico.
A capacidade de síntese de Garschagen é otima, com fontes confiáveis dos acontecimentos históricos, distorcidos ou desconhecidos por boa parte da população, além de uma leve pitada de humor que deixa a leitura ainda mais leve e agradável, num assunto que poderia entediar o leitor. A desgraça começa logo no nosso descobrimento, como diz o autor. A partir da metade do livro, que passa a contar a história de nossa República, o livro fica empolgante por apresentar inúmeras barbaridades políticas. O que se percebe é que os problemas de hoje são meras repetições de erros cometidos no passado. Ao concluir o livro, nota-se que o estatismo está presente em toda a nossa história, e se somos conhecidos como o país do eterno "quase", não é nenhuma surpresa, visto que nunca experimentamos uma boa dose de liberdade; somos condicionados a pensar que o Estado deve resolver os nossos problemas (criados pelo próprio governo).
É necessário uma mudança cultural e institucional, como diz Garschagen. Precisamos se envolver mais na política, mas com envolvimento engajado para termos mais liberdade individual, com menos dedo do governo nas nossas vidas (nas esferas econômica, política e social-cultural), que sempre acha que não podemos cuidar de nós mesmos. Como o autor mostra, um Estado cheio de atribuições só tende a ser mais ineficiente. O diagnóstico é ruim e temos um caminho longo, mas podemos reverter o jogo, e felizmente, isso já está acontecendo. Só nós (o povo) podemos reverter esse quadro.
Este livro deve ser lido por qualquer um preocupado com o país e com o futuro de nossos filhos, para não repetirmos o que estamos fazendo já fazem mais de 500 anos.
Esse livro foi uma mistura pra mim. O estilo de escrita do autor não me cativou logo de início foi algo que eu demorei para me acostumar. O grande número de referências e nomes é algo que mostra conhecimento, mas que ao mesmo tempo confunde um pouco e nos deixa sempre com a sensação de que o conteúdo não está sendo completamente absorvido. É definitivamente um livro que uma vez só não é suficiente e precisa ser relido.
O último capítulo é sensacional, uma reflexão necessária e mais do que nunca atual. Definitivamente o Brasil não é para amadores.
O livro é fundamental para entender a tradição autoritária e estatal do Brasil que faz com que a sociedade peça pelos remédios que só agravam o problema pelos quais ela está passando e que muitas vezes são justamente a causa de muitos dos males em que estão mergulhados o país.
O autor faz um ótimo trabalho em mostrar como essa tradição foi construída desde o período colonial, e ganhou força a partir da ditadura de Vargas e do período ditatorial. Ele trás bons exemplos e consegue constituir uma boa narrativa ao longo de todo o livro, criando um texto coeso e que faz sentido.
Só não ganhou 5 estrelas porque, principalmente já no final do livro, ele deixa escapar um certo anti-petismo que inevitavelmente fragiliza a análise, ao ponto de criticar com todas as forças o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Se a lei não é perfeita e certamente pode ser passível de críticas, é imprescindível, a título de demonstrar uma crítica argumentada e racional, reconhecer também os avanços positivos promovidos pelo estatuto.
Fora isso, eu acredito que o livro seja de leitura obrigatória, pois trata de um tema importantíssimo e pouco debatido na sociedade brasileira.
Informações muito genéricas - cobriu um período muito grande da história com poucos detalhes e uma leitura muito pontual. "Prega para os já convertidos". Nenhuma ideia genuinamente inovadora.
“... a maneira mais comum de reagir contra a desilusão é votar naqueles candidatos mais hábeis na arte de embrulhar a ilusão num belo pacote que a faz parecer aquilo que não é...”
Em tempos de eleição, é uma leitura muito oportuna, pois constata os resultados das pesquisas eleitorais, onde se vê claramente a mentalidade estatal encrustada no (in)consciente coletivo da população.
O livro mostra como fomos e somos doutrinados pela cultura intervencionista do dirigismo estatal, invasivo, ineficiente e punitivo, que paradoxalmente nos faz reféns inconscientes e amantes do Estado-babá. Ao mesmo tempo em que não confiamos nos políticos e no governo (que são os agentes que dirigem o próprio Estado), depositamos no Estado as nossas esperanças de mudança e o vemos como agente central para o bem estar geral da sociedade.
Temos uma sociedade que orbita a gravidade deste ente de ego e tentáculos gigantescos e que não mais cabe dentro de si mesmo que é o Estado. Quando na verdade era o Estado que deveria orbitar a sociedade como um ente invisível, caracterizado pela eficiência e mínima ingerência nos aspectos culturais, sociais, domésticos, políticos e econômicos.
É preciso mudar a nossa cultura secular, para que a cultura impulsione a mudança das instituições. Tarefa árdua e longa. Querer mudança e agir da mesma forma pedindo por mais Estado significa mais burocracia e menos liberdade. É o pensamento certo para a perpetuação de tudo o que está aí.
O livro conta a história do país sob a ótica do intervencionismo, mostrando a influência que "ideologias francesas" tiveram na construção política do Brasil, desde o "iluminismo francês" de Marques de Pombal até o positivismo que inspirou o lema de nossa bandeira (claro, o comunismo também está presente). O autor mostra que o aspecto interventor do estado brasileiro não é fatalmente resultado da colonização portuguesa, mas foi algo muito bem elaborado e aprimorado com o tempo.
Um livro essencial que esclarece o Brasil desde o seu descobrimento. Instrutivo e ao mesmo tempo muito divertido. Bruno consegue manter o leitor preso com uma leitura prazerosa, simples e muito inteligente. Todos deviam ler.
Este é um excelente livro para termos uma noção de todos os governantes que passaram no Brasil. Passando por todos os presidentes, a pesquisa de Bruno nos traz muita informação, e quase toda de uma forma que conduza o leitor a perceber que sempre nos foi ensinado a acreditar e depender do governo. Há um história interessante de Barão de Mauá, o único que é retratado como liberal e que conseguiu sobreviver ao governo intervencionista. É impressionante o emaranhado de corrupção e descaso que nossos governantes tiveram com nosso país. Ele descreve de D. Pedro I até Temer. A impressão que tenho é que ao concluir a leitura, surge uma vontade imensa de trabalhar e fazer algo que traga prosperidade a vida sem que ninguém encha o saco.
O livro não mente, porém, é muito sintético e cobre um longo período da história brasileira com muita rapidez. O autor é mais um dos escritores da neodireita brasileira, infelizmente mais uma vez me decepciono: como os livros de Rodrigo Constantino, Pondé, Flávio Quintela e João Pereira Coutinho, o livro é mais opinativo que analítico. Explico. O livro não traz um novo estudo ou algo mais profundo, ele apenas faz referência de antigos historiadores com uma pitada de opinião pessoal (algo que os marxista brasileiros já fazem há muitos anos).
Bruno Garschagen faz de seu livro uma ótima provocação aos defensores do Estado. Através de análise histórica mostra a sucessão de fracassos do planejamento central brasileiro, ou seja, projetos de país que não funcionam. Detalha as escolas de pensamento que geram a visão intervencionista no país. Os argumentos não são muito explicados ou detalhados, porém deve-se ao público alvo objetivado, além do grande escopo histórico coberto. Por outro lado todo texto é devidamente referenciado.
Bruno Garschagen faz relembra os momentos específicos da história brasileira (e da formação do pensamento nacional) que nutriram nossa cultura estatista e dependente do governo. Apesar de ser fã de história, desconhecia muitas das coisas mencionadas no livro. É uma boa leitura escrita ainda no período pré-impeachment. Acredito que em partes este livro foi uma das razões da ainda pequena, porém gradual mudança no pensamento brasileiro pós-2016.
O autor realiza uma análise histórica da cultura intervencionista brasileira. O intervencionismo iniciado desde a fundação do país é apontando como o responsável por nossa mediocridade, onde delegamos a responsabilidade individual ao Estado, que por sua vez, suprime a liberdade do individuo sub a perspectiva do coletivo.
Porque o Estado é uma ideia e é mais fácil xingar uma pessoa de filha-da-puta do que um conceito abstrato.
O autor, explicitamente de direita, apresenta de forma pontual as possíveis "razões" de sua proposta sobre a relação amor e ódio do brasileiro com a política e seus profissionais. Como argumentação em si, Garschagen faz uma boa exposição de como a noção de Estado foi construída primeiramente por Portugal e, posteriormente, pela renca de políticos passados durante os Reinados, Regências e Repúblicas brazucas.
Sua observação sobre como a Esquerda brasileira, diga-se aqui "a Esquerda Comunista" antecipou uma noção de Estado-Pai que atualmente é o maior alvo de críticas ao governo foi certeira. No entanto, se esquece de como os brasileiros são em sua maioria "sonegadores", que o famoso "cargo público" é resultado direto das políticas econômicas desastrosas tanto de Direita quanto de Esquerda, e que o presidente responsável pelo que hoje se considera o período de maior fortalecimento estatal foi Getúlio Vargas - alguém cujo método sui generis exigiu que historiadores denominassem sua política de "Getulismo" já que não se encaixa bem em qualquer dos dois posicionamentos.
Há ainda algumas minúcias discutidas, essas foram apenas as mais gritantes.
Dei uma nota razoável pelo formato do texto e sua proposta. Como argumentação ainda deixa muito a desejar.
Critica feita quando tinha uma idéia mais liberal do que tenho hj sobre a economia. Continuo anti conservador nos moldes propostos atualmente, ainda mais nesse governo pavoroso do JB. Mas há um claro descontentamento com o modos operandi dessa equipe econômica da minha parte no inicio de 2021. Avaliação da época: Gostei bastante do livro pelo contexto histórico com críticas bastante pertinentes à intervenção estatal no dia dia dos brasileiros, principalmente na economia e com ideia que autor deixa nas entrelinhas de que os governos militares no Brasil pós 64 não foram de direita e sim, e tão somente, anti-comunistas e anti-socialistas. Gosto da ideia de um estado bem menor, que subtraia menos impostos da economia e de quem realmente produz nesse país. Mas não sou um conservador como o autor. Sou e sempre quero me identificar como um moderado de centro que vê virtudes e principalmente muitos defeitos nas direitas e esquerdas radicais.
O título, que já de cara causa confusão, pois Estado e Governo são coisas bem diferentes...
Mas enfim, encarei e logo parei. É um panfleto. Há ótimos pela história, como do Thomas Paine na época da independência norte-americana no século XVIII (o que não o ajudou na sua carreira na época, morreu sozinho e ignorado - até evitado).
Enfim, o livro aborda um tema interessante, mas é pouco analítico e cheio de generalizações.
Não serve pra mim.
Quer livros melhores que abordam a evolução da cultura nacional, seguem duas dicas:
1) Bandeiras e Pioneiros de Vianna Moog; e
2) História da riqueza no Brasil: Cinco séculos de pessoas, costumes e governos de Jorge Caldeiras.
"Por que os brasileiros não confiam nos políticos e amam o Estado?" 📖 Pare de acreditar no governo narra toda a história do Brasil, desde seu descobrimento até o governo Dilma. Trazendo a tona os motivos do brasileiro ser tão dependente do Estado, da sua necessidade de cobrar mais esforço do Estado, mais intervenção do Estado até mesmo nos problemas criado pelo próprio Estado. A leitura não foi a das mais fáceis (nem a resenha,rs) por ser um tipo de gênero que não estou acostumada a ler, mas eu gostei. O livro foi muito elaborado, com um pouco de humor irônico e sendo imparcial ao provar a teoria do autor.
A good book, overall. It was worth my time. There is a bunch of proselytism at the end, but the rest of the books deals with key thought contradictions that are still widely present in the Brazilian mindset and, in my opinion, do the country much harm.
Uma revisão do caminho que percorremos até o golpe da monarquia e como, a partir de então, o estado foi tomando conta das nossas vidas em todos os campos, criando uma relação de dependência e cobrança.
Its a great book that describes in a candor way the odds and ills from the interventionist brazilian government and politicians, since the time of Brazil colony until nowadays.
Bom e muito interessante, leitura recomendável, porém longo, cansativo e complexo. Ouvi pelo Audible da Amazon, talvez teria me dado melhor com a versão escrita.
Livro excelente, apesar de pouco analítico. O livro serve como porta de entrada a leituras mais densas, servindo como um livro de divulgação, contando com uma extensa referência bibliográfica. Os livros do professore Antonio Paim, por exemplo, descobri através deste trabalho.