[GRAVAÇÃO 0] Foi assim. A Ema (uma miúda brilhante) e o Baltazar (um puto meio totó) andavam entretidos na sua vidinha quando lhes aconteceu uma coisa inacreditável e foram os dois parar a um sítio longínquo onde conheceram uma pessoa estranhíssima. Pronto! [...]
— É suposto, isso ser uma sinopse da história, Ema? — Não, é a letra de um fado! Claro que é a sinopse, Baltazar. Não foi o que me pediste para fazer? — Eu não te pedi nada. Tu é que me roubaste o dictafone. Eu até já tinha pensado numas palavrinhas para dizer. — Esta badana não tem espaço para as tuas palavrinhas, Baltazar. — Mas não podemos contar só o que tu contaste. Assim não se percebe nada. — Se alguém quiser saber mais, lê o livro. Está lá tudinho! — Deixa-me falar pelo menos na cartola. — Não! — És muito antipática! — É o que se arranja!
** Viagens de Chapéu venceu o Prémio Maria Rosa Colaço 2014, na modalidade infantojuvenil. **
Divertida, original na estrutura e nos pontos de vista adotados, esta novela juvenil combina elementos dos universos realista e fantástico, sem passar ao lado das questões e dos interesses da faixa etária a que se destina preferencialmente.
Viagens de Chapéu é um livro voltado para um público mais juvenil, centrado em duas personagens jovens que contam a aventura que os levou a conhecerem-se. Baltazar encontrava-se numa exposição de ciências quando encontrou um manequim de madeira com uma cartola que prontamente experimenta. Com Ema aconteceu algo semelhante, mas na quinta dos avós.
Ao invés de vulgares chapéus encontraram transportes aéreos que o levam a uma ilha onde vive uma inventora indecisa que, por não saber o que fazer, constrói sempre objectos com duas funções numa combinação impensável e pouco útil. Os meninos depressa se afeiçoam a tão estranha personagem.
As duas crianças vivem uma aventura quase impossível, transportadas (não para um reino mágico como é habitual) mas para um local carregado de fascinantes objectos, fazendo com que a história tenha pormenores engraçados e imaginativos. É, no entanto, um pouco mais condescendente do que seria necessário, mesmo tratando-se de um livro destinado a um público mais jovem.