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Incidente em Antares

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É 11 de dezembro de 1963. Greve geral em Antares. O fornecimento de luz é interrompido, os telefones não funcionam mais, os coveiros encostam as pás. Dois dias depois, uma sexta-feira 13, sete pessoas morrem - entre elas D. Quitéria, matriarca da cidadezinha. Insepultos e indignados, os defuntos resolvem agir - querem ser enterrados. Reunidos no coreto, decidem empestear com sua podridão o ar da cidade. Enquanto ninguém os enterra, porém, resolvem acertar as contas com os vivos e passam a bisbilhotar e infernizar a vida dos familiares.

515 pages, Paperback

First published January 1, 1971

184 people are currently reading
2852 people want to read

About the author

Erico Verissimo

107 books390 followers
Erico Verissimo (December 17, 1905 - November 28, 1975) is an important Brazilian writer, who was born in Rio Grande do Sul. His father, Sebastião Veríssimo da Fonseca, heir of a rich family in Cruz Alta, Rio Grande do Sul, met financial ruin during his son's youth. Veríssimo worked in a pharmacy before obtaining a job at Editora Globo, a book publisher, where he translated and released works of writers like Aldous Huxley. During the Second World War, he went to the United States. This period of his life was recorded in some of his books, including: Gato Preto em Campo de Neve ("Black Cat in a Snow Field"), A Volta do Gato Preto ("The Return of the Black Cat"), and História da Literatura Brasileira ("History of Brazilian Literature"), which contains some of his lectures at UCLA. His epic O Tempo e o Vento ("The Time and the Wind'") became one of the great masterpieces of the Brazilian novel, alongside Os Sertões by Euclides da Cunha, and Grande Sertão: Veredas by Guimarães Rosa.
Four of Veríssimo's works, Time and the Wind, Night, Mexico, and His Excellency, the Ambassador, were translated into the English language by Linton Lomas Barrett.
He was the father of another famous writer of Rio Grande do Sul, Luis Fernando Veríssimo.

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13 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 186 reviews
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,488 followers
April 12, 2022
Já começo essa resenha com um clichê: por que demorei tanto para ler esse livro, mesmo com tanta gente que confio me indicando?

A sinopse já é incrível: já imaginou se os mortos pudessem ressuscitar para acertar as contas com as pessoas envolvidas com sua morte, sem ter nada a perder com isso? Pois é, isso acontece na pequena cidade de Antares, na década de 60. Era um sexta-feira 13 aparentemente normal. No entanto, a cidade inteira entra em greve por conta de conflitos políticos. Dentre os grevistas, estão os coveiros e, por conta disso, os defuntos que aguardavam tranquilamente seu enterro passam a zanzar pela cidade reclamando o seu direito ao sepultamento.

Os cidadãos demoram para acreditar na notícia, mas o cheiro de podridão logo assola Antares e todo mundo passa a acompanhar os escândalos que os “fantasmas” estão protagonizando. Antares é uma cidade que, desde sua criação, tem sido palco de disputas entre duas grandes famílias: Vacarianos e Campolargos. E a volta dos defuntos só traz mais palha para reacender essa disputa de ego e poder.

Vale dizer que o livro se divide em duas partes. A primeira, com cerca de 200 pgs, é um retrospecto histórico do Brasil e de Antares. O autor mistura aspectos reais, quando trata da História brasileira, com fatos fictícios relacionados à sociedade antariana. Não recomendo pular essa parte, pois Veríssimo traz pontos bem importantes para a construção dos personagens que serão apresentados na segunda parte, quando a greve geral e o despertar dos mortos são narrados. No entanto, já aviso que a primeira parte pode parecer mais devagar - Não desista!

Outro ponto interessante: sendo esse livro lançado em 1971, durante a Ditadura Militar, Veríssimo teve a coragem de criar uma sátira política com críticas a ideias que se espalhavam pela sociedade da época. É difícil imaginar como a narrativa passou pela censura. Talvez a carga de humor que envolve a obra pode ter despistado quem controlava o que se falava e escrevia naquele período.

Veríssimo é genial e merece muito ser lido. A escrita é deliciosa, sobretudo na segunda parte, com diálogos hilários.

Nota: 10/10

Leia mais resenhas em https://instagram.com/book.ster
Profile Image for Eduardo Schimitt.
87 reviews42 followers
June 16, 2016
Existem livros – tais como O Guarani, Iracema e por que não, O Continente – que se tornam retratos de um determinado período histórico. Alguns livros, no entanto, além de se tornarem retratos daquele período, mantém-se atuais mesmo várias décadas após sua publicação. Incidente em Antares é um dos representantes desse segundo grupo.

Erico Verissimo, usa de toda a sua genialidade com as palavras para fazer duras críticas sociais e políticas à sociedade brasileira da época (e incrivelmente as críticas tecidas em 1970 podem ser transportadas para o presente e ainda assim serem validas).

O livro é dividido em duas partes – Antares e O Incidente. Na primeira parte Erico age como um historiador, recriando o passado da fictícia cidade de Antares desde a sua fundação até os anos de 1963. Essa parte é incrivelmente detalhada, citando as “fontes” usadas, tais como trechos de diário e artigos de jornal. Nessa parte também é feito um retrato da elite gaúcha da época, isto é, branca, conservadora, racista e corrupta.

"Antes de embarcar, conversou longamente com Zózimo, que o escutou num silêncio entre tristonho e constrangido:
– Precisas compreender, homem, que os tempos mudaram. – E, num tom quase de colegial lendo um editorial de jornal, acrescentou: – É preciso reformar as velhas estruturas chamadas democráticas liberais. O Getúlio compreendeu a coisa. Somos um país subdesenvolvido de analfabetos e indolentes. É indispensável unificar e organizar a nação com punho de ferro. Vê o caso da Itália... O Mussolini acabou com a anarquia, implantando a ordem e o respeito à autoridade, e os trens já partem e chegam dentro do horário.
– Não sabia que tinhas aderido ao fascismo – sorriu Zózimo.
– Qual fascismo qual nada! Sou um realista e como tal simpatizo com os regimes autoritários. Sempre simpatizei, tu sabes.
– Mesmo no tempo do Dr. Borges de Medeiros?
– Ó homem, estamos na era do avião e do rádio e tu me vens com o borgismo! Naquela época eu era pouco mais que um rapazola inexperiente. E se me meti na revolução de ‘23 foi só para seguir o meu velho pai. Mas não desconverses. O Hitler reergueu a Alemanha, aboliu todos os partidos (menos o dele, naturalmente), botou pra fora do país os judeus que, como se sabe, são os culpados dessas guerras e intrigas políticas e financeiras internacionais, homens gananciosos e sem pátria.
– Também não sabia que tinhas virado racista.
– Racista eu? Ora, não sejas bobo. Sabes como trato a minha negrada. Eles me adoram. Mamei nos peitos duma negra-mina. Me criei no meio de moleques pretos retintos. Quando leio esses casos de ódio racial nos Estados Unidos, comento a coisa com a Lanja e lhe digo que no Brasil a gente, graças a Deus, não tem esses problemas, pois aqui o negro conhece o seu lugar."


Já na segunda parte do livro, ocorre o Incidente. Devido a uma greve geral convocada pelos sindicatos, sete mortos – representantes das diversas castas sociais - não podem ser sepultados. Indignados por não serem sepultados como “bons cristãos”, os mortos se levantam e passam a exigir o seu direito ao descanso eterno (e a infernizar a vida dos vivos). O que ocorre a seguir é uma crítica fortíssima à hipocrisia da sociedade brasileira e a corrupção endêmica que assola nosso país até hoje. É impressionante a coragem que Verissimo teve de escrever – e publicar – esse livro no auge da ditadura militar brasileira e é ainda mais impressionante o fato desse livro ter passado pelo crivo dos censores empregados pelo regime.

“O delegado Pigarço estará sempre pronto a prender como subversivo todo aquele que escrever com realismo sobre as misérias da nossa Babilonia e outros antros de indigência, mas essas favelas propriamente ditas não preocupam a burguesia. Aquilo que ninguém fala ou escreve não existe. Se um espelho reflete um ato ou fato que consideramos escandaloso, quebramos o espelho e voltamos as costas para o ato e o fato, dando a questão como resolvida. Neste país quase todos os problemas políticos, econômicos e sociais são solucionados no papel”.

É interessante, também, ver que vários dos conceitos bradados pelo Cel. Tibério Vaccariano, exemplo da elite conservadora gaúcha do inicio do Século XX e que são ecoados por políticos de extrema direita atualmente, são duramente criticados por Erico Verissimo na década de 70.

“Comunista é o pseudônimo que os conservadores, os conformistas e os saudosistas do fascismo inventaram para designar simplisticamente todo o sujeito que clama e luta por justiça social”.

No final, obviamente, ocorre uma operação borracha para “apagar dos anais da história” o triste incidente em que todas as hipocrisias da sociedade brasileira foram reveladas pelos mortos, contando é claro, com a curta memória de nosso povo.

“-Mas o povo ficou sabendo.
- Que é o povo? Um monstro com muitas cabeças mas sem miolos. E esse “bicho” tem memória curta...”

Profile Image for Jairo Fruchtengarten.
334 reviews8 followers
March 1, 2019
Muito interessante reler um livro uns 25 anos depois, sem a preocupação velada de se descobrir "o que pode cair na prova"...

Incidente em Antares é dividido em 2 partes: a primeira conta a história das 2 grandes famílias que detêm o poder político e econômico de Antares, e usa isso como pano de fundo para descrever o momento político no Brasil à época, misturando os personagens fictícios com figurais reais (Jânio Quadros, Juscelino, Getúlio Vargas, etc.).

A segunda parte é focada no "incidente" em si e as repercussões na sociedade antariense. E é ai que o livro se supera numa narrativa leve que alterna bom-humor e acidez na medida certa ao criticar a política, os costumes e a falsidade da tradicional elite da cidade.
Profile Image for Oscar Chagas.
53 reviews2 followers
October 20, 2015
Sensacional, super recomendo!!! Se quiser entender um pouco mais sobre a política atual (sim, a história se repete), classificar melhor o pensamento social da direita e ver como tudo seguirá igualzinho como está. Com a direita no poder, com os rico cada vez mais ricos, com os pobres... Não interessa muito saber, quem quer ouvir de pobre??? Fim.
Profile Image for Aparecida.
207 reviews197 followers
November 16, 2025
Falando de ultra nacionalismo e fascismo sem ser piegas, o livro tem a medida suficiente de realismo fantástico, ironia e bom humor para suavizar um pouco o retrato de um país que infelizmente não existe só no imaginário. A primeira parte do livro foi um pouco chata de ler, mas entendo que era necessária para fornecer um contexto histórico mais realista da pequena Antares. Depois que consegui superar a voz narradora do livro - que na minha cabeça era o áudio do cara falando “bah meu o Armandinho é um poeta” - consegui engrenar na leitura.

“Deixa que te diga: tu te levas demasiadamente a sério. E a vida está passando. O tempo perdido é irreversível”
Profile Image for Anna Vitória Rocha.
13 reviews44 followers
January 31, 2025
A pica deste tamanho 🫸 🫷 de Erico Verissimo ao gastar 3/4 do livro com contexto histórico e deixar a trama mesmo pro final (elogio)
Profile Image for Felipe Beirigo.
210 reviews18 followers
May 19, 2024
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOKO DEMAIS! MORTOS POLITIZADOS, CIDADE REAÇA COM MEDO DO JANGO, UM BRASIL ATUAL. CHORA GARCIA MARQUEZ.
Profile Image for Odair De Luccas Junior.
53 reviews4 followers
January 5, 2022
Livraço!!
O meio do livro é igual o miolo de um pão francês, a melhor parte. O final é um pouco escorrido, esticado igual manteiga num pão, mas nem por isso é ruim. Só não é tão bom quanto o meio. O começo é uma bela fofoca. Quando entrei em história eu esperava que todo livro acadêmico fosse igual a primeira metade desse livro, ia ser muito mais prazeroso.
Nota na escala oda 9,4. Se não leu ainda leia
Profile Image for Maria Luiza.
40 reviews9 followers
September 9, 2022
Fantástico! E que coragem de EV de escrever isso em plena ditadura.
Profile Image for Monique Gerke.
308 reviews30 followers
October 14, 2022
Assustadoramente atual! Não digo que é Brasil 2022, por que não presenciei os sete cadáveres insepultos no coreto da praça bradando aos sete ventos a podridão dos seus habitantes e da sua elite política, corrupta e de moralidade de fachada. Vivemos em um constante baile de máscaras!
A história toda se passa em Antares, uma cidade gaúcha, porém fictícia, a beira do rio Uruguai, fronteira com a Argentina. Na primeira metade conhecemos a cidade de Antares, acompanhamos a sua fundação até a data de 1963, ano que se dá o incidente a que o título se refere. Nessa primeira parte vamos conhecendo as famílias mais “relevantes” da sociedade antarense, os manda-chuvas, os políticos, os coronéis, e outros cidadãos. Como a história é linear conseguimos observar a evolução das relações, dos desafetos, das alianças e assim vamos nos aprofundando na alma do cidadão desta pequena cidade…tudo isso permeado de fatos históricos e políticos reais com uma pitada de ficção que dá peso a outra metade da história, que é o incidente em si: sete mortos insepultos por conta de uma greve geral na cidade resolvem baixar no coreto da praça e expor a hipocrisia dos seus habitantes.
Mas essa segunda parte só consegue ser maravilhosa, porque a primeira parte cumpre com maestria seu papel de nos apresentar quem são os habitantes da cidade de Antares e do que eles são “feitos”.

Antares é um microcosmo do Brasil. Seus personagens caminham pelas nossas cidades, ocupam nossos cargos políticos, são considerados a “elite”. O livro tem um caráter político, mas é divertido, profundo e sarcástico.
Profile Image for Rita Moura de Oliveira.
415 reviews34 followers
April 18, 2018
E se os mortos regressassem ao mundo dos vivos e, sem nada a perder, desatassem a revelar os podres dos que por cá andam?

Em Incidente em Antares, a par de um retrato fantástico do Brasil e do Rio Grande do Sul desde o século XIX, Erico Verissimo aproveita para fazer uma elaborada crítica social, atingindo coronéis, delegados e prefeitos, a par de toda a população de uma pequena cidade gaúcha.

Descritivo sem ser monótono, irónico sem ser evidente. Oportunidade ainda para me ir habitando à nova grafia que aí vem para a língua portuguesa.
Profile Image for Alma.
751 reviews
October 27, 2022
"Melhor será contar primeiro, de maneira tão sucinta e imparcial quanto possível, a história de Antares e de seus habitantes, para que se possa ter uma ideia mais clara do palco, do cenário e principalmente das personagens principais, bem como da comparsaria, desse drama talvez inédito nos anais da espécie humana."
Profile Image for Gustavo Pitz.
209 reviews1 follower
May 23, 2020
O Tibério Vacariano é uma versão gaúcha do bolsonaro.
Para os que desconhecem o Umbará, Antares é parecida com o bairro só que numa versão melhorada.
Profile Image for Laura Peconick.
125 reviews6 followers
June 11, 2022
Dou cinco estrelas porque não posso dar seis. QUE LIVRO!!! Uma crítica à tradicional sociedade brasileira contada com a mesma energia de uma fofoca. Difícil acreditar que esse livro foi lançado em plena ditadura militar, mas eles não devem ter entendido a ironia. Que livro. Leiam!!!!!
Profile Image for Daniela.
24 reviews
October 1, 2022
Loved this book.
It’s really a good story and makes you think about Brazil and its history.
Profile Image for Suellen Rubira.
954 reviews89 followers
January 24, 2022
Releitura em 2022, nove anos após a primeira leitura.

Incidente em Antares é um desafio grande, pois antes dos acontecimentos sobrenaturais que podem motivar a nossa leitura, temos a construção de cidades e de relações políticas no RS e no Brasil. A partir da fundação desse "jeitinho" de fazer política é que é possível entender o que se passou em Antares e até mesmo o que foi apagado.

A história do Brasil está introjetada nesse livro, uma vez que Erico Verissimo não se eximia de colocar as dificuldades sociais dentro de suas narrativas. Sem panfleto, sem demagogia. Suas personagens são múltiplas e complexas. Cada uma comporta um pensamento diferente, contradifório e, muitas vezes, compreensível que seja assim, afinal o Brasil não é para amadores, certo?

Continuo a afirmar que é uma aula de história do Brasil.

Aula de história, literatura, ser humano e Brasil (de qualquer tempo)
Profile Image for Marcela Teruel.
36 reviews
August 8, 2022
gostei mas não achei tudo isso que falaram. sei que é importante o contexto mas poxa metade do livro só história do brasil é sacanagem kkkk ele escreve muito bem, mas achei que o enredo/resolução não foi tão incrível… obs: acho engraçado quem veio me falar que adorou ler quando jovem e hoje nega a ditaduraaa (o livro é literalmente uma crítica à supressão da liberdade)
Profile Image for gabriel.
34 reviews
March 3, 2023
levemente aterrorizado por um livro escrito em 1971 apresentar um conservadorismo tão atual
Profile Image for Tatiana.
223 reviews1 follower
February 8, 2018
Esperava muito mais... Imaginei que este livro seria ou uma comédia ou um drama, mas não imaginava que fosse na verdade quase que uma novela da Globo em prosa longaaaaa.....

O "incidente" propriamente dito só começa a ser narrado quase na metade do livro, que só pode ser acessado após o pobre leitor aturar centenas de páginas totalmente inúteis, que não ajudam em nada a narrativa principal. A primeira parte poderia ser resumida em dois ou três capítulos.

O incidente em si poderia ter sido explorado de forma a criar um conto gótico, uma farsa, um mistério, ficção científica, etc. No entanto, o autor se limita a descrever uma ressurreição meia-boca, sem nenhuma explicação, sem nenhum elemento fantástico, sem graça nenhuma. E a resolução do conflito? Os mortos simplesmente decidem voltar aos seus caixões, e lá simplesmente cessam de ter voz. São enterrados. Mas não é o fim da história. Veríssimo ainda nos obriga a ler o dia depois, a semana depois, o ano depois, cinco anos depois.....zzzzzz..... Não recomendo. Nem vou me dar ao trabalho de esconder spoilers, pq realmente o livro se resume a isso. Não vale a pena perder seu tempo lendo 485 páginas de estereótipos e personagens totalmente irrelevantes só para isso. E a crítica política? Mais vale ler os jornais diários, porque não há absolutamente nada de original sobre o assunto neste livro.
Profile Image for Rogerio Lopes.
820 reviews18 followers
August 11, 2025
Costumo dizer que releituras são experiências curiosas e algumas vezes perigosas, livros que lemos há muito tempo podem ter deixado em nós impressões e nostalgia que podem não sobreviver a uma revisita. Outros por outro lado, podem com o passar dos anos, o maior conhecimento de mundo e maturidade, crescer imensamente quando revisitados.
Li Incidente em Antares de Érico Veríssimo a salvo erro 28 anos atrás, em grande parte motivado pela minissérie exibida na TV. Lembro de ter apreciado a obra, mas sem registros da leitura, só recordava por alto o plot principal da história. Confesso que não recordava o quão genial é o que Veríssimo faz aqui.
Logo nas primeiras linhas salta aos olhos a fina ironia contida no texto do autor. Começar o romance com a referência a uma ossada de dinossauro numa óbvia alusão aos “dinossauros” que serão retratados mais a frente, seguido da possível explicação do nome da cidade, dão ao leitor logo de início o tom da obra.
Ao contrário do que poderíamos imaginar, a primeira parte onde o autor faz um resgate histórico apresentando-nos a “história” de Antares ao mesmo tempo em que dá ao leitor um apanhado da história política do Brasil, longe de ser enfadonha, prende o leitor. É particularmente interessante como Veríssimo ironiza os latifundiários, ao mesmo tempo em que cria personagens detestáveis e adoráveis. Tibério Vacariano é o puro suco do ruralista prepotente e hipócrita, ainda assim em mais de um momento o leitor é compelido a sentir pena dele.
Ainda que Veríssimo esteja fazendo uma sátira irônica e debochada não existem maniqueísmos aqui, nenhum personagem é somente bonzinho ou maldoso, todos sem exceção são complexos, multifacetados. O autor também não caí no jogo fácil de Esquerda e Direita, critica a todos igualmente, ainda que sim existe uma simpatia pelo lado que olha para os menos favorecidos.
A pena irônica do autor não se furta nem em rir de si mesmo ao debochar de seus críticos que desaprovam suas inclinações “esquerdistas”, os comentários de D. Quitéria Campolargo sobre o autor devem arrancar um sorriso do leitor. Aliás o comentário de D. Quitéria Campolargo a respeito do bem e do mal é de uma atualidade perturbadora.
Chegamos então a segunda parte onde o Incidente propriamente dito é descrito e suas consequências. Aqui entenderemos a longa construção exposta na primeira parte, Veríssimo ali nos forneceu descrições e dados que num primeiro momento podem parecer exaustivas, mas pode-se dizer que nada é desperdiçado.
Incidente funciona muito bem como uma história cômica e levemente macabra, que começa como algo um tanto cômico e vai adquirindo contornos que não devem em nada a um bom filme de terror. A narrativa porém é imensamente mais complexa do que a sua aparente simplicidade deixa transparecer.
Impressiona os diversos duplos e espelhamentos presentes na obra, bem como a forma com que o autor fala de uma quantidade assustadora de assuntos fazendo com que o leitor até tenha dificuldade em acompanhar. Seja no relatório pedido pela ONG estrangeira, seja pelos discursos acusatórios dos mortos, Veríssimo faz um implacável e mordaz retrato que bem poderia se aplicar a qualquer cidadezinha do país.
Um ponto que chama a atenção na obra é a forma como o autor (ainda que levemente melodramática) aponta a solidariedade entre os humildes, somente para a prostituta e para o bêbado, seus amigos ressurretos não perdem a humanidade.Em meio a todo o horror descrito são duas cenas de uma beleza macabra e comovente.
Se Incidente por si só já é impressionante, quando nos atentamos a data em que foi escrito e publicado e ao seu teor nos damos conta da imensa ousadia do autor. Denunciando o entreguismo e subserviência aos Estados Unidos e a violência da polícia a serviço do Estado, Incidente possuí uma atualidade desconcertante e assustadora.
Essa edição especial contém ainda vários textos de apoio que ajudam a contextualizar Incidente em Antares dentro da obra de Veríssimo, bem como esclarecer, caso o leitor não tenha se dado conta, do quão política e atrevida é essa sátira de seu tempo. Cabe ainda lembrar como um dos textos de apoio esclarece, que Incidente é provavelmente uma das primeiras histórias modernas a tratar de zumbis e isso antes desses monstros adquirirem fama.
Incidente em Antares de Érico Veríssimo, portanto, é um romance, corajoso, cômico, trágico, mordaz que leva o leitor numa montanha russa de emoções enquanto faz uma irônica e ousada crítica de seu tempo e do Brasil. Uma obra para ser lida e relida, uma digna e espantosa despedida de um escritor excepcional.
Profile Image for Tiago.
240 reviews19 followers
May 6, 2025
Um livro absolutamente brilhante de Érico Veríssimo, que, com ironia, acidez e bom humor, constrói uma crítica mordaz à sociedade brasileira do início dos anos 70. A ironia já se revela no preâmbulo da obra:

"Neste romance as personagens e localidades imaginárias aparecem disfarçadas sob nomes fictícios, ao passo que as pessoas e os lugares que na realidade existem ou existiram são designados pelos seus nomes verdadeiros."

A trama tem como cenário a cidade gaúcha fictícia de Antares, localizada na fronteira com a Argentina, próxima a São Borja.

Érico Veríssimo estrutura o romance em duas partes bem distintas. A primeira pode ser lida como um romance histórico, entremeando fatos reais da história do Brasil com o desenvolvimento ficcional de Antares. São abordados episódios como a Guerra do Paraguai, a Proclamação da República, a Revolução de 1930, o Estado Novo, o suicídio e o retorno de Getúlio, os governos de JK, Jânio Quadros e João Goulart. Os protagonistas desta fase são as sucessivas gerações das duas famílias mais influentes da cidade, os Vacarianos e os Campolargos. cuja rivalidade se inicia com um “ódio à primeira vista”:

"A primeira vez em que Chico Vacariano e Anacleto Campolargo se defrontaram nessa praça, os homens que por ali se encontravam tiveram a impressão de que os dois estancieiros iam bater-se num duelo mortal."

Embora seja a parte mais expositiva, e ocupe quase metade do romance, ela consegue prende o leitor pela forma fluida da narração.

A segunda parte concentra-se no acontecimento propriamente dito e nos seus desdobramentos. No dia 13 de dezembro de 1963 um acontecimento insólito choca a cidade. Durante uma greve geral, até o cemitério paralisa as suas atividades. Os mortos por enterrar simplesmente levantam dos caixões, dirigem-se para o centro da cidade e começam a "falar umas verdades" à população e desmascarar a hipocrisia da elite local.

Aquilo sobre que ninguém fala ou escreve não existe. Se um espelho reflete um ato e um fato que consideramos escandaloso, quebramos o espelho e voltamos as costas para o ato e o fato, dando a questão como resolvida. Neste país quase todos os problemas políticos, econômicos e sociais são solucionados no papel.

Após o "desabafo coletivo", o livro vai de família em família vendo o efeito devastador das declarações dos defuntos.

Os paralelos com a vida política brasileira são evidentes: as famílias tradicionais que sustentam o poder, ligadas simbolicamente ao regime militar de 1964; o delegado que personifica a repress��o aos subversivos; o padre Pedro-Paulo, figura ligada à Teologia da Libertação. O povo, por sua vez, é retratado como apático e desmemoriado, alheio à realidade. A própria data de 13 de dezembro é uma alusão ao AI-5, que foi promulgado em 13 de dezembro de 1968.

Inocêncio Pigarço é, antes de tudo, um policial de carreira, um profissional. Como guardião da sociedade, deve achar que os fins justificam os meios. Todos os meios, portanto, são bons se o fim é defender o “poder constituído”.

— Mas depois de todas as barbaridades ditas hoje na praça, a vida de Antares não pode continuar a mesma.
— Qual, compadre, não se iluda! O tempo tem muita força. Deixe passar uns dias, umas semanas e tudo fica como dantes no quartel de Abrantes.


— Mas o povo ficou sabendo.
— Que é o povo? Um monstro com muitas cabeças, mas sem miolos. E esse “bicho” tem memória curta.


Acho que a hipocrisia do lado conservador foi muito bem ironizada ao longo da história. Entretanto, penso que alguns personagens do lado progressista foram retratados de forma excessivamente idealizada. De resto, um livro excelente. É longo mas vale a pena a leitura. Nota 4,5 arredondada para 5.
Profile Image for Gabriela.
140 reviews
September 8, 2024
Como minha mãe muito bem colocou, este é um livro de zumbis.
Certo, brincadeiras à parte, Incidente em Antares é um livro essencial para entender o Brasil, principalmente um pedaço de nossa história que deveríamos ter vergonha - o período de ditadura militar das décadas de 1960, 70 e 80. Fico feliz de saber que ele tenha entrado na lista da FUVEST, pois, querendo ou não, é uma forma de alçá-lo a mais leitores.
Mas vamos à minha leitura: Incidente em Antares é dividido em duas partes. Na primeira, "Antares", o leitor acompanha a história de Antares desde sua transformação de lugarejo de fronteira até uma cidade. Apesar de ser uma cidade fictícia, Antares é uma ótima ilustração do coronelismo gaúcho e, também, brasileiro. Na segunda parte, "O Incidente", acompanhamos o caos causado por sete mortos que estão insepultos devido a uma greve geral (à qual os coveiros aderiram). Eles denunciam a corrupção do coronel, dos políticos da cidade, dos médicos e da corrupção moral de toda a cidade. Além disso, há também denúncias de tortura e repressão ideológica.
Não há uma parte da narrativa que seja poupada do humor ácido de Veríssimo. Talvez seja essa a razão para este livro não ter sido barrado pela censura - pelo menos não encontrei nenhuma notícia que dissesse o contrário. É um livro excelente do início ao fim.
A minha redução de meia estrela se deve a dois fatores, pequenos, mas que ainda assim, atravancaram minha leitura: o primeiro diz respeito às referências históricas e políticas do Rio Grande do Sul que, penso eu, somente um gaúcho muito bem informado da história de seu estado poderia acompanhar; a segunda é a lentidão com que a primeira parte da narrativa se apresenta: foi a que eu mais demorei para ler, com esperança (recompensada!) de que a segunda parte seria melhor.
De restante, excelente livro. Érico Veríssimo não perdeu o posto de um de meus escritores preferidos da literatura nacional.
Profile Image for Luiz Eduardo Antonello.
91 reviews5 followers
August 29, 2024
fazia tempo que eu não lia um romance tão clássico na sua lógica de inicio, meio e fim - exposição, clímax, conclusão e epílogo. gostei de voltar a esse tipo de leitura. o romance moderno com toda sua portentosidade.

erico é desse gigantes da língua que andaram por essas bandas, me apaixonei pela sua escrita no tempo e o vento (que li com um afinco desmesurado no ensino médio - o livro me acompanhava no almoço, no banheiro, no recreio, em todos os lugares). já fazia bem mais de uma década que não procurava um dos seus livros para me entregar, e antares foi um grato reencontro.

o molde que ele dá aos personagens, a realidade da cidade de antares: a temperatura, os ventos, os bichos, as gentes, os cheiros, tudo fica marcado em quem lê o livro. construção à pinça de um mundo imenso e próprio.

e para além disso a conexão do livro com seu tempo. é extremamente claro para quem lê com os olhos de hoje e conhece a história brasileira, o lugar de onde érico escrevia, o tempo em que ele viveu, as suas ideias. a crítica-denúncia a um regime que então era vigente e que não respeitava nada - nem os mortos. (saber que o autor recusou a passar o livro pela censura dá uma sabor mais especial a tudo).

os mortos falando. as entranhas podres da cidade expostas no coreto da praça. os desalmados falando para os... desalmados. e tudo tão relacionado ao que ainda hoje É. e se ainda hoje é, é porque como os moradores de antares deixamos passar, deixamos esquecer - operação borracha em tudo e muita água pra lavar o coreto.

érico, com esse livro, também nos manda uma mensagem do além.
Profile Image for Rafael Isidoro.
Author 13 books45 followers
November 11, 2022
"Em suma, a técnica nos fornece os meios. O humanismo nos orienta quanto aos fins."

É com uma grande satisfação que venho fazer essa resenha. Eu enrolei para ler esse livro por quase dois anos até finalmente encontrá-lo em promoção na bienal do livro de MG.

Que leitura maravilhosa.

A história narra 4 dias na vida da população de Antares, uma cidade fictícia na fronteira do RS com a Argentina. Durante uma greve geral, 7 cadáveres são impedidos de serem sepultados e se levantam dos caixões.

Não, essa não é uma história de terror, muito menos sobre zumbis na acepção atual da palavra. É uma história sobre o Brasil, mais especificamente sobre a política brasileira e seu tortuoso caminho ao longo do séc 19. Publicado no auge da ditadura militar, Incidente em Antares faz duras críticas aos sistemas totalitários e também a todos que desejam cercear a liberdade alheia. As três últimas linhas do romance resumem muito bem a ideia que a história quer passar.

Foi uma delícia ler esse livro. Apesar de ser classificado como realismo mágico, eu arriscaria dizer que está mais para "naturalismo mágico" já que o autor mergulha nas personagens despertando nelas uma característica animalesca atada a um comportamento sexual que são usadas para gerar críticas sociais.

Se você gosta de histórias com teor político, eu recomendo fortemente essa leitura.

"Antares... bonito nome. Para mim quer dizer 'lugar onde existem muitas antas'."
Profile Image for Maria Helena Pedroso.
241 reviews6 followers
June 4, 2025
Achei meio chato, a leitura não fluiu, um pouco arrastado. Pode ser que não estivesse na hora de ler, pode ser que não seja minha praia mesmo. Ou minhas expectativas estavam muito altas.
Profile Image for Julia.
131 reviews41 followers
March 3, 2022
Escrito no auge da ditadura brasileira, em 1970, Incidente em Antares passa 66% de sua história fazendo um apanhado histórico da fictícia cidade de Antares, de meados de 1830, quando a cidade foi fundada, até dezembro de 1963 (meses antes do Golpe Militar de 31 de março de 1964), quando ocorreu o Incidente.

O apanhado histórico, contado por meio de anedotas e passagens, tem um tom expositivo, dando um panorama da sociedade antarense - suas intrigas, suas figuras predominantes, a evolução da cidade durante o período industrial, a Era Vargas, etc.

O Incidente, por outro lado, é contado de forma narrativa, em um período curto de aprox. 2 dias. Narrado do ponto de vista de personagens espalhados pela cidade, cada um relata seu encontro com os defuntos, e vice-versa, além de outras situações interpessoais.

Ainda que escrito em 1970, o livro é um fiel retrato da sociedade brasileira em 2022; especialmente no tocante ao medo à ameaça comunista, a hipocrisia da classe dominante, o egoísmo das pessoas, a cegueira seletiva.

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Incidente em Antares tells the story of a small city in the Rio Grande do Sul State - a place with vast farms, dictatorial elite and poor labourers. In December 1963, a general strike is decreed and even the gravediggers refuse to work. That is when 7 people die in Antares, and the strikers refuse to allow them to be buried. Revolted, the corpses leave their coffins to demand their burial and, when that demand is not met, they start to plague the city and its inhabitants.

The book was written in 1970, at the height of the Brazilian Military Dictatorship. Its first 66% are simply a historic retrospective of the fictional city of Antares, from its foundation, circa 1830, to the Incident itself, in 11 Dec. 1963 (three months before the Military Coup of 31 March 1964).

The retrospective is told through a series of anecdotes and passages and has a predominantly factual tone, which provides the reader with a comprehensive understanding of the Antarean society - its gossips, leading people, the evolution of the city through the Industrial Era, etc.

The Incident itself is a narrative, told through the point of view of various characters - the corpses, the mayor, etc -, and lasts aprox. 2 days, during which chaos ensues.

Although written more than 50 years ago, Incidente em Antares still paints a truthful picture of the Brazilian society; specially when it comes to the fear of a communist threat, the hypocrisy of the elite class, the selfishness of people, the selective blindness.
Profile Image for Elvis Rodrigues.
293 reviews13 followers
August 25, 2021
Durante uma greve no final de 1963, que impede sete defuntos de serem enterrados no cemitério, os sete se levantam para exigir seu direito de enterro, chocando a cidadezinha de Antares, no interior do Rio Grande do Sul.

Meu único contato anterior com Veríssimo foi a leitura do primeiro dos sete livros de O Tempo e O Vento, que é radicalmente diferente em tom de Incidente em Antares. Aqui o reverenciado escritor gaúcho faz uso do humor para criticar veladamente a ditadura militar instaurada no Brasil na época da escrita (por volta de 1970). Aliás, este é um típico romance do realismo mágico à brasileira, no melhor estilo Jorge Amado, com a bem-humorada inserção de elementos fantásticos no meio da discussão sócio-política nacional.

Há uma liberdade estrutural na obra que me parece típica de escritores já muito bem-sucedidos e que podem fazer o que bem entendem. Temos quase 1/3 do livro, a primeira parte, contando a história de Antares, mesclando os acontecimentos políticos do Brasil com a vida na cidade campeira, explicando alguns dos personagens, etc. Todo esse trecho pouco importa para a segunda parte, onde ocorre o incidente do título e tem outro ritmo, muito mais tenso e intenso (desculpem, não resisti). E mesmo na segunda parte, há capítulos explorando personagens nunca antes mencionados e nunca depois utilizados, que claramente seriam cortados por editores com maior poder. Eu acho que a obra poderia ser, sim, mais bem acabada com uma edição rigorosa. Mas, mesmo nas partes "desnecessárias" para a história, a prosa de Veríssimo é deliciosa de ler, de forma que jamais se torna entediante.

Também tive certa dificuldade de identificação com personagens, porque alguns ganham mais destaque e depois somem, levando-me a crer que a "protagonista" é mesmo a cidade de Antares. Mas o principal é entregue a contento: a crítica social é deliciosamente divertida, a leitura inescapável e as situações mais e mais propositadamente caricatas. Incidente em Antares tem muito a cara de um certo período de minisséries e novelas da Globo, bem na linha Saramandaia de ser. Não à toa, em 1994 foi produzida uma minissérie, que não assisti mas agora fiquei com vontade.
Profile Image for Barbara Blanch.
5 reviews
January 9, 2025
esse aqui pra mim foi meio odiei, 5 estrelas.. reconheço que é genial, mas foi uma leitura tortuosa :( acho que o que me pegou foi que a maior parte dele é política pura - aquela coisa bem descritiva sobre quem é quem, quem manda e desmanda, como as relações de poder na cidade se formaram ao longo dos anos e como isso se relaciona com o cenário político nacional. as partes que eu curti mesmo, que foram as intrigas pessoais e o fantástico (os mortos insepultos que retornam), foram curtinhas. pra mim é uma obra brilhante pela crítica à ditadura militar/conservadorismo e pela data de publicação (que foi durante o regime), mas tem que tar disposto viu.
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