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Olhos d'Água
Em
Olhos d’água
Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem.
Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”.
Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.
(fonte: Editora Pallas)
Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida?Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”.
Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.
(fonte: Editora Pallas)
116 pages, Paperback
First published December 3, 2014
422 people are currently reading
7454 people want to read
About the author
Conceição Evaristo
35 books613 followersConceição Evaristo was born in a slum in the south of Belo Horizonte, Minas Gerais / Brazil. She had to reconcile her studies with work as a domestic worker, until she completed her first years of study in 1971, at the age of 25. She then moved to Rio de Janeiro, where she passed a public competition for teaching and graduated in Letters at UFRJ.
In the 1980s, she contacted Grupo Quilombhoje. She debuted in literature in 1990, with works published in the series Cadernos Negros, published by the organization.
She holds a Master's degree in Brazilian Literature from PUC-Rio, and a PhD in Comparative Literature from Universidade Federal Fluminense (UFF).
Her works, in particular the 2003 novel Ponciá Vicêncio, address themes such as racial, gender and class discrimination. The work was translated into English and published in the United States in 2007. She currently teaches at UFMG as a visiting professor.
In the 1980s, she contacted Grupo Quilombhoje. She debuted in literature in 1990, with works published in the series Cadernos Negros, published by the organization.
She holds a Master's degree in Brazilian Literature from PUC-Rio, and a PhD in Comparative Literature from Universidade Federal Fluminense (UFF).
Her works, in particular the 2003 novel Ponciá Vicêncio, address themes such as racial, gender and class discrimination. The work was translated into English and published in the United States in 2007. She currently teaches at UFMG as a visiting professor.
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 978 reviews
December 16, 2020
é impossível sair ilesa desse livro.
June 26, 2020
Meu deus, que obra de arte! Como não li isso antes? Tem de TUDO nesse livro, algumas histórias mais poéticas e subjetivas e outras super diretas e brutas. Cada personagem de cada um dos contos era melhor que o outro. Mais uma vez termino um livro nesse formato e queria vários romances inteiros dessas histórias. Lerei muita coisa da Conceição!
May 25, 2025
Gosto de ver as palavras plenas de sentido ou carregadas de vazio dependuradas no varal da linha. Palavras caídas, apanhadas, surgidas, inventadas na corda bamba da vida.
- A gente combinamos de não morrer
Conceição Evaristo é uma escritora brasileira de raça negra que nasceu numa favela, em 1946, sendo a segunda de 9 irmãos, trabalhou como empregada doméstica enquanto estudava, só começou a escrever nos anos 90 e acabou por se doutorar em 2010. Não costumo salientar os dados autobiográficos de um autor, mas neste caso creio que são relevantes, primeiro, porque o seu percurso é admirável e, em segundo lugar, porque é sobretudo a experiência de ser mulher negra, pobre, trabalhadora e mãe, que Conceição Evaristo explora nestes contos. São muitas as lágrimas que estas personagens vertem, de dor, de miséria, de solidão, de velhice, de amor; e o tempo que passamos com elas, quer seja uma vida inteira, quer seja durante uma viagem de autocarro, leva-nos a criar uma ligação imediata com estas pessoas e a desejar que houvesse mais páginas acerca delas em vez de terem de dar lugar a outras igualmente reais e envolventes. Conceição Evaristo fala sobre sexo e violência de forma crua, mas a escrita ampara o golpe, porque é esplêndida e doce, sem pieguice.
Ela era vencedora de outras distâncias. Já saltara montanhas e divisas de um tempo-espaço que ficara para trás. Como era mesmo a sua cidade natal? Não sabia bem. Lembrava-se, entretanto, que as pessoas eram lentas. Andavam, falavam e viviam de-va-gar-zi-nho. A vida era de uma lerdeza tal, que algumas mulheres esqueciam-se de parir seus rebentos. A barriga crescia até aos onze meses. As crianças nasciam moles, desesperadamente calmas e adiavam indefinidamente o exercício de crescer. Cida desde pequena guardava um sentimento de urgência.
- O cooper de Cida
Não, ela não se envergonhava de seu narcisismo. Era com ele que ela compunha e recompunha toda a sua dignidade. Encarou novamente o espelho e se lembrou de um poema, em que uma mulher contemplando a sua imagem refletida, perguntava angustiada onde é que ela deixara a sua outra face, a antiga, pois não se reconhecia naquela que lhe estava sendo apresentada naquele momento. Não, não era o caso de Luamanda, que se reconhecia e se descobria sempre.
- Luamanda
Em meio ao tiroteio a menina ia. Balas, balas e balas desabrochavam como flores malditas, ervas daninhas suspensas no ar. Algumas fizeram círculos no corpo da me- nina. Daí um minuto tudo acabou. Homens armados sumiram pelos becos silenciosos, cegos e mudos.
- Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos
- A gente combinamos de não morrer
Conceição Evaristo é uma escritora brasileira de raça negra que nasceu numa favela, em 1946, sendo a segunda de 9 irmãos, trabalhou como empregada doméstica enquanto estudava, só começou a escrever nos anos 90 e acabou por se doutorar em 2010. Não costumo salientar os dados autobiográficos de um autor, mas neste caso creio que são relevantes, primeiro, porque o seu percurso é admirável e, em segundo lugar, porque é sobretudo a experiência de ser mulher negra, pobre, trabalhadora e mãe, que Conceição Evaristo explora nestes contos. São muitas as lágrimas que estas personagens vertem, de dor, de miséria, de solidão, de velhice, de amor; e o tempo que passamos com elas, quer seja uma vida inteira, quer seja durante uma viagem de autocarro, leva-nos a criar uma ligação imediata com estas pessoas e a desejar que houvesse mais páginas acerca delas em vez de terem de dar lugar a outras igualmente reais e envolventes. Conceição Evaristo fala sobre sexo e violência de forma crua, mas a escrita ampara o golpe, porque é esplêndida e doce, sem pieguice.
Ela era vencedora de outras distâncias. Já saltara montanhas e divisas de um tempo-espaço que ficara para trás. Como era mesmo a sua cidade natal? Não sabia bem. Lembrava-se, entretanto, que as pessoas eram lentas. Andavam, falavam e viviam de-va-gar-zi-nho. A vida era de uma lerdeza tal, que algumas mulheres esqueciam-se de parir seus rebentos. A barriga crescia até aos onze meses. As crianças nasciam moles, desesperadamente calmas e adiavam indefinidamente o exercício de crescer. Cida desde pequena guardava um sentimento de urgência.
- O cooper de Cida
Não, ela não se envergonhava de seu narcisismo. Era com ele que ela compunha e recompunha toda a sua dignidade. Encarou novamente o espelho e se lembrou de um poema, em que uma mulher contemplando a sua imagem refletida, perguntava angustiada onde é que ela deixara a sua outra face, a antiga, pois não se reconhecia naquela que lhe estava sendo apresentada naquele momento. Não, não era o caso de Luamanda, que se reconhecia e se descobria sempre.
- Luamanda
Em meio ao tiroteio a menina ia. Balas, balas e balas desabrochavam como flores malditas, ervas daninhas suspensas no ar. Algumas fizeram círculos no corpo da me- nina. Daí um minuto tudo acabou. Homens armados sumiram pelos becos silenciosos, cegos e mudos.
- Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos
March 31, 2020
Qual a porcentagem de livros escritos por mulheres na lista da suas últimas leituras? Qual foi a última obra nacional que você leu? E a última escrita por alguma autora ou autor negro? Hoje eu presto muita atenção na hora de escolher minhas leituras. Tento fazer minha parte para garantir uma diversidade e representatividade dos autores e das temáticas lidas. Comece a prestar atenção nisso também!
De origem periférica e pobre, Conceição Evaristo é mestre e doutora em Literatura e, na minha opinião (e de muita gente), é um dos principais nomes da literatura contemporânea nacional. Mas, acima de tudo, Conceição Evaristo é um símbolo de representatividade na literatura. É porta-voz de questões sociais que, apesar de serem muito presentes no dia a dia das classes menos privilegiadas, são pouco faladas e, menos ainda, compreendidas. Quando me perguntam qual o principal benefício da leitura, eu não tenho dúvidas na hora de responder: com os livros eu consigo me colocar no lugar do outro; enxergar problemas e situações a partir da perspectiva de alguém que vive em circunstâncias completamente diferentes das minhas. Aprendo a respeitar o diferente, ser mais empático e ter mais compaixão.
A leitura de “Olhos d’água” confirmou mais uma vez essa minha opinião. Essa coletânea de contos me despertou reflexões sobre a condição do ser humano, sobre as tristezas diárias que passam despercebidas ao nosso redor. Conceição Evaristo consegue transmitir ao leitor de forma sensível e perfurante a realidade do ser humano silenciado. “Estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres” em sua condição mais vulnerável.
Com contos curtos, a autora também revela um domínio incrível sobre as emoções e as dificuldades presentes na miséria e marginalização. A escrita também se destaca pela sua oralidade e crueza, servindo como uma ferramenta mais eficaz para atingir a nós leitores. Uma leitura que não apenas recomendo, mas que entendo ser necessária!
Nota: 9,5/10
Leia mais resenhas em https://www.instagram.com/book.ster/
De origem periférica e pobre, Conceição Evaristo é mestre e doutora em Literatura e, na minha opinião (e de muita gente), é um dos principais nomes da literatura contemporânea nacional. Mas, acima de tudo, Conceição Evaristo é um símbolo de representatividade na literatura. É porta-voz de questões sociais que, apesar de serem muito presentes no dia a dia das classes menos privilegiadas, são pouco faladas e, menos ainda, compreendidas. Quando me perguntam qual o principal benefício da leitura, eu não tenho dúvidas na hora de responder: com os livros eu consigo me colocar no lugar do outro; enxergar problemas e situações a partir da perspectiva de alguém que vive em circunstâncias completamente diferentes das minhas. Aprendo a respeitar o diferente, ser mais empático e ter mais compaixão.
A leitura de “Olhos d’água” confirmou mais uma vez essa minha opinião. Essa coletânea de contos me despertou reflexões sobre a condição do ser humano, sobre as tristezas diárias que passam despercebidas ao nosso redor. Conceição Evaristo consegue transmitir ao leitor de forma sensível e perfurante a realidade do ser humano silenciado. “Estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres” em sua condição mais vulnerável.
Com contos curtos, a autora também revela um domínio incrível sobre as emoções e as dificuldades presentes na miséria e marginalização. A escrita também se destaca pela sua oralidade e crueza, servindo como uma ferramenta mais eficaz para atingir a nós leitores. Uma leitura que não apenas recomendo, mas que entendo ser necessária!
Nota: 9,5/10
Leia mais resenhas em https://www.instagram.com/book.ster/
September 10, 2018
Esse é o terceiro livro dela que leio. Importante falar isso porque acho que tem muito a ver com a minha nota.. O conto Olhos D'Água é lindíssimo, uma pérola nesse livro. Mas não sei se é porque li várias coisas dela já.. acho tudo mais do mesmo. Chega num ponto que fiquei cansada dos sempre mesmos recursos linguísticos, as histórias não traziam novidade, e fui cansando rápido mesmo o livro sendo pequeno. Daria duas estrelas se não tivesse gostado tanto desse conto que falei ali. Uma sensibilidade ímpar mesmo.
January 26, 2022
Leia, sinta, seja, chore, indigne-se, console-se.
Olhos D'água é uma obra de arte que transcende. Transcende cor, tempo, contexto, transcende o 'eu' e até o 'nós'.
Conceição traz tanto significado através de uma prosa simples, que deixa o leitor completamente sem palavras.
Olhos D'água é uma obra de arte que transcende. Transcende cor, tempo, contexto, transcende o 'eu' e até o 'nós'.
Conceição traz tanto significado através de uma prosa simples, que deixa o leitor completamente sem palavras.
July 18, 2024
eu não sou mais a pessoa que eu era um livro atrás
April 17, 2022
São 15 contos pequeninos.
Sem pudores Conceição Evaristo retrata a realidade vivida pela população afro-brasileira. São histórias cruas, tensas, violentas, desumanas, e cheias de um realismo que choca.
Favoritos:
Olhos d’Água
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela superfície.
Duzu-Querença
Estavam os dois nuzinhos. Ele em cima, parecendo dentro da mulher. Duzu ficou olhando tudo. Teve um momento em que o homem chamou por ela. Vagarosamente ela foi se aproximando. Ele, em cima da mulher, com uma das mãos fazia carinho no rosto e nos seios da menina. Duzu tinha gosto e medo. Era estranho, mas era bom. Ganhou muito dinheiro depois.
(…)
Dona Esmeraldina arrumou um quarto para Duzu, que passou a receber homens também. Criou fregueses e fama.
Luamanda
O amor se guarda só na ponta de um falo ou nasce também dos lábios vaginais de um coração de uma mulher para outra?
Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos
Zaíta seguia distraída em sua preocupação. Mais um tiroteio começava.
(…)
Balas, balas e balas desabrochavam como flores malditas, ervas daninhas suspensas no ar. Algumas fizeram círculos no corpo da menina. Daí um minuto tudo acabou.
Sem pudores Conceição Evaristo retrata a realidade vivida pela população afro-brasileira. São histórias cruas, tensas, violentas, desumanas, e cheias de um realismo que choca.
Favoritos:
Olhos d’Água
Vi só lágrimas e lágrimas. Entretanto, ela sorria feliz. Mas eram tantas lágrimas, que eu me perguntei se minha mãe tinha olhos ou rios caudalosos sobre a face. E só então compreendi. Minha mãe trazia, serenamente em si, águas correntezas. Por isso, prantos e prantos a enfeitar o seu rosto. A cor dos olhos de minha mãe era cor de olhos d’água. Águas de Mamãe Oxum! Rios calmos, mas profundos e enganosos para quem contempla a vida apenas pela superfície.
Duzu-Querença
Estavam os dois nuzinhos. Ele em cima, parecendo dentro da mulher. Duzu ficou olhando tudo. Teve um momento em que o homem chamou por ela. Vagarosamente ela foi se aproximando. Ele, em cima da mulher, com uma das mãos fazia carinho no rosto e nos seios da menina. Duzu tinha gosto e medo. Era estranho, mas era bom. Ganhou muito dinheiro depois.
(…)
Dona Esmeraldina arrumou um quarto para Duzu, que passou a receber homens também. Criou fregueses e fama.
Luamanda
O amor se guarda só na ponta de um falo ou nasce também dos lábios vaginais de um coração de uma mulher para outra?
Zaíta esqueceu de guardar os brinquedos
Zaíta seguia distraída em sua preocupação. Mais um tiroteio começava.
(…)
Balas, balas e balas desabrochavam como flores malditas, ervas daninhas suspensas no ar. Algumas fizeram círculos no corpo da menina. Daí um minuto tudo acabou.
December 26, 2022
4,8⭐
Realidade? Ficção?
O que está neste livro de contos é a realidade disfarçada de ficção. Uma realidade triste, trágica e miserável.
A autora retrata histórias que nos mostram a realidade brasileira, atual, das pessoas que vivem nas favelas, provavelmente histórias que teriam outro fim, se essas mesmas pessoas vivessem noutro local.
Há contos muito, muito tristes que partem o coração e abrem a torneira das lágrimas...
As mulheres negras e as crianças são, para mim, as personagens principais desta obra. Vidas duras e pesadas que apedrejam o coração do leitor.
Apreciei bastante a escrita simples e fluída da autora, ainda assim soa a poesia pelo recurso perfeito e harmonioso de recursos estilísticos na frase certa e no momento narrativo certo.
Gostei muito, muito... Se há esperança na vida ao ler estes contos? Talvez haja em alguns, leiam para descobrirem onde é que ela anda...
Realidade? Ficção?
O que está neste livro de contos é a realidade disfarçada de ficção. Uma realidade triste, trágica e miserável.
A autora retrata histórias que nos mostram a realidade brasileira, atual, das pessoas que vivem nas favelas, provavelmente histórias que teriam outro fim, se essas mesmas pessoas vivessem noutro local.
Há contos muito, muito tristes que partem o coração e abrem a torneira das lágrimas...
As mulheres negras e as crianças são, para mim, as personagens principais desta obra. Vidas duras e pesadas que apedrejam o coração do leitor.
Apreciei bastante a escrita simples e fluída da autora, ainda assim soa a poesia pelo recurso perfeito e harmonioso de recursos estilísticos na frase certa e no momento narrativo certo.
Gostei muito, muito... Se há esperança na vida ao ler estes contos? Talvez haja em alguns, leiam para descobrirem onde é que ela anda...
April 28, 2020
Estou sem chão, cada conto mexeu comigo de uma forma ímpar.
"Escrever é uma maneira de sangrar."
"Escrever é uma maneira de sangrar."
October 30, 2024
Conceição Evaristo é uma escritora brasileira, negra, que nasceu, em 1946, numa favela, numa família humilde. É hoje uma escritora relevante e premiada no Brasil, sendo temas centrais na sua escrita a discriminação de raça, de género e de classe.
Este livro é composto por 15 pequenos contos que contam histórias de mulheres, mães, trabalhadoras, amantes, mas também dos seus filhos e filhas. A favela, como local de pobreza e violência, é transversal a quase todos estes contos.
Estes contos são muito curtos e, na maior parte deles, gostaria que tivessem sido mais desenvolvidos. No entanto, gostei muito da escrita de Conceição Evaristo. Ela relata situações de violência e pobreza de forma muito realista e crua mas, ao mesmo tempo, existe doçura e poesia na sua escrita. Quero voltar a esta autora num registo mais longo.
Este livro é composto por 15 pequenos contos que contam histórias de mulheres, mães, trabalhadoras, amantes, mas também dos seus filhos e filhas. A favela, como local de pobreza e violência, é transversal a quase todos estes contos.
Estes contos são muito curtos e, na maior parte deles, gostaria que tivessem sido mais desenvolvidos. No entanto, gostei muito da escrita de Conceição Evaristo. Ela relata situações de violência e pobreza de forma muito realista e crua mas, ao mesmo tempo, existe doçura e poesia na sua escrita. Quero voltar a esta autora num registo mais longo.
August 12, 2020
“Olhos d’água” é um livro de contos de Conceição Evaristo e que herda o título daquele que o abre. Suas histórias retratam, em geral, pessoas que pertencem às minorias dentre as minorias: mulheres, negras e negros, pobres, LGBTQIA+, além de crianças e jovens. Como pano de fundo, a violência — conjugal, familiar, social, estrutural.
Evaristo possui um estilo de escrita muito evidente — neologismos, valorização da sonoridade, oralidade. Preza, também, por uma prosa duramente lírica, contrapondo beleza e dor, mas sem jamais romantizar a última. Contudo, sinto que o esforço realista acaba saindo pela culatra. Ao buscar delinear personagens simultaneamente tão ricas, tão críveis e tão identificáveis (ou, ao menos, que despertem empatia naqueles que, como eu, não vivem na realidade abordada por Evaristo), sinto que elas acabam se tornando estereótipos de si mesmas. Além disso, muitas racionalizações das personagens soam artificiais, uma quebra narrativa. Essas questões são mais sensíveis quando falamos de “conto”, em que se esperam brevidade e entrelinhas.
Com isso, senti a leitura desse livro, embora curto, um tanto arrastada, repetitiva. Não porque o livro é desinteressante ou mal escrito; pelo contrário. Talvez os objetivos da escritora funcionassem melhor em uma novela ou romance. Nem todos os contos de “Olhos d’água” me encheram os olhos (mas quantos livros de contos conseguem isso?), mas foram uma muito bem-vinda aproximação dessa escritora mulher, negra, brasileira e que, indubitavelmente, muito tem a dizer. Espero ler outras obras dela em breve.
Evaristo possui um estilo de escrita muito evidente — neologismos, valorização da sonoridade, oralidade. Preza, também, por uma prosa duramente lírica, contrapondo beleza e dor, mas sem jamais romantizar a última. Contudo, sinto que o esforço realista acaba saindo pela culatra. Ao buscar delinear personagens simultaneamente tão ricas, tão críveis e tão identificáveis (ou, ao menos, que despertem empatia naqueles que, como eu, não vivem na realidade abordada por Evaristo), sinto que elas acabam se tornando estereótipos de si mesmas. Além disso, muitas racionalizações das personagens soam artificiais, uma quebra narrativa. Essas questões são mais sensíveis quando falamos de “conto”, em que se esperam brevidade e entrelinhas.
Com isso, senti a leitura desse livro, embora curto, um tanto arrastada, repetitiva. Não porque o livro é desinteressante ou mal escrito; pelo contrário. Talvez os objetivos da escritora funcionassem melhor em uma novela ou romance. Nem todos os contos de “Olhos d’água” me encheram os olhos (mas quantos livros de contos conseguem isso?), mas foram uma muito bem-vinda aproximação dessa escritora mulher, negra, brasileira e que, indubitavelmente, muito tem a dizer. Espero ler outras obras dela em breve.
Read
March 28, 2025«Apesar de se lerem rápido, pelo menos para mim fica sempre a vontade de ter passado mais tempo naquelas narrativas, de deixar que as personagens vão crescendo com o leitor. Sei que isso é complicado tendo em conta o formato, mas talvez, tendo em conta as minhas preferências, este não seja o modo ideal de ler Conceição Evaristo.»
Review completa em: https://ritadanova.blogs.sapo.pt/olho....
Review completa em: https://ritadanova.blogs.sapo.pt/olho....
June 9, 2020
reunião de quinze contos costurados por um meandro de rio-lágrimas, mostrando as formas do corpo negro de estar no mundo. aquelas formas que se escolhe fingir que não existem mas são a base do nosso país.
fui arrebatada pela fluidez de tanta água doída, conceição chega com uma autoridade cortante e uma lente micro singular, de uma rotina diária, personagens símbolos do brasil.
é muito mais morte do que vida, mas antes das mortes chegarem somos seduzidos por uma força, uma imponência de querer achar um lugar no mundo, uma valorização do simples grande ato que é
conseguir se manter vivo.
de conseguir comer. ter um teto.
tempo curto, tempo de ação, qualquer hora é fim.
as mortes chegam numa piscadela, depois dos emaranhados das vidas narradas, depois do apego que criamos com cada um.
porém nem sempre elas vem,
ai um fogo de esperança nos
conforta intimimamente.
a escrevivência de conceição, é um gozo-pranto, mas não deixa de praticar sutileza nas palavras,
com sinceridade inagualável,
cria poética do sofrimento,
tão bonita que nos deixa confusos.
finalmente existe alguém que narre
como se merece a vida dos indizíveis e invisíveis.
nunca li algo parecido,
um fluxo de notícia-diário-crônica.
quem consegue comer no dia,
quem vende o corpo ou
enfrenta os tiroteios são os nossos heróis.
quem consegue existir, levantar e sonhar,
mesmo que rápido,
diante tanta podridão humana.
eles combinaram de não morrer, e carregam esse estandarte até o fim! e quando a dor vem encostando, enquanto um olho chora, o outro espia o tempo procurando a solução.
leiam conceição!
necessária é pequeno
pra o que quero,
o que essa mulher nos
permite experienciar
ainda não sei o nome.
fui arrebatada pela fluidez de tanta água doída, conceição chega com uma autoridade cortante e uma lente micro singular, de uma rotina diária, personagens símbolos do brasil.
é muito mais morte do que vida, mas antes das mortes chegarem somos seduzidos por uma força, uma imponência de querer achar um lugar no mundo, uma valorização do simples grande ato que é
conseguir se manter vivo.
de conseguir comer. ter um teto.
tempo curto, tempo de ação, qualquer hora é fim.
as mortes chegam numa piscadela, depois dos emaranhados das vidas narradas, depois do apego que criamos com cada um.
porém nem sempre elas vem,
ai um fogo de esperança nos
conforta intimimamente.
a escrevivência de conceição, é um gozo-pranto, mas não deixa de praticar sutileza nas palavras,
com sinceridade inagualável,
cria poética do sofrimento,
tão bonita que nos deixa confusos.
finalmente existe alguém que narre
como se merece a vida dos indizíveis e invisíveis.
nunca li algo parecido,
um fluxo de notícia-diário-crônica.
quem consegue comer no dia,
quem vende o corpo ou
enfrenta os tiroteios são os nossos heróis.
quem consegue existir, levantar e sonhar,
mesmo que rápido,
diante tanta podridão humana.
eles combinaram de não morrer, e carregam esse estandarte até o fim! e quando a dor vem encostando, enquanto um olho chora, o outro espia o tempo procurando a solução.
leiam conceição!
necessária é pequeno
pra o que quero,
o que essa mulher nos
permite experienciar
ainda não sei o nome.
October 5, 2020
A beleza. Conceição Evaristo não é uma das autoras brasileiras mais relevantes da atualidade por conta dos seus temas bem delineados com a trinca raça/gênero/classe, pelo menos não apenas por isso, mas principalmente pela prosa poética de que é capaz, tem cada frase magistralmente lapidada aqui que é capaz de emocionar tanto pela delicadeza da forma quanto da brutalidade dos fatos. Uma autora contemporânea realmente necessária.
January 3, 2024
5,0 ✨✨✨
(Audiobook)
(Audiobook)
June 8, 2025
extremamente delicado falar sobre essa coletânea porque todos os contos são delicadíssimos em suas dores e reflexões. confesso que não me senti nem um pouco bem lendo a maioria deles, mas a forma como a conceição evaristo apresenta todas as mazelas que permeiam o cotidiano do negro na nossa sociedade é primorosa e realmente, não é pra se sentir bem lendo.
September 20, 2022
"Mais um corpo tombou. Penso em Dorvi. Apalpo o meu. Peito, barriga, pernas... Estou de pé. Meu neném dorme. Ainda me resto e arrasto aquilo que sou."
Em determinada parte do penúltimo conto uma personagem diz que "Escrever é uma maneira de sangrar.", e Conceição Evaristo sangra aqui, sangra alegria, tristezas, esperanças, frustrações, raiva, sonhos realizados e frustrados, sangra vidas perdidas, espiritual e fisicamente, em um caos de pessoas que se veem presas em um ciclo sem fim de abusos e humilhações.
Através de uma escrita lírica belíssima, Conceição nos guia pela vida de personagens riquíssimos, bem escritos, em histórias cativantes e impactantes. É um livro para se devorar e sofrer com a indigestão depois.
Em determinada parte do penúltimo conto uma personagem diz que "Escrever é uma maneira de sangrar.", e Conceição Evaristo sangra aqui, sangra alegria, tristezas, esperanças, frustrações, raiva, sonhos realizados e frustrados, sangra vidas perdidas, espiritual e fisicamente, em um caos de pessoas que se veem presas em um ciclo sem fim de abusos e humilhações.
Através de uma escrita lírica belíssima, Conceição nos guia pela vida de personagens riquíssimos, bem escritos, em histórias cativantes e impactantes. É um livro para se devorar e sofrer com a indigestão depois.
October 3, 2022
Gostei mesmo, mesmo muito!!!
Um pérola envolvida em pouquinhas páginas, onde predomina um azul lindo!
NOTA - 09/10
Obrigada, Paulinha!
Um pérola envolvida em pouquinhas páginas, onde predomina um azul lindo!
NOTA - 09/10
Obrigada, Paulinha!
July 31, 2025
Não tem como não ficar com os olhos cheios d' água ao ler esse livro.
Um dia, a professora Rosane Cardoso indicou a leitura de um livro e eu fiquei ansiosa para ler, contando os dias para chegar o livro. Tudo que ela indicava, eu ia atrás. Independente do que fosse! Minhas melhores aulas de literatura eram todas com ela.
Comecei com Olhos d’Água, da Conceição Evaristo, sem saber nada sobre a autora e do livro, e foi um dos primeiros livros que comprei para mim na faculdade.
Passei horas chorando com um conto: Maria.
O final me deixou chocada, estatelada. Parecia que, a cada página virada, eu entrava em um universo diferente, onde a autora costurava de forma magistral as formas de uma pessoa negra estar na sociedade e viver seu cotidiano.
A escrita da Conceição me envolvia completamente. É reconfortante ler algo tão fluido, tão bem escrito. Ela retrata a realidade nua e crua de pessoas negras, maior parte mulheres, histórias tão reais que precisam ser lidas.
"Escrever é uma maneira de sangrar. Acrescento: e de sangrar muito, muito mesmo."
A gente acaba lendo rápido, devorando as páginas numa mordida, limpando os
olhos cheios de lágrimas, e, quando percebemos, já não somos mais as mesmas
pessoas que éramos um livro atrás. Enquanto uma parte de nós chora, a outra vê a
injustiça dessas pessoas. Que possamos seguir lendo mais livros escritos da Conceição e entendermos que o fato da literatura incomodar é um ensinamento para nós de como o mundo é. Precisa incomodar mesmo, cutucar a ferida: isso acontece, não podemos deixar passar.
“Eu sei que não morrer, nem sempre é viver.”
Um dia, a professora Rosane Cardoso indicou a leitura de um livro e eu fiquei ansiosa para ler, contando os dias para chegar o livro. Tudo que ela indicava, eu ia atrás. Independente do que fosse! Minhas melhores aulas de literatura eram todas com ela.
Comecei com Olhos d’Água, da Conceição Evaristo, sem saber nada sobre a autora e do livro, e foi um dos primeiros livros que comprei para mim na faculdade.
Passei horas chorando com um conto: Maria.
O final me deixou chocada, estatelada. Parecia que, a cada página virada, eu entrava em um universo diferente, onde a autora costurava de forma magistral as formas de uma pessoa negra estar na sociedade e viver seu cotidiano.
A escrita da Conceição me envolvia completamente. É reconfortante ler algo tão fluido, tão bem escrito. Ela retrata a realidade nua e crua de pessoas negras, maior parte mulheres, histórias tão reais que precisam ser lidas.
"Escrever é uma maneira de sangrar. Acrescento: e de sangrar muito, muito mesmo."
A gente acaba lendo rápido, devorando as páginas numa mordida, limpando os
olhos cheios de lágrimas, e, quando percebemos, já não somos mais as mesmas
pessoas que éramos um livro atrás. Enquanto uma parte de nós chora, a outra vê a
injustiça dessas pessoas. Que possamos seguir lendo mais livros escritos da Conceição e entendermos que o fato da literatura incomodar é um ensinamento para nós de como o mundo é. Precisa incomodar mesmo, cutucar a ferida: isso acontece, não podemos deixar passar.
“Eu sei que não morrer, nem sempre é viver.”
September 10, 2023
- Ei, Ardoca 3*
- A gente combinamos de não morrer 3*
- Ayoluwa, a alegria do nosso povo 4.5*
- A gente combinamos de não morrer 3*
- Ayoluwa, a alegria do nosso povo 4.5*
May 3, 2023
Eu me esforço com literatura nacional mas pqp não aguento
A abordagem da vida de mulheres marginalizadas negras é um tema top que tem muito pra ser falado e discutido, inclusive Niketche faz isso bem p cacete.
Mas pra mim esse livro tem a abordagem mais grotesca e odiosa possível. Respeito querer fazer varias historinhas pra abordar várias vivências de mulheres, e querer retratar isso de uma forma crua e sem idealização.
Só que na minha experiência o livro foi pro outro extremo, e o efeito dessa abordagem foi que eu n simpatizei com nenhuma personagem, achei todas bizarramente simplistas e sem dimensão; e se elas tinham ALGUMA reflexão pra fazer, eu n vi pq tava ocupada tentando não vomitar.
Eu acho que existe mais pra ser explorado do que apenas mulheres miseráveis e pobres vivendo vidas miseráveis e tendo uma vida sexual quase animalesca de tão selvagem. Sabe quem fez isso perfeitamente? Carolina maria de jesus. To comparando mesmo que se fod@.
Ler esse livro foi como ficar observando uns leão engaiolado dentro do zoologico, que vc olha e fala “nossa que horrível, olha como sofrem os bichinhos. Eca! Eles tao transando , ah, agora um leão arrancou o pescoço do outro…”
Enfim, detestei esse livro, foi uma das experiências mais atrozes e enojantes (inventei agr) da minha vida, e não positivamente.
Você não precisa enfiar um monte de elemento chocante goela a baixo do leitor pra ele entender a gravidade de algum assunto, um subliminar bem feito tem o mesmo impacto. Não precisa cuspir na cara do leitor pra entregar uma mensagem. Pode fazer isso? Pode uai. Vou apreciar? Nem fudendo.
Ah, e sobre os baldes, preparem-se pra vomitar bastante. Minha contagem final de quase gorfos: 18. Leiam por conta e risco.
A abordagem da vida de mulheres marginalizadas negras é um tema top que tem muito pra ser falado e discutido, inclusive Niketche faz isso bem p cacete.
Mas pra mim esse livro tem a abordagem mais grotesca e odiosa possível. Respeito querer fazer varias historinhas pra abordar várias vivências de mulheres, e querer retratar isso de uma forma crua e sem idealização.
Só que na minha experiência o livro foi pro outro extremo, e o efeito dessa abordagem foi que eu n simpatizei com nenhuma personagem, achei todas bizarramente simplistas e sem dimensão; e se elas tinham ALGUMA reflexão pra fazer, eu n vi pq tava ocupada tentando não vomitar.
Eu acho que existe mais pra ser explorado do que apenas mulheres miseráveis e pobres vivendo vidas miseráveis e tendo uma vida sexual quase animalesca de tão selvagem. Sabe quem fez isso perfeitamente? Carolina maria de jesus. To comparando mesmo que se fod@.
Ler esse livro foi como ficar observando uns leão engaiolado dentro do zoologico, que vc olha e fala “nossa que horrível, olha como sofrem os bichinhos. Eca! Eles tao transando , ah, agora um leão arrancou o pescoço do outro…”
Enfim, detestei esse livro, foi uma das experiências mais atrozes e enojantes (inventei agr) da minha vida, e não positivamente.
Você não precisa enfiar um monte de elemento chocante goela a baixo do leitor pra ele entender a gravidade de algum assunto, um subliminar bem feito tem o mesmo impacto. Não precisa cuspir na cara do leitor pra entregar uma mensagem. Pode fazer isso? Pode uai. Vou apreciar? Nem fudendo.
Ah, e sobre os baldes, preparem-se pra vomitar bastante. Minha contagem final de quase gorfos: 18. Leiam por conta e risco.
August 1, 2017
Que livro!
Sensível, ao mesmo tempo que forte. Triste, aos mesmo tempo que lindo.
É impossível ler os contos escritos por Conceição Evaristo e não se colocar no lugar dos personagens e parar para pensar sobre como os negros ainda sofrem no Brasil...
Definitivamente, é um livro que todo mundo deveria ler. Algumas histórias ficarão para sempre na minha mente. Não é um livro para se ler uma só vez. Merece várias releituras!
Sensível, ao mesmo tempo que forte. Triste, aos mesmo tempo que lindo.
É impossível ler os contos escritos por Conceição Evaristo e não se colocar no lugar dos personagens e parar para pensar sobre como os negros ainda sofrem no Brasil...
Definitivamente, é um livro que todo mundo deveria ler. Algumas histórias ficarão para sempre na minha mente. Não é um livro para se ler uma só vez. Merece várias releituras!
August 28, 2020
Não existem palavras para como esse livro me marcou. É duro de ler,mas é necessário.
October 27, 2022
gigantesco. ela é uma das maiores que temos
January 27, 2022
Nota: 4,5 de 5
"Escrever é uma maneira de sangrar. Acrescento: e de muito sangrar, muito e muito"
A potência da voz de Conceição Evaristo é estrondosa e em Olhos d'água, um livro de contos, ela consegue expôr as dores do povo preto com uma poesia e uma sensibilidade que incomodam e acalentam na mesma medida. O livro consegue emocionar com a beleza e a brutalidade da vida, expondo as dicotomias da existência com uma linguagem coloquial e verdadeira.
Olhos d'água contém 15 contos que irão passear sobre temas como afetividade entre mães e filhos, racismo, violência nas favelas, não-monogamia, família, sexualidade e infância. Cada uma das histórias traz, em si, o universo carregado de simbolismos de Conceição Evaristo e convida à reflexão. Não consegui ler com rapidez apesar da escrita simples: precisei ir engolindo aos poucos cada conto, cada história, um por dia até que eu conseguisse refletir, uma vez que os temas são complexos. E a beleza do livro é justamente navegar entre esses opostos de simplicidade pela linguagem e complexidade de sua potência.
Alguns contos são inferiores aos outros e houve uns 2 que eu simplesmente não gostei. Por causa deles eu não entrego as 5 estrelas que acredito serem merecidas. Mas o destaque especial vai para o conto que dá nome ao livro e o abre, "Olhos d'água" e o "A gente combinamos de não morrer".
No conto homônimo à obra, um mulher dá-se conta em determinado momento que não se lembra dos olhos da mãe e empreende uma busca sobre si através da mãe, num lindo entrelaçamento de ancestralidade. Confesso que li três vezes tamanho meu estupor, e nas três vezes eu chorei (uma, inclusive, dentro do ônibus e copiosamente). Já o "A gente combinamos de não morrer" vai discutir a realidade de pessoas marginalizadas e faveladas, com passagens brutais mas extremamente carregadas de poesia. Esse conto, também, apresenta uma construção diferenciada com vozes que se intercalam, um grande trunfo na narrativa e que me fez derramar lágrimas.
É um livro que recomendo por ser introdutório a grandes assuntos da literatura nacional e por ser capaz de condensar, em si, as maiores qualidades narrativas presentes no nosso país.
"Escrever é uma maneira de sangrar. Acrescento: e de muito sangrar, muito e muito"
A potência da voz de Conceição Evaristo é estrondosa e em Olhos d'água, um livro de contos, ela consegue expôr as dores do povo preto com uma poesia e uma sensibilidade que incomodam e acalentam na mesma medida. O livro consegue emocionar com a beleza e a brutalidade da vida, expondo as dicotomias da existência com uma linguagem coloquial e verdadeira.
Olhos d'água contém 15 contos que irão passear sobre temas como afetividade entre mães e filhos, racismo, violência nas favelas, não-monogamia, família, sexualidade e infância. Cada uma das histórias traz, em si, o universo carregado de simbolismos de Conceição Evaristo e convida à reflexão. Não consegui ler com rapidez apesar da escrita simples: precisei ir engolindo aos poucos cada conto, cada história, um por dia até que eu conseguisse refletir, uma vez que os temas são complexos. E a beleza do livro é justamente navegar entre esses opostos de simplicidade pela linguagem e complexidade de sua potência.
Alguns contos são inferiores aos outros e houve uns 2 que eu simplesmente não gostei. Por causa deles eu não entrego as 5 estrelas que acredito serem merecidas. Mas o destaque especial vai para o conto que dá nome ao livro e o abre, "Olhos d'água" e o "A gente combinamos de não morrer".
No conto homônimo à obra, um mulher dá-se conta em determinado momento que não se lembra dos olhos da mãe e empreende uma busca sobre si através da mãe, num lindo entrelaçamento de ancestralidade. Confesso que li três vezes tamanho meu estupor, e nas três vezes eu chorei (uma, inclusive, dentro do ônibus e copiosamente). Já o "A gente combinamos de não morrer" vai discutir a realidade de pessoas marginalizadas e faveladas, com passagens brutais mas extremamente carregadas de poesia. Esse conto, também, apresenta uma construção diferenciada com vozes que se intercalam, um grande trunfo na narrativa e que me fez derramar lágrimas.
É um livro que recomendo por ser introdutório a grandes assuntos da literatura nacional e por ser capaz de condensar, em si, as maiores qualidades narrativas presentes no nosso país.
January 21, 2025
Uff. Saio desta leitura com o coração amarfanhado. Nas nossas sociedades, a pessoas como as retratadas nestes contos, são, na maioria dos casos, reservadas duas percepções nos antípodas: ou são tidos como corpos que não contam e, por isso, invisibilizados, ou são corpos hiper-visíveis, vigiados, encarados como perigosos. Nos contos de Conceição Evaristo, todavia, estas pessoas - sobretudo as protagonistas - são seres humanos concretos, com dores, sonhos e lutas também eles concretos. São pessoas repletas de dignidade e humanidade, pobres, sofridas, magoadas, revoltadas, cansadas, resistentes, exploradas, esperançosas, fortes, violentadas, amadas. São pessoas inteiras, que (sobre)vivem nos espaços precarizados das sociedades capitalistas, racistas e patriarcais, reagindo a circunstâncias quase sempre impossíveis, fazendo escolhas nem sempre imobilizadoras. A Ana Davenga, a Maria e a Natalina são mulheres inteiras e os seus sonhos, amores, desilusões e destinos cruéis vão ficar comigo por muito tempo.
November 25, 2020
Cada conto é um novo soco no estômago. Alguns me captaram mais, como “A gente combinamos de não morrer,” pela maestria na narrativa, mas destaquei tantos passagens pelo livro, que não seria capaz de colocar todos aqui. Então compartilho algumas:
“Voava pelas escadas, pois o elevador era lento e no constante cooper ganhava a rua. Corria sobre a corda bamba, invisível e opressora do tempo. Era preciso avançar sempre e sempre.”
“Bica disse que ele era drogado sim. Drogado pela Bíblia, pelo pastor, pela igreja, enfim. Que nem vontade própria tinha.”
“Eu sei que não morrer, nem sempre é viver.”
“Ficamos plenos de esperança, mas não cegos diante de todas as nossas dificuldades. Sabíamos que tínhamos várias questões a enfrentar. A maior era a nossa dificuldade interior de acreditar novamente no valor da vida...”
“Voava pelas escadas, pois o elevador era lento e no constante cooper ganhava a rua. Corria sobre a corda bamba, invisível e opressora do tempo. Era preciso avançar sempre e sempre.”
“Bica disse que ele era drogado sim. Drogado pela Bíblia, pelo pastor, pela igreja, enfim. Que nem vontade própria tinha.”
“Eu sei que não morrer, nem sempre é viver.”
“Ficamos plenos de esperança, mas não cegos diante de todas as nossas dificuldades. Sabíamos que tínhamos várias questões a enfrentar. A maior era a nossa dificuldade interior de acreditar novamente no valor da vida...”
July 24, 2020
"Ao subverter a língua de Próspero— o homem branco—, Caliban— a mulher negra— abre caminho para a liberdade."
Esse é o meu primeiro contato com a escrita de Conceição Evaristo e é desoladora. Cada conto é uma sensação de dor pela realidade ser tão próxima e verdadeira.
"Estariam guardando uma dor profunda e apenas mascarando o sofrimento para que ela não sofresse?"
O conto da Natalina é devastador em vários sentidos e tem diversos níveis de análise. Os assuntos levantados acerca do que é ser uma mulher negra, maternidade, aborto, escolha sobre o próprio corpo e a dor da realidade na miséria no Brasil.
"E por que não gritar, não pichar pelos muros, não expor em outdoor a grandeza do sentimento? Não, não era a ostentação que aquele amor pedia. O amor pedia o direito de amar, somente".
Esse é o meu primeiro contato com a escrita de Conceição Evaristo e é desoladora. Cada conto é uma sensação de dor pela realidade ser tão próxima e verdadeira.
"Estariam guardando uma dor profunda e apenas mascarando o sofrimento para que ela não sofresse?"
O conto da Natalina é devastador em vários sentidos e tem diversos níveis de análise. Os assuntos levantados acerca do que é ser uma mulher negra, maternidade, aborto, escolha sobre o próprio corpo e a dor da realidade na miséria no Brasil.
"E por que não gritar, não pichar pelos muros, não expor em outdoor a grandeza do sentimento? Não, não era a ostentação que aquele amor pedia. O amor pedia o direito de amar, somente".
June 28, 2018
Se você tem vergonha de chorar na rua como eu, não leia no ônibus. Segurei as lágrimas em diversos momentos.
Nenhum conto do livro é muito extenso, mas é o suficiente para acabar com o leitor. Conceição Evaristo é direta no assunto e é impossível para o leitor não se envolver com seus personagens. É ficção, mas é realidade. Uma realidade de uma gente que muitos gostam de invisibilizar. Um soco no estômago.
Nenhum conto do livro é muito extenso, mas é o suficiente para acabar com o leitor. Conceição Evaristo é direta no assunto e é impossível para o leitor não se envolver com seus personagens. É ficção, mas é realidade. Uma realidade de uma gente que muitos gostam de invisibilizar. Um soco no estômago.
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