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Romance D’A Pedra do Reino e O Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta
'A pedra do reino' é apresentado como um romance autobiográfico narrado por Dom Pedro Dinis Ferreira-Quaderna, o auto-proclamado 'Rei do Quinto Império e do Quinto Naipe, Profeta da Igreja Católico-Serteneja e pretendente ao trono do Império do Brasil'. Quaderna, obcecado em criar uma versão essencialmente nordestina para o livro 'Compêndio narrativo do peregrino da América Latina', de Nuno Marques Pereira, se descreve como descendente dos verdadeiros reis brasileiros - que nenhuma relação têm com aqueles 'imperadores estrangeirados e falsificados da Casa de Bragança'. Seus antepassados são, na verdade, os legítimos reis castanhos e 'cabras' da Pedra do Reino do Sertão, que fundaram a sagrada Coroa do Brasil. As desventuras de Quaderna e a trágica história de sua família na cidade de São José do Belmonte, no interior de Pernambuco, funcionam como o ponto de partida para Suassuna promover suas misturas perfeitas - o rico com o pobre, a arte com o cotidiano, a ingenuidade com a malícia, a realidade com a fantasia, a odisséia com a sátira, a Europa com o sertão.
756 pages, Paperback
First published January 1, 1971
54 people are currently reading
890 people want to read
About the author
Ariano Suassuna
56 books181 followersAriano Suassuna (born João Pessoa, 1927) is a Brazilian playwright and author. He is in the "Movemento Amorial". He founded the Student Theater at Federal University of Pernambuco. Four of his plays have been filmed and he is considered one of Brazil's greatest living playwrights. He is also an important regional writer doing various novels set in the Northeast of Brazil. He received an honorary doctorate at a ceremony performed at a circus. He is the author of, among other works, the "Auto da Compadecida" and "A Pedra do Reino". He is a staunch defender of the culture of the Northeast, and his works deal with the popular culture of the Northeast.
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Community Reviews
Displaying 1 - 17 of 17 reviews
June 27, 2015
NitroLeituras: O Romance d'A Pedra do Reino - Ariano Suassuna | Uma Odisséia Nordestina! #resenha
Sempre tive vontade de ler o Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, de Ariano Suassuna, mestre e mito brasileiro da dramaturgia e da cultura popular, principalmente por causa da fama desse livro entre os círculos literários e por esperar uma visão única e original da narrativa fantástica, que é o que eu gosto de escrever.
De tão acostumado com os padrões saxões de fantasia, aquela narrativa de sempre, nos últimos anos tenho buscado a leitura de obras que fogem completamente o padrão narrativo que estou tão acostumado, como uma forma de libertação criativa e de abertura de visão literária mesmo.
E não tem nada mais diferente, original, interessante e quebrador de expectativas do que esse "romance-memorial-poema-folhetim" de Suassuna. É uma obra prima da literatura mundial, um monumento de obra, impressionante mesmo em sua visão criativa e original.
E o que diabos é esse troço?
O romance se baseia em um um episódio ocorrido no século XIX, no município sertanejo de São José do Belmonte, a 470 quilômetros do Recife, onde uma seita, em 1836, tentou fazer ressurgir o rei Dom Sebastião - transformado em lenda em Portugal depois de desaparecer na África (Batalha de Alcácer-Quibir): sob domínio espanhol, os portugueses sonhavam com a volta do rei que restituiria a nação tomada à força.
Em cima disso, Suassuna criou uma narrativa baseada no depoimento do personagem-narrador, Quaderna, que se defende perante a um corregedor tentando explicar o seu envolvimento com uma série de eventos em Taperoá, no Sertão da Paraíba, como o assassinato de seu tio e o aparecimento do rapaz-do-cavalo branco, e o mistério que o envolve; será que ele é o jovem herdeiro do coronel morto ou um líder messiânico tentando trazer de volta a Coluna Prestes, e iniciar uma revolta comunista na Paraíba.
Dentro dessa moldura, eu mergulhei em um universo fantástico e estranho, o mundo mítico da Paraíba de Suassuna, cheio de visões, criaturas fantásticas, causos estranhos, onças mitológicas das mais variadas, o fantástico Catolicismo Sertanejo, a Monarquia de Esquerda, as filosofias do Penetral, a sacralidade dos cangaceiros do sertão, e muito, muito mais. Fiquei impressionado com a força criativa por trás de tudo, a empolgação que se sente a cada frase, a cada passagem.
É um livro de leitura mais puxada, mais literário apesar de muito popular e cheio de passagens engraçadas pra caramba, cheio de safadeza e malandragem de sertão. E ao mesmo tempo com discussões filosóficas profundas, e uma visão da cultura brasileira que me expôs ao quanto a minha visão de literatura é super-condicionada pela visão européia. A cada página eu parecia escutar o Suassuna berrando no meu ouvido "Acorda, cabra, veja como a nossa cultura brasileira é belíssima!".
Amei, amei demais esse livro, fica a recomendação, apesar de saber que não é um livro para todo mundo, acho que tem a hora de ler e apreciar pela sua inventividade, criatividade e complexidade de temas, criação, arquitetura narrativa, etc.
E para terminar, declaro minha lealdade ao Cordão Encarnado e a Don Pedro Dinis Ferreira, herdeiro dos verdadeiros reis brasileiros, e a seu arauto e trovador, Ariano Suassuna! :D
Início da Leitura: 21/06/2015
Término da Leitura: 27/07/2015
#nitroleituras #arianosuassuna #pedradoreino #literaturabrasileira #resenha
Sempre tive vontade de ler o Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, de Ariano Suassuna, mestre e mito brasileiro da dramaturgia e da cultura popular, principalmente por causa da fama desse livro entre os círculos literários e por esperar uma visão única e original da narrativa fantástica, que é o que eu gosto de escrever.
De tão acostumado com os padrões saxões de fantasia, aquela narrativa de sempre, nos últimos anos tenho buscado a leitura de obras que fogem completamente o padrão narrativo que estou tão acostumado, como uma forma de libertação criativa e de abertura de visão literária mesmo.
E não tem nada mais diferente, original, interessante e quebrador de expectativas do que esse "romance-memorial-poema-folhetim" de Suassuna. É uma obra prima da literatura mundial, um monumento de obra, impressionante mesmo em sua visão criativa e original.
E o que diabos é esse troço?
O romance se baseia em um um episódio ocorrido no século XIX, no município sertanejo de São José do Belmonte, a 470 quilômetros do Recife, onde uma seita, em 1836, tentou fazer ressurgir o rei Dom Sebastião - transformado em lenda em Portugal depois de desaparecer na África (Batalha de Alcácer-Quibir): sob domínio espanhol, os portugueses sonhavam com a volta do rei que restituiria a nação tomada à força.
Em cima disso, Suassuna criou uma narrativa baseada no depoimento do personagem-narrador, Quaderna, que se defende perante a um corregedor tentando explicar o seu envolvimento com uma série de eventos em Taperoá, no Sertão da Paraíba, como o assassinato de seu tio e o aparecimento do rapaz-do-cavalo branco, e o mistério que o envolve; será que ele é o jovem herdeiro do coronel morto ou um líder messiânico tentando trazer de volta a Coluna Prestes, e iniciar uma revolta comunista na Paraíba.
Dentro dessa moldura, eu mergulhei em um universo fantástico e estranho, o mundo mítico da Paraíba de Suassuna, cheio de visões, criaturas fantásticas, causos estranhos, onças mitológicas das mais variadas, o fantástico Catolicismo Sertanejo, a Monarquia de Esquerda, as filosofias do Penetral, a sacralidade dos cangaceiros do sertão, e muito, muito mais. Fiquei impressionado com a força criativa por trás de tudo, a empolgação que se sente a cada frase, a cada passagem.
É um livro de leitura mais puxada, mais literário apesar de muito popular e cheio de passagens engraçadas pra caramba, cheio de safadeza e malandragem de sertão. E ao mesmo tempo com discussões filosóficas profundas, e uma visão da cultura brasileira que me expôs ao quanto a minha visão de literatura é super-condicionada pela visão européia. A cada página eu parecia escutar o Suassuna berrando no meu ouvido "Acorda, cabra, veja como a nossa cultura brasileira é belíssima!".
Amei, amei demais esse livro, fica a recomendação, apesar de saber que não é um livro para todo mundo, acho que tem a hora de ler e apreciar pela sua inventividade, criatividade e complexidade de temas, criação, arquitetura narrativa, etc.
E para terminar, declaro minha lealdade ao Cordão Encarnado e a Don Pedro Dinis Ferreira, herdeiro dos verdadeiros reis brasileiros, e a seu arauto e trovador, Ariano Suassuna! :D
Início da Leitura: 21/06/2015
Término da Leitura: 27/07/2015
#nitroleituras #arianosuassuna #pedradoreino #literaturabrasileira #resenha
October 31, 2018
Que livro cansativo. Bom, cheio de referências mas como diz no prefácio de Raquel de Queiroz ler livro escrito por um erudito é o diabo. Carai... nunca vi tanta referência junta e mist uurada num so lugar. Aos corajosos boa sorte.
March 22, 2022
https://www.instagram.com/p/CbapRCKuUv_/
O primeiro calhamaço de 2022 foi “O Romance d’A Pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta”, de Ariano Suassuna que li em conjunto com o pessoal do @leiturarte_
Eu conheço alguns teatros do Suassuna, mas esse foi meu primeiro romance e encontrei um humor diferente do qual esperava, frequentemente presente, mas menos escrachado.
Esse é o tipo de leitura que exige atenção - e paciência -, do leitor. Já que há muitas referências reais, modificadas e ficcionais. A linha do tempo pode ser um desafio e a quantidade de informações pesa na leitura.
Deixo aqui uma dica para quem vai se aventurar: não tente se apegar e compreender cada referência na primeira leitura, pois isso vai exigir pesquisa literária, política e biográfica da época em que ele foi escrito, fazendo com que seu ritmo de leitura caia drasticamente. Tudo isso enriquece a leitura com suas camadas e a complexidade própria da vida, mas não é essencial saber cada detalhe para conseguir entender o romance como um todo.
Quaderna é um personagem ímpar, dono de uma autoconfiança invejável, ele começa o livro dizendo aos leitores que aquela é uma tentativa de defesa de um crime do qual ele não é responsável.
Utilizando diversas técnicas literárias, guiado por dois mestres que estão em campos filosófico e ideológico completamente opostos, o narrador é verborrágico e por vezes empolado. Para mim, o mais interessante, é perceber como o autor faz uma crítica ao sistema judiciário/político por meio da linguagem própria desse mundo e também uma crítica aos literatos e suas obras pretensiosas.
“Eu mesmo já estou ficando entediado com essas infindáveis teses acadêmicas, que só incluo aqui porque são indispensáveis ao entendimento do meu caso.” p. 216
O final pode deixar alguns leitores frustrados, já que esse era para ser o primeiro volume de uma trilogia, que foi repensada e não continuada. Mas, no box comemorativo de 50 anos de publicação, há um caderno de textos e imagens com um capítulo de conclusão para o Romance d’A Pedra do Reino. Este, escrito especialmente para dar um fechamento na minissérie veiculada pela Rede Globo. Do ponto de vista literário, Suassuna não considerava esse texto acabado.
Foi uma experiência de leitura memorável, mas compreendo aqueles que não conseguem chegar ao final das quase 800 páginas, ou mesmo aqueles que não gostaram do que encontraram.
O primeiro calhamaço de 2022 foi “O Romance d’A Pedra do reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta”, de Ariano Suassuna que li em conjunto com o pessoal do @leiturarte_
Eu conheço alguns teatros do Suassuna, mas esse foi meu primeiro romance e encontrei um humor diferente do qual esperava, frequentemente presente, mas menos escrachado.
Esse é o tipo de leitura que exige atenção - e paciência -, do leitor. Já que há muitas referências reais, modificadas e ficcionais. A linha do tempo pode ser um desafio e a quantidade de informações pesa na leitura.
Deixo aqui uma dica para quem vai se aventurar: não tente se apegar e compreender cada referência na primeira leitura, pois isso vai exigir pesquisa literária, política e biográfica da época em que ele foi escrito, fazendo com que seu ritmo de leitura caia drasticamente. Tudo isso enriquece a leitura com suas camadas e a complexidade própria da vida, mas não é essencial saber cada detalhe para conseguir entender o romance como um todo.
Quaderna é um personagem ímpar, dono de uma autoconfiança invejável, ele começa o livro dizendo aos leitores que aquela é uma tentativa de defesa de um crime do qual ele não é responsável.
Utilizando diversas técnicas literárias, guiado por dois mestres que estão em campos filosófico e ideológico completamente opostos, o narrador é verborrágico e por vezes empolado. Para mim, o mais interessante, é perceber como o autor faz uma crítica ao sistema judiciário/político por meio da linguagem própria desse mundo e também uma crítica aos literatos e suas obras pretensiosas.
“Eu mesmo já estou ficando entediado com essas infindáveis teses acadêmicas, que só incluo aqui porque são indispensáveis ao entendimento do meu caso.” p. 216
O final pode deixar alguns leitores frustrados, já que esse era para ser o primeiro volume de uma trilogia, que foi repensada e não continuada. Mas, no box comemorativo de 50 anos de publicação, há um caderno de textos e imagens com um capítulo de conclusão para o Romance d’A Pedra do Reino. Este, escrito especialmente para dar um fechamento na minissérie veiculada pela Rede Globo. Do ponto de vista literário, Suassuna não considerava esse texto acabado.
Foi uma experiência de leitura memorável, mas compreendo aqueles que não conseguem chegar ao final das quase 800 páginas, ou mesmo aqueles que não gostaram do que encontraram.
January 22, 2022
A leitura deste clássico, depois da viagem que fizemos ao cenário que inspirou a obra de Ariano, deu um “sabor” todo especial ao livro. Sou muito grato a quem nos guiou na aventura da viagem e sou também especialmente grato ao Mestre Ariano por ter me guiado nessa história tão fascinante.
February 21, 2008
Um dos melhores e mais divertidos romances que eu já li.
July 31, 2022
Acho que eu nunca ri tanto na minha vida com um livro.
Pedro Dinis é, possivelmente, o personagem mais sem noção e cara de pau que eu já li. As noções e delírios de grandeza dele, através da escrita maravilhosa de Suassuna foram o que me cativaram nessa história.
Literatura Nordestina sempre superior, obviamente : )
PS: amei que esse livro foi escrito em parte como uma Apelação e em parte como um Interrogatório. É sempre bom ver o Direito ser usado pra fazer piadinhas rsrsrs E do nada uma aula de direito das sucessões no meio do livro???? me deu uns flashbacks misturados com uma dose de transtorno pós-traumático das péssimas aulas disso que eu tive na faculdade - ela, inclusive, sendo mencionada no livro. Alô, alô, FDR, olha você famosa aqui, minha filha!!!!
Agora me deu vontade de reler o Auto da Compadecida pra adicionar mais 2 centavos de felicidade na minha existência
Pedro Dinis é, possivelmente, o personagem mais sem noção e cara de pau que eu já li. As noções e delírios de grandeza dele, através da escrita maravilhosa de Suassuna foram o que me cativaram nessa história.
Literatura Nordestina sempre superior, obviamente : )
PS: amei que esse livro foi escrito em parte como uma Apelação e em parte como um Interrogatório. É sempre bom ver o Direito ser usado pra fazer piadinhas rsrsrs E do nada uma aula de direito das sucessões no meio do livro???? me deu uns flashbacks misturados com uma dose de transtorno pós-traumático das péssimas aulas disso que eu tive na faculdade - ela, inclusive, sendo mencionada no livro. Alô, alô, FDR, olha você famosa aqui, minha filha!!!!
Agora me deu vontade de reler o Auto da Compadecida pra adicionar mais 2 centavos de felicidade na minha existência
May 29, 2012
O Dom Quixote brasileiro, o romance clássico e indestrutível, a obra de arte que faltava para que a literatura deste país superasse a chatura de Machado de Assis e logo em seguida morresse, mas morresse com a cabeça ao menos um pouco erguida, por ter produzido escritos dignos de serem lembrados por todo o tempo e fora dele no panteão eterno dos romances humanos.
Cervantes se orgulharia. Orgulhemo-nos.
Cervantes se orgulharia. Orgulhemo-nos.
September 24, 2022
Um romance brasileirístico e sertanejo. Ezra Pound, James Joyce, Leon Tolstoi e, agora, Ariano Suassuna, no ranking dos melhores epopeietas e gênios da raça humana.
Read
December 8, 2025Essa é uma obra que funciona como uma espécie de grande celebração cultural e uma tentativa de criar uma totalidade artística e narrativa do Nordeste brasileiro. Suassuna, que era não só autor, mas também criador do movimento harmorial — uma proposta de unir a tradição popular com a arte erudita —, busca retratar a riqueza, os mitos e a imaginária nordestina de uma forma que mistura o folclore, a história, a poesia, o teatro e até elementos de enciclopédia cultural.
A narrativa é centrada no personagem Quaderna, um personagem que é ao mesmo tempo um sonhador, um trambiqueiro e um narrador não confiável. Ele busca construir uma realeza literária e cultural, inspirando-se nos mitos, nas histórias de cavalaria, nas lendas do Nordeste, e também nas figuras históricas que marcaram essa região. Quaderna é apaixonado por literatura, especialmente por histórias de cavalaria, e seu desejo de grandeza é marcado por uma certa vaidade, delírios de poder e uma profunda ligação com a cultura popular e folclórica.
Um aspecto que me chamou atenção é como Suassuna mistura diferentes gêneros e linguagens: há episódios de mistério policial, poemas de cordel, referências mitológicas, iconografia, elementos de bestiário e até sátira social. O livro é quase uma enciclopédia da cultura nordestina, repleta de nomes, símbolos, e referências que enriquecem a narrativa, mas que também podem tornar a leitura densa e, às vezes, repetitiva.
A obra também é marcada por uma visão crítica e irônica sobre a construção de mitos, a figura do líder, a busca por poder e reconhecimento, usando o humor e o deboche como estratégias para desconstruir essas ideias. Suassuna valoriza a cultura popular, o potencial imaginativo do povo, e o papel da arte como uma forma de criar beleza e resistência. Ele mostra como as histórias, os mitos e as crenças do Nordeste se entrelaçam com uma história de resistência e de esperança messiânica, como o mito de Dom Sebastião, que simboliza a esperança de um retorno e de uma redenção.
Por outro lado, o livro tem seus desafios. Sua narrativa é cíclica, bastante repetitiva, com uma lógica mais medieval do que moderna, o que pode cansar quem busca uma leitura mais linear ou dinâmica. Além disso, a linguagem e as referências são muito masculinas, com pouca presença de figuras femininas relevantes ou de uma abordagem mais igualitária em relação ao gênero. Também há um certo excesso de referências culturais que exige uma pesquisa ou conhecimento prévio para uma compreensão mais plena.
Apesar disso, "Romance da Pedra do Reino" é uma experiência literária rica, que valoriza o detalhe, o simbolismo e a imaginação. É uma obra que demanda calma, atenção e uma certa disposição para mergulhar na cultura nordestina de forma profunda. É um livro que se revela melhor quando lido devagar, com pesquisa e reflexão, pois seu potencial está na riqueza de suas referências e na forma como constrói uma narrativa quase mítica, que celebra e questiona ao mesmo tempo.
Para quem aprecia uma literatura que mistura tradição, inovação, humor, e uma visão crítica da cultura, esse livro é uma verdadeira joia. Mas é importante estar preparado para uma leitura que não é rápida, que exige paciência e curiosidade para entender toda a simbologia e o contexto histórico-cultural que ele apresenta.
A narrativa é centrada no personagem Quaderna, um personagem que é ao mesmo tempo um sonhador, um trambiqueiro e um narrador não confiável. Ele busca construir uma realeza literária e cultural, inspirando-se nos mitos, nas histórias de cavalaria, nas lendas do Nordeste, e também nas figuras históricas que marcaram essa região. Quaderna é apaixonado por literatura, especialmente por histórias de cavalaria, e seu desejo de grandeza é marcado por uma certa vaidade, delírios de poder e uma profunda ligação com a cultura popular e folclórica.
Um aspecto que me chamou atenção é como Suassuna mistura diferentes gêneros e linguagens: há episódios de mistério policial, poemas de cordel, referências mitológicas, iconografia, elementos de bestiário e até sátira social. O livro é quase uma enciclopédia da cultura nordestina, repleta de nomes, símbolos, e referências que enriquecem a narrativa, mas que também podem tornar a leitura densa e, às vezes, repetitiva.
A obra também é marcada por uma visão crítica e irônica sobre a construção de mitos, a figura do líder, a busca por poder e reconhecimento, usando o humor e o deboche como estratégias para desconstruir essas ideias. Suassuna valoriza a cultura popular, o potencial imaginativo do povo, e o papel da arte como uma forma de criar beleza e resistência. Ele mostra como as histórias, os mitos e as crenças do Nordeste se entrelaçam com uma história de resistência e de esperança messiânica, como o mito de Dom Sebastião, que simboliza a esperança de um retorno e de uma redenção.
Por outro lado, o livro tem seus desafios. Sua narrativa é cíclica, bastante repetitiva, com uma lógica mais medieval do que moderna, o que pode cansar quem busca uma leitura mais linear ou dinâmica. Além disso, a linguagem e as referências são muito masculinas, com pouca presença de figuras femininas relevantes ou de uma abordagem mais igualitária em relação ao gênero. Também há um certo excesso de referências culturais que exige uma pesquisa ou conhecimento prévio para uma compreensão mais plena.
Apesar disso, "Romance da Pedra do Reino" é uma experiência literária rica, que valoriza o detalhe, o simbolismo e a imaginação. É uma obra que demanda calma, atenção e uma certa disposição para mergulhar na cultura nordestina de forma profunda. É um livro que se revela melhor quando lido devagar, com pesquisa e reflexão, pois seu potencial está na riqueza de suas referências e na forma como constrói uma narrativa quase mítica, que celebra e questiona ao mesmo tempo.
Para quem aprecia uma literatura que mistura tradição, inovação, humor, e uma visão crítica da cultura, esse livro é uma verdadeira joia. Mas é importante estar preparado para uma leitura que não é rápida, que exige paciência e curiosidade para entender toda a simbologia e o contexto histórico-cultural que ele apresenta.
January 11, 2023
MESTRE SUASSUNA, QUE EPOPÉIA!!
O livro é feito de romances dentro de romances, histórias dentro de histórias, fácil se perder e também fácil de se divertir. Decidi ler a Pedra do Reino depois de assistir um vídeo do Canal Meteoro do Youtube, onde um discurso do Suassuna defendendo o movimento Armorial e criticando o movimento Manguebeat (do saudoso Chico Science), me fez conhecer o armorial e passar a amá-lo e também amar mais ainda o manguebeat. A Pedra do Reino faz a gente entrar com tudo nesse período da história do Brasil, das revoluções nordestino-sertanejas e fez, olha só, eu através de um sonho (lendo até tarde, sonhei direto com a história) recuperar uma memória dos meus antepassados (parte dos meus ascendentes são do nordeste) - ou uma memória de vidas passadas - onde me vi como cangaceiro. Como o posfácio já informa, é uma obra do nível de Guerra e Paz, Don Quixote e Grande Sertão Veredas, é sim uma epopéia. Leitura necessária para capturar o âmago da cultura nordestina. Obrigado mestre Suassuna por todo o seu legado.
O livro é feito de romances dentro de romances, histórias dentro de histórias, fácil se perder e também fácil de se divertir. Decidi ler a Pedra do Reino depois de assistir um vídeo do Canal Meteoro do Youtube, onde um discurso do Suassuna defendendo o movimento Armorial e criticando o movimento Manguebeat (do saudoso Chico Science), me fez conhecer o armorial e passar a amá-lo e também amar mais ainda o manguebeat. A Pedra do Reino faz a gente entrar com tudo nesse período da história do Brasil, das revoluções nordestino-sertanejas e fez, olha só, eu através de um sonho (lendo até tarde, sonhei direto com a história) recuperar uma memória dos meus antepassados (parte dos meus ascendentes são do nordeste) - ou uma memória de vidas passadas - onde me vi como cangaceiro. Como o posfácio já informa, é uma obra do nível de Guerra e Paz, Don Quixote e Grande Sertão Veredas, é sim uma epopéia. Leitura necessária para capturar o âmago da cultura nordestina. Obrigado mestre Suassuna por todo o seu legado.
January 27, 2022
Livro espetacular! Uma verdadeira epopeia brasileira (como aquela que o protagonista se propõe a escrever). Ariano Suassuna cria sua própria fantasia dentro do sertão da Paraíba de maneira esplendorosa; um livro que te faz rir, se emocionar, se desesperar, odiar e amar um personagem a cada linha lida. Essa mistura de gêneros literários em um mesmo enredo é desenvolvida de uma forma tão fluida que é quase palpável - aí percebe-se a genialidade do autor.
August 7, 2024
Si no le doy la quinta estrella es porque me he quedado con ganas de más -Edito: ¡venga la quinta!-. La épica sertaneja brasileña alcanza con Suassuna su tope al más puro estilo de los maestros universales. El humor, la documentación y recolección de la cultura y la historia popular nordestina, la forma de contarlo y el envolvimiento del lector con lo leído hacen de éste un relato a la altura -y sin ninguna envidia- de nuestro Quijote.
October 22, 2024
DNF em Aprox 60%
Eu demorei pra pegar o jeito da coisa (é sátira, e eu passei tempo demais lendo como ficção, esperando uma "trama") e quando eu peguei o jeito da coisa eu já estava cansada. Eu acho que eu me interesso por 200, até 400 páginas de sátira, mas quase 800 foi demais pra mim. Porém gostei de ver nomes familiares (minha família é da região) e às críticas políticas e sociais são ácidas de um jeito delicioso.
Eu demorei pra pegar o jeito da coisa (é sátira, e eu passei tempo demais lendo como ficção, esperando uma "trama") e quando eu peguei o jeito da coisa eu já estava cansada. Eu acho que eu me interesso por 200, até 400 páginas de sátira, mas quase 800 foi demais pra mim. Porém gostei de ver nomes familiares (minha família é da região) e às críticas políticas e sociais são ácidas de um jeito delicioso.
March 3, 2022
Livro excelente! Vale muito a pena ler. O jeito dele escrever é muito engraçado!
December 7, 2013
Criei a expectativa de uma leitura leve e divertida mas não é bem assim. O livro é extenso e acabei me perdendo nas peripécias e viagens dos personagens. No final já não sabia quem era quem e o que eles realmente pretendiam.
January 6, 2009
O que eh real ou imaginac'ao? Uma mistura de odisseia com satira. Magnifico! Bravo!
My, muitissimo Obrigada.
My, muitissimo Obrigada.
November 11, 2013
Clássico! Mais um livro para definir essa termo.
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