Menos de dois anos depois de seu surpreendente best-seller de estreia, “Holocausto brasileiro”, Daniela Arbex volta com mais um livro corajoso e revelador. Escrito como um romance, nele se conta a história real de como as Forças Armadas mataram pela tortura um jovem militante político, forjaram seu suicídio e sumiram com seu corpo. Daniela Arbex reconstitui o calvário deste jovem, de seus companheiros e de sua família até sua morte e desaparecimento. E continua investigando até descobrir seu corpo, na anônima Cova 312 que dá título ao livro. No final, uma revelação bombástica muda um capítulo da história do Brasil. Uma história apaixonante, cheia de mistério, poesia, tragédia e sofrimento.
Daniela Arbex trabalha há 22 anos como repórter especial do jornal Tribuna de Minas. Suas investigações resultaram em mais de 20 prêmios nacionais e internacionais, entre eles três Essos, o IPYS de melhor investigação da América Latina e o Knight Internacional. Estreou na literatura com Holocausto brasileiro e em seguida lançou Cova 312, com os quais ganhou dois prêmios Jabuti. Recentemente, virou documentarista e seu filme Holocausto brasileiro ganhou as telas da HBO em 40 países. Daniela mora em Minas Gerais.
Livro fundamental para mostrar ao amiguinho que sai à rua no século 21 pedindo "a volta dos militares". Que tiveram, saiba-se, uma atuação ilegal e sistematizada de tortura e ocultação de cadáveres em todo o país, especialmente a partir de 1966, o que o livro deixa claro como poucos hoje em dia fazem. O foco da leitura acaba sendo o destino de encarceramento e desumanização personagens comuns da luta armada: estudantes abaixo de 25 anos; gente com coragem para, em nome do idealismo, comprar uma briga muito maior do que seriam capazes de enfrentar. O terço final do livro reforça o quanto ainda se tenta esconder a realidade crua daquela época.
Infelizmente, o livro perde foco às vezes, criando "barrigas" desnecessárias para tratar de assuntos correlatos. Nisso, por vezes assume matizes memorialistas da própria autora, que expõe suas emoções cruzadas durante o processo de pesquisa. Mas joga bastante luz na crueldade dos donos do cárcere, e aí é onde o livro pega na veia. Um ótimo complemento para a série do Elio Gaspari sobre a ditadura, que tem muito mais fôlego como cobertura histórica mas não se interessa pelo relato pessoal (exceto quando trata dos militares de altíssima patente da época).
Apuração impecável. Daniela Arbex realizou, em Cova 312, a máxima do jornalismo: promover impacto social. Tamanho impacto que literalmente mudou um capítulo da história brasileira adulterada pelos militares na ditadura. Com sensibilidade, ela se envolve na história e busca todas as fontes e documentos que puderam levá-la a cova 312. Porém, a narrativa é um pouco confusa, uma vez que mescla informações e histórias diferentes. Há a trajetória da própria autora, o pano de fundo histórico, a trajetória investigativa, os diversos personagens e termos documentais, em um processo que intercala passado e presente, relatos e narrações que tornam o entender mais difícil. Mas o livro não deixa de ser instigante, sem -nunca- banalizar e/ou romantizar as histórias retratadas.
"(...) reeditar nas ruas do país marchas pela ordem clamando o retorno da ditadura é desconhecer os anos de sombra que envolveram o Brasil ou aceitar que a força supere o diálogo e o esforço histórico dos movimentos populares na busca por caminhos de paz." É isso.
Eu entrei nesse livro esperando ver um pouco mais do trabalho investigativo, mas ao invés disso acabei lendo bastante as reconstruções dos fatos - o que não foi, de forma alguma, ruim, porém acabou se tornando um pouco cansativo. Ainda assim, acho que Arbex tem a capacidade de contar fatos pesados com bastante delicadeza, e prova que não é necessário entrar em mil detalhes para ser capaz de chocar.
Um tapa na cara em forma de jornalismo investigativo.
A mesma jornalista por trás das matérias do Hospital Psiquiatrico de Barbacena e do livro "Holocausto Brasileiro", foi capaz de ir a fundo atrás de uma história escondida e enterrada pelos Militares e, de certa forma, pelo próprio Estado brasileiro, nos últimos 35 anos.
Daniela Arbex era apenas um nome qualquer para mim (apenas autora de um livro que eu já havia gostado), mas agora a admiro e acho realmente que seja uma excelente jornalista investigativa, das quais muitas pessoas deveriam se inspirar para fazer um trabalho com tamanha qualidade.
Da pra perceber que seu trabalho como escritora ainda está em evolução, dado que pela forma de escrita, gostei mais do seu primeiro livro. Ele parece mais contido, coisa que falta um pouco à "Cova 312", por as vezes contar histórias desnecessárias ou secundárias demais para, na minha opinião, merecerem tanto espaço.
Ademais, é uma investigação, com coincidências e caminhos que são de arrepiar durante a leitura e o progresso do caso. Parabéns, Daniela Arbex, ganhasse um seguidor.
Meu deus eu demorei MUITO pra ler esse livro. Passei por uma ressaca no meio dele. Mas não por causa dele, especificamente. Minha primeira experiência com Daniela Arbex foi pelo livro dela sobre a Boate Kiss, e na minha review eu enfatizo muito sobre como eu gostei que ela aprofundou na história de cada família, pra criar uma conexão maior entre leitor e tragédia. A fórmula é repetita em Cova 312, mas não da forma que eu gostei tanto em Todo Dia a Mesma Noite.
No início foi legal, conhecer a história, tragédias e injustiças que os detentos sofreram durante um período tão cruel que foi nossa ditadura, mas depois de 6 capítulos só falando disso, eu fiquei com tédio, tipo, LEGÍTIMO tédio, de eu pegar o livro pra ler deitada, passar por duas páginas e capotar de sono logo depois. Porém, quando a narrativa voltou ao tempo real, pra parte investigativa do livro, eu devorei ele completamente.
Minha opinião é bamba. Por um lado, eu queria ler esse livro há MUITO tempo e tinha altas expectativas, mas por outro, eu tive que aposentar ele por algumas semanas, começar e terminar outro livro completamente diferente, só pelo fato da repetitividade que o livro se tornou no meio dele… como eu disse, bamba
Cova 312 é um livro que me fez chorar várias vezes. A ditadura é um tema caro pra mim, que me toca profundamente e me transporta para perto daqueles que lutaram pelo fim do período militar. Os relatos mostram a dor, a tristeza e a solidão deles, que se arrastou por muitos anos, mesmo longe do cárcere.
O grande problema desse livro é que se perde ao tema central. A cova 312 não toma mais que 100 páginas. Mesmo sendo uma história incrível, não segura nem justifica o título. O livro, na verdade, é sobre os presos políticos de Linhares, em Juiz de Fora, e a cova 312 é uma parte dessa história.
meu deus, que livro bom! jornalismo em sua melhor forma apresentado! como a Daniela é inteligente, mostrando histórias tão carregadas de forma crua e poderosas, uma produção absolutamente impecável!
O livro conta histórias de militantes que passaram pela penitenciária de Linhares ( Juiz de Fora - MG) durante o regime militar. O livro não se propõe a debater políticas ou regime militar em si, mas cumpre muito bem o papel denunciar abusos que ocorreram durante o período, quando o Estado falhou em cumprir seu papel principal: garantir a integridade de seus cidadãos. A narrativa é boa, o que torna a leitura muito fluída, mas às vezes a autora se perde nas histórias de sua carreira. Nestas ocasiões, com longos diálogos e descrições desnecessárias, o livro toma outros rumos, parecendo mais um livro sobre investigações jornalísticas. A história da cova 312, que dá nome ao livro, é contada na terceira e última parte, nas últimas páginas. Esta sim é uma história de investigação jornalística e se diferencia do restante do livro. Ainda assim, vale a leitura para conhecer este capitulo pouco conhecido da história do Brasil.
Segue a fórmula de Holocausto Brasileiro num tema já muito explorado na literatura: tortura em sistemas ditatoriais. Li após Arquipélago Gullag, o que certamente impactou minha expectativa sobre este livro. O fato de Holocausto Brasileiro (mesma autora) ter sido muito bom, me causou certa decepção com o desfecho dessa obra.
Um livro que nos dá a oportunidade de conhecer a ditadura de uma forma diferentes daquelas que aprendemos nos livros de História. São relatos de ex presos políticos, estórias reais de pessoas que morreram e outras que sobreviveram e sofrem até hoje às consequências das torturas ocorridas nos porões da ditadura.Recomendo!
"Reeditar nas ruas do país marchas pela ordem clamando o retorno da ditadura é desconhecer os anos de sombra que envolveram o Brasil oi aceitar que a força supere o diálogo e o esforço histórico dos movimentos populares na busca por caminhos de paz."
li o livro com a certeza de que daria 4 estrelas, mas o final me emocionou tanto que sou obrigada a dar 5. apesar de ser confuso em momentos e lento em outros, reconheço que essa obra não tem passagens descartáveis, pois nenhuma das histórias contadas aqui são. pensei que leria apenas sobre milton soares de castro, mas adentrei a vida de dezenas de brasileiros que tiveram sua vida manchada pela ditadura e posso apenas reafirmar que esse período não pode se repetir independente das circunstâncias.
Livro visceral. É clichê, mas super importante dizer que é preciso conhecer a história da ditadura no Brasil para não repeti la. O livro não é o que eu esperava pois imaginava mais um passo a passo de como ela chegou a cova 312, porém me surpreendeu positivamente. Cada história de dor e luta relatada foram muito tocantes.
Como eu já esperava, esse é um livro pesado, perturbador em muitos momentos, mas de uma importância inestimável, e um exemplo de como se fazer jornalismo investigativo. Que nunca esqueçamos esse período brutal da história de nosso país, bem como as vidas perdidas, os corpos ocultos e nunca encontrados, e as famílias destruídas.
O livro é interessante…a autora realmente faz um trabalho de pesquisa excelente, escolhe boas histórias mas tem algo no jeito dela de escrever que não me encanta tanto. É um livro reportagem, com tom documental mas não sei uma frase ou outra dela as vezes me parece forçado. Acho que só por isso não dou uma nota maior, mas no geral gostei do livro
Há tanto a se falar desse livro... De muuuito longe o melhor livro sobre a temática (ditadura) que já li... Minha sensação resumidamente é: Vontade de dar um abraço demorado de pura gratidão na Daniela Arbex e agradecer muito pelo trabalho sensacional que ela faz. É isso.
foda pra caralho 👍 comprei o livro dps de ver o vídeo da jaqueline guerreiro sobre o caso e n me arrependo nem um pouco! uma leitura muito interessante e que mostra o que foi a ditadura de forma explícita sem ser desnecessariamente grotesco
Como sempre Daniela escreve muito bem e trás histórias que aconteceram aqui no Brasil que mal ouvimos falar. A persistência dessa mulher em trazer a verdade é inspiradora. Daniela. Lerei em breve outro livro seu.
O trabalho jornalístico e de escrita da Daniela é mais uma vez impecável nesse livro. Não conseguia largar a leitura, querendo saber as descobertas dela e o que houve com cada pessoa citada no livro. Apesar de uma leitura pesada, é super necessária.
Enquanto documento histórico, é um primor. O lirismo deixa a desejar e a história acaba se perdendo. Mas não dá para não se tocar com mais esse retrato cruel da ditadura brasileira.