Em 'Batismo de sangue', Frei Betto compartilha suas descobertas recentes sobre as circunstâncias da morte de Carlos Marighella, líder da Ação Libertadora Nacional (ALN) assassinado em 1969. Fica ainda mais forte a tese de que aquele crime fora planejado de modo a não apenas eliminar o maior inimigo do regime militar, mas também jogar a esquerda contra os frades dominicanos, enfraquecendo a oposição à ditadura. Do dia para a noite, os religiosos passaram de colaboradores da guerrilha a traidores, graças a uma farsa muito bem tecida pelo Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops). Um dos eixos mais fascinantes de 'Batismo de sangue' é a história de como os frades da Ordem dos Dominicanos davam apoio logístico à ALN. Numa época em que marxismo era também sinônimo de ateísmo, a população não poderia sequer sonhar com a hipótese de que os inimigos do regime encontravam apoio naqueles insuspeitos religiosos católicos. Como conciliar fé cristã com ação política revolucionária? Esta é uma das questões que Frei Betto elucida neste livro. Também colabora para a importância de 'Batismo de sangue' a denúncia dos métodos de tortura utilizados pela polícia naquela época.
Frei Betto, born 1944, is a Brazilian writer, political activist, liberation theologian and Dominican friar. He was imprisoned for four years in the 1970s by the military dictatorship for smuggling people out of Brazil. In addition to work on eliminating hunger in Brazil, Frei Betto is involved in Brazilian politics. He worked for the government of President Lula da Silva as an advisor on prison policy and child hunger.
Talvez o livro mais pesado que já li. Escrito por um padre humanista, perto e longe, longe e perto, a narrativa afasta e aproxima a navalha da nossa carne, nos colocando ao lado dos que sofreram com a repressão da ditadura militar brasileira. A imagem do telefone tocando na editora 'subversiva', a narração do assassinato de Carlos Marighella... apenas leiam.
Não estava esperando que esse livro fosse me impactar tanto quanto de fato o fez. Não conhecia ainda a escrita de Frei Betto, apenas tinha visto alguns de seus títulos e sabia que era um escritor, padre, progressista. Nesse livro, esperava encontrar uma descrição minuciosa da guerrilha travada pelo revolucionário Carlos Marighella e tive minhas expectativas tanto traídas quanto realizadas. Por um lado, Frei Betto realmente descreveu a guerrilha que Marighella travou enquanto militante da ALN; por outro, este livro se organiza principalmente como um livro de memórias do autor, que focou em grande parte na perseguição que ele próprio e outros padres sofreram na ditadura militar brasileira. Erro de principiante meu esperar algo de um livro - livros são o que são, não o que se espera que sejam -, mas, nem de longe isso desqualifica a leitura, muito pelo contrário: é isso que torna esse livro tão emblemático.
Primeiramente, tratando sobre a guerrilha e morte de Carlos Marighella, Frei Betto faz uma boa descrição dos momentos de tensão e terror que se abatiam sobre o país naqueles anos obscuros. A narrativa não é traçada de maneira linear, e o autor muitas vezes avança, retrocede, fala de algo contemporâneo, ou contextualiza uma informação. Isso tudo é feito de maneira bem dinâmica, de modo que o leitor não se perde e consegue organizar todas as informações. O foco narrativo não se encontra apenas na figura de Marighella, mas principalmente na guerrilha travada pela ALN como um todo - e, como fosse Marighella o líder do grupo, ele ganha destaque. Frei Betto trata de vários militantes perseguidos, torturados e mortos. Na descrição da morte de Carlos Marighella, trabalha com perfeição, trazendo os momentos finais do revolucionário, e apresentando, no julgamento que descreve, os questionamentos necessários para que se esclareça a morte do guerrilheiro.
O ponto chave do livro, a meu ver, não é a morte e luta travada por Marighella, mas a descrição que Frei Betto faz sobre os padres, seus colegas e amigos, perseguidos na Ditadura. Também descreve sua própria perseguição e prisão, mas é contando as agruras sofridas no porão do DEOPS que Frei Betto brilha. Muito de sua visão do cristianismo, construída em cima da Teologia da Libertação, é apresentada aqui, pois foi em muitos momentos naquele período histórico colocada em xeque - como se fosse prova da subversão dos padres. Jesus tinha mesmo um quê de subversivo - afinal, foi morto por desafiar as estruturas de poder engessadas na religião judaica. Mas a descrição do Batismo de Sangue, momento ápice da obra, que também a nomeia, prova o porquê da obra valer a pena ser lida - pelo menos na minha visão.
"Batismo de Sangue" é realmente um livro incrível, muito embora possa trair as pobres expectativas de seus desavisados leitores. Não coloco seu momento ápice, descrito dessa forma nessa breve resenha, como modo de constranger leitores não-cristãos de que o livro só vale a pena por esse momento. Nada disso. O livro é uma obra que passarei a recomendar a partir de agora, porque não ignora um fato que foi a perseguição de frades católicos que ajudaram a lutar contra o regime militar - escondendo guerrilheiros, guardando armas, entregando mensagens, e sendo voz ativa de denúncia. Entretanto, é de se esperar que haja algo de cristão em um livro escrito por um padre. Cumpre o que não promete e, por isso, por não ser óbvio, é, de fato, uma obra prima.
o livro já abre com uma pedrada: Frei Betto narra um jogaço entre Corinthians e Palmeiras, perturbado no intervalo por uma voz metálica que anuncia para o Pacaembu lotado: o terrorista Carlos Marighella foi morto. o texto do Betto é excelente, a pesquisa é impressionante e as personagens são maravilhosas: frades socialistas que renderam suas vidas pelo evangelho e pela libertação (que não são duas coisas diferentes). TCC tá valendo a pena já pelas leituras e entrevistas.
"Retiro da maldição e do silêncio, e aqui escrevo seu nome de baiano: Carlos Marighella." Jorge Amado
Nesse relato sobre a luta de Marighella, de outros companheiros e de sua própria, Frei Betto reconstrói momentos importantes de nossa história, assim como nos mostra a coerência entre o cristianismo e a esperança e luta por uma sociedade mais justa.
Η καταστολή και η βία που ασκούσε το βραζιλιάνικο στρατιωτικό καθεστώς τη δεκαετία του 60, μέσα από τις εμπειρίες ενός νεαρού Δομινικανού μοναχού και φοιτητή. Λίγο μπερδεμένο στην αφήγηση και με ατελείωτη παρέλαση ονομάτων και οργανώσεων σε κάποια σημεία.
Um dos melhores livros que já li. Durante a leitura, é difícil não se emocionar com o duro relato de Frei Betto. Essencial para compreender a atuação da igreja católica no combate à ditadura militar.