O escritor é alguém que presta atenção ao mundo, disse Susan Sontag. O poeta talvez seja alguém que, ao prestar atenção, se espanta com o mundo e, sobretudo, consegue fazer a linguagem se espantar com ele - e dar saltos. Pois este Jóquei dá muitos saltos, a todo instante. São poemas em prosa, conversas por telefone, cartas para crianças, explosões de ternura. Passeando pelas ruas do Rio de Janeiro, perseguindo carros de bombeiro pelo Brooklyn ou contemplando ondas gigantes de um balcão, sopra deste livro - como disse o crítico Gustavo Rubim, saudando sua primeira edição (Lisboa, Tinta-da-China, 2014) - um "vento de pura selvageria".
Matilde Campilho nasceu em Lisboa em 1982. No ano de 2010 foi viver para o Brasil, e desde então mora entre o Rio de Janeiro e Lisboa. Publicou poemas nos jornais brasileiros A Folha de São Paulo e O Globo, assim como em algumas revistas online.
“Jóquei” (2014) livro de estreia da poetisa portuguesa Matilde Campilho (n. 1982), nascida em Lisboa e que em 2010 foi viver para o Rio de Janeiro. A edição da Tinta da China é absolutamente primorosa, a coordenação da colecção é de Pedro Mexia e os elogios em inúmeras críticas literárias são “assustadoramente” bons, repletos de superlativos, deixando antever a excelência literária, uma estreia prodigiosa. Nas 144 páginas que compõem o livro nunca me consegui “enquadrar” na escrita de Matilde Campilho; um conjunto de poemas, alguns em verso e outros em prosa, numa escrita mista entre o português do Brasil e o português de Portugal, numa ambiguidade e numa sonoridade que me causou estranheza, num experimentalismo, que pode ser criativo e inovador, mas que não compreendi ou apreendi, nem no conteúdo, no contexto ou na forma. Uma verdadeira desilusão.
Alguns exemplos (os mais curtos) da minha incompreensão literária:
“O Último Poema do Último Príncipe” Era capaz de atravessar a cidade em bicicleta só para te ver dançar. E isso Diz muito sobre minha caixa torácica.
“Coqueiral” A saudade é um batimento que rebenta assim vinte e oito vezes desde meu ombro tatuado de desastre até à rosa pendurada em sua boca
E o amor, neste caso específico, é um mergulho destemido que deriva quase sempre de uma nota climática apenas para convergir no osso frontal do crânio do rei da ilusão – terno é o seu rosto
Senhor, os ossinhos do mundo são de mel e ouro.
“Rua do Alecrim” Uma menina desenha uma estrela de cinco pontas a esferográfica Bic na palma da mão de outra menina. Chove, e mesmo assim o desenho não sangra: é preciso muito mais do que certas condições climatéricas para que o amor escorra.
Assisto a toda a cena e penso que esta visão, real ou inventada, é muito pior de que a verdade a bofetadas.
“Sagetrieb” Inverno que queres matar-me ao chapadão encher-me a cabeça de domingos e alinhar meu olho aos escaparates desenhados pelo maldito imperador que abandonou os sorvetes e os 5 sóis Vais ver se eu não dou cabo te ti primeiro
E portanto veja bem hoje se eu pudesse eu voltava à cidade Só para me sentar sobre a pedra austral e ficar assistindo às explosões dos bambolês polifônicos entre os dedos de uma mulher Hoje se eu pudesse eu voltava à cidade Só para beijar a cidade na boca.
Não fiquei particularmente fascinada com a poesia de Matilde Campilho. Senti muita dificuldade em compreender o que pretende transmitir com o que escreve o que invalida, à partida, uma conexão mais profunda com Jóquei, ainda assim, gostei bastante de algumas coisas.
Curiosamente, a parte que mais gostei era prosa poética: Notícias escrevinhadas na beira da estrada que começa da seguinte forma: Não sou de choro fácil a não ser quando descubro qualquer coisa muito interessante sobre ácido desoxirribonucleico.
Os meus poemas preferidos foram Principado Extinto, demasiado longo para colocar aqui, e o que deixo abaixo:
Two-lane blacktop
Aprenderei a amar as casas quando entender que as casas são feitas de gente que foi feita por gente e que contém em si a possibilidade de fazer gente.
Lembro-me muito bem do tal cantor basco que costumava celebrar a chuva no verão Não ligava quase nada para as conspirações que recorrentemente se faziam ouvir debaixo das arcadas noturnas da cidade naquela época do intermezzo lunar Foi já depois do fascismo, um pouco antes da democracia enfaixada em magnólias O cantor, as arcadas, o perfume e os disparos me ensinaram que se deve aproveitar a época de transição para destrinçar o brilho As revoluções sempre foram o lugar certo para a descoberta do sossego: talvez porque nenhuma casa é segura talvez porque nenhum corpo é seguro ou talvez porque depois de encarar uma arma finalmente possa ser possível entender as múltiplas possibilidades de uma arma.
Décadas de risota à custa do Roberto Leal, de ridicularização dos «avecs». Eis o destino de quem não arma ao pingarelho nem tem amigos nos lugares certos.
Poemas portugueses feitos num tempo em que Matilde esteve no Rio. Uma mescla de uma literatura portuguesa mais pesada e forte com o clima de Copacabana e as sutilezas emocionais de uma vivência "carioca". É de uma sensibilidade extrema e o trabalho com a linguagem é intuitivo, mas também acertado objetivamente. Foi para mim, um acontecimento. Ainda o leio quando sinto saudade da sensação que o livro sempre me traz, uma saudade de algo que eu não sei, e que talvez nunca tenha.
É de uma simplicidade bonita, talvez não necessariamente excessivamente poética, talvez não evidentemente poética seja uma descrição melhor. Mas tem uma poesia louca embutida, e eu não trocava (por) nada.
É, um homem guarda poemas porque sabe que em qualquer momento vai ter que fazer-se à corrida: subitamente tudo arde e então a única possibilidade é o desvio.
ou
E portanto veja bem hoje se eu pudesse eu voltava à cidade Só para me sentar sobre a pedra austral e ficar assistindo às explosões dos bambolês polifônicos entre os dedos de uma mulher Hoje se eu pudesse eu voltava à cidade Só para beijar a cidade na boca.
Estava tão compenetrada nesta leitura que nem dei por estar a passar a Avenida. Valeu a pena encontrar-me nos Restauradores, embalada n'"O Último Poema do Último Príncipe". A vida por vezes é magia, ou poesia - ainda não sei diferenciar.
dos livros preferidos que vou querer voltar a ler sempre. li cada um dos textos e poemas bem devagar, tentando pegar tudo que vinha, porque era realmente muito o que cada texto me fazia sentir. meus poemas preferidos da Matilde não estão nesse livro, mas descobri outros textos tão bons quanto
a sensação de se apaixonar pela poeta mais linda do mundo é incrível e terrível ao mesmo tempo e eu ainda não sei se recomendo. (mas a leitura foi boa demais, eu indico sem hesitar) (mas o risco de morrer de amores por matilde é alto - fica por sua conta e risco)
Reler Jóquei, de quando em quando, para lembrar que a vida lá fora é boa, que todo vazio é falta de gente, que tudo tudo passa, até os mais horripilantes temores, tudo, só o amor não
"Parece que a primavera do mundo é um trabalho em progresso mas o caminho até lá está sendo todo feito entre as veredas e entre os galhos de fogo de um gigante inverno"
eu queria poder grifar esse livro inteiro!!!!!!! o jeito como ela é uma grande nerd e uma grande fã do amor, eu queria tatuar versos desse livro na minha testa. outra coisa que eu achei muito apaixonante é que mesmo se tratando de um livro de poesia, as personagens são muito vívidas!!
Livro delicioso. Poemas moderninhos, meio prosa, profundo por vezes, engraçado em outras. Queria tomar uma cerveja com a Matilde e observar a vida passar em uma tarde de sol.
Príncipe no roseiral Brincando com os dentes do tubarão Panteão nacional O último poema do último príncipe Conversa de fim de tarde depois de três anos no exílio Estação do trem Até as ruínas podemos amar neste lugar A primeira hora em que o filho do sol brincou com chumbinhos Sagetrieb Vendaval
“Jóquei” é um livro que se dança. Um livro que balança dentro de nós. Não nos ritma para bater o pé, não – a meio de um poema, Matilde Campilho faz-nos badalar o torso, dos ombros às ancas. Só nos apercebemos quando as letras do livro já balançam em sentido oposto, porque é assim que dança o par ideal, sempre no sentido oposto, como um espelho, não para chocar, mas sim para complementar.
Matilde Campilho é uma escritora portuguesa e “Jóquei” é o seu primeiro livro editado depois de muitos poemas publicados em jornais e revistas, e tal como Matilde, a sua linguagem atravessa o Atlântico e funde-se num sotaque único entre Portugal e o Brasil e nas raízes que se constroem ao redor das que já estão sedimentadas.
Será que se pode dizer que um livro “é fofinho”? Se se puder, aliás, eu arrisco-me a fazê-lo, Matilde Campilho escreveu um livro fofinho que se situa entre o desconhecido, o amor, a memória e o trajecto, numa poesia prosaica (ou numa prosa poética?) em que não há narradores nem narrados, mas sim lugares, momentos, música, poetas, até Mahler num serrote. Atravessamos estradas de Lisboa a Brooklin, visitamos a rua em que Billy Roi nasceu. Encontramos muita beleza pelo caminho, mas não nos livramos de desilusões e de uns bons chapadões.
“Jóquei”, tem um pé no samba e outro na bossa nova, circula no meio do Atlântico e faz-nos sorrir e virar cada folha de alma, mais ou menos, cheia. Embora nem todos os poemas tenham o mesmo impacto, como acontece com tantos outros livros de poesia, terminamos este livro com uma sensação de preenchimento e de boa energia, uma energia pacífica e enternecedora. Quem acha que não tem uma boa relação com a poesia, não deve colocar de lado este livro pois ele é muito mais do que a sua estrutura em versos soltos.
Já com o seu segundo livro publicado, “Flecha”, também pela Tinta da China, Matilde Campilho parece-me ser uma voz bastante promissora no panorama da literatura nacional. E que voz, rouca, com misturas de sotaques e cujo discurso transparece uma busca pela por si, pela vida, pelo outro, pelo belo… e o que pode ela fazer com isso se não devolver-nos desta forma tão bonita e especial?
Existe uma forma poética que deseja respirar simplicidade, sutileza, ternura, e que vê essas qualidades em usos curiosos mas tipificados da linguagem: diz-se, por exemplo, que "você e eu a gente é feito de matéria/escorregadia, i.e., manteiga, azeite, geleia/e espanto" ou que "os ossinhos do mundo são de mel e ouro". Não é mal, não é de todo mal, mas cansa: cansa essa coisa que parece existir para ser evidentemente poética, que se faz como uma moeda de troca poética. Se a poesia sempre se escreve numa língua estrangeira, "Jóquei" às vezes escorrega num sotaque meio macarrônico, chatinho mesmo. Não é um problema incomum; ele aparece em muitas das poesias em verso dito livre, ou nessa prosa dita poética. Matilde Campilho é melhor do que a média, e tem momentos genuinamente bonitos em seus poemas, mas não é esse tipo de poesia que me causa aquilo que ela mesma chama, tão apropriadamente, de "espanto".
Não é "o acontecimento literário da década" nem tão pouco "um acontecimento precioso na língua portuguesa", como por vezes tem sido descrito, mas é um livro relativamente bem conseguido, que alterna alguns poemas promissores com textos menos conseguidos e que nada acrescentam. É um pouco como se Beckett quisesse escrever poesia e a levasse ao limite - para mim, não funciona. Tinha grandes expectativas, e no livro inteiro salvam-se somente 5 ou 6 poemas que, esses sim, são muito bons.
acho que o que me atrai tanto na escrita dela é, no fundo, não ter a certeza do que tudo significa. sinto, através da pontuação, da escolha de palavras e da construção frásica, que a Matilde está a comunicar com um destinatário específico, que não sou eu e que compreende absolutamente tudo o que ela lhe está a dirigir. eu adoro ser testemunha de segredos apalavrados, de intimidades tímidas e de romances passados, mas mal digeridos. é assim que me sinto a lê-la. ler os poemas é uma experiência tão sensível e bonita. às vezes, apetece-me chorar ao pensar na quantidade de amor que tenho por certos livros/autores. à matilde, chorava rios. juro.
Muitos poemas têm expressões lindas e animais e cores e esvoaçamentos, mas terminam de forma estranha e pequena. De forma pe-que-ni-na. Há poemas que exigem outro final, como "Paz, Palavra útil", que é lindíssimo mas que, no seu final, atinge um tom menor, uma coisa estranha e que se desfaz, cortando o ritmo e a grandeza do conteúdo, das palavras escolhidas a dedo pela sensibilidade desta poeta. No entanto, a maioria dos poemas e dos fragmentos vêm-me falando ao ouvido, amaciando o meu pêlo, a minha língua, a minha doce visão de mulher envelhecendo nos fins de tarde em Barroselas, terra perdida entre um monte e Santa Luzia, Viana do Castelo, Portugal. Alumiando tudo, além do sol forte das sextas-feiras e de alguma neblina aos domingos, está este livro, uma oferenda de coração cheio de um amigo, escolhida por mim, de mim, para mim, para você, para nós.
Voltarei a este livro como se mergulhasse num mar de altas temperaturas, localizado num lugar do mundo paradisíaco e injusto para os criados de praia que nos servirão bebidas alcóolicas em copos graciosos e altos. Mas mergulho e mergulharei nele como quem se afunda nas palavras "baleia", "jaguar", "tigre", "verde", "cangote", "menino", "rapariga" ou na obsessão da Matilde - ou Mathilde, nome que me encantou hoje ao pesquisar sobre a biografia de Eric Rohmer, afinal era a sua mãe e estará presente, decerto, em tudo o que ele fez, pois assim são as mães, bisbilhotando tudo em nós e nos nossos afazeres de dentro ou de fora - por santos: santo António, Santo Agostinho, são Mateus... Este livro traz-nos tanta coisa, tanta memória, tanta viagem: tantas imagens bonitas e azuis e amarelas e de sol nas têmporas e de pestanas caídas na face dos nossos amados e desportistas e barulho e festa e tudo aquilo de que sentimos falta.
Aqui fica um dos poemas de que gostei, apesar de o seu final ficar aquém daquilo que esperava. Chama-se "Tenho planos para uma confissão" :
Foi em novembro de dois mil e tal em Ipanema Fazia frio e não devia Chovia como era previsto E algumas dessas coisas nos confundiam Eu era demasiado novo para o desterro Um pouco velho já para certas aventuras Dormia algumas horas por noite num quartinho de esquina Onde guardava os 7 livros, uma hamaca vermelha & branca e a pequena caixa de madeira onde ia depositando a diário as lascas que sobravam da escultura Eu ia esculpindo um novo genoma Com mãos encharcadas de água de coco
Meu rosto não se transformava mas a paisagem sim Uma vez por semana cruzava a rua de saquinho plástico pendurado no braço e levava a roupa na lavandaria Maria meu velho tesouro não me acompanhava mais Os canaviais, as abóbadas do Arkansas, as feridas no rosto e os recibos de pensões iam caindo no caminho como balas de açúcar O desenho daquele rastro no chão apontaria certamente ao palácio lunar Era nisso que pensava quando não pensava em nada Foi no novembro de Ipanema quando me acertei com a meditação
Comia duas bananas por dia Um suco de acerola E de vez em quando um sanduíche A vida nunca foi tão pacífica Desistira finalmente dos troféus Guardando para mim apenas a bandeirola da Federación Uruguaya de Esgrima Porque sempre suspeitei que aprenderíamos muito fixando os espaços entre as listras azuis e brancas
Meus amigos iam se retirando como lascas Eu ia aproximando o rosto das orquídeas atadas nas árvores pelos porteiros de Ipanema Tomava o café da manhã no mercado enquanto lia o jornal da cidade Havia um forte cheiro de mar sujo Que subia sempre a 3 quadras até chegar na avenida As manhãs eram todas de ouro E à passagem de cada uma delas eu atava uma nova pulseira em meu braço Foi um poeta quem me disse Que os gémeos se distinguem pelas cores das fitas amarradas em seus pulsos Eu queria distinguir-me de mim mesmo Como um urso que fareja as moedas entre os cachos de erva
Havia uma artéria que ligava todas as coisas desde a Praia de Botafogo até o Centro da Cidade O atravessamento do Aterro nas cavalitas de um ônibus bêbado foi durante muito tempo A única salvação possível
Certa manhã, entre as colunas de fogo que de vez em quando se levantavam no terror das esquinas, apareceu o rosto doce de Antonio Fotografei-o com minha câmera descartável E essa imagem desfocada é a pagela que trago dobrada em meu bolso até hoje
Aqueles foram meus pleitos literários entre o mar e a cidade E, como disse o santo na fotografia, na verdade fui feliz.
Jóquei e júbilo podiam ser a mesma palavra Não são Não são nem serão Mas podiam ter sido E foram Porque eu não lhes faço distinção
Quem é que nesta vida Alguma vez se viu prevenido Para um vómito que vem do fígado Para uma estalada na cara Ou para a tão grande deceção de assistir a uma promessa quebrada
Que importa o tamanho do erro E o quanto se erra Se é sabido que errar é humano E desumano é não aceitar a fragilidade da sua própria condição Mesmo o que não está certo, mas é humano Que quase tudo o que é humano é justo E sendo a morte o contrário de justiça Continua a ser a maior e mais profunda garantia da humanidade
Matilde diz que alguém disse que já nada pode começar no mundo E supôs que isso quisesse dizer continuidade Eu cá acho Que há milhares de coisas que começam e acabam todos os dias ...
Pra mim, foi um livro de leitura arrastada. Queria que acabasse. Que eu me lembre, um poema inteiro salvou a minha experiência, junto com alguns versos espalhados pela obra. Talvez eu tenha entrado com expectativas demais; por isso não se deve acreditar em nomes. Talvez seja uma poesia contemporânea demais e eu ainda não saiba lidar com isso. Várias vezes, fui tomada por desconforto, porque tinha a sensação de que as palavras eram colocadas de maneira vaga, uma atrás da outra, sem qualquer critério. Foi diferente de quando a “falta de sentido” faz sentido. Foi incômodo, várias vezes sem graça e vazio. Não quero que pareça um ataque pessoal. É que foi sofrido pra mim, mesmo. Pensei que ia ser uma leitura mais revigorante, uma escrita que eu pudesse chamar de amada ou adorada. Paciência.
"Poderia escrever teu nome/70 vezes seguidas/ Mas isso não espantaria/ a saudade que sinto/ de dizer o teu nome/ entre sal e dentes [...]" [p. 65]
"[...] Pra onde você vai eu não sei/ Na verdade não me importa mais/ Porque no caminho do post-mortem/ Aconteceu que dei de caras com a vida" [p. 119]
Confesso que absorver a poética de Matilde foi um processo lento e por vezes difícil. Sentimentos, descrições e referências são derramados ao longo dessas páginas: as palavras simplesmente despencam. Quem sabe que novas compreensões e olhares as releituras desse livro poderão me trazer...