Contos Exemplares é o nome de uma colectânea de contos de Sophia de Mello Breyner Andresen. O seu nome faz uma referência directa, explícita numa citação no início do livro, às Novelas exemplares de Miguel de Cervantes ("é-lhes dado o nome de exemplares, e se virdes bem, não há nenhum do qual não se possa retirar um exemplo"). Com um prefácio ("Pórtico") de António Ferreira Gomes, inclui os seguintes contos:
O Jantar do Bispo A viagem Retrato de Mónica Praia Homero O Homem Os três reis do Oriente Gaspar Melchior Baltasar
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDERSEN nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1919. Entre 1936 e 1939 frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que não concluiu. Foi Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Escritores e Deputada à Assembleia Constituinte, pelo Partido Socialista (1975). A sua obra reparte-se pela ficção e pela poesia, embora seja nesta última que a sua inspiração clássica dá ao seu verso uma dimensão solar e luminosa, que permite ouvir nitidamente a palavra com todo o peso da sua musicalidade limpa, ao encontro do modelo clássico. Entre as suas obras poéticas contam-se Coral (1950), Mar Novo (1958), Livro Sexto (1962), Geografia (1967), Navegações (1983), Ilhas (1989), Musa (1994) e O Búzio de Cós e Outros Poemas (1997). Em ficção publicou Contos Exemplares (1962) e Histórias da Terra e do Mar (1983). Da sua literatura infantil destacam-se O Rapaz de Bronze (1956), A Menina do Mar (1958), A Fada Oriana (1958), O Cavaleiro da Dinamarca (1964) e A Floresta (1968). Em 1999 é-lhe atribuído o Prémio Camões, pelo conjunto da sua obra, e em 2001 ganha o Prémio Max Jacob de Poesia. Foi condecorada pela Presidência da República com a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1998. Faleceu em Lisboa, a 2 de Julho de 2004.
Segundo concepções arcaicas, o ser humano terá sido concebido a partir do barro, à imagem de Deus(es). O molde para garantir a sua forma? Porventura, as circunstâncias que limam arestas, corrigem imperfeições (podendo garantir outras) e nos mudam - para o bem e para o mal. Entre meandros que a circundaram, Sophia sorveu a inspiração para a escrita destes contos. De educação cristã, sentiu-se indignada face à subversão de conceitos a que as políticas da época subjugaram a religião, numa defesa cega da lei edificadora da mente - "Deus, Pátria e Família".
Curiosa a escolha de título para um colectânea baseada nessa premissa, ainda mais tendo uma epígrafe a rememorar as "Novelas Ejemplares", de Cervantes. Nomeados de "Contos Exemplares", estas histórias são exemplos de vidas, norteadas pela instabilidade social vivenciada na época, fruto de um totalitarismo tacanho - qual boa constritora a sufocar a sociedade, numa segregação mortificante. O étimo "exemplares" não se gasta nesta dimensão: de cada uma delas, colhe-se uma moral que deverá servir de exemplo para a vida. Assim são escalpelizados diferentes temas, segundo um prisma caleidoscópico, como a subversão da caridade mascarada de um materialismo onfalocêntrico, a instigação à revolta contra a indignação, a inconformação face a políticas antissociais.
Sophia tem o condão de fada de utilizar um linguajar fantástico para escrevinhar estas suas deificantes produções. Com uma pitada não exagerada de enumerações, utilizando um lirismo idílico em formato de prosa, ela intrusa o leitor na Natureza que tanto a cativa. O realismo - mágico, por vezes (também é preciso sonhar!?) - condu-lo a uma experiência sinestésica: ao ler, ele respira o ar criado, vê as imagens pintadas, saboreia os diferentes gostos servidos. Contrariamente à boa, ela oferta um manto que afaga a pele. O único ponto de discórdia é a inclusão de um ensaio sobre esta obra, que a encabeça. Não me oponho a esta política - aliás gosto de conhecer outros olhares. Apenas considero que seria melhor colocá-los no posfácio, para que cada um possa tirar as próprias elações, sem nenhum viés.
Porém, vive-se actualmente num mundo mais livre(!?) e é nessa quebra de amarras que a autora lança os seus dados. Ou melhor as suas palavras, chaves de grilhetas mentais presas a moralismos baratos. E tece-as para nos ofertar uma renda espelhada - como as águas cristalinas de um rio límpido -, que nos fornecem a imagem exacta de quem nós somos (ou poderíamos vir a ser). Com elas, andamos entre encontros e desencontros, ao sabor dos permeios de uma vida, que deve servir de exemplo.
"- Num poema não devemos buscar sentido, pois o poema é ele próprio o seu próprio sentido. Assim o sentido de uma rosa é apenas essa própria rosa. Um poema é um justo acordo de palavras, um equilíbrio de sílabas, um peso denso, o esplendor da linguagem, um tecido compacto e sem falha que fala de si próprio e, como um círculo, define o seu próprio espaço e nele nenhuma coisa mais pode habitar. O poema não significa, o poema cria."
Além de um poema ou outro, com que me cruzei nos meus passeios pela Internet, nunca tinha lido Sophia de Mello Breyner Andresen. Nem me ocorria ler. Mas, no final da introdução da Odisseia, Frederico Lourenço coloca um excerto de um conto (Homero) de Sophia "que define de modo inultrapassável a poesia da Odisseia." E lá foi a desequilibrada comprar os Contos Exemplares... O excerto é este: "palavras moduladas como um canto, palavras quase visíveis que ocupavam os espaços do ar com a sua forma, a sua densidade e o seu peso. Palavras que chamavam pelas coisas, que eram o nome das coisas. Palavras brilhantes como as escamas dum peixe, palavras grandes e desertas como praias." Como é que alguém apaixonado por palavras consegue resistir a tanta sedução? Quer ao conto de Sophia de Mello Breyner Andresen; quer ao poema de Homero. Eu cá não, pois sou pouco adepta de sacrifícios...
E agora os contos... Publicados em 1962, surgem como uma reacção de Sophia ao governo Salazarista, o qual oprimia o povo afirmando basear-se na doutrina cristã, o que a ofendia nas suas crenças religiosas.
— O JANTAR DO BISPO (5*) Um padre vive em pobreza extrema porque dá aos pobres tudo o que tem. O Senhor Rico lá da terra, considera este comportamento do Padre de Varzim, não como virtude, mas como "desordem, anormalidade, bolchevismo". Incomodado, organiza um jantar para convencer o Bispo a despachar o padre para outra paróquia. Uma história muito bonita, e melhor contada, sobre a luta entre o Bem e o Mal. Mesmo não acreditando em milagres, nem em Deus e Diabo, foi impossível não me emocionar.
— A VIAJEM (5*) Um casal vai por uma estrada; primeiro de carro, depois a pé. Dirigem-se para um destino não definido sem se deterem muito tempo nos lugares por onde passam e com as pessoas com que se cruzam. De vez em quando, precisam regressar aos sítios que abandonaram para corrigir algo a que não deram importância, mas já está tudo diferente... Este conto é quase uma história de terror. Claustrofóbico e assustador. No início, não entendi o que estava a acontecer, mas depois tudo se encaixou e achei maravilhosa a simbologia para uma situação tão corriqueira. Na introdução está tudo explicadinho. Felizmente só a li no fim. Estas introduções, que deviam ser conclusões, dão-me cabo da cabeça; os editores devem pensar que os leitores são burros e fazem-lhes, previamente, o resumo do livro.
— RETRATO DE MÓNICA (5*) Mónica é a mulher perfeita. É boa mãe e esposa; tem muitos amigos; gosta e diz bem de toda a gente, e toda a gente gosta e diz bem dela; não tem vícios; faz ginástica e joga golfe; deita-se tarde e levanta-se cedo; é chique, culta e inteligente. É uma mulher de sucesso. "Quando ela está na praia, o próprio sol se enerva." Dedica-se a obras de caridade, "faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também." Para conquistar tudo isto só teve de renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.
— PRAIA (1*) Este conto li duas vezes e em nenhuma me "entrou"...
— HOMERO (5*) Búzio é um velho louco e vagabundo... que fala com o mar... pura poesia...
— O HOMEM (5*) Um homem muito bonito que caminha por uma rua com uma menina ao colo. "A sua cara escorria sofrimento. A sua expressão era simultaneamente de resignação, espanto e pergunta." Ao cruzar-se com esse desconhecido, a narradora percebe que ele precisa de ajuda e a multidão não via, não o via... Ela também foi embora; tinha um encontro e estava atrasada...
— OS TRÊS REIS DO ORIENTE (5*) Porque é que Gaspar, Melchior e Baltasar seguiram a estrela do Oriente? Foram à procura da Verdade, renunciando à Falsidade dos ídolos, da sabedoria e da riqueza. Não creio que renunciar a estas coisas seja bom, mas o conto é.
E pronto. Graças aos Contos Exemplares, já "adoptei" mais um livro: Dinossauro Excelentíssimo. Os livros são bem piores do que as cerejas; essas têm uma época, e curta...
Sinto que vou quase escrever uma heresia, mas a verdade é que não gostei muito deste livro. E gostei sempre de todos os livros/contos que li da autora... Estes não me marcaram de nenhuma forma, nem extraí deles grandes lições...
Em todos os contos Sophia demonstra o seu amor à poesia. Mas o conto "Homero" è onde se encontra mais presente. Búzio é uma figura misteriosa que cria musica, poesia e arte. A sociedade o vê como um vagabundo, mas a narrador o observa maravilhada o comparando com o próprio mar. No "Jantar do bispo" Sophia critica a sociedade materialista. No conto " A viagem" é realçado o poder da natureza, mesmo perdidos o casal apreciou as maravilhas de uma floresta. No "Homem" ela aborda a criação. O " Retrato de Mónica" é o mais diferente de todos os contos e por isso o mais emocionante, em que visualizamos um retrato de uma mulher sofrida. O livro termina com "Os três reis orientais", Baltazar, Gaspar e Melchior. Não é narrado a sua viagem a Belém mas sim os seus encontros com a comunidade para interpretar um texto sagrado, que acaba por o aceitar que é um poema podendo por isso vàrias interpretações.
Sophia poetiza os seus conto, tendo sendo um olhar de artista em que visualiza beleza mas também tristeza. O conto que mais amei,e em que podemos observar mais poesia, é o "Homero". A figura de "Búzio" não deixara mais a minha mente, pois ele feito de espuma do mar e suas mãos duas conchas.
Fiquei rendido ao conto de abertura, "O jantar do bispo", e ao conto que finaliza o livro, "Os três reis do oriente".
Não adorei os restantes por diversos motivos. Com excepção das obras obrigatórias do ensino básico/preparatório, esta foi a primeira obra de Sophia para mim e, provavelmente, o grande motivo para não ter guardado os outros contos como ficaram reservados aqueles dois. Mas vale a pena.
Iniciei com este livro de contos a minha viagem pelos contos de Sophia. Não me encantei. Gostei, mas não me arrebatou. Se procuram um final concreto nos contos dificilmente o vão encontrar neste livro. Destaco os dois contos que gostei bastante, o “Jantar do Bispo” e o “A viagem”. Gosto tanto da poesia de Sophia, tenho pena que não tenha gostado mais destes contos.
Este livro revelou-se ser (quase) tudo aquilo que eu esperava que fosse. Foi para mim uma leitura maravilhosa pois estes contos são quase como pequenas obras de arte. A escrita, irrepreensível, é marcadamente única, num estilo que combina simplicidade e beleza de uma forma rara. Os textos são construídos na sua maioria por frases curtas e simples, mas onde as palavras brincam e se arranjam de uma forma melódica e poética. Apesar da aparente simplicidade, os temas não são de todo simples ou directamente acessíveis ao leitor. Por vezes é necessário alguma reflexão ou contextualização, e confesso que em alguns caso foi já depois de ler o prefácio (que nestes casos deixo para ler no fim da leitura dos textos), que entendi algumas das particularidades dos contos.
Esta edição dos Contos Exemplares, contém sete contos. Começa pelo conto "Jantar do Bispo", um conto de entendimento fácil mas de reflexão prolongada. O tema é o clássico do "bem e do mal" com figuras também clássicas para o estereotipar, como "o rico e o pobre", ou "Deus e o Diabo". Não é um conto supreendente, mas é muito bonito.
O conto "A Viagem" é um dos contos "desconcertantes" deste conjunto e um dos meus preferidos. A reflexão que este conto proporciona irá depender do leitor. Pessoalmente fez-me reflectir sobre o dar valor ao que se tem e sobre a ambição de ter sempre mais. É também um conto de enorme beleza, como o são todos.
"Retrato de Mónica" é uma sátira muito bem conseguida ao "sucesso social". Fez-me rir e reflectir como estes contos, apesar de terem sido escritos enquanto "crítica" ao Estado Novo, numa altura em que as pessoas não tinham voz, conseguem ser como no caso deste, tão actuais como nessa altura.
"Praia" é um conto denso, pesado. Belo ainda, é talvez aquele que mais dúvidas suscitará no leitor sobre o seu significado. Eu tentei contextualizá-lo na época do Estado Novo, entendendo no texto os medo, receios e esperanças de uma geração que espera a mudança, que espera qualquer coisa. Ainda assim julguei ser fácil colocá-lo nos nossos dias, parecendo-me um óptimo espelho para reflectir sobre as dificuldades das gerações mais novas. Surge aqui finalmente o mar, um tema e uma paixão recorrentes na escrita de Sophia de Mello Breyner Andresen, mas é no conto seguinte: "Homero" que o mar aparece em tua a sua força.
Lindíssimo o conto "Homero", este é um dos contos que mais me fez sentir. No homem que vagueia, mendigo, à parte de uma sociedade e que no mar encontra talvez a sua salvação, a sua companhia, a razão da sua vida. Se nos outros contos já me admirava com a beleza da escrita, neste fiquei esmagada pelas imagens que a autora me conseguiu passar.
Outro conto que não perdeu a actualidade e que apela ao nossos sentimentos e reflexões mais profundas é o conto "O Homem". Um apontar do dedo à sociedade e a cada um de nós enquanto parte dela.
Por fim, temos no conto "Os Três Reis do Oriente" o conjunto de três histórias, "Gaspar", "Melchior" e "Baltazar". Foi curioso pois pensei que não ia gostar destes contos e acabei por gostar até bastante. Muito simples e directos, são contos que fazem reflectir sobre a vida e os seus significados.
Resumindo, não encontro nada de mal a dizer em relação a esta obra. Ela está magnífica, mas reconheço que cada leitor poderá ter entendimentos diferentes, e se uma leitura não nos "tocar" ao pensamento e ao coração, não deixará de ser uma obra de arte mas não terá em nós qualquer efeito. Eu tive a sorte de esta obra me ter atingido e permeado, ainda que eu ache que no futuro uma releitura pode ainda revelar-me alguns mistérios que desta vez não descortinei. Recomendo-a pois na esperança que possa ter em vós leitores deste blogue, um efeito similar.
Optei por ler este livro de forma diferente. Li um conto por dia ao pequeno-almoço e fui tomando as minhas notas, deixando a história assentar em mim. Também optei por não ler o prefácio, porque aconselharam-me a não o fazer. Penso que o mesmo não vai acrescentar nada à leitura e só a vai desmotivar, pelas opiniões que ouvi. No geral, gostei, uns contos mais do que outros, como é normal. E uns irão ficar mais do que outros.
A discussão foi feita na FLP, no Encontro do Clube dos Clássicos Vivos e não podia ter sido melhor! 😊
(Opinião mais detalhada de cada conto)
1. O jantar do bispo Crítica muito forte ao Salazarismo, à opulência dos grandes senhores e da igreja, à grande diferença das classes sociais. Inocência das crianças que falam tudo sem medo e sinceridade e vêem coisas que os adultos não vêem. Corrupção! - 5*
2. A viagem Todas as escolhas e encruzilhadas com que nos deparamos pela vida, que mutam, desaparecem e por vezes nem damos por elas ou as tomamos como garantidas. A necessidade de arriscar e dar o salto para o abismo - 5*
3. Retrato de Mónica Crítica a todas as Mónicas deste mundo - 4*
4. Praia Um pouco confuso, sobre nos acomodarmos às situações, vivermos no passado, não querermos saber o que se passa à nossa volta e a inutilidade da nossa vida... - 3*
5. Homero ????
6. O homem Retrato de Deus e da falta de fé, que te afasta e te isola - 3*
Os Contos Exemplares de Sophia são realmente exemplares: um cuidado linguístico com a escrita a toda a prova conjuntamente com aquela coloração imaginativa característica da autora. As histórias tomam lugar no universo literário da escritora, patente em toda a sua obra, são bem ritmadas e têm cadências absolutamente perfeitas.
Os melhores contos da melhor escritora e das maiores mulheres do seculo passado. É pela sua simplicidade e clareza que vemos o mundo melhor. Com provocações ao poder e aos seus tentáculos no mundo, ela consegue pô-lo abaixo daquilo que é importante. A alegria, a verdade e a simplicidade.
leitura agradável e digestível... o formato de contos espicaça a curiosidade e é interessante ver a simbologia comum de Sophia pelos vários textos. Jantar de Bispo começa muito forte e tem um claro destaque no livro, no entanto sinto que tem um desenvolvimento inicial mais interessante do que a conclusão. mas foi dos meus favoritos. A Viagem é uma parábola (aliás, todos os contos são mais ou menos alegóricos) com uma mensagem muito clara de aproveitar a jornada em vez de sacrificar tudo pelo destino. Retrato de Mónica é praticamente uma indireta elaborada e sardónica de 1960, o que achei tremenda piada - Sophia parece ter um ranço específico por pessoas ricas que fazem casacos crochet para pobres e isto aparece em mais do que um conto, levando-me a concluir que seria algo tipicamente performativo da época. em Praia a autora constrói uma atmosfera tão palpável quanto imersiva e senti que estava no ambiente descrito; Homero é uma carta de amor à curiosidade inerente que gosto de achar que todos temos (e se não temos, devemos cultivar) pelo próximo, independentemente das circunstâncias, e é dos contos mais alegres. também gostei muito destes dois. O Homem é mais simples mas eficaz na mesma. Os Três Reis do Oriente é o conto mais simbólico e distante da atualidade, ainda que bem construído, mas a sua obscuridade perdeu-me um bocado, e foi provavelmente o conto que gostei menos. não sou particularmente religioso mas gostei da temática cristã pervasiva em todo o livro, parecendo-me a mim muito mais humanista que conservadora
Cuentos bellísimos que verdaderamente hacen pensar, te obligan a leerlos con calma, paciencia y espaciados para poder sumergirte bien en ellos y permitirles hacer girar la rueda de la reflexión profunda en tu mente. Hay algunos que de primeras no entiendes y es increíble cuando al seguir leyendo descubres una enseñanza inesperada y reveladora, me pasó con cuento El Viaje.
Sin duda he descubierto a una gran escritora, Sophia de Mello Breyner Andresen, nos hace viajar con sus palabras, y dejan de ser palabras para ser luces, colores, sentimientos. Es una artista que verdaderamente entendió la vida. Muchas frases me han gustado pero destaco especialmente un poema de la autora que aparece en el prólogo del libro:
Cuando mi cuerpo se pudra y yo sea muerta Seguirán el jardín, el cielo, el mar, Y como hoy igualmente han de bailar Las cuatro estaciones en mi puerta.
Otros en Abril pasarán en el pomar En el que tantas veces yo pasé, Habrá largos ponientes sobre el mar, Otros amarán las cosas que yo amé.
Será el mismo brillo, la misma fiesta Será el mismo jardín ante mi puerta Y el cabello dorado de la floresta Como si yo no estuviese muerta.
"Num poema não devemos buscar sentido, pois o poema é ele próprio o seu próprio sentido. Assim o sentido de uma rosa é apenas essa própria rosa. Um poema (...) é um tecido compaсtо e sem falha que apenas fala de si próprio e, como um círculo, define o seu próprio espaço (...) O poema não signifi- ca, o poema cria."
Os Contos Exemplares são incontornáveis para quem queira compreender Sophia e o seu agudo sentido de justiça. Cada conto uma moralidade que reflecte uma filosofia da existência, destruindo assim a opacidade do mundo, tornando-o mais transparente pelo exemplo.
Um livro que vale a pena ser lido, com alguns dos melhores contos que já li. "O Homem", "Os Três Reis do Oriente" e o "Retrato de Mónica" são poesia escrita em forma de prosa, pela mão de uma das melhores escritoras de língua portuguesa.
Muito bom ! Seis estrelas ! Pequeno livro, grande literatura! Simples, claro, com toda a pontuação, que enriquece língua. Saltei a introdução, de outro autor, que é o contrário foque acabo de descrever. A ler, sem falta.
Não costumo ler contos, aliás, não gosto porque não dá tempo para desenvolver a história e as personagens. Literatura portuguesa não é para mim porque a acho pretensiosa. Parece que os escritores vão ao dicionário procurar palavras e as debitam. Exemplo disso, é o prefácio “Pórtico” deste livro que simplesmente desisti de ler. Em criança, adorei os contos infantis da autora e tinha curiosidade de ler algo para adultos. Como o nome do livro indica, estes contos retratam situações exemplares da vida humana. Dito isto, aconteceu o esperado. Não gostei dos contos mais pequenos mas achei piada aos mais longos nomeadamente o primeiro “O jantar do bispo” e “Os três reis do oriente”. Já nem me lembro da história dos outros cinco. O primeiro conto fala do bem e do mal, de Deus e do Diabo. O último conta como cada rei mago decidiu seguir a estrela.
3.5. Gostei de voltar aos contos. tive sempre muito receio de ler contos mas Todas as experiências que tive até hoje foram positivas. De todos os contos gostei mais do "Jantar do Bispo" e do "Homem". Na escola estudei "O Retrato de Mónica". Fiquei um bocado perdida no conto "A Praia", não o entendi muito bem.