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Insubmissas Lágrimas de Mulheres
A antologia Insubmissas lágrimas de mulheres é composta de 13 contos, cujas histórias têm como protagonistas mulheres negras. De dentro da cena, vozes-mulheres explicitam suas dores, anseios, temores, mas, antes de tudo revelam a imensa capacidade de se retirem do lugar do sofrimento e inventarem modos de resistência. Uma intima fusão entre as personagens, a voz ficcional de quem apresenta essas personagens e a autora, marca o processo criativo dos textos e afirma o projeto literário de Conceição Evaristo, o de traçar uma escrevivência.
Paperback
Published January 1, 2011
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861 people want to read
About the author
Conceição Evaristo
35 books613 followersConceição Evaristo was born in a slum in the south of Belo Horizonte, Minas Gerais / Brazil. She had to reconcile her studies with work as a domestic worker, until she completed her first years of study in 1971, at the age of 25. She then moved to Rio de Janeiro, where she passed a public competition for teaching and graduated in Letters at UFRJ.
In the 1980s, she contacted Grupo Quilombhoje. She debuted in literature in 1990, with works published in the series Cadernos Negros, published by the organization.
She holds a Master's degree in Brazilian Literature from PUC-Rio, and a PhD in Comparative Literature from Universidade Federal Fluminense (UFF).
Her works, in particular the 2003 novel Ponciá Vicêncio, address themes such as racial, gender and class discrimination. The work was translated into English and published in the United States in 2007. She currently teaches at UFMG as a visiting professor.
In the 1980s, she contacted Grupo Quilombhoje. She debuted in literature in 1990, with works published in the series Cadernos Negros, published by the organization.
She holds a Master's degree in Brazilian Literature from PUC-Rio, and a PhD in Comparative Literature from Universidade Federal Fluminense (UFF).
Her works, in particular the 2003 novel Ponciá Vicêncio, address themes such as racial, gender and class discrimination. The work was translated into English and published in the United States in 2007. She currently teaches at UFMG as a visiting professor.
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Community Reviews
Displaying 1 - 30 of 78 reviews
April 11, 2023
4.25/5
Muito muito bom. Recomendado pela livreira Marília da livraria da Travessa, este é daqueles livros potentíssimos sobre a força da mulher.
Muito forte (tem violência) mas muito bom. Recomendo vivamente.
Já escrevo algo composto
Muito muito bom. Recomendado pela livreira Marília da livraria da Travessa, este é daqueles livros potentíssimos sobre a força da mulher.
Muito forte (tem violência) mas muito bom. Recomendo vivamente.
Já escrevo algo composto
April 1, 2019
Conceição Evaristo mais uma vez abala minhas estruturas. O primeiro livro que li dela foi Olhos D'água que me deixou tonta.
Insubmissas lágrimas de mulheres não é tão soco no estômago, mas ainda assim me revirou. Li o livro muito rápido, não só porque é pequeno, mas porque a autora nos amarra de um jeito difícil de se soltar. Cada causo é levado pelo outro que é levado pelo outro... Histórias de mulheres insubmissas em um mundo que tem como regra subjugar mulheres.
O livro só não é mais incrível por conta dos erros de revisão que encontrei.
Insubmissas lágrimas de mulheres não é tão soco no estômago, mas ainda assim me revirou. Li o livro muito rápido, não só porque é pequeno, mas porque a autora nos amarra de um jeito difícil de se soltar. Cada causo é levado pelo outro que é levado pelo outro... Histórias de mulheres insubmissas em um mundo que tem como regra subjugar mulheres.
O livro só não é mais incrível por conta dos erros de revisão que encontrei.
February 21, 2024
Conceição escreve bonito demais.
September 12, 2017
Esse livro não é uma coleção de contos.. é um apanhado de causos contados por uma mineira, claramente. Inclusive desconfio que as personagens também são mineiras.. hehe É tudo nesse clima de quem acabou de passar um café, e fez um bolo, e te recebe em casa.
Mas não se deixe enganar, os causos são bem fortes. Uma coisa que achei interessante (e não me culpo) é que ao imaginar essas mulheres sempre começava imaginando elas brancas. E aí vinha um black power, vinha uma pele diferente,..
Várias daquelas situações eu nunca tinha imaginado, isso foi o que mais gostei no livro. Ser humano é realmente complexo.
Mas não se deixe enganar, os causos são bem fortes. Uma coisa que achei interessante (e não me culpo) é que ao imaginar essas mulheres sempre começava imaginando elas brancas. E aí vinha um black power, vinha uma pele diferente,..
Várias daquelas situações eu nunca tinha imaginado, isso foi o que mais gostei no livro. Ser humano é realmente complexo.
June 23, 2021
Esse livro é tudo.
July 3, 2021
Conto que mais gostei: Rose Dusreis
Conto que menos gostei: Isaltina Campo Belo
Conto que menos gostei: Isaltina Campo Belo
May 24, 2020
eu nem sei como usa o goodreads mais. faz tanto tempo que eu não entro aqui, né?
resolvi recomeçar. queria apagar todos os lidos lidos. a fresh start ou qualquer baboseira nesse sentido. mas não teria paciência e todos esses 330 lidos contam alguma história de quem fui, mesmo que não seja a história de quem sou.
recomeço com a leitura que devorei: insubmissas lágrimas de mulheres é também o contar de história de tantas mulheres que vieram e foram. tantas que somos. fácil de ler, poético de maneiras que só a conceição evaristo consegue ser ao descrever o dia-a-dia. falta alguma coisa nele... acho que é a vontade de conhecer melhor as mulheres que são apresentadas em pequenos contos, ou as mulheres que também aparecem mas que não são as protagonistas - como aurora ou saíba. me vi refletida em várias mulheres. pinceladas de quem somos, principalmente quando se trata de mulheres negras, não é mesmo?
marcado de frases bonitas demais que sintetizam bem o que é ler esse livro - tanto que não é possível não reproduzir pelo menos uma aqui:
"como pintar a concretude da solidão de uma mulher? como pintar a concretude da soledad humana?"
não foi meu primeiro livro do ano, obviamente. vou tentar preencher essas lacunas aos poucos. acho que mais vale a tentativa.
resolvi recomeçar. queria apagar todos os lidos lidos. a fresh start ou qualquer baboseira nesse sentido. mas não teria paciência e todos esses 330 lidos contam alguma história de quem fui, mesmo que não seja a história de quem sou.
recomeço com a leitura que devorei: insubmissas lágrimas de mulheres é também o contar de história de tantas mulheres que vieram e foram. tantas que somos. fácil de ler, poético de maneiras que só a conceição evaristo consegue ser ao descrever o dia-a-dia. falta alguma coisa nele... acho que é a vontade de conhecer melhor as mulheres que são apresentadas em pequenos contos, ou as mulheres que também aparecem mas que não são as protagonistas - como aurora ou saíba. me vi refletida em várias mulheres. pinceladas de quem somos, principalmente quando se trata de mulheres negras, não é mesmo?
marcado de frases bonitas demais que sintetizam bem o que é ler esse livro - tanto que não é possível não reproduzir pelo menos uma aqui:
"como pintar a concretude da solidão de uma mulher? como pintar a concretude da soledad humana?"
não foi meu primeiro livro do ano, obviamente. vou tentar preencher essas lacunas aos poucos. acho que mais vale a tentativa.
August 5, 2021
Depois que a Elvira Vigna faleceu demorei um tempo para cicatrizar o fato que minha autora brasileira viva preferida deveria passar o cetro para uma outra, passado esses anos degustando das mais variadas literaturas feitas por mulheres, acho que Conceição Evaristo é hoje minha autora Brasil viva favorita. Explico o porquê.
Evaristo escreve com uma prosa poética que me é muito cara, mas que vai além da questão estética, ela também resvala na ética e sentimentalmente é bastante madura em expor nossos corações sem nunca descambar para pieguice.
Uma autora completa, fazendo bom uso do cérebro e coração.
Esse mês o @filosofiaemperspectiva irá discutir o sei Insubmissas Lágrimas de Mulheres, um livro em que Evaristo descreve histórias de mulheres reais com sua habitual prosa poética e nos comove como ninguém.
Evaristo escreve com uma prosa poética que me é muito cara, mas que vai além da questão estética, ela também resvala na ética e sentimentalmente é bastante madura em expor nossos corações sem nunca descambar para pieguice.
Uma autora completa, fazendo bom uso do cérebro e coração.
Esse mês o @filosofiaemperspectiva irá discutir o sei Insubmissas Lágrimas de Mulheres, um livro em que Evaristo descreve histórias de mulheres reais com sua habitual prosa poética e nos comove como ninguém.
February 1, 2023
Uma perfeita coletânea de contos esse livro, com todos os requisitos que diria serem essenciais para uma perfeita coletânea de contos: os temas dialogando, o estilo similar, um mesmo microcosmo circular. Amei os títulos com nomes das protagonistas, o caráter confessional, quase que matéria jornalística, e a força e dor impregnada nos temas. Estupro, morte, racismo, machismo, maternidade, luto. "Isaltina Campo Belo" muito me encantou com seu final esperançoso e sua sutil abordagem da homossexualidade. O título não poderia ser mais preciso: insubmissas lágrimas de mulheres. Atenção ao "insubmissa": tudo que temos aqui são mulheres fortes e sobreviventes, navegando por um mar de violência e repressão, mas jamais esquecidas. Pois suas histórias estarão para sempre aqui.
July 4, 2023
Conceição Evaristo é uma figura inspiradora que temos a oportunidade de acompanhar em vida. Sua sabedoria, expressa em palavras densas e uma fala calma, nos ensina conceitos ancestrais, transmitidos ao longo do tempo. Entrar em contato com sua obra é como resgatar uma prática ancestral dos griots, aqueles que, por meio da oralidade, transmitiam histórias significativas.
No livro "Insubmissas lágrimas de mulheres", Conceição nos presenteia com 13 contos protagonizados por mulheres negras. Através dessas histórias, vozes femininas emergem para expressar suas dores, desejos e medos, revelando uma notável capacidade de superar o sofrimento e criar formas de resistência.
As personagens se tornam (re)criadoras de suas próprias jornadas, rejeitando as imposições de uma construção histórica marcada pelo machismo e patriarcado. Em cada conto, as protagonistas apresentam estratégias que as ajudam a enfrentar os desafios.
Existe uma íntima fusão entre as personagens, a voz ficcional que as apresenta e a própria autora, o que evidencia o processo criativo dos textos e reafirma o projeto literário de Conceição Evaristo, que busca traçar uma escrevivência, onde literatura e vida se fundem em uma só voz que encanta e engaja.
Obrigado, professora!
No livro "Insubmissas lágrimas de mulheres", Conceição nos presenteia com 13 contos protagonizados por mulheres negras. Através dessas histórias, vozes femininas emergem para expressar suas dores, desejos e medos, revelando uma notável capacidade de superar o sofrimento e criar formas de resistência.
As personagens se tornam (re)criadoras de suas próprias jornadas, rejeitando as imposições de uma construção histórica marcada pelo machismo e patriarcado. Em cada conto, as protagonistas apresentam estratégias que as ajudam a enfrentar os desafios.
Existe uma íntima fusão entre as personagens, a voz ficcional que as apresenta e a própria autora, o que evidencia o processo criativo dos textos e reafirma o projeto literário de Conceição Evaristo, que busca traçar uma escrevivência, onde literatura e vida se fundem em uma só voz que encanta e engaja.
Obrigado, professora!
August 18, 2020
Apaixonante. Com um texto incrível, Conceição narra amor, dor, alegria e sofrimento de uma forma única e surpreendentemente real. Que livro! Que autora!
July 15, 2022
Meu coração de papel para a escrevivência
September 6, 2022
Que honra poder viver no mesmo tempo de Ceiça!! Conceição Evaristo é uma das MAIORES escritoras vivas e este livro é mais um belo trabalho dela para ser apreciado com muito carinho. 💓
Read
April 13, 2025Muito bom, incrível, que escrita
August 5, 2025
... apesar de tudo. Sobrevivemos, eu e os meus. Desde sempre.
December 1, 2025
perfeição em forma de livro!
July 3, 2023
INCRÍVEL.
October 9, 2021
“Mais outras que desfiavam as contas de um inifinto rosário de dor. E, depois, elas mesmas, a partir de seus corpos mulheres, concebem a sua própria ressureição e persistem vivendo.”
August 31, 2025
Uma amiga do clube sugeriu esse livro para o leiturinha do mês e foi a minha segunda experiência com Conceição Evaristo - a primeira foi com Olhos D'água - e esse parece uma espécie de continuação já também é uma série de contos que as protagonistas são mulheres negras.
Insubmissas não é tão forte como Olhos D'água, mas consegue te emocionar e dar aquela sensação de soco no estômago em alguns contos e o fato delas serem "insubmissas", ou melhor dizendo, sobreviventes de um mundo tão cruel acrescenta um charme ao livro de você sentir que elas estão ali contando a história para você.
'Como pintar a concretude da soledad humana?"
Insubmissas não é tão forte como Olhos D'água, mas consegue te emocionar e dar aquela sensação de soco no estômago em alguns contos e o fato delas serem "insubmissas", ou melhor dizendo, sobreviventes de um mundo tão cruel acrescenta um charme ao livro de você sentir que elas estão ali contando a história para você.
'Como pintar a concretude da soledad humana?"
May 3, 2025
Assim como as lágrimas são a forma que a dor encontrou de se expressar, a Conceição Evaristo surge como a expressão das lágrimas. O Insubmissas Lágrimas de Mulheres expõe a dor de várias mulheres negras que nos ofereceram suas histórias. Algumas são mais pesadas, outras mais leves, algumas tem um final feliz, mas a maioria não. O elemento em comum é a dor dessas mulheres negras e a delicadeza e a sensibilidade da Conceição Evaristo para com elas. Recentemente, tive o desprazer de ler um livro que retrata uma vítima de violência doméstica, assim como perdoa o seu agressor, o que me fez estimar ainda mais a escrita da Conceição, que mesmo abordando temas mais complexos e tabus, nunca demonstrou falta de empatia ou tentou chocar em cima disso, seja as vítimas reais ou apenas personagens das suas histórias. Todas as histórias são bastante pessoais, que já ouvi de outras mulheres, mães, avós, tias e primas, quase consigo vê-las na história, com apenas nomes e moradias diferentes. Li Olhos d’água da Conceição Evaristo antes desse, a sensação com ele é similar, ainda assim, parecem histórias que poderiam ser de alguém que vi na rua, mas Insubmissas Lágrimas de Mulheres são tão familiares como um beijo de uma mãe ou o cheiro de uma avó. Isaltina Campos Belo e a de Aramides Florença foram minhas favoritas, mas Regina Anastacia aqueceu meu coração. O último conto termina com um final feliz, quase como uma última mensagem de esperança, o que ajudou a secar a lágrima dos outros.
September 17, 2023
Maria da Conceição Evaristo de Brito é mineira de Belo Horizonte nascida no ano de 1946. De origem humilde deslocou-se para a cidade do Rio de Janeiro onde graduou-se em Letras pela UFRJ. Atuou como professora da rede pública de ensino da capital fluminense. Obteve, com distinção, o título de Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996), e o doutorado em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, com a tese Poemas malungos, cânticos irmãos (2011), na qual estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira em confronto com a do angolano Agostinho Neto.
Conceição Evaristo é, hoje em dia, intelectual respeitada e escritora consagrada sendo de sua lavra os clássicos “Becos da memória” (2006) e “Olhos D´água” (2014) e este contundente “Insubmissas lágrimas de mulheres”.
Sobre “Insubmissas lágrimas de mulheres”, Vagner Amaro, bibliotecário, jornalista e editor da editora “Malê” responsável pela distribuição dos livros da autora, afirmou o seguinte na quarta capa:
“Os afetos, reflexões e deslocamentos que os contos de “Insubmissas lágrimas de mulheres” nos causam, são frutos que só a boa literatura, a que salva, pode nos trazer, reafirmando o lugar de destaque ocupado por Conceição Evaristo na literatura brasileira”.
Sábias palavras.
Composto por 13 relatos contundentes de mulheres pretas brasileiras que fizeram seus depoimentos à autora que, por sua vez, os transformou em “boa literatura, a que salva”, o livro deveria ser leitura obrigatória para todos os homens perceberem o quanto o machismo e o racismo são tóxicos e devastadores numa sociedade já tão estruturalmente desigual como a brasileira inquestionavelmente é.
Acerca do “olhar literário” que foi usado no trato com os relatos que lhe foram feitos a autora declarou o seguinte:
“Gosto de ouvir, mas não sei se sou hábil conselheira. Ouço muito. Da voz outra, faço a minha, as histórias também. [...]
Invento? Sim invento, sem o menor pudor. Então as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta. O real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento (ou o não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda mais o fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma escrevivecência”.
E é nesse brilhante neologismo – “escrevivecência” – que me atrevo a afirmar que existe um diálogo entre a obra de Conceição Evaristo e a obra de uma escritora que também aprecio muito; a bielorussa Svetlana Alexievich autora dos sensacionais “As últimas testemunhas”, “A guerra não tem rosto de mulher” e “Vozes de Tchernóbil”, ganhadora do Nobel de literatura em 2015 e cuja obra também baseia-se em “escrevivecências”.
Todas as “escrevivecências” presentes em “Insubmissas lágrimas de mulheres” são excepcionais e merecem conferidas cuidadosas embora eu faça uma ressalva a uma delas: “Saura Benevides Amarantino” que toca numa questão muito polêmica e delicada. Confira caro leitor (leitora).
Excelente!
Conceição Evaristo é, hoje em dia, intelectual respeitada e escritora consagrada sendo de sua lavra os clássicos “Becos da memória” (2006) e “Olhos D´água” (2014) e este contundente “Insubmissas lágrimas de mulheres”.
Sobre “Insubmissas lágrimas de mulheres”, Vagner Amaro, bibliotecário, jornalista e editor da editora “Malê” responsável pela distribuição dos livros da autora, afirmou o seguinte na quarta capa:
“Os afetos, reflexões e deslocamentos que os contos de “Insubmissas lágrimas de mulheres” nos causam, são frutos que só a boa literatura, a que salva, pode nos trazer, reafirmando o lugar de destaque ocupado por Conceição Evaristo na literatura brasileira”.
Sábias palavras.
Composto por 13 relatos contundentes de mulheres pretas brasileiras que fizeram seus depoimentos à autora que, por sua vez, os transformou em “boa literatura, a que salva”, o livro deveria ser leitura obrigatória para todos os homens perceberem o quanto o machismo e o racismo são tóxicos e devastadores numa sociedade já tão estruturalmente desigual como a brasileira inquestionavelmente é.
Acerca do “olhar literário” que foi usado no trato com os relatos que lhe foram feitos a autora declarou o seguinte:
“Gosto de ouvir, mas não sei se sou hábil conselheira. Ouço muito. Da voz outra, faço a minha, as histórias também. [...]
Invento? Sim invento, sem o menor pudor. Então as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta. O real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento (ou o não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda mais o fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma escrevivecência”.
E é nesse brilhante neologismo – “escrevivecência” – que me atrevo a afirmar que existe um diálogo entre a obra de Conceição Evaristo e a obra de uma escritora que também aprecio muito; a bielorussa Svetlana Alexievich autora dos sensacionais “As últimas testemunhas”, “A guerra não tem rosto de mulher” e “Vozes de Tchernóbil”, ganhadora do Nobel de literatura em 2015 e cuja obra também baseia-se em “escrevivecências”.
Todas as “escrevivecências” presentes em “Insubmissas lágrimas de mulheres” são excepcionais e merecem conferidas cuidadosas embora eu faça uma ressalva a uma delas: “Saura Benevides Amarantino” que toca numa questão muito polêmica e delicada. Confira caro leitor (leitora).
Excelente!
October 26, 2025
The short story anthology Insubmissas Lágrimas de Mulheres, by Conceição Evaristo, brings together 13 stories about Black women. And even though not all of them deal with suffering, they are all about resistance, since, in Brazil, their mere existence already denotes resistance. The narratives always begin as a dialogue between the author and the protagonist, who soon after takes charge of her own story and exposes it without euphemisms, yet without neglecting the poetic tone of one who does not merely observe life.
Throughout the book, we encounter various themes, which are not exclusive to them, but which carry greater weight because they are part of two minorities, making the path they have trodden more difficult. Issues such as art, motherhood, transsexuality, domestic violence, and child abduction are addressed from very particular lived experiences, which nonetheless transcend into the universal.
By their own decision or due to circumstances imposed by others, the characters, whose names are the titles of each short story, have their life paths upended, whether in childhood, adolescence, or adulthood. And the scars from the violence they suffered, of varying intensity and types, are a symbol of their strength, but also an uncomfortable and sad sign of how our society still needs to change so that these stories are not so common.
Throughout the book, we encounter various themes, which are not exclusive to them, but which carry greater weight because they are part of two minorities, making the path they have trodden more difficult. Issues such as art, motherhood, transsexuality, domestic violence, and child abduction are addressed from very particular lived experiences, which nonetheless transcend into the universal.
By their own decision or due to circumstances imposed by others, the characters, whose names are the titles of each short story, have their life paths upended, whether in childhood, adolescence, or adulthood. And the scars from the violence they suffered, of varying intensity and types, are a symbol of their strength, but also an uncomfortable and sad sign of how our society still needs to change so that these stories are not so common.
November 27, 2024
Sejamos insubmissas!
Já faz muito tempo que eu tô pra ler Conceição Evaristo, e agora que terminei esse penso em já procurar os outros e sair lendo tudo o que essa mulher escreve. Que maravilha ler suas palavras! Que felicidade que dá quando leio um livro assim, tão bem escrito que transforma tópicos tão pesados e tristes em palavras profundas. Em uma curta frase, Conceição Evaristo mexe com todo nosso ser.
E como mexe! Esse livro nos traz recortes nas histórias de algumas mulheres, que foram ouvidas e transformadas em literatura. É um livro que mostra as dificuldades passadas por pessoas que não só são mulheres, vistas como apenas um corpo para a sociedade, mas também são negras e de famílias sem muito dinheiro. Todas elas, sem exceção, são mulheres com grandes sofrimentos em suas vidas, mas que, no fim, nunca se submeteram a ninguém, e se rebelaram, cada uma da sua forma, contra os papeis que lhes foram impostos.
A leitura é rápida, mas absurdamente significativa. Recomendo demais!
Já faz muito tempo que eu tô pra ler Conceição Evaristo, e agora que terminei esse penso em já procurar os outros e sair lendo tudo o que essa mulher escreve. Que maravilha ler suas palavras! Que felicidade que dá quando leio um livro assim, tão bem escrito que transforma tópicos tão pesados e tristes em palavras profundas. Em uma curta frase, Conceição Evaristo mexe com todo nosso ser.
E como mexe! Esse livro nos traz recortes nas histórias de algumas mulheres, que foram ouvidas e transformadas em literatura. É um livro que mostra as dificuldades passadas por pessoas que não só são mulheres, vistas como apenas um corpo para a sociedade, mas também são negras e de famílias sem muito dinheiro. Todas elas, sem exceção, são mulheres com grandes sofrimentos em suas vidas, mas que, no fim, nunca se submeteram a ninguém, e se rebelaram, cada uma da sua forma, contra os papeis que lhes foram impostos.
A leitura é rápida, mas absurdamente significativa. Recomendo demais!
November 9, 2022
A cada história de Conceição Evaristo que tenho o prazer de conhecer, mais me apaixono pela escrita dela. Em Insubmissas lágrimas de mulheres, a autora relata histórias que misturam o real com o inventado de forma sensível e impactante. São 13 contos, todos protagonizados por mulheres negras de idades e classes sociais diversas, que narram episódios importantes da vida dessas personagens carregados de emoção. Para mim, foi impossível ler este livro e não me identificar ou identificar alguma conhecida/parenta nas entrelinhas. Como a própria Evaristo atesta no início, "[...] estas histórias não são totalmente minhas, mas quase que me pertencem, na medida que, às vezes, se (con)fundem com as minhas". Foi uma leitura carregada de sentimentos e, assim como faço com os demais livros de Conceição Evaristo, carregarei as histórias dessas mulheres para sempre comigo.
Read
September 10, 2025daquelas leituras que deixam marcas na memória, imagens-ações e sequências de imagens e nomes na ponta da língua. esse eu peguei emprestado da biblioteca central da UF. terminei de ler no ônibus, venho lendo nos ônibus, vez ou outra. vou devolver na segunda.
insubmissas lágrimas aqui como gestos de medo, raiva, força, sonho, coragem, riso, vontade... de se nomear com outro nome, um nome próprio, Natalina Soledad. de criar suas filhas, de abraçar aquelas que sofriam nas mãos de um homem vil, covarde. mãos atentas de Shirley Paixão e de tantas outras. coragem de abrir a própria pele, negra, para pintar a dança da vida, como aquela que rodopia em movimentos ancestrais, apesar da saúde debilitada. são histórias de diferentes pessoas-personagens costuradas nos delicados fios da escrevivência empenhada por Conceição Evaristo.
insubmissas lágrimas aqui como gestos de medo, raiva, força, sonho, coragem, riso, vontade... de se nomear com outro nome, um nome próprio, Natalina Soledad. de criar suas filhas, de abraçar aquelas que sofriam nas mãos de um homem vil, covarde. mãos atentas de Shirley Paixão e de tantas outras. coragem de abrir a própria pele, negra, para pintar a dança da vida, como aquela que rodopia em movimentos ancestrais, apesar da saúde debilitada. são histórias de diferentes pessoas-personagens costuradas nos delicados fios da escrevivência empenhada por Conceição Evaristo.
August 17, 2020
A temática e utilização estética de Conceição Evaristo diz a pele como fator existencial, rompendo a categorização simples para, no próprio dizer do ser social, evidenciar um abismo, uma derrocada da narrativa enquanto força de romper redomas formais. Insubmissas lágrimas de mulheres (2011) é uma resposta corpórea contra uma suposta desmaterialização do realismo, regionalismos ou o que quer que seja: é uma confissão coletiva dos sopros de existência que perduram, contra todas as chances, numa realidade áspera.
September 4, 2023
Que livro incrível e poderoso, sem palavras mais uma vez p escrita da Conceição… fantástica.
O livro traz contos de mulheres de diferentes perspectivas. O conto “Mirtes Aparecida da Luz” foi um dos meus favoritos, nunca li coisa igual a essa. A narrativa sobre uma mulher cega me fez, pela primeira vez, imaginar um vazio enquanto lia. Esse vazio me fez pensar em tudo sobre a vida e sobre nossas conexões com os olhares.
O último conto, Regina Anastácia, sobre uma mulher secular de 90 e poucos anos, me fez ter esperança.
O livro traz contos de mulheres de diferentes perspectivas. O conto “Mirtes Aparecida da Luz” foi um dos meus favoritos, nunca li coisa igual a essa. A narrativa sobre uma mulher cega me fez, pela primeira vez, imaginar um vazio enquanto lia. Esse vazio me fez pensar em tudo sobre a vida e sobre nossas conexões com os olhares.
O último conto, Regina Anastácia, sobre uma mulher secular de 90 e poucos anos, me fez ter esperança.
January 14, 2025
Escrita forte e direta, o título orienta toda a leitura. Insubmissas mulheres, ainda é necessária muita luta e porta vozes como Conceição Evaristo. Lemos o conto Natalia Soledad em uma oficina narrativa com mulheres vítimas de violação de direitos. Participaram nove mulheres. Todas se identificaram com algum aspecto do conto, recuperando memórias e dores, refletindo sobre o vivido, sobre questões de gênero e cor, abrindo espaço para a resignificação, para um olhar mais generoso para si mesmas. Potência é a palavra que fica.
July 26, 2025
"Invento? Sim invento, sem o menor pudor. Então as histórias não são inventadas? Mesmo as reais, quando são contadas. Desafio alguém a relatar fielmente algo que aconteceu. Entre o acontecimento e a narração do fato, alguma coisa se perde e por isso se acrescenta. O real vivido fica comprometido. E, quando se escreve, o comprometimento (ou o não comprometimento) entre o vivido e o escrito aprofunda mais o fosso. Entretanto, afirmo que, ao registrar estas histórias, continuo no premeditado ato de traçar uma escrevivência."
October 20, 2021
(Respira fundo)
Esse livro,primeiro que li da Conceição, apertou o meu coração. Houve momentos em que fiz uma pausa,chorei,odeie o mundo por toda as coisas horríveis que existem nele e desejei ter o poder de acabar com a dor. Mas essas historias são sobre bem mais que o sofrimento dessas mulheres,também são sobre amor,esperança, fé, alegria e acima de tudo irmandade. Sem julgamentos, só dar a mão e seguir.
Um livro maravilhoso que transformou muitos pensamentos para mim.
Esse livro,primeiro que li da Conceição, apertou o meu coração. Houve momentos em que fiz uma pausa,chorei,odeie o mundo por toda as coisas horríveis que existem nele e desejei ter o poder de acabar com a dor. Mas essas historias são sobre bem mais que o sofrimento dessas mulheres,também são sobre amor,esperança, fé, alegria e acima de tudo irmandade. Sem julgamentos, só dar a mão e seguir.
Um livro maravilhoso que transformou muitos pensamentos para mim.
Displaying 1 - 30 of 78 reviews