(...) Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija
("Versos íntimos" – 1901)
Augusto dos Anjos (1884-1914) foi ignorado pela crítica do começo do século. Se alguma exceção se abriu, foi para reputá-lo como autor de versos estapafúrdios e aberrantes. Nas décadas seguintes acabou reconhecido como um dos mais admirados e originais poetas brasileiros. Este volume inclui Eu (1912), único livro publicado em vida, e outras poesias publicadas de maneira esparsa. Augusto dos Anjos é, certamente, o precursor da moderna poesia brasileira, poesia esta que daria seu voo somente em 1922, na célebre Semana da Arte Moderna.
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos was a Brazilian poet and professor. His poems speak mostly of sickness and death, and are considered to forerun the Modernism in Brazil.
Augusto dos Anjos é considerado um dos nossos grandes poetas, mas a imagem que ficou associado ao seu nome foi a da morbidez, de um autor que fazia poesias sobre cadáveres em putrefação. Na verdade, ele foi um dos poetas mais honestos que já existiu pois tratou claramente do tema recorrente de 90% da literatura mundial: a morte.
Acho que alguém já disse que a morte é o único tema relevante para um escritor. Outro, quem sabe o mesmo, disse que a única questão relevante era se um homem devia se suicidar ou não. É interessante pois a única certeza que temos, e nem Cristo escapou deste destino, é que um dia morreremos; trata-se da essência da condição humana.
A certeza da morte e a perspectiva que esta certeza tem sobre nossas vidas é o tema que atravessa toda a poesia de Augusto dos Anjos. Que sentido tem nossas dores, esperanças, amores, decepções se no fim encontraremos a morte? É o que o poeta tenta nos instigar com Eu e Outras Poesias.
Talvez Asa de Corvo seja o soneto que melhor exemplifica a temática de Augusto dos Anjos. Nele, Augusto usa a imagem da asa de um corvo sobrevoando uma casa para nos dar a idéia de que a morte está sempre nos acompanhando, esperando a hora certa de descer sobre nós.
"É com essa asa extraordinária Que a Morte – a costureira funerária _ Cose para o homem a última camisa!"
A poesia triste, e muitas vezes sem esperança, de Augusto dos Anjos nos lembra da fatalidade do nosso destino e dos contrastes que estabelece sobre nossas vidas.
"Às alegrais juntam-se as tristezas, E o carpinteiro que fabrica as mesas Faz também os caixões do cemitério!…"
Se muitas vezes faz a descrição minuciosa de corpos em decomposição é para mostrar que como matéria temos o destino selado. Do pó viemos e ao pó voltaremos. Sim, seremos comidos pelos vermes. Mas quem efetivamente servirá de alimento? Nossa própria identidade ou apenas o veículo de nossa existência corporal?
Trata-se da pergunta que pode definir nosso mode de viver, de como encarar a existência. É o que a poesia de Augusto dos Anjos tenta despertar em nossa consciência. Como encaramos a morte? Como a enfrentamos? Como ela interfere em nossa vida? Se nunca pensamos sobre isso, talvez seja a hora.
Provavelmente vou parecer a pessoa mais pretensiosa mas é uma das minhas obras favoritas. Não tem um elemento que não seja gótico, puro sentimento e como eu mesma, Augustinho tinha uma obsessão pela morte; incrível. Prosas absurdamente bonitas e com muito sentimento, amoh.
O MAIOR gótico que já tivemos!!!!!! Hirto, esquálido, decrépito, sorumbático!! Na moral, a gente devia aprender a adjetivar com Guto. Os poemas são MUITO engraçados, é realmente incrível o humor que vem com a consciência profunda e latente da sua própria morte. Também achei massa os poemas anti escravagistas. Me pegou de surpresa e adorei. Augusto dos Anjos claramente encontrou um macetinho pra escrever seus sonetos. Acho divertida a escolha de sonetos pra falar apenas de moribundo kk, mas chega uma hora que você saca os truques. Talvez outras formas dessem um frescor pros poemas. De qualquer forma, diversão garantida. E UM BEIJO pros vermes que comeram o corpinho que decidiu que esses poemas sobre defunto se chamariam EU kkkkkkk 10/10
Dando essa nota só porque poesia realmente não é pra mim não sei porque eu ainda tento! Mas algumas são clássicas e bem bacanas (apesar da profunda depressão tristeza e desesperança do Augusto dos Anjos)
Primeiramente lamento como é ruim que esse autor tenha feito apenas esse livro e lamento também como a editora estragou o título. Eu gosto da escrita dele, é marcante e original, mas confesso que muitas vezes os poemas estavam repetindo temas e de uma forma meio forçada o que o deixou um tanto monótono; entretanto, impossível não se surpreender com o poema A Árvore da Serra, um dos meus preferidos porque a maestria dele no ofício da escrita ficou, a meu ver, comprovada por completo por intermédio de cada palavra ali escrita...
Eu não tenho o costume de ler muitas coisas em português, não que eu não ache que nossa literatura seja boa e sim porque eu nunca encontrei livros que me prendessem. Comecei a ler esse livro por recomendação do meu chefe, "você é bem mórbida, vais gostar de seus poemas", ele disse. Ele estava certo. Augusto dos Anjos escreveu poemas que, por mais que sejam mórbidos, tratam de assuntos que nenhum escritor trata e de uma forma bem verdadeira. A única coisa ruim sobre ele é só ter escrito esse livro.
Augusto dos Anjos foi bastante original ao utilizar elementos do simbolismo e introduzir novos a partir das ciências naturais ("biopoemas"). Morreu aos 30 anos com uma infeção respiratória e os sintomas estão presentes na sua obra como parte dos constrangimentos da existência. Embora algumas passagens sejam muito dramáticas ou unilaterais, outras são espetaculares. Recomendo, é um dos meus autores preferidos
Os poemas em geral são bons, gostei de vários mas achei os temas um pouco repetitivos... chegou um ponto do livro em que eu estava tipo: “Quantas vezes ele vai repetir essa palavra??” ou então “eu já não li um poema sobre isso há algumas páginas atrás?”
Ao mesclar Realismo, Naturalismo e Simbolismo sem curvar-se a informalidade e desformidade do, ainda por vir, modernismo, Augusto dos Anjos compreende em linguagem o sublime no monismo de substância, na morte e no sofrimento dos seres orgânicos.
Um ótima obra em que o autor,Augusto dos Anjos,correlaciona elementos góticos,com rimas ricas e elementos científicos.Mesmo que a parte final não tenha me agradado tanto,acredito que qualquer bom leitor gostará muito desse livro
eu e outras poesias- augusto dos anjos tudo de bom. os poemas que misturam misticismo e decadentismo com linguagem científica são perfeitos assim como eu lembrava que eles eram. eu tava precisando mesmo ler livros de poesia. em 2021 li bem mais desse gênero do que em 2022.
Infelizmente, o livro em si não é perfeito: a terceira parte com poemas do início da vida do augusto dos anjos é mais fraca; é bem parnasiana em temas e estrutura, ou seja: chata.
seja como uma substância ínfima (monólogo de uma sombra) ou como viajante de um local já condenado (as cismas do destino) o que Augusto dos Anjos fizera em apenas um livreto é coisa para se admirar! É como se Camus fosse versificado frente à realidade humana (brasileira também). Com certeza, meu livro favorito sobre a vida, sobre a morte e, por que não?, sobre poesia!
Augusto dos Anjos carrega em sua poesia temas mórbidos que vem com a morte. São versos sombrios que te deixa sem fôlego. Achei a linguagem um pouco complicada mas nada que afetasse o entendimento do que ele queria dizer.
Um dia eu li em algum lugar que poesia é feita pra se ler em voz alta, mastigando e sentindo cada palavra, rima, aliteração e anáfora. O poeta da morte nos causa toda espécie de sentimento ao declamar seus versos. Rebuscado e cru, Augusto é meu favorito.
Poesias com palavras muito desconhecidas. Dava pra ficar sem entender nada da poesia de tanto vocabulário diferente. Acabei não conseguindo gostar dessa leitura.