Terra do Pecado

by José Saramago

"Terra do Pecado foi o primeiro romance publicado por José Saramago. Saiu em 1947, trinta anos antes de Levantado do Chão, o livro que abriu para o autor o coração dos leitores. Durante meio século esquecido e rejeitado, o autor reintegra-o hoje na sua obra, pelas razões que ele próprio explica no ""Aviso"" que antecede esta edição."

Genres: Portuguese Literature, Romance, Portugal, Fiction, Nobel Prize, Novels, Ebooks

290 pages, Paperback

First published January 1, 1947

About the author

José de Sousa Saramago (16 November 1922 – 18 June 2010) was a Portuguese novelist and recipient of the 1998 Nobel Prize in Literature, for his "parables sustained by imagination, compassion and irony [with which he] continually enables us once again to apprehend an elusory reality." His works, some of which have been seen as allegories, commonly present subversive perspectives on historic events, emphasizing the theopoetic. In 2003 Harold Bloom described Saramago as "the most gifted novelist alive in the world today."

https://en.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%...

Reviews

[Valentina · Rating 1 out of 5]

Di questo testo ho apprezzato molto l’introduzione, in cui sostanzialmente Saramago si scusa per aver scritto questo obbrobrio e ci invita a non leggerlo mai.

[Luís · Rating 3 out of 5]

In the writer’s first novel, Terra do Pecado (1947), the problems of religion and evil are already the great movers of the whole narrative and an eloquent illustration of José Saramago’s ideas regarding the religious universe and society in general (Portuguese and others too).

[Ana · Rating 3 out of 5]

Não é o Saramaguinho que eu tanto venero, percebo que, mesmo o autor, olhasse para esta sua primeira obra com algum "constrangimento", porém contém elementos interessantes.
Não sou a admiradora mais fervorosa do neo-realismo, da simbologia associada ao clima que "pinta" os acontecimentos preponderantes na vida das personagens e do peso da tragédia, do destino e dos convencionalismos, mas não sinto que esta releitura tenha sido uma perda de tempo. De maneira nenhuma - possibilitou-me regressar às letras do meu Mestre, ler uma história de que já não me lembrava de nada e compreender o salto tremendo que a sua escrita deu, a maturidade que o levou à excelência e ao reconhecimento mundial.

Não posso terminar esta opinião sem dizer - Saramago, concordo contigo "Viúva" seria um título bem mais adequado que "Terra do Pecado".

NOTA - 07/10

Opinião mais completa em breve, no cantinho do costume.

[Ildiko Szendrei · Rating 3 out of 5]

Cartea de debut a lui Saramago, scrisă de autor pe când avea 24 de ani, oferă o imagine interesantă asupra condiției femeii rămasă văduvă cu doi copii. De asemenea, Saramago ne arată evoluția relației dintre stăpână și servitoarea ei, o relație cu năbădăi, cauzată de spiritul zburdalnic al văduvei, atitudine cu care servitoarea conservatoare nu este deloc de acord.

Mi-au plăcut începutul și finalul (ultimele 10 pagini), în rest mi s-a părut că povestea a stagnat și nu ne-a oferit prea multe. Dar recomand cartea dacă vreți să vedeți imaginea autorului despre femei și dacă vreți să vedeți un stil de scriere total diferit decât în operele mult mai cunoscute ale lui Saramago (aici are punctuație, paragrafe, liniuțe de dialog, așa că totul se parcurge mult mai ușor).

[Maria · Rating 4 out of 5]

Profundamente inquietante - uma talvez incursão do jovem Saramago ao horror psicológico (?) - A Viúva (anteriormente editado como Terra do Pecado - conta a história de Maria Leonor, uma jovem de classe alta, presa num papel social algures na era moderna.
Após a morte trágica do esposo, Maria vê-se refém dos seus desejos, labilidade emocional, das ambições e paixões dos demais e do olhar escrupuloso da sua criada Benedita. No ambiente pesado e sufocante da sua casa, onde pairam sugestões e obrigações por dizer, a protagonista vê-se envolvida num quasi-escândalo social, num retrato do papel feminino na sociedade patriarcal portuguesa do século passado.

[David · Rating 3 out of 5]

Just before I finished this book I decided to see what book Senhor Saramago wrote after his very first book. I was shocked to learn that after his first novel written in 1947, he published his book of poems, Os Poemas Possíveis in 1966 and his next novel came out in 1970. A gap of almost twenty years. In fact the last book that I read of his, Levantado do Chão (Raised from the Ground) was published in 1980.

I was perplexed by the big gap. I read that they found a book from the fifties recently so perhaps, his past is being uncovered. However, Terra do Pecado or "Land of Sin" is "a work of his youth" as the back cover attests. He was twenty-four. He became a journalist for most of this time but what happened? Why did he not write again for so long? I felt very perplexed as I finished this book.

So what to make of this book? Reading this book, I felt like I was reading a typical romance set in the late 1800s, perhaps in the style of a romantic writer. It is a period piece about a woman who loses her husband in her mid thirties. In fact, Saramago wanted to call the book A Viúva (The Widow). She herself does not cope well but maintains the family farm along with her two kids with the help of her staff. One could say that her older maid Benedita keeps her going. She is also being nursed back to health by the good doctor Viegas and the local priest, father Cristiano. The good doctor is a pragmatic person, relying on science while battling the religion of the priest and of course the manners of the day. The clash of views gives hints of the writer to come.

As the story unfolds, the book doesn't feel anything like the elder Saramago and yet, the back half of the book hums along nicely. So this younger Saramago certainly developed some skills as a writer. Absent are those long passages that I enjoy in Saramago but the story held me right to the end. It was not a great story but there is enough here to make it worthwhile.

If you read this book you will have to read Raised from the Ground. This later book is the counterpoint. Land of Sin is told from the point of view of the land owners; Raised from the Ground is told by the peasants.

For a first book, Saramago did okay. But those twenty years of not writing gave him the maturity to really express himself. So if you are a Saramago buff like I am, you will want to read this just to have read it but do not expect riveting stuff. Just in need of a good romance, this will do as well.

[Eylül Görmüş · Rating 3 out of 5]

Saramago'nun henüz 25 yaşındayken yazdığı ve vaktiyle "Günah Diyarı" gibi korkunç bir isimle yayımlanan ilk romanı Dul'u sonunda okudum. Bugüne dek tam 30 tane Saramago kitabı okumuş bir insanım, bana bu metni okutsanız ve "yazarını tahmin et" deseniz sayacağım ilk 50 isim içinde Saramago olmazdı. O kadar Saramago olmayan bir kitap yani! Ama işte, çok sevdiğim yazarların ilk romanları her zaman bende bir tür şefkat yaratıyor, "ya, sen büyüyünce neler neler yazacaksın, biliyor musun" gibi bir duyguyla okuyorum.

Bir kere Saramago henüz alameti farikası olan bol virgüllü, az noktalı dilini icat etmemiş, diyalogları metnin içine gömmeyi keşfedememiş, henüz o çok sevdiğimiz müdahaleci anlatıcıyı doğuramamış kendinden. Ama yapacak elbette, daha çok genç, çok toy. Son derece konvansiyonel bir dille yazılmış bir roman bu okuduğumuz. Zaten Saramago da metni içine sindiremediğinden bir daha yayınlatmamış, 2022'de doğumunun yüzüncü yılı nedeniyle ilk kez Portekizce dışındaki dillerde yayınlandı.

Dul, Portekiz taşrasında geçen bir öykü. Hangi yılda olduğumuz meçhul ama sanki 19. yüzyılın başları olmalı. Çiftliğin beyi Manuel Ribeiro aniden ölüyor ve dul eşi Maria Leonor işin başına geçmek zorunda kalıyor. Genç kadın bir yandan iki çocuğuyla, bir yandan araziyle uğraşırken diğer yandan genç bedeninin arzularını ne yapacağını çözmeye çalışıyor. Aslına bakarsanız ziyadesiyle klişe bir öykü okuduğumuz ama işte Saramago o yaşında bile bu öyküye unutulmaz bir unsur katmayı başarmış: evin baş hizmetçisi, Maria'nın sağ kolu Benedita. Muhafazakar ve gelenekçi bir damarı temsil eden Benedita ile Maria Leonor arasındaki gerilimi o kadar, o kadar iyi yazmış ki, of yarabbim.

Saramago'nun çok sevdiğim bir cümlesi vardır, şöyle: "Kitaplarımın kurtarıcıları kadın karakterler. Erkekler iyi insanlar olmadığından değil, elbette öyledirler, değilseler de isteyince olabilirler, ama ne yapsalar kadınların yanında toy çırak gibi kalırlar." Daha ilk romanından bir kadın hikayesi yazmış olması bu açıdan hiç şaşırtıcı değil kanımca. Evet acemice yazılmış bir metin bu ama yine de çok ışıltılı yanları mevcut. Bir büyük yazar doğacak, işte tam da buralardan. 💛

[Ana · Rating 2 out of 5]

2,5*

Este romance é sobretudo uma curiosidade. A de ficar a conhecer como Saramago se estreou como romancista aos 24 anos. Cumpre como obra de estreia, mas está longe do Saramago que me apaixona. Bem escrito mas rígido (no esforço para ser "bem feitinho") e pouco criativo, com uma forte componente descritiva em detrimento da construção enredo e das personagens que (talvez com excepção para a criada Benedita) me pareceram um pouco incipientes. A leitura é fácil, sobretudo para quem não se enfadar com as profusas descrições bucólicas (à quais reconheço o mérito de incorporarem um certo lirismo, sem contudo caírem em floreados e atavios desnecessários), mas não creio que deixe grande marca. Não me foram ainda evidentes o rasgo, a criatividade e o humor que viriam a ser imagem de marca do escritor.

O romance foi inicialmente intitulado "A Viúva", tendo sido decisão da editora a alteração para "Terra do Pecado". Tenho a dizer que, a meu ver, o título escolhido pelo autor se coadunaria bastante melhor com o conteúdo da obra.

Aconselho aos indefectíveis ou simplesmente aos admiradores deste maravilhoso escritor que desejem conhecer o seu percurso desde o ponto de partida. Para os outros há seguramente muito mais e melhor Saramago para descobrir. As duas estrelas que atribuo ao livro não pretendem traduzir qualquer sentimento de frustração mas apenas afirmar a diferença que encontrei entre esta obra e a restante que já li do autor.

[Daniel · Rating 4 out of 5]

Admirador de José Saramago, tenho alimentado a vontade de ler a sua obra por ordem cronológica. Há cerca de uma semana, passei numa livraria e encontrei Terra do Pecado, publicado em 1947, 30 anos antes da publicação do seu segundo romance. Iniciei nesse dia a leitura d’a obra de juventude de José Saramago, como informa a capa da minha edição. Escritor jovem, e então?

Ressalta de imediato que existem travessões a assinalar os diálogos (ahah!). De resto, para melhor transmitir a minha percepção da juventude de Saramago, pense-se num romantismo moderno; a partir de vestígios românticos, entre os quais o sentimentalismo, assenta a narrativa dos dias de uma recém-viúva, Maria Leonor, apresentada não como objecto frágil, mas como uma mulher real, com vontade sexual, um ser pensante, por vezes emocional e com momentos de maior fragilidade.

Embora não esteja patente mais do que uma sugestão das características tão queridas ao leitor de Saramago, Terra do Pecado não é uma leitura menos digna, sendo o seu estilo igualmente inovador - uma boa obra de juventude.

[Monica · Rating 3 out of 5]

Es la primera novela del autor, traducida por primera vez al español, y es evidente que Saramago en ese entonces no era todavía el gran escritor que llegaría a ser. Aunque la novela toca varios de los temas que resultan recurrentes en sus obras posteriores, como la muerte, la tensión entre la fe y el ateísmo, y diversas preocupaciones sociales, más que la construcción de los personajes, es su comportamiento el que se siente de alguna forma sobreactuado. Los conflictos no parecen ser tan profundos como lo indicaría la reacción de los personajes.
Sin embargo, la facilidad para hilar frases con cadencia poética, la nitidez de las descripciones, la atención a los paisajes, y la presencia sutil, pero efectiva del humor, sí son rasgos del estilo de Saramago que ya están presentes en esta primera publicación.

[Carla Oliveira · Rating 3 out of 5]

3,5☆

[Ensaio Sobre o Desassossego · Rating 4 out of 5]

"Juntou as mãos, apertou-as fortemente uma contra a outra, e em passos arrastados deixou-se cair na cama, soluçando, sentindo, numa acabrunhante angústia, o peso esmagador da sua viuvez." 💭

Escrito em 1947, quando Saramago tinha 24 anos, este é um livro em que a voz do Saramago ainda não está presente. Este é o primeiro livro de Saramago, e a escrita ainda é uma escrita clássica, as personagens não são memoráveis, apesar de se notar que já há alguns questionamentos filosóficos e divagações que serão típicas dos livros posteriores do Mestre.

Anteriormente editado como "Terra do Pecado", esta é a história de Maria Leonor, viúva, proprietária de uma quinta, com muitos trabalhadores e com dois filhos para criar. Além destas personagens, temos ainda o médico e o padre, duas personagens muito importantes.
Depois da morte do marido, a viúva entra em depressão e não consegue tomar decisões em prol da família e da quinta. Há atitudes drásticas e dramáticas, que dão origem a rancores e mexericos.

Ainda que de forma muito leve (e sem o tom sarcástico que eu tanto adoro), Saramago já trata de temas que o definirão enquanto escritor: a vida e a morte, a religião, as convenções sociais. Maria Leonor está presa à ideia que a sociedade (e ela própria) tem dela, não pode ser livre, não é livre de fazer o que bem entender. Ser viúva, nos tempos da outra senhora, não era nada fácil, uma eterna luta contra os olhares da sociedade.

É estranho imaginar a época e o Saramago de 24 anos, já que a imagem que eu tenho do autor (que a maioria de nós tem, acho) é do Saramago com 60/70 anos. Este pode não ser o livro mais brilhante do Mestre, mas é uma preciosidade e o retrato de um Saramago jovem. E só por isso, já vale a pena ser lido (sobretudo para os fãs do autor).

Depois deste livro, Saramago ficou 20 anos sem publicar. Mas depois, quando volta a publicar, lança a maravilha que é "Levantado do Chão" (um dos meus livros preferidos do Mestre) e já é o Saramago que nós conhecemos e amamos ❤️

[Rita · Rating 3 out of 5]

José Saramago – Prémio Nobel da Literatura, 1998
"que, com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia torna constantemente compreensível uma realidade fugidia"

José Saramago (1922-2010) nasceu na aldeia de Azinhaga, Ribatejo. Aos dois anos mudou-se com a família para Lisboa, onde estudou e concluiu o curso de serralheiro mecânico. Trabalhou como serralheiro, funcionário público na área da saúde e na previdência social, foi director literário de uma editora, jornalista e tradutor.

A sua estreia na literatura deu-se com Terra do Pecado, publicado em 1947, mas este primeiro romance acabou renegado pelo autor.

Numa entrevista dada ao jornal Independente, 17 de Maio de 1991, disse:
"Escrevi o meu primeiro livro aos 25 anos, em 1947. Chamava-se a "Viúva". Foi publicado pela Minerva, mas o editor achou que "A Viúva" não era um título comercial e sugeriu que se chamasse "Terra do Pecado".
Pobre de mim, queria era ver o livro editado e assim saiu. (…) Não o incluo na minha bibliografia, apesar de os meus amigos insistirem que não é tão mau como eu teimo em dizer. Mas como o título não foi meu e detesto aquele título...
Acho que é por isso que resisto a aceitá-lo. Um dia, quem sabe se não reconhecerei a paternidade uma vez que há por aí exemplares. Ainda outro dia encontrei um, numa dessas bancas em segunda mão, e paguei por ele oito contos. Com desconto, porque o homem reconheceu-me e abateu-me quinhentos escudos. Um preço completamente disparatado e exorbitante.”

Posteriormente acabou por reconhecer a obra, e a Caminho republicou-o em 1997.
Mesmo assim deixa-nos um aviso logo nas primeiras páginas:
“Não podia adivinhar que o livro terminaria a pouco lustrosa vida nas padiolas. Realmente, a julgar pela amostra, o futuro não terá muito para oferecer ao autor de A Viúva.”

Para um primeiro livro até que não está assim tão, tão mau.
É uma história simples com algumas ironias e críticas, mas longe de ser uma grande obra.

Resumindo, é um Saramago a tentar ser Eça de Queirós.

[Kath Leco C · Rating 4 out of 5]

4,1 🌟 Una novela que retrata la locura, el pecado y la obsesión mediante una atmósfera obscura, en una hacienda que tiene a María Leonor como viuda y dependiente del resto. Se me hizo lento en momentos y el final fue muy abierto para mi gusto, pero es un excelente libro.

[Alexandra Machado · Rating 4 out of 5]

http://gira-livros.blogs.sapo.pt/opin...

A leitura de Terra do Pecado foi uma extraordinária surpresa, para mim, que não esperava muito de um livro escrito por alguém de 25 anos. Embora fosse escrito por José Saramago, o meu adorado Saramago, estava perfeitamente tranquila face à hipótese deste livro estar a anos-luz daquilo que mais gosto e aprecio na sua escrita. Não podia estar mais enganada. A sua estrutura não é tão rígida e característica como aquela a que estamos habituados a ler, contudo, é impossível não notar a essência de Saramago. Posso desde já avançar que lhe falta a originalidade que tão frequentemente lhe apontamos, que é impossível não notar que colocou nele um cuidado extremo (que alguns poderão considerar forçado), tentando aproximar-se de uma escrita clássica, pouco inovadora, contudo, não consegui deixar de me apegar muito a este livro.

Terra do Pecado tocou-me de uma forma muito especial e nem consigo bem descrever o porquê de tal ter acontecido. Apesar de não me rever na situação por que passa Maria Leonor, foi-me impossível não estabelecer uma forte ligação com ela, mesmo nos momentos em que me incomodavam certas atitudes. Era como se Maria Leonor fosse aquela amiga a quem compreendemos e perdoamos tudo, sem levantar questões, sem julgar, sem deixar de a amar.

Não quero adiantar pormenores nem tecer considerações acerca do enredo para além do básico. Maria Leonor fica viúva poucas páginas depois do início do livro e tudo o que se segue, os enredos familiares e sociais, as discussões existenciais com o doutor Viegas e a esplêndida descrição de pequenos episódios da infância, que nos chegam através dos filhos de Maria Leonor, é extraordinariamente bem conjugado pelo mestre Saramago, tão novo e tão talentoso. Leiam. Leiam sem saber grande coisa sobre este livro, sem grandes expectativas, e talvez saiam tão surpreendidos quanto eu.

As ideias que fazemos de Deus, do homem e da própria ideia são, apenas, imperfeitas compreensões do que será a Verdade, se é que, por fim, a Verdade não é totalmente diferente. (...) Apesar de todas estas dúvidas, todos nós, no fundo do nosso ser, cremos em alguma coisa. O próprio doutor Viegas, com tudo o que diz e faz, crê. Cremos justamente porque não sabemos e é esta constante ignorância que mantém a fé, qualquer que ela seja. A Verdade pode ser tão horrível que, se fosse conhecida, talvez destruísse todas as crenças e fizesse do Mundo um grande manicómio. (...)

[Carol · Rating 4 out of 5]

Em 1947 é publicado o primeiro romance da autoria de José Saramago, cujo nome oficial nunca viria a aceitar. Após ler este livro posso afirmar a pés juntos que 𝘝𝘪ú𝘷𝘢 é o título mais adequado à obra.

De todos os que já li do grande mestre, este foi o menos 'saramaguiano'. Assente em bases mais naturalistas/realistas, relembrou-me muito a escrita de Eça. Embora se sinta a presença dos temas que viriam a marcar a sua obra, não é de forma tão acutilante e sarcástica. Temos aqui a religião, a vida e a morte, as convenções sociais e sua consequente crítica.

A estória gira em torno de Maria Leonor, uma 𝐣𝐨𝐯𝐞𝐦 mulher com algumas posses, a quem o marido falece no início do livro. Gostei muito desta personagem e senti em mim a sua dor. Gostava de ter sido um ombro amigo. Com o passar das páginas vamos tendo conhecimento de outras personagens e das peripécias que caracterizam o quotidiano de uma aldeia ribatejana, profundamente religiosa e conservadora.

Como recuperar após a morte de um ente querido? Teremos nós tempo para fazer luto? Aliás, existe um tempo específico para tal? Teremos imediatamente de arregaçar as mangas e tomar controlo das rédeas da nossa vida? Poderemos seguir em frente com a nossa vida? O que é social e moralmente aceitável?

Uma das coisas que mais gostei no livro foi a forma como Saramago conseguiu descrever o ambiente soturno e sufocante presente naquela casa, naquela aldeia. Todos os olhares julgadores e condescendentes que sentimos com todo o nosso ser.

[Seher Andaç · Rating 5 out of 5]

Saf ve yalın edebiyat.
….
Elimizden bırakamadan okuduklarımızdan.
….
Boğazımda bir yumru. Göğsüme oturmuş bir öküz. Mideme sert bir yumruk.
Ah Maira Leonor ahhh….
Gözün kör olsun kötü kalpli Beneditta, kahrol emi. Sinirlerim altüst olmuş durumda:((
…
Ve çocuk sevinçleriyle dolu muhteşem bir doğa 🌱
….
Saramago’nun yirmi dört yaşında yazdığı ilk romanı.

[Christian Bistriceanu · Rating 4 out of 5]

Romanului de debut a lui José Saramago îi lipsește artificiul tehnic al topirii dialogului în text, poate îi lipsește și controversa totală din "Evanghelia după Isus Christos" și este poate departe de ucroniile etice ce debutează odată cu "Manual de pictură și caligrafie", însă nu-i lipsește forță epică și nici dezbaterile de ordin moral, etic, social și religios. "Văduva" este un roman realist cât se poate de clasic urmând tradiția romanului european.
Rămasă văduva cu doi copii și o fermă pe cap, Maria Leonor trebuie să învețe să fie independentă și să se împace mai întâi cu corpul și cu conștiința ei.
Acțiunea se învârte în jurul a patru personaje: Maria Leonor, văduva, Benedita, servitoarea ei, doctorul Viegas și preotul Cristiano și a relațiilor și disputelor ce se nasc între aceștia. Cea mai benignă dintre acestea este cea dintre preotul Cristiano și Maria Leonor, o relație tipică credincios-duhovnic, preotul devine sprijin și sfătuitor pentru o văduvă supusă mai multor probleme etice. Relația dintre preot și doctorul Viegas este reprezentată de o discuție amicală eternă, dar de ne împăcat între religie și ateism, relația între Maria Leonor și doctor evoluează de la prietenie spre o posibila căsnicie de conveniță, iar ultima relație și cea mai puternică și pe baza căreia romanul avansează este cea dintre Maria Leonor și Benedita, o relație de dominare, în care servitoarei îi revine de gardian al moralității stăpânei sale.
"Văduva" este poate o curiozitate pentru cei obișnuiți cu romanele lui Saramago apărute după 1977, dar în definitiv un roman care poarta în el temele viitoarelor romane și scriere care au făcut din scriitorul lusitan nu doar un autor cunoscut, ci unul apreciat la nivel internațional.

[João M. de Loureiro Ferreira · Rating 3 out of 5]

Facilmente se percebe que é uma obra primordial de Saramago (de facto, a primeira). Apresenta uma escrita clássica, com poucos indícios de estilo próprio e fazendo lembrar Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós. Apresenta, também, uma trama popular, rural. No entanto, o fim desenvolve-se rapidamente e culmina de uma maneira que a mim me foi imprevisível.

Não deixa de ser uma leitura cativante de maneira singela...

Conhecendo a obra que define Saramago, não creio que este livro seja um cartão de visita. Mas, honestamente, não tem de ser... Por algum lado se tem de começar, e foi por onde Saramago caminhou que para sempre ficará na História e na minha memória.

[Clarissa · Rating 2 out of 5]

2.5 dai non è così male
Una sola cosa. Perché ????

[Margarida Sequeira · Rating 5 out of 5]

É sempre um prazer ler Saramago e este seu primeiro romance, A Viúva, só veio afirmar o quanto gosto da escrita do autor, mais não seja e já lá estavam no Saramago novinho, as histórias bem tecidas, os diálogos profundos, sempre recheados de reflexões interessantes e de questões existenciais que com dom e mestria fazem o leitor se debruçar e querer mergulhar no seu universo e também saber mais como se fosse revelada a chave para preocupações e inquietações da sua própria vida.
Por engraçada coincidência a protagonista da história tem um nome homónimo ao da minha mãe também ela era viúva.
Não era a história da minha Maria Leonor mas podia ser.
Que história interessante como se quase de uma boa tragédia grega se tratasse!

[Leandra · Rating 3 out of 5]

Este romance de Saramago é completamente diferente daquilo a que ele me tinha habituado. Parece até que é uma pessoa diferente a escrever...
Gostei, sobretudo, porque me manteve agarrada à história até ao final, que é surpreendente!!!

[Emanuel Rocha · Rating 4 out of 5]

Muito curioso ler a primeira obra de Saramago, ainda sem a sua tão famosa e peculiar pontuação. É possível observar, comparando com outras obras posteriores, a base para as suas obras futuras, e a evolução da sua escrita desde este primeiro "protótipo".

[Şehriban Kaya · Rating 5 out of 5]

Saramago'nun 1947'de henüz 25 yaşındayken yazdığı roman, gelecekteki muhteşem romanlarının adeta habercisi imiş!

[Joana Marta · Rating 4 out of 5]

Terra do Pecado (ou antes, A Viúva), é a primeira obra de Saramago, o que se nota logo pela ausência da sua escrita característica, que já me é tão querida.

Comecei este livro estupidamente receosa. E o problema foi o tom com que este livro me foi apresentado, “A obra de juventude de José Saramago”, como se esta não fosse uma obra à sua “altura”.

Maria Leonor enviúva logo ao primeiro capítulo, e este é um livro que se irá desenrolar em seu torno e das pessoas que a rodeiam, após este acontecimento. Facilmente me conseguiu prender pelo tom leve e cativante das descrições e com que conhecemos, ao mesmo tempo, cada personagem, e a elas nos afeiçoamos. Quando se vê como a única responsável pela casa e os empregados, bem como dos filhos, Maria Leonor terá de lidar sobretudo com a pressão e o decoro social, com o que dela é esperado. Seja como mãe ou como patroa. E ainda, como não poderia deixar de ser, as expectativas e deveres religiosos que sobre ela impendem, enquanto “boa cristã”.

Sim, não encontramos um Saramago ainda completamente amadurecido, mas isso não torna este livro “mau” de forma alguma. Ou então sou eu que, completamente apaixonada por este autor, não consigo já permanecer totalmente imparcial. Tendo a considerá-lo antes, um óptimo presságio para as obras que se seguiram, com um humor e ironia já muito patentes. <3

«Escrevi o meu primeiro livro aos 25 anos, em 1947. Chamava-se a Viúva. Foi publicado pela Minerva, mas o editor achou que "a viúva" não era um título comercial e sugeriu que se chamasse Terra do Pecado. Pobre de mim, queria era ver o livro editado e assim saiu. De pecados sabia muito pouco e, embora a história comporte alguma actividade pecaminosa, não eram coisas vividas, eram coisas que resultavam mais das leituras feitas do que duma experiência própria. Não incluo na minha bibliografia, apesar de os meus amigos insistirem que não é tão mau como eu teimo em dizer. Mas como o título não foi meu e detesto aquele título... Acho que é por isso que resisto a aceitá-lo. Um dia, quem sabe se não reconhecerei a paternidade uma vez que há por aí exemplares. Ainda outro dia encontrei um, numa dessas bancas em segunda mão, e paguei por ele oito contos. Com desconto, porque o homem reconheceu-me e abateu-me quinhentos escudos. Um preço completamente disparatado e exorbitante.»
Opinião de José Saramago sobre Terra do Pecado no Independente, Lisboa, 17 de Maio de 1991

[Octavio Pernas · Rating 5 out of 5]

Saramago ya era un escritor de Nobel cuando publicó este primer libro, que atrapa desde el comienzo por la fortaleza expresiva de sus personajes, las hermosas descripciones del entorno, y por la sensación de sospecha que te va envolviendo a partir de cierto punto, y que el autor gestiona con maestría impropia de los 24 años que contaba cuando escribió esta obra.
La recomendaría para cualquier seguidor del autor, y también para los que estén interesados en acercarse a su obra

[Paula · Rating 3 out of 5]

Primer Saramago que no me deslumbra.

[Ivan Neves Figueiras · Rating 3 out of 5]

2,5*

[Maria Clara Jorge · Rating 4 out of 5]

um primeiro livro que é um levantar do véu sobre a genialidade e peculiaridade de José Saramago

[José Manuel Rodríguez · Rating 4 out of 5]

Ler o primeiro romance do Prémio Nobel da Literatura José Saramago no quadro do seu centenário mais que um sucesso foi mais uma abordagem com a sua maravilhosa pena e com aquela sensação única de frescura que permite ler o autor português.
Sou fã do Saramago e ele nunca escondeu isso, para mim as suas obras estão tão cheias das suas diferentes experiências assim como dos seus medos e também das suas angústias. Só quem já leu o autor sabe do que estou falando.

Em A Viúva, conseguimos uma trama linear e inusitada, um drama que começa com muito drama e que conforme as páginas vão virando isso vai se sustentando e obviamente você fica preso na originalidade do autor e sua forma de escrever. Um livro sem muitos choques, isso deve ser dito e não de forma negativa mas como uma introdução ao que vamos explorar neste romance, não é um livro com choques. Por outro lado, temos alguns personagens que podem não te conectar como você espera, mas transmitem a paixão com que o autor os criou, e o que é realmente fascinante neles é que cumprem seu papel impecavelmente dentro da história. e torná-lo mais agradável.
Por fim, observe que o livro é completamente compreensível e muito fácil de ler, este livro é lido mais rápido do que você imagina. Destaque também para a bela edição de colecionador em que a editora trabalhou, que dá vontade de ter todas as obras do autor em casa.