Gregorio Duvivier, criador e actor da «Porta dos Fundos», publica pela primeira vez em Portugal. «Nem todo bom humorista é um bom cômico, nem todo bom comediante é um bom ator e nem todo bom roteirista é um bom cronista. O Gregorio Duvivier é tudo isso ao mesmo tempo e vice-versa. É econômico: você paga por um Duvivier e leva seis.» Luis Fernando Verissimo Neste livro, Duvivier transita magistralmente entre ficções, memórias de infância, exercícios de estilo, artistas que o influenciaram, a situação política esquizofrénica que se vive no Brasil e no mundo, sempre com um sentido de humor acutilante e provocador. O livro reúne crónicas publicadas no jornal Folha de S. Paulo entre 2013 e 2105. «Quatrocentos anos depois de Gregório de Matos, o Brasil produz outro magnífico Gregório de olhar igualmente poético e malandro, doce e satírico, melancólico e mordaz. É um país muito estranho.»Ricardo Araújo Pereira
Gregório Byington Duvivier é um ator, humorista, escritor, roteirista e poeta brasileiro. Ficou conhecido pelo seu trabalho no cinema e no teatro e, a partir de 2012, destacou-se como um dos criadores dos esquetes da série Porta dos Fundos, veiculada pelo Youtube.
É autor dos livros "A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora" , "Ligue os pontos - Poemas de amor e Big Bang" e "Put Some Farofa".Também assina uma coluna semanal na Folha de São Paulo.
É muito mau dizer que adoro o Gregório Duvivier? Já o conhecia da Porta dos Fundos e andava mortinha por meter as mãos neste livrinho de crónicas. Isto desde que o vi à venda em Óbidos e fiquei bastante triste por não ter um preço mais simpático.
Mas eis que chega a Feira do Livro de Lisboa e eis que este mesmo livrinho é Livro do Dia na Tinta da China. Livro do Dia é sinónimo de preço simpático e acessível. Comprei-o, pois então.
Quero já dizer que o recomendo. As crónicas são curtinhas, lêem-se bem e num instatinho. Umas dão vontade de rir, outras provocam apenas um sorriso, mas uma coisa é certa: são todas na mouche. E eu gostei mesmo muito.
Só tenho pena de não estar mais por dentro das questões políticas do Brasil, já que uma boa parte das crónicas giram à volta desses temas. Tirando isso, muito bom.
Agora só tenho vontade de meter as mãos nos outros livros deste senhor.
Este pequeno livro de crónicas de Gregorio Duvivier foi uma excelente escolha para o início de 2017 e um óptimo impulso para, finalmente, começar a ver de forma assídua a Porta dos Fundos.
As suas crónicas estão carregadas de um sentido de humor excepcional, enquanto nos conduzem por temas actuais, direccionados, sobretudo, para a situação política brasileira (fiquei com pena de não estar mais informada sobre a mesma, de modo a perceber certas piadas), mas são também sobre situações caricatas do quotidiano e aspectos mais pessoais da sua vida, sempre descritos com muita piada. Foi-me impossível não rir durante a maioria das crónicas, uma vez que Gregorio tem o sentido de humor que mais aprecio, consegue fazer uma piada de uma coisa perfeitamente banal, consegue apontar defeitos e fazer duras críticas sociais de forma leve, descontraída, fazendo-nos rir de nós próprios, por vezes. Recomendo vivamente.
O estranho é que, independentemente da sua orientação em relação à carne, não há quem não concorde que o vegetarianismo seria melhor para o mundo, seja do ponto de vista dos animais, ou do meio ambiente, ou da saúde, ou de tudo junto. O problema é exatamente esse: alguém fazendo alguma coisa lembra a gente de que a gente não está fazendo nada. Quando o vizinho separa o lixo, você se sente mal por não separar. A solução? Xingar o vizinho, esse hipócrita que separa o lixo, mas fuma cigarro. Assim é fácil, vizinho. Quem não faz nada para mudar o mundo está sempre muito empenhado em provar que a pessoa que faz alguma coisa está errada - melhor seria se usasse essa energia para tentar mudar, de fato, alguma coisa. Como diria a minha avó: não quer ajuda, não atrapalha.
Uma vez, vi o Zé Celso pedir a um jovem ator que não o tratasse por “o senhor”, mas por “você”. O ator disse que não conseguia porque tinha muito respeito por ele. E ele respondeu: “Não me interessa o respeito. O que me interessa é a adoração”. O espaço da arte não é o espaço do respeito, mas o espaço da subversão, ou então da reverência, do culto. Do respeito, nunca.
Uma colecção de crónicas sobre tudo, desde o amor, à política, à sociedade, às redes sociais, ao crime. Das que quase fazem chorar até às que fazem rir sem parar. Este é daqueles jovens escritores que nos fazem morrer de inveja, tal a qualidade da escrita e a facilidade com que as palavras que saem da mente do Gregório Duvivier. Quero mais, muito mais Gregório!
3 estrelas como apreciação pessoal, não por que duvide da qualidade das crónicas. Só achei que muitas crónicas continham referências que desconheço (e que muitos outros leitores portugueses também não devem entender), por isso não consegui apreciar metade.
Bom de ler. Escrita inteligente. Algumas 5⭐️ outras 3, na média 4. Tem algumas muito datadas e outras atemporais. A grande maioria muito bem escritas. Ri alto em algumas e me emocionei em outras.
Este é um livro de crónicas muito diversas publicadas no jornal Folha de S. Paulo entre 2013 e 2015 pelo Gregório Duvivier. Essa variedade reflectiu-se também na minha apreciação. Algumas mais interessantes, outras mais engraçadas, outras que pura e simplesmente não compreendi metade das referências porque são muito focadas na sociedade brasileira e no momento em que foram escritas...
Antes de mais nada, apesar de tudo valeu a pena ler, pois fiquei a conhecer melhor o Gregório, que muito admiro! Tenho-o acompanhado com imenso interesse ultimamente no Greg News, onde considero que faz um serviço fabuloso de denuncia e crítica, com o humor possível em situações que dão bem mais vontade de chorar que de rir. Então foi interessante conhecê-lo como escritor e saber mais sobre ele, sobre o seu percurso, os seus pensamentos, as suas ideias.
Se por um lado se nota uma grande criatividade, uma forte capacidade de comunicação, um enorme espírito crítico aliado a uma leveza de não se levar muito a sério que é refrescante e que eu esperava, por outro acontecia-me constantemente ter a sensação que estou a ler uma crítica a um filme que não vi e ficar completamente perdida relativamente a pessoas, lugares e sobretudo acontecimentos.
O facto do livro apresentar as crónicas sem qualquer referência à sua data de publicação não ajudou em nada a contextualizar o conteúdo, que frequentemente abordava assuntos claramente actuais à data da escrita. Não custava nada e ajudaria bastante. Portanto, o ponto mais negativo para mim foi a grande necessidade de contexto para perceber a maioria das crónicas e a minha clara falta de conhecimento do mesmo.
Esperava algo mais no estilo das crónicas da Folha de S. Paulo do Ricardo Araújo Pereira que li há pouco tempo e são muito mais genéricas, piscando ao de leve o olho à realidade brasileira ou a algum acontecimento do momento apenas esporadicamente. Aqui, sem conhecer bem a realidade brasileira e sem sequer data para me situar, as crónicas que eram muito focadas em particularidades do Brasil deixaram-me bastante perdida. Noutras delas deu para perceber pelo menos o sentido mais lato, embora algumas particularidades me tenham escapado. Outras, que foram as melhores para mim, eram pensamentos mais gerais e não sendo focados em detalhes foi mais fácil apreciá-los. De facto, algumas dessas crónicas que não exigiam conhecimento prévio estavam muito bem conseguidas. No entanto, foram infelizmente bem menos do que eu contava.
Em suma, é um livro interessante, porém sendo a minha leitura descontextualizada, não me permitiu apreciá-lo devidamente. Considero que para compreender a maioria das crónicas é necessário um conhecimento mínimo da realidade brasileira à data em que foram escritas, que eu não esperava ser necessário e claramente não tinha. Daí a minha experiência de leitura ter sido um pouco inconstante e, com pena minha, ter retirado menos dela do que esperava e do que seria possível.
Cada crónica é uma surpresa. Nunca sabemos o que a próxima página nos reserva, se é um texto normal, se é um diálogo entre personagens, se é uma lista de neologismos, uma anedota, uma carta aberta ou algo mais. O livro surpreende-nos do início ao fim. A criatividade é grande seja a falar do estado da política no Brasil, de relacionamentos, futebol, religião, família ou assuntos tão banais, como ovos e paus de selfie. São 235 crónicas divididas entre ficção e não ficção, entre crítica, sarcasmo, desabafos e homenagens. Algumas satirizam a a realidade que o envolve, enquanto outras são pura ficção, pequenas histórias com que Greg, e a sua mente genial, nos faz rir e refletir ao mesmo tempo. A forma com que escolhe passar a mensagem em cada uma, de forma tão inteligente e certeira, leva-nos a ler crónica atrás de crónica sem dar pelo tempo passar. Apesar de alguns temas serem datados, por falarem de acontecimentos políticos ou mundiais da época em que foram escritos (entre 2013 e 2015), outros são intemporais, sempre com um olhar crítico, perspicaz e humorístico sobre o mundo. Vale muito a pena ler!
Absolutamente impressionado com o Gregório. Confesso que, até esse livro, havia lido no máximo umas duas crônicas dele - uma delas sendo a famosíssima sobre a Clarice. Achava que não concordava politicamente com ele e pensava que suas crônicas fossem (quase) todas sobre política: eis que estava errado duas vezes. É bem difícil não concordar com ele politicamente - com pouquíssimas exceções - e a escrita deliciosa e por vezes hilariante dele é sobre tudo, tudo mesmo.
Que grande surpresa! 2017 começou com Michel Laub e Gregório Duvivier. Viva a língua portuguesa!
Enquanto fã da Porta dos Fundos, fiquei curiosa por ler estas "crônicas" (li-as com sótáquizinho brásilero, né?) e deliciei-me com esta "ova". Nunca provei caviar nem tenho grande curiosidade, mas disto gosto, pinceladas com acabam por compôr um retrato do Brasil comtemporâneo pintado por um tipo (quero dizer cara) com uma sensibilidade muito própria, com ideias que vão ao encontro das minhas, num tom crítico sempre bem-humorado.
“Crônica não tem nada a ver com opinião, não tem nada a ver com dados e porcentagens, não tem nada a ver com tentar convencer ninguém de nada. Quando a crônica faz isso, corre o sério risco de virar um artigo” (Fabrício Corsaletti)
A citação é do próprio Gregorio Duvivier, amigo de Corsaletti, e parece revelar bem a diferença que existe no estilo dos dois cronistas. Isto é, Gregorio até confessa que “raramente” faz crônica, no sentido que Corsaletti entende o gênero, diz até que “queria fazer mais”, mas ainda é como “crônica” que as suas coletâneas são vendidas. A orelha da mais recente delas, “Caviar é uma ova” (Companhia das Letras, 2016), tenta se livrar desse problema filiando o estilo dos textos de Gregorio a uma suposta categoria chamada “crônica política”, que englobaria textos como os de Machado de Assis e Carlos Heitor Cony.
De fato, Gregorio não dedica o seu texto aos passarinhos que porventura pousam em seu parapeito. O seu texto, geralmente, está profundamente vinculado à realidade política do país. Mas, ao contrário de Machado de Assis, que escrevia crônicas “políticas” com tal ironia que, ao final, o leitor se perguntava de que lado ele realmente estava, Gregorio deixa claras as suas preferências ideológicas. A sua ironia tem endereço certo e é sempre identificada pelo leitor. E a auto-ironia, tão típica do gênero, parece estar ali, sobretudo, para mostrar que ele é humano como nós e por isso talvez o seu discurso faça mais sentido.
Afinal, é preciso que faça sentido, pois Gregorio quer convencer o leitor. O resultado é que, como previsto por Corsaletti, com muita frequência a crônica de Gregorio se assemelha a um artigo, sendo a crônica responsável apenas pelo ar engraçadinho do texto. É verdade que o seu texto é bastante revelador dos assuntos e das tendências em voga na sociedade, sobretudo nesses tempos de redes sociais, e que ele de fato pode ser visto como um cronista “do seu tempo”, mas isso teve como pena diminuir a dimensão literária daquilo que escreve. Parece que nesta seleção ele já não está mais tão inventivo quanto esteve em seu primeiro livro de crônicas, apesar de algumas experimentações (há crônicas de uma frase só).
E Gregorio é realmente bastante criativo, algumas piadas com que salpica as suas crônicas são realmente muito boas, mas elas não conseguem sustentar um texto que é predominantemente ideológico. Também é curioso que, nessa defesa de posições, ele às vezes tenha que se ver à volta com divergências entre as pessoas com que teoricamente concordaria. É o risco de quem opina bastante, mais cedo ou mais tarde irão aparecer as diferenças . A um espírito mais independente, é possível que a reclamação de Gregorio de que há certezas demais no Brasil pudesse abranger também as suas crônicas. E pode ser bem difícil que, dessa maneira, ele consiga convencer alguém que já não estivesse previamente convencido.
Poderia ser o caso de que, mesmo essencialmente política e opinativa, a crônica de Gregorio se inscrevesse na extraordinária tradição de um Nelson Rodrigues. Mas isso só seria possível com um estilo marcadamente forte e envolvente. Em Gregorio, a opinião ainda parece pesar mais do que o estilo.
Às vezes, no entanto, Gregorio também se cansa de falar em política e, em termos de crônica, é quando ele se sai melhor. Tem um fetiche especial por palavras, seus usos e significados, o que pode render bons textos. Gosta de falar também dos parentes, dos amigos, da ex-mulher e, nesses instantes, ele chega quase a ser lírico. Mas é certo que, se fossem apenas esses os textos, o seu sucesso seria bem menor.
Coleção de brevíssimas crónicas (lêm-se no tempo de um café), de qualidade muito variável, da autoria de um dos fundadores do célebre coletivo Porta Dos Fundos. Um olhar muito politizado, poético e, claro, bem humorado sobre o Brasil na transição de Dilma Roussef para o pós impeachment, a versar sobre as idiossincrasias e estereótipos de um povo, a cacicagem dos media ou a mafia religiosa, mas também sobre o amor em tempos de carnaval e sobre o próprio autor num saudável registo auto derisório. Vale a pena espreitar.
Que Gregório é foda pra cara* todo mundo já sabe, né?! Mas esse livro eu devorei de um jeito especial. À medida que fui lendo, fui selecionando possíveis crônicas para utilizar durante as aulas, tamanha genialidade e pela escrita leve, certeira, sarcástica e cheia de referências.
Gregório, se estiver lendo isso: espero que não se importe em vocês (seus textos e você) serem utilizados nas minhas futuras aulas.
Gregório é engraçado, crítico, escreve bem. Tudo que eu sabia sobre política aos 16 anos aprendi com ele nesses crônicas. Lendo Caviar é uma Ova me pergunto o que aconteceria com as aulas de história se fossem pautadas na leitura de crônicas. Magias aconteceriam. As crônicas que mostram a face de quem certamente fez uma graduação em letras, são uma graça. Não dei uma última estrela porque as vezes têm umas piadas de tio, mas faz parte do charme.
Já acompanhava o Duvivier na coluna da Folha antes, então já achei q comecei com uns 20% lidos. Foi bom relembrar algumas das crônicas. Faltou contudo uma melhor organização da edição - não sei as datas em que as crônicas foram publicadas. Será q são sequenciais? De que mês estamos falando? Talvez valesse ter esse cuidado pra ajudar o leitor.
Admiro muito o Gregório Duvivier em tudo o que faz, da Porta dos Fundos ao Greg News, dos sonetos às crónicas. Esta colectânea, embora datada, é muito actual, a prova de que vivemos em ciclos que se vão repetindo. São crónicas cheias de ritmo, bem escritas, sempre pautadas pelo bom humor. A minha preferida foi "Meus pais"!
Outro livro que eu quero comprar pra um monte de gente querida. Falando dos folgados, dos benjamins, das redes sociais, de ser tachado de petista, de Carnaval, de vergonha alheia e própria, me vi querendo ter escrito esses textos, ser vizinha dele pra dizer o qto adorei.
Gosto do Gregório e gostei dessa leitura, mas talvez por acompanhar o autor em diversas mídias tive a impressão de já ter visto o conteúdo do livro em outros lugares. Talvez, o conteúdo do livro sem a fama do Gregório não tivesse feito tanto sucesso.
Textos de grande qualidade, que confirmam a qualidade de Duvivier enquanto cronista. O título encaixa na perfeição com o conteúdo do livro, que nos faz reflectir sobre atitudes que devem ser pertença de toda a sociedade civil e não exclusivas de determinadas orientações políticas.
É um livro "ok" de crônicas. Gregorio faz algumas piadas boas, e muitos de seus apontamentos sobre a elite brasileira é algo que defendo. Minha nota, no contexto, é boa. Eu não amei o livro, mas também não odiei. Foi de boa.
É um livro leve e divertido. As melhores crônicas do Gregrorio são as pessoais & afetivas. É ali que o texto do Greg domina o jogo do discurso e consegue ser mais profundo, penetrante e transformador.
Algumas crônicas geniais, outras nem tanto, na média, 4 merecidas estrelas. Um domínio invejável da nossa língua; sou vegetariano mas esse caviar dá gosto.
Eu gostei das cronicas, o estilo de escrita e a tematica foram interessantes 80% das vezes, nas outras ou foram repetidas.
Meu grande problema com o livro é que falta um trabalho de curadoria, já que são todas cronicas publicadas no jornal ou não, seria muito interessante saber quando foi publicado e onde ... isso inclusive é de estrema relevância considerando que são discutidos assuntos do dia e as vezes eu precisei de ajuda para entender o contexto.
Outro grande problema é a falta de organização do livro, sem datas, sem agrupamento por assunto, sem comentários faz com que o livro seja um grande catadão
Livro de muito fácil leitura, com pequenas histórias de 2/3 páginas. Divertido e com críticas à sociedade, em particular a Brasileira. Também critica bastante o mundo da política, sempre de forma cómica. Dá que pensar ao mesmo tempo que faz rir. Bastante bom!