“Recuerde”, diz a placa imperativa em espanhol, enquanto o retrovisor do automóvel mostra o que já ficou no passado. “Eu tenho uma coleção de esquecimentos/ e apenas duas mãos pra ver o mundo”, lamenta o “super-homem submisso” que não alcança o ritmo dos acontecimentos. Resta observar coisas mínimas como uma formiga ou imensas como o universo e seus astros. O tempo e o espaço, a insignificância e a morte são os principais temas deste volume de inéditos de Arnaldo Antunes, que oscilam entre o humor e a desilusão. Alternando poemas em verso e visuais, fotografias e “prosinhas”, a obra é marcada pela pluralidade, pelo registro pop e pela sonoridade, tão próprios ao artista, que assina também o projeto gráfico. Um diálogo sensível e desafiante com o homem contemporâneo.
Não estou dizendo que é ruim, mas sim que não gostei. Não estou dizendo que não tem qualquer qualidade, mas sim que não gostei. Não estou dizendo que não é poesia, mas sim que não gostei. Não estou dizendo que não é para você ler, mas sim que não gostei. Não estou dizendo que foi perda de tempo, mas sim que não gostei. Ouvir que o pulso ainda pulsa num disco é uma coisa, não gostei de ouvir coisas similares a isso em mais de cem páginas de um livro.