Entre apontamentos de viagem e pormenores da sua vida, entre reflexões sobre a História e visitas a museus, entre comentários sobre as pessoas com quem se cruzou e críticas à burocracia europeia, Maria Filomena Mónica oferece-nos um olhar próprio sobre a Europa - a de ontem e a de hoje. Partindo de Portugal e passando por Espanha, conta-nos a forma como foi descobrindo o Continente para além dos Pirenéus: em Londres, Oxford, Paris, Roma, Florença, Berlim e, além de outros lugares, a cidade semi-europeia de São Petersburgo. A Minha Europa relembra o que tantas vezes tendemos a esquecer: o privilégio de se viver deste lado do mundo. «(...) por detrás da Europa padronizada - com apenas 60 anos - existe uma outra, a das grandes cidades e a das pequenas aldeias, a das nações antigas onde se fala uma única língua e a das cidades-estados com dialectos próprios, a dos povos que se sentem bem convivendo com gente diversa e a das regiões que não abdicam de ter uma cultura própria. «É nesta Europa que me sinto em casa.» «À minha maneira, sinto-me portuguesa e europeia. Gostava de pensar que a Europa saberá estar à altura dos valores que encarnou ou de que se reclama, mas, quando vejo o que se passa com os imigrantes, com o terrorismo e com a balbúrdia reinante na União Europeia, tenho dúvidas. Como escreveu Sá de Miranda, «Passam os tempos vai dia trás dia, / incertos muito mais que ao vento as naves».
MARIA FILOMENA MÓNICA nasceu em Lisboa, a 30 de Janeiro de 1943. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa, em 1969, e doutorou-se em Sociologia na Universidade de Oxford, em 1978. Colabora regularmente na imprensa. Entre outros livros publicados, é autora de «Eça de Queirós» (Quetzal, 2001), «Bilhete de Identidade» (Alêtheia, 2005) e «Cesário Verde» (Alêtheia, 2007). É investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Um livro de viagens ou um livro de história da Europa? Um conceito interessante que nos leva a conhecer um pouco das viagens da autora que nos acompanha com pequenas curiosidades da História da Europa. Nota-se o profundo conhecimento da autora relativamente aos temas que aborda. Certas temáticas requerem algum conhecimento prévio de História para podermos encaixar os assuntos nos sítios certos. Algumas partes são um pouco aborrecidas de ler, o que me fez saltar o capítulo de Inglaterra, por exemplo. Outras, mais empolgantes, fazem-nos ainda querer conhecer mais. Resumindo, é um livro interessante para quem gosta de aprender mais sobre a Europa, essencialmente como ela chegou até aos nossos dias. Não recomendado a quem tem poucas bases de História.
Apesar de incluir um capítulo que quase me fez desistir do livro -Florença - (poderá explicar-se também pelo meu desinteresse pela cultura italiana), bem como algumas posições/passagens de que nem sempre gostei, "A Minha Europa" é um livro surpreendentemente educativo, recheado de histórias e História do nosso continente, e conduzido pela narrativa muito pessoal - sempre fundamentada de forma imaculada - de uma autora que até hoje pouco conhecia (apenas tinha lido um ensaio - "A Morte" da FFMS). Um bom livro para quem tem curiosidade em conhecer um pouco mais desta nossa Europa, tão posta em causa nos dias que correm.
Adorei conhecer um bocadinho mais da Europa pela mão da Maria Filomena Mónica, uma pessoa com uma personalidade muito própria e uma cultura sem igual. A qualidade da sua escrita é do melhor que existe, muito clara e concisa, sem "rodriguinhos". 20 valores!
Não é bem claro qual o objetivo do livro: há capítulos que falam da cultura e dos espaços de lazer das cidades, e outros focam-se mais nas instituções de ensino ou de governo, dependendo de qual a finalidade da viagem da autora à cidade, mas como sempre vale pela cultura, sentido de humor e honestidade da autora.