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Kreolska nacija

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U pismima koja Carlos Fradique Mendes šalje raznim osobama ispreda se neobična priča koja se odvija krajem 19. stoljeća između Angole i Brazila, u vrijeme kad se već uvelike javljaju anarhistički i abolicionistički pokreti, gdje je "Kreolska nacija" "vjerojatno posljednji brod koji trguje crnim robljem u Povijesti". Prošlost fluidnih i intenzivnih veza između kolonijalnog Portugala, čija se dominacija u Angoli postupno rastače u crnim robljem napučenom Brazilu, izranja iz složenog prepletaja kultura i književnih konstrukata što ih je stvorila skupina portugalskih intelektualaca, a u kojima se lik glavnog junaka pojavljuje kao fikcionalni sugovornik svojega stvarnoga tvorca.

161 pages, Paperback

First published January 1, 1997

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About the author

José Eduardo Agualusa

79 books786 followers
«José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas.

Escreveu várias peças de teatro: "Geração W", "Aquela Mulher", "Chovem amores na Rua do Matador" e "A Caixa Preta", estas duas últimas juntamente com Mia Couto.

Beneficiou de três bolsas de criação literária: a primeira, concedida pelo Centro Nacional de Cultura em 1997 para escrever « Nação crioula », a segunda em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa durante 3 meses e na sequência da qual escreveu « Um estranho em Goa » e a terceira em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst. Graças a esta bolsa viveu um ano em Berlim, e foi lá que escreveu « O Ano em que Zumbi Tomou o Rio ». No início de 2009 a convite da Fundação Holandesa para a Literatura, passou dois meses em Amsterdam na Residência para Escritores, onde acabou de escrever o romance, « Barroco tropical ».

Escreve crónicas para o jornal brasileiro O Globo, a revista LER e o portal Rede Angola.

Realiza para a RDP África "A hora das Cigarras", um programa de música e textos africanos.

É membro da União dos Escritores Angolanos.»
http://www.agualusa.pt/cat.php?catid=27


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José Eduardo Agualusa (Alves da Cunha) is an Angolan journalist and writer born to white Portuguese settlers. A native of Huambo, Angola, he currently resides in both Lisbon and Luanda. He writes in Portuguese.

He has previously published collections of short stories, novels, a novella, and - in collaboration with fellow journalist Fernando Semedo and photographer Elza Rocha - a work of investigative reporting on the African community of Lisbon, Lisboa Africana (1993). He has also written Estação das Chuvas, a biographical novel about Lidia do Carmo Ferreira, the Angolan poet and historian who disappeared mysteriously in Luanda in 1992. His novel Nação Crioula (1997) was awarded the Grande Prémio Literário RTP. It tells the story of a secret love between the fictional Portuguese adventurer Carlos Fradique Mendes (a creation of the 19th century novelist Eça de Queiroz) and Ana Olímpia de Caminha, a former slave who became one of the wealthiest people in Angola. Um Estranho em Goa ("A stranger in Goa", 2000) was written on the occasion of a visit to Goa by the author.

Agualusa won the Independent Foreign Fiction Prize in 2007 for the English translation of his novel The Book of Chameleons, translated by Daniel Hahn. He is the first African writer to win the award since its inception in 1990.
(wikipedia)

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Community Reviews

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4 stars
409 (48%)
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220 (26%)
2 stars
19 (2%)
1 star
4 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 75 reviews
Profile Image for Telma Pedro.
362 reviews35 followers
June 9, 2024
Mais uma vez dirigi-me à estante, tendo pegado no primeiro livro para o qual olhei, e estou tão contente por ter sido esta a minha escolha!
Foi a primeira obra que li de José Eduardo Agualusa e fiquei muito satisfeita, tendo inclusive ficado perplexa por não o ter feito mais cedo.
“Nação Crioula” é um livro que retrata de forma ficcionada temas relevantes da História, tendo sentido que podia ler esta obra e conhecer mais um pouco de Angola e do Brasil do século XIX sem grandes dramas. Eu não conhecia, contudo, a personagem “Carlos Fradique Mendes” e esse facto entristeceu-me, ficando com a sensação de ter perdido algo muito importante.
Suponho que a solução será debruçar-me a fundo sobre este “problema” literário.
Profile Image for Ana.
746 reviews113 followers
March 30, 2018
Peguei neste livro depois de terminar A Rainha Ginga, também do José Eduardo Agualusa, porque me apetecia continuar a ler sobre o mesmo tema. No entanto, não fazia ideia que neste Nação Crioula, o autor tinha ressuscitado uma personagem criada por Eça de Queiroz, nem que o livro, à semelhança do de Eça, era escrito na forma epistolar. No início fiquei um bocadinho de pé atrás, mas rapidamente me deixei conquistar. Sei que me vou repetir, mas Agualusa é, decididamente, um dos meus autores contemporâneos preferidos. E agora vou ver se desencanto as Cartas de Fradique Mendes originais, que hão-de estar por aí algures numa estante onde guardo os livros lidos há já muitos anos atrás...
Profile Image for carpe librorum :).
757 reviews55 followers
Read
March 25, 2015
Não li a obra do Eça onde o prodigioso Fradique Mendes se revela em primeira mão, mas creio que isso não é motivo para deixar de apreciar este livro. Um mar de cartas, bastante fluido e bem-humorado, que vai desvendando a época e a História através do olhar, do sentir e do pensar do remetente. Pensei que se tratasse de uma troca de correspondência, mas na verdade, as cartas são todas da mesma personagem - o tal Fradique - exceto a última, que eu bastante apreciei, da sua amada. A História e a ficção andam aqui de mãos dadas, personagens reais convivem com personagens inventadas em perfeita harmonia. Mas como diz o próprio autor: "Acredito, finalmente, que a ficção histórica me ajuda a compreender o presente". E eu também acredito.
Profile Image for Sergio.
254 reviews2 followers
October 11, 2017
É o primeiro livro que leio de Agualusa, é uma escrita fabulosa! As frases se encadeiam com uma facilidade única e produzindo em poucas linhas informação e idéias extensas. A sensação é de ter lido um livro de 500 páginas em prazerosas 200. Uma bela obra com personagens sedutores e uma paisagem variada. Me senti embarcado no Nação Crioula atravessando a Calunga. Uma das melhores leituras em 2017!
Profile Image for Renato.
21 reviews
August 19, 2018
Nação Crioula, é o primeiro livro que leio de Agualusa. Confesso que peguei nele, injustamente agora o confesso, sem grandes expectativas. Talvez até nem tivesse expectativas nenhumas. A verdade é que bastou apenas a primeira página para ficar rendido à qualidade da escrita deste autor. Uma escrita rica em vocabulário, exuberante, entrecortada com algumas palavras africanas, que lhe conferem um caloroso toque exótico.
Agualusa refere que teve Eça de Queiroz como um dos seus mestres. Bem, a forma é diferente, mas a substância é a mesma. O mestre aprovaria.
Recomendo!
Profile Image for Joana Pereira.
15 reviews2 followers
February 7, 2024
De Angola ao Brasil passando pela Europa: a história dos escravos e de quem os escravizou e das colónias que nunca colonizamos, apenas ocupamos.

"Uma pedra debaixo da água, não sabe que está a chover."
Profile Image for Bia De noronha.
2 reviews3 followers
March 25, 2013
Livro desses de se devorar! Historia intrigante com um formato especial, gostei bastante.
38 reviews
November 6, 2024
TOO MANY FUCKING CHARACTERS. I was genuinely so lost for most of this book there’s too many characters and they all have nicknames and I don’t know who’s who and I hate that they’re making me read books I don’t like for class
Profile Image for Carla.
184 reviews25 followers
June 13, 2015
Um livro que nos fala da miscelânea de povos, de culturas, de religiões, de línguas e de costumes em Angola e no Brasil, nos finais do século XIX, através de cartas que teriam sido enviadas por Carlos Fradique Mendes, um escritor culto, aventureiro, viajante pelo mundo, progressista, idealista e irreverente, personagem inventada por uma tertúlia frequentada por Eça de Queirós e outros escritores seus contemporâneos, à sua amada Ana Olímpia, uma ex-escrava negra, filha de um rei do Congo, à sua madrinha residente em Paris e ao próprio Eça de Queirós.

Nessas cartas relata-se, num estilo quase "cinematográfico", o confronto de posições entre os apoiantes do tráfico negreiro de Angola para o Brasil e da mão-de-obra escrava utilizada nesses dois países, e os que se lhes opunham, mas sobretudo o resultado da mistura entre os colonos portugueses, muitos deles degredados de Portugal para Angola em consequência da prática de crimes, e os africanos, que atravessaram o Oceano Atlântico em "navios negreiros", a fim de trabalharem como escravos nas plantações do Nordeste do Brasil para proprietários que enriqueceram à sua custa, os quais eram descendentes de colonos portugueses, dando origem a uma "Nação Crioula" (a convivência e a fusão entre povos de origens muito distintas), que, ainda hoje, carateriza o Brasil como uma nação tão rica culturalmente.

Um livro que nos faz refletir e compreender algumas das razões pelas quais muitos dos escravos africanos não se revoltaram contra a sua situação em Angola, mas em particular no Brasil, pois ao atravessarem o Oceano Atlântico, perdiam a sua identidade e tornavam-se noutras pessoas distintas das que tinham sido, como se habitassem outro corpo.

Além disso, o leitor apercebe-se que, já no século XIX, os portugueses da "metrópole" pouco ou nada sabiam nem se interessavam sobre o que se passava nas colónias africanas.

É, de facto, uma obra que, através do passado, nos procura explicar o presente, mas à qual dei apenas três estrelas, não pela falta de qualidade do livro, que tem desde passagens históricas, geográficas, culturais, românticas, a situações e personagens hilariantes, mas à circunstância de me encontrar bastante cansada e de não conseguir aproveitar como queria o prazer que a leitura me pode proporcionar.
Profile Image for Marta Clemente.
750 reviews19 followers
July 27, 2024
Tão bom este "Nação Crioula" !
Através das carta escritas por Fradique Mendes Agualusa conta-nos uma parte importante da história das nossas colónias, das suas ideias anti esclavagistas e da degradação do nosso império no final do século XIX.
Muito interessantes as suas viagens para Angola, Brasil, Paris e Lisboa, as suas conversas e relações com escravos e esclavagistas, com revolucionários e visionários. Gostei muito!
Profile Image for Susana.
541 reviews178 followers
May 30, 2025
3.5 *

Não me entusiasmou, apesar de ter algumas passagens muito boas.
Profile Image for Karin Baele.
248 reviews50 followers
August 2, 2020
Er staat ontegensprekelijk slechts één échte onwaarheid in dit boek: een worm heeft geen 5 harten doch 10. De gemiddelde regenworm in Vlaamse klei toch.
Fantastisch boek. Letterlijk en figuurlijk. Met dank aan Harrie Lemmens voor de duiding (en de vertaling uiteraard).
Profile Image for Daniela Rodrigues.
332 reviews
December 13, 2018
Este foi o segundo livro do Agualusa que li. O primeiro havia sido «O Vendedor de Passados», já há uns bons anos, mas gostei tanto do livro que ficou cá marcado e, quando surgiu a oportunidade de comprar este livro através de uma promoção de uma revista (senão me engano), não a desperdicei. Mesmo assim, passaram-se mais uns anos até o ler (o volume de livros a ler nunca diminui por estes lados), mas continuou a não desiludir.
Todo o livro é uma compilação de cartas que Carlos Fradique Mendes, aventureiro e viajante português, terá escrito ao seu grande amigo Eça de Queiroz, à sua madrinha Madame de Jouarre e à sua grande paixão Ana Olímpia Vaz de Caminha. Através desta correspondência, que só lemos numa direção, vamos conhecendo a história de Fradique em África, da sua paixão por Ana Olímpia (filha de escrava, casada com um escravocrata e escrava novamente) e da sua luta contra a escravatura nos finais do século XIX.
O que eu gostei mais do livro foi o facto de ter de me relembrar constantemente que não estava a ler um livro de Eça. É que a escrita deste livro é muito semelhante (na minha opinião) à de Eça, mas sem os salamaleques tão característicos daquela época.
Adorei também saber, já ia avançada no livro, que Eça de Queiroz efetivamente escreveu um livro designado «A Correspondência de Fradique Mendes», em que cria esta personagem que seria um seu amigo. Creio ser precisa muita imaginação para Agualusa encarnar este ser e, tal como Eça, escrever em seu nome.
Gostei muito! A ver se leio mais rapidamente outro livro deste escritor, que me dá um outro olhar sobre África como só um africano consegue dar.
Profile Image for Marisa Martins.
317 reviews9 followers
December 17, 2010
Carlos Fradique Mendes, português nascido nos Açores, escreve missivas informativas à madrinha, a Madame de Jouarre, e ao amigo Eça de Queirós e cartas de amor à amada, Ana Olímpia.
Nas ditas correspondências, o português conta sobre as suas aventuras e desventuras em Angola e Brasil, o movimento anti-escravatura, o sofrimento dos escravos, o enorme sentimento que tem pela ex-escrava Ana Olímpia e detalhes sobre a sociedade e vivência nas ex-colónias.

Tivesse eu, como as minhocas, cinco corações, e um estaria em festa, outro apertado de angústia, o terceiro em fúria, o quarto duvidando do mundo e o quinto, simplesmente, ardendo de paixão. No meu único coração todos estes sentimentos se confundem, e assim, violentamente confundidos, produzem em mim uma excitação geral, que não sou capaz de controlar ou sequer definir.


O livro aborda o tema das ex-colónias, em especial sobre Angola, e o abandono a que foram sujeitas. Um retrato sobre a sociedade, a mentalidade de escravos e ex-escravos que não souberam abandonar as senzalas e viver outra vida que não aquela a que estavam habituados e dos homens que fizeram riquezas no transporte de escravos para o Brasil, mesmo depois de ter sido proibido o tráfico de escravos.

É uma leitura simples e cheia de África. Da África de outros tempos, mas que ainda pode ser reconhecida nos mais pequenos detalhes.

Foi a minha estreia com José Eduardo Agualusa e fiquei com mais vontade de o Vendedor de Passados.
Gostei.
Profile Image for Emily Smith.
1 review
March 20, 2015
I read this book as part of a postcolonial literature module looking at settler colonies. From the point of view of historical context, I knew next to nothing about Portuguese colonial activity or the history of Brazil, and this book was a great introduction - I particularly liked Agualusa's use of some real historical figures and his use of Fradique (a popular figure of 19th C Portuguese literature) writing back to his original author!
That said, in terms of plot and character development, this book isn't my favourite... The epistolary form was somewhat strange in that we never see the replies Fradique receives to his letter, and this in my eyes made his relationship with Ana Olympia somewhat one-sided and uncomfortable - there is very little dialogue shown between them to reassure the read of the development of a loving relationship. Yes, we do hear from Ana eventually, but for me, it was a bit too little too late.
Profile Image for Jan.
1,058 reviews67 followers
January 21, 2015
Agualusa makes a habit to mingle fact and fiction in his novels. That urges the reader to concentrate. That method – it ‘s on purpose – feeds the magical element, in this novel too. Another trick of the trade the author uses here, is the form: exchange of letters; that works good for stories in an historical setting. The profiles of the protagonists might be somewhat superficial, that doesn’t work against my appreciation. The story held me captivated.
Agualusa is an interesting author, his novels have orginial perspectives (who would have thought, e.g., of a gecko as a main character of one of his books). And not many authors I know of (ok, so it might be me) deliver their stories with a historical-colonial backdrop of the former Portuguese Angola. I’m looking forward to read more of him, preferably in Dutch translation. JM
Profile Image for Sónia Cabral.
199 reviews80 followers
August 1, 2011
Gostei muito!... e não estava nada à  espera...e nem sei bem porque gostei tanto...talvez por serem cartas, não sei...talvez pelo Fradique Mendes que é realmente uma grande personagem (criada por Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão)...não sei bem, leiam lá e depois digam-me...by the way, só custa 1 euro na colecção Autores Lusófonos da revista Visão. Acho que foi o euro mais bem gasto dos últimos tempos!
http://www.assineja.pt/TemplateDetalh...

Para uma review:
http://aminhaestante.blogspot.com/201...

Para uma entrevista ao Agualusa sobre o livro:
http://static.publico.pt/docs/cmf3/es...
Profile Image for Inês Montenegro.
Author 49 books147 followers
February 6, 2016
Pareceu-me que este livro está para “A Correspondência de Fradique Mendes” (Eça de Queirós) como “Wide Sargasso Sea” está para “Jane Eyre”.
Seguindo o modelo epistolar, muito em voga na ficção do século XIX, espaço temporal da história, Agualusa aproveita a brecha deixada por Eça para desenvolver a personagem de Fradique. Nesta obra, dá-lhe uma vida e acontecimentos nas então colónias portuguesas em África e, mais tarde, no Brasil já independente, criando assim uma subversão na portuguesidade com a trindade Europa-África-América.

Opinião completa em: https://booktalesblog.wordpress.com/2...
Profile Image for Rosa Ramôa.
1,570 reviews85 followers
April 12, 2015
***
"Desgraçadamente, Portugal espalha-se, não coloniza. Somos assim, enquanto nação, uma forma de vida mais rudimentar que o bacilo de Koch. Pior: uma estranha perversão faz com que os portugueses, onde quer que cheguem, e temos chegado bastante longe, não só esqueçam a sua missão civilizadora, isto é, colonizadora, mas se deixem eles próprios colonizar, isto é, descivilizar, pelos povos locais".
***
Havia um navio que transportava escravos de Angola para o Brasil,o título do livro é herdado do nome desse navio*
***
A escravatura foi cruel*

https://youtu.be/CfRYX9t7Rek
Profile Image for Marco Lourenço.
14 reviews1 follower
September 6, 2014
impossível parar de ler, José Eduardo Agualusa arranja sempre uma forma diferente de nos surpreender.
Profile Image for Gonçalo Ferreira.
283 reviews11 followers
November 17, 2018
"É difícil imaginar colecção mais interessante de tipos físicos e psicológicos, até patológicos, reunida debaixo de um mesmo tecto."
(3. Carta a Madame de Jouarre, Luanda, Junho de 1868)

"-O perigo atrai o homem e é por isso que o homem se sente atraído pela mulher - filosofava o coronel - , a mulher é o animal mais perigoso da criação"
(6. Carta a Madame de Jouarre, Luanda, Agosto de 1872)

"Tivesse eu, como as minhocas, cinco corações, e um estaria em festa, outro apertado de angústia, o terceiro em fúria, o quarto duvidando do mundo e o quinto, simplesmente, ardendo de paixão. No meu único coração todos estes sentimentos se confundem, e assim, violentamente confundidos, produzem em mim uma excitação geral, que não sou capaz de controla ou sequer de definir."
(23. Carta a Ana Olímpia, Paris, Abril de 1878)
Profile Image for Iceman.
357 reviews25 followers
December 30, 2012
José Eduardo Agualusa, autor angolano mas com fortes raízes culturais lusas, é, hoje em dia, um nome sonante no meio literário português e, talvez. o mais sonante do universo angolano.
Desconhecendo por completo a sua escrita, este foi o primeiro e, até agora o único livro que li deste autor e as ilações são muito positivas.
Poucas páginas depois de ter começado, já não conseguia desgrudar do livro, tal a forma fluída, simples e atraente da sua escrita. Honestamente, Agualusa foi dos poucos escritores que me conseguiram prender logo nas primeiras páginas do primeiro livro, apenas com o grande Eça isso havia acontecido e nem Saramago me havia entusiasmado dessa maneira. Mas Agualusa tem efectivamente “aquele” dom de contar histórias, “aquele” dom mágico de prender o leitor à sua narrativa, fazendo com que o leitor se sinta parte integrante da narrativa, parceiro dos personagens.
É o próprio autor que afirma que a grande fonte de inspiração, aquele que o levou a ser escritor, foi o mestre Eça de Queiróz. Conhecedor e fanático da obra de Eça, nota-se em Agualusa o estilo e até mesmo uma certa ironia que efectivamente faz lembrar Eça, no entanto seria injusto afirmar que o estilo é o mesmo. Não, Agualusa cria um estilo, uma forma de narrar diferente, tornando-o, na minha opinião, um dos grandes escritores lusófonos da actualidade e, de certeza, de um dos grandes escritores do futuro a nível mundial.
Nesta obra, Agualusa inspira-se nas cartas de Fradique Mendes, personagem criada por Eça de Queiróz, para recriari a sociedade colonial em Angola no século XIX.
Fradique é um escritor português que chega a Luanda em 1868. O tema de fundo é a escravatura que embora tenha sido oficialmente abolida em 1836, na realidade é um negócio rentável, pois os negros continuam a ser enviados para o Brasil.
Todo o livro é composto por cartas que Fradique vai enviando à sua madrinha, narrando a sua vida em Luanda e tudo o que vai observando. Entretanto acaba por se apaixonar por uma ex-escrava, na altura uma mulher livre, mas que acaba por ser ver novamente na escravatura. Curioso verificar que o melhor amigo de Fradique dá pelo nome de Eça de Queiróz, e também para ele Fradique Mendes escreve cartas.
Um excelente livro onde Agualusa descreve a sociedade hipócrita da altura. Uma sociedade onde a mentira e os compadrios reinavam, cheia de falsas imagens sociais e de gente que se vendia por qualquer preço.
Profile Image for João C..
3 reviews5 followers
November 4, 2018
"Sou feliz, tanto quanto é comum ser-se feliz. Estou na vida como numa varanda. Vejo na rua passarem as pessoas com as suas tragédias íntimas. Vejo-as nascer e morrer. Nestas terras ácidas a natureza conspira contra nós. Um homem morre, desaparece, e logo a sua obra inteira se corrói e se corrompe e se desfaz. Os palácios de hoje amanhã serão ruínas"
Profile Image for Dulcinea Silva.
195 reviews
June 20, 2025
Nação Crioula, de José Eduardo Agualusa, é um romance epistolar que cruza fronteiras geográficas, culturais e ficcionais. A partir das cartas escritas por Carlos Fradique Mendes, personagem emprestado da ficção de Eça de Queirós, o livro reencena o século XIX em um mundo lusófono alargado, onde Angola, Brasil e Portugal se entrelaçam não apenas pelo idioma, mas por tramas de poder, amor, escravidão e utopia. Fradique, um dândi viajante e idealista, relata sua amizade com Ana Olímpia Vasconcelos, ex-escravizada brasileira que se torna uma figura de poder e sedução em Angola. Criando um universo povoado por personagens reais e fictícios, Agualusa monta um mosaico histórico e literário que revisita as memórias coloniais e inventa novas possibilidades de pertencimento. Contudo, ao escolher a estrutura das cartas como principal forma narrativa, o romance também impõe certas limitações à exploração mais livre e profunda do universo que cria.


A criatividade de Agualusa é um dos elementos mais fascinantes do romance. Com uma habilidade, o autor angolano costura figuras históricas, como Eça de Queirós, Dom Pedro II e o revolucionário angolano Nzinga Mbemba; com personagens inventados, deslocando as fronteiras entre o real e o ficcional. A escolha de Fradique Mendes como protagonista é, em si, um gesto de ironia e reverência à tradição literária portuguesa. Agualusa resgata esse personagem de um experimento ficcional coletivo do século XIX para dar-lhe nova vida e novo contexto, transformando-o em narrador de uma história que transcende a Europa e coloca Angola no centro das tensões imperiais.


O que se revela nesse gesto é um desejo de reescrever a história a partir de outras margens. Se em muitos romances históricos o protagonismo recai sobre figuras brancas, masculinas e europeias, aqui vemos a emergência de Ana Olímpia: mulher, negra, ex-escravizada, rica e politicamente astuta. Embora conheçamos sua trajetória pelas palavras de Fradique, o que nos impõe certa mediação, sua figura ganha relevo e complexidade ao longo das cartas. Ana Olímpia representa uma espécie de nação possível: uma síntese de culturas, resistências e reinvenções. Sua ascensão em um mundo colonial parece uma provocação do autor à própria história oficial.


Contudo, a escolha por uma narrativa epistolar, embora engenhosa, também traz algumas limitações. O gênero das cartas, com sua voz única e seus recortes pessoais, pode estreitar o campo das nuances. O mundo de Nação Crioula é vasto, múltiplo, cheio de tensões entre colonizador e colonizado, entre o passado e a utopia, mas muitas dessas tensões ficam sugeridas, e não desenvolvidas. A correspondência de Fradique Mendes, por mais literária e aguda que seja, nos mantém dentro da perspectiva de um sujeito privilegiado, o que torna mais difícil acessar diretamente o olhar e a experiência dos outros personagens. Talvez por isso, o universo criado por Agualusa pareça, por vezes, mais uma alegoria bem desenhada do que uma realidade vivida com todas as suas contradições.


Ainda assim, o romance oferece momentos de grande beleza e densidade histórica. O cenário de Angola no século XIX, com suas transformações sociais e políticas, aparece com força nos detalhes: os portos, os escravizados recém-libertos, os senhores de terra, os agentes britânicos da abolição. O tráfico negreiro, já em processo de declínio, é retratado não só como sistema econômico, mas como trauma cultural e moral que atravessa os personagens. O Brasil também surge como um espelho da Angola e como parte dessa "nação crioula" maior, onde o português é o fio condutor de múltiplas identidades.


Essa ideia de “nação crioula” que dá título ao livro é um conceito fundamental. Mais do que um projeto político, trata-se de uma visão poética: uma comunidade imaginada, plural, mestiça, que rompe com as noções rígidas de pertencimento e celebra a mistura. A nação, aqui, não é delimitada por fronteiras, mas por afetos, memórias e línguas compartilhadas. A correspondência entre Fradique e seus interlocutores funciona como uma metáfora dessa rede que une os mundos lusófonos, ainda que com todas as assimetrias que essa união implica.


José Eduardo Agualusa, como autor, tem explorado em diversos de seus livros esse trânsito entre o real e o fabuloso, entre a história e a invenção. Sua escrita busca uma nova gramática para os países africanos de língua portuguesa, libertando-os dos moldes coloniais e propondo novas formas de se contar e de se conhecer. Em Nação Crioula, esse esforço aparece na própria estrutura do texto, que brinca com o tempo, com a veracidade dos documentos, com o cânone literário. A narrativa se afirma como ficção, mas também como desejo: o desejo de uma outra história, de uma outra Angola.


Ao mesmo tempo, é possível perceber no romance uma crítica sutil às utopias fáceis. Fradique Mendes é um personagem idealista, mas não ingênuo. Sua amizade com Ana Olímpia é atravessada por ambiguidades: ele a admira, talvez a ame, mas também a observa com certo distanciamento europeu. Ana Olímpia, por sua vez, domina um espaço que antes a oprimia, mas sua ascensão é vista com desconfiança pelos brancos e mesmo por alguns negros. A luta por liberdade e dignidade, portanto, não se faz sem tensões internas. A “nação crioula” não é uma terra prometida, mas uma construção difícil e inacabada.


Se há algo que o romance deixa como legado, é essa inquietação: o que nos une, afinal? A língua? A história? A memória? Ou seriam os afetos, as cumplicidades improváveis, as alianças que se constroem entre os que foram marginalizados pela história oficial? Ao fazer de uma ex-escravizada e de um aristocrata português os protagonistas de uma amizade duradoura e revolucionária, Agualusa parece apostar na potência das encruzilhadas, dos encontros improváveis, das cartas que viajam oceanos para costurar uma nova cartografia.


Nação Crioula é, portanto, uma ficção histórica e utópica, mas também um romance de ideias. Seus limites narrativos  impostos pelo formato epistolar e pela mediação de Fradique, não apagam sua força simbólica. Ao contrário: tornam mais evidente o desafio que é contar uma história onde vozes diversas se encontram e nem sempre se compreendem. Agualusa, ao revisitar o passado, nos oferece um espelho torto do presente e nos convida a imaginar futuros onde a mestiçagem, a escuta e a imaginação possam fundar outras formas de comunidade.


Nação Crioula: a correspondência secreta de Fradique Mendes, de José Eduardo Agualusa. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2010. 158p. Leitura de Junho.
Profile Image for Indira.
139 reviews7 followers
July 9, 2019
Angola.
The story revolves around the Angolan colonial society. The hypocrites, slave traders and malingers who lived. The slaves who did not think of freedom as the stones underwater do not think of rain. A society that was rife with miscegenation and where people traded cloth and wine for wretched humanity. A glimpse of Brazil and Angola as these were falling off the Portuguese's grips. What is interesting is the style of writing. The author takes us through the events and happenings of that age with a bunch of letters. And, the way he weaves humour into an otherwise chilling and sad situation is remarkable. - Not to forget - the poetry of words in the prose!
Profile Image for Dina Batista.
383 reviews14 followers
June 12, 2019
A historia de amor de Carlos Fradique e Ana Olimpia, contada através de cartas, mas também é a historia da Africa e do Brasil, de colonos e escravos, sociedade da Metrópole e sociedade das Colónias. Livro repleto de personagens coloridas e atrativas, tornando a historia ela própria colorida e cheia de vida, um pequeno tesouro. O meu primeiro livro de Agualusa mas não o último de certeza.
Displaying 1 - 30 of 75 reviews

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