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Morte e Vida Severina e Outros Poemas Para Vozes

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Coletânea de poemas - 'O rio' (1953), 'Morte e Vida Severina' (1954-55), 'Paisagens com Figuras' (1955) e 'Uma Faca sem Lâmina' (1955) - de João Cabral de Melo Neto publicados na década de 1950. Para Cabral, esta década foi crucial para a consolidação da linguagem que viria a refinar nos anos seguintes. No poema 'O Rio', Cabral trata do rio Capibaribe e de seu povo, só que, desta vez, sob uma ótica mais documental e narrativa. Já 'Morte e vida severina', publicado pela primeira vez em 1956, retrata a fuga da seca de retirantes que seguem o curso do rio Capibaribe. Em 'Paisagens com Figuras' (1955), o poeta mescla, descrições das paisagens de Pernambuco e da Espanha. Por fim, em 'Uma Faca sem Lâmina' (1955), Cabral remete a um tema que lhe é caro - a composição poética.

168 pages, Paperback

First published January 1, 1955

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2862 people want to read

About the author

João Cabral de Melo Neto

77 books125 followers
João Cabral de Melo Neto was born in the state of Pernambuco, Brazil, and is considered one of the greatest Brazilian poets of all time.

He is often quoted saying "I try not to perfume the flower". His works are said to be dry, devoid of exaggerated emotions that are usually associated with poetry, sticking usually to images and actions and physical descriptions rather than feelings. The image of an engineer designing a building is often used to describe his poetry. It usually follows a strict meter and assonant rhymes.

He worked as a diplomat for most of his life.

In 1990, he won the Camões Prize, the greatest prize in literature of the Portuguese language. In 1992, João Cabral received the Neustadt International Prize for Literature, which some consider to be almost as prestigious as the Nobel Prize.

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1 star
44 (1%)
Displaying 1 - 30 of 133 reviews
Profile Image for Laís Arjona.
389 reviews
July 20, 2018
5.0/5.0
Meu avô não falava de como foi quando ele retirou. Eu sei que ele andou sete dias a pé, muita gente morreu, os irmãos dele, quase todos os irmãos, dois na mesma semana, os pais, os primos, a família toda. Todos os nossos parentes são vizinhos. Meu avô enterrou muita gente. Meu avô andou muito a pé. Meu avô tinha medo de cobra, ele amava o sol. A gente brincava que não tinha cabimento alguém que fugiu tanto da seca amar tanto o sol. Ele amava os cachorros. Tinha pavor de deixar filho órfão. Tinha pavor de morrer na cama. Morreu na cama. Meu avô foi a pessoa mais forte que eu conheci. Ele nunca voltou pro Norte, e nunca falou do Norte. Mas João Cabral de Melo Neto falou, e eu agradeço todas as vezes que me lembro que alguém teve forças pra falar dessa realidade que meu avô viveu. Porque eu não quero nunca que esqueçam que a gente é filho dessa história.
Profile Image for João.
223 reviews45 followers
July 15, 2025
só no meu perfil do goodreads mesmo pra você ver alguém indo das obras-primas da Lygia Fagundes Telles e dos poemas do João Cabral de Melo Neto até as bombas da Cassandra Clare e aquele apocalipse literário que é a saga "Feios"
Profile Image for Michela.
106 reviews
February 2, 2019
se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Profile Image for maria vitória .
69 reviews17 followers
April 15, 2021
"E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia"
Profile Image for Aline.
59 reviews4 followers
November 11, 2022
é um dos livros mais bonitos que já li.
Profile Image for Oziel Bispo.
537 reviews85 followers
March 25, 2023
"E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia"


Severino,fugindo das mazelas do sertão nordestino, ruma ao litoral em busca de melhores oportunidades na vida.
Seu percurso até Recife resume-se a uma sequência desanimadora de situações revelando que a miséria e a morte são o destino único daqueles que, obrigados a cultivar um solo seco, nada podem fazer senão enterrar os que não resistem.
Quando chega a Recife o retirante escuta dois coveiros reclamando dos sertanejos que vão para a cidade grande apenas para morrer. Neste momento, Severino pela primeira vez se desilude e pensa em suicídio, mas o nascimento de uma criança vem indicar que a força da vida sobrepõe-se às terríveis condições econômicas
Profile Image for Nude Literária.
Author 1 book43 followers
August 18, 2021
Nesta coleção de poemas de João Cabral, podemos ver um pouco da evolução do escritor ao longo do tempo, em termos de escrita, mas como os temas permanecem. As coisas acontecem ao longo da água, talvez representando a vida, mas em torno dela, no Nordeste brasileiro, sofrimento e morte acontecem. Apesar disso, inclusive num dos trechos mais emblemáticos, o Severino (ou talvez um severino) percebe que a vida vale a pena ser vivida. Severiano ameaça saltar de uma ponte e uma pessoa o diz "severino, retirante, deixe que agora que lhe diga; (...) não há melhor resposta que espetáculo da vida; vê-la desfiar seu fio; (...) mesmo quando é uma explosão de uma vida severina."
Profile Image for Rafael Bechelli.
12 reviews1 follower
March 21, 2014
"Morte e Vida Severina" is a short story written as a narrative poetry by João Cabral de Melo Neto, Brazilian writer and Diplomat.

It tells the story of Severino - a somewhat generic personification of the people that live on the driest parts of northeastern Brazil - in his journey from his former home on the very dry land of Serra da Costela to Recife, where he hopes to live a little longer.

All along his path Severino is confronted with death, and the dryness of the land. He tries, with the characteristic unsophisticated, yet authentic, reasoning of the simplest northeastern people, to understand what is the purpose of living such a life of endless toil, if there ain't no outcome of it ever. Why keep living, when the only thing that is expecting him at the end is a shallow grave to rest his exhausted body and miserable soul?

As far as I know the the book has been translated as "The Death and Life of Severino". I haven't put my hands on it yet. But sooner or later I will, and then I can write something about the translation work.
Profile Image for Alice Gonçalves.
70 reviews18 followers
March 15, 2016
"Uma Faca Só Lâmina" bastaria para começar toda uma tradição poética; digo isso sem sentir a pontada da hipérbole. "Morte e vida severina" é um poema justo, e eu gosto particularmente do seu final e de alguns de seus momentos, mas não é dos meus favoritos do João Cabral. "O rio" é maior e, simultaneamente, menor do que "O cão sem plumas", mas nasce - intuo - de um impulso topográfico admirável: a cuidadosa entrada do espaço no poema. "Paisagens com figuras" ainda nos dá esse trecho, entre outros:

"sim, eu vi Manuel Rodrígez,
Manolete, o mais asceta,
não só cultivar sua flor
mas demonstrar aos poetas

como domar a explosão
com mão serena e contida,
sem deixar que se derrame
a flor que traz escondida,

e como, então, trabalhá-la
com mão certa, pouca e extrema:
sem perfumar sua flor,
sem poetizar seu poema."
Profile Image for Bernardo Lima Carvalho.
40 reviews1 follower
January 19, 2018
Mandatory reading in Brazilian literature. Focusing on Morte e vida severina, it follows the journey of a symbolic Severino showing his poverty and the general poverty in the state of Pernambuco (almost 80 years ago). It's striking to realize the two main types of poor laborers still exists in the countryside: (arid-land) caretakers and sugar-cane cutters, people submitted to unhealthy conditions and trying to flee from hunger and slave-like labor going to the capital by following the Capibaribe river path (just to change the "shape" of its poverty). Of course a lot of things changed since, but it still makes you question the reason we live.
Profile Image for Gregório.
4 reviews
March 16, 2021
Que falar? É João Cabral. Impecável. E esse poema, esse "auto de Natal pernambucano", nos dá uma grandiosa imagem da vida em morte, morte em vida severina. O pavor e a compaixão, aqui, são presentes do começo ao fim.
Ademais, esta edição possui outros poemas excelentes. Em "Paisagens com Figuras", guardei no coração os poemas "Imagens em Castela", "Vento no Canavial" e "Encontro com um poeta." Isto, claro, para não falar do que fecha o livro: Uma faca só lâmina --- esse, ah, sem comentários (nenhum de minha parte valeria!)
Profile Image for Carol Bastos.
3 reviews2 followers
February 25, 2019
Amo demais, já li e reli e se der vontade leio mais uma vez. Retrata a vida de tantos brasileiros, vale mt a pena ler.
Profile Image for Álvaro.
88 reviews10 followers
January 19, 2018
E chegando, aprendo que,

nessa viagem que eu fazia,

sem saber desde o Sertão,

meu próprio enterro eu seguia (...)

- Morte e vida severina.

João Cabral de Melo Neto, o autor desta coletânea de poemas, por intermédio deste livro demostrou o quão visual poemas podem ser. A "arte de ver" torna a experiencia bem única, fator de certa forma condizente com a teoria sociológica da Semiótica de Bourdieu, a qual versa sobre a possibilidade de explanação de fenômenos culturais através de um sistema de significação, sígnico. *cito nesta resenha apenas com objetivo de lembrar, por isso não creio que haja necessidade de explicar mais adentro como ela se encaixa em quais contextos etc.

Ademais, Morte e Vida Severina tem um fator sociocultural bem interessante para a fundamentação do poema. Nele, Severino foge à seca seguindo o curso do rio até Recife. Nesse contexto, a narrativa cria uma atmosfera extremamente imersiva e diversa, tanto por sua escrita, que ao longo do poema muda-se, quanto pelo conteúdo narrativo em si, enquanto o personagem transeunte se depara com as diferentes regiões brasileiras.

Outrossim, são quatro "sub-livros" reunidos nessa coletânea. Curiosamente, um deles é "O Rio", no qual a narração é feita pelo próprio rio-corrente de maneira criativa. Em especial, também, há a "Fábula de Joan Barbosa" que se passa em Barcelona, narra sobre as regiões catalãs e algumas de suas plantações.

Por fim, reitero a definição da poesia feito pelo autor e afirmo que ela se encaixa perfeitamente com o conteúdo do livro:"uma exploração da verbalização de impressões visuais e das possibilidades de justaposição das dinâmicas a elas subjacentes."

Profile Image for Lívia.
29 reviews1 follower
May 27, 2022
Amo poemas, amo.
"Só morte tem encontrado quem pensava encontrar vida, e o pouco que não foi morte foi de vida severina".
Profile Image for laura.
28 reviews1 follower
November 24, 2020
This. This is not just a regular book.

This is not just a regular poem that stretches itself, taking all the pages of this masterpiece.
This is a whole experience.

It's a deep, emotional journey into a type of life that no one outside of this country may know. This book is almost like a painting: shifting before your eyes, fluid, maybe even cruel.
Morte e Vida Severina is about suffering. It's about the lives of those with no faces, no voice, no space, in the real world. Those forgotten by the governments, forgotten by the people that live here. This book is about those people, about their journey to find a new life, a new place where they can finally know what living really is. And still, they suffer. The journey is endless, and Mother Nature is cruel.

This book talks about many, many things. Suicide thoughts, death, grief. It's a very heavy text written by someone who studied the regional language of those who cross states and cities, searching for somewhere to rest. Still, all that suffering is covered by the way that João Cabral de Melo Neto uses his words and his poetic talent to bring awareness about those who live in perpetual chaos, and those who were left behind in the sand, in their way to find somewhere nicer and better to live.
Profile Image for Heider Broisler.
Author 13 books18 followers
November 22, 2018
Uma obra fantástica da Língua Portuguesa. Este autor deve ser currículo obrigatório para as escolas brasileiras. Um clássico!
Profile Image for Octavio Pontes.
74 reviews71 followers
May 2, 2017
"(...) é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que se vê, severina (...)"
Profile Image for Gláucia Renata.
1,305 reviews41 followers
December 5, 2013
Nem gosto muito de poesia, tenho uma certa dificuldade em interpretá-la, mas esse poema é magnífico pela sua crueza e pela sua realidade. É só abrir o jornal que teremos pelo menos uma morte e vida severina ao dia...
Profile Image for eduardo.
49 reviews
October 11, 2021
Por ser uma leitura obrigatória para o vestibular fui bem sem esperanças no livro mas me surpreendi. Por ser em poema, o livro tornou-se muito fluido e conseguiu transmitir uma profundidade da seca, fome, e, principalmente da morte muito grande.
Profile Image for Tati.
32 reviews1 follower
June 13, 2011
One of the best books I ever read.
Profile Image for Tauan Tinti.
198 reviews3 followers
August 27, 2025
A edição que eu li vinha com Uma faca só lâmina, um dos meus poemas brasileiros favoritos (não que eu conheça tantos).
Profile Image for Sandro Araujo.
8 reviews2 followers
December 26, 2017
Um poema que te obriga a tomar as dores do personagem e a falta de esperança que o segue, até que o final, apesar da objetividade, nos faz refletir em como a vida ressurge como solução.
Profile Image for Erich Cavalcanti.
227 reviews3 followers
July 21, 2024
Minha nota é pelo "Morte e Vida Severina - auto de natal pernambucano", que foi uma leitura extremamente vívida e impactante sobre o sertão e o processo de emigração. A versão que peguei tinha também os outros contos, mas não senti deles nenhum grande destaque.

Acho que o mais próximo que já li sobre o assunto foi o fenomenal Vidas Secas, que não chegou a me emocionar como o Morte e Vida Severina. Este subiu pra um nível acima.

Adicionar aqui a recomendação de assistir (ou em conjunto com a leitura ou após ela) a animação da história: https://www.youtube.com/watch?v=VmB7-...

Profile Image for Beatriz Bomfim.
30 reviews
August 30, 2025
"é difícil defender,
só com palavras, a vida,
ainda mais quando ela é
esta que se vê, severina;"

Daquelas leituras que deveriam ser obrigatórias – ou pelo menos mais reconhecidas. Ainda mais porque não tem palavras para descrever esses poemas, precisam ser lidos, imaginados e sentidos.

O livro é dividido em duas grandes partes. Na primeira, o rio, único símbolo de vida em meio a seca, nos descreve os diversos ambientes por qual passa e os retirantes que caminham com ele. O capítulo Encontro com a Usina, entre muitos outros, me pareceu o mais impactante. Denuncia as usinas, que tomaram conta dos engenhos e que cresciam cada vez mais na região:
"O canavial é a boca
com que primeiro vão devorando
matas e capoeiras,
pastos e cercados;
com que devoram a terra
onde um homem plantou seu roçado;
depois os poucos metros
onde ele plantou sua casa;
depois o pouco espaço
de que precisa um homem sentado;
depois os sete palmos
onde ele vai ser enterrado."
Denuncia também o trabalho nessas usinas, um trabalho cruel e escravizador, que sugava a vida das pessoas já vulneráveis apenas para descarta-las e substituí-las:
"Dentes frágeis, de carne,
que não duram mais de um dia;
dentes são que se comem
ao mastigar para a Companhia
de gente que, cada ano,
o tempo da safra é que vive,
que, na braça da vida,
tem marcado curto o limite."

Já na outra parte, temos a história do retirante Severino. Logo no começo percebemos que nosso protagonista não é único. Cabral nos mostra que existem muitos outros Severinos e muitas outras pessoas em vida severina.
"E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida)."
Profile Image for Matheus.
42 reviews15 followers
April 5, 2021
"E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia."


O livro conta na verdade com diversas obras do autor: O rio (1953), Paisagens com Figuras (1954-55), Morte e Vida Severina (1954-55), Uma faca só lâmina(1955). Na introdução do livro temos uma análise rápida das quatro obras e do estilo de escrita do autor em cada uma delas.

As minhas obras preferidas foram O rio, e Morte e Vida Severina. Em O rio temos um estilo mais documental, sem emoção, acompanhamos a viagem do rio, percorrendo com ele, toda a sua extensão do Capibaribe até Recife.
Em Morte e Vida Severina ou O auto de Natal Pernambucano, temos a história de Severino, um retirante, que realiza o mesmo trajeto feito pelo rio, enquanto foge da seca. O formato de escrita de um auto sempre tem uma construção muito boa e leve, que deixa divertida a leitura (me faz lembrar das aulas de literatura do cursinho, onde a professora fazia todo mundo ler junto)

A parte mais interessante da segunda obra pra mim, Paisagens com Figuras, foi conseguir perceber, com o esclarecimento do texto de introdução, que todos os poemas eram construídos com jogos de comparações entre imagens, inclusive lembranças de sua vida em Recife e na Espanha.

Apesar do livro todo ser bom, e da introdução ser bem enriquecedora pra quem ainda está começando a ler cada vez mais poesia, eu ainda não consigo me apaixonar extremamente por livros de poesia, então vamos de 3 estrelas 😂😂
Profile Image for Julia.
4 reviews
December 22, 2024
"Morte e Vida Severina" é um daqueles clássicos brasileiros que muitos de nós conhecemos porque foi leitura obrigatória na escola ou no vestibular. Mas, ao revisitar essa obra, é impossível não reconhecer o porquê de sua importância. A narrativa poética de João Cabral de Melo Neto, além de ser tecnicamente impecável, continua dolorosamente atual.

O poema não fala apenas de Severino como indivíduo, mas de todo um povo de Severinos. Pessoas que compartilham uma existência marcada pela desigualdade e pelas mortes cotidianas – seja de fome, violência ou falta de perspectivas. Esse cenário já é apresentado no início da obra, no trecho icônico "E se somos Severinos / iguais em tudo na vida, / morremos de morte igual", aqui João Cabral traduz a tragédia de um Brasil que, em muitos aspectos, permanece inalterado.

O que me marcou mais na leitura foi como o autor trata a questão da reforma agrária. O trecho "Essa cova em que estás, / com palmos é medida, / é a conta menor / que tiraste em vida. / É de bom tamanho, / nem largo nem fundo, / é a parte que te cabe / deste latifúndio. / Não é cova grande, / é cova medida, / é a terra que querias / ver dividida" expressa uma ironia cruel: a única terra que muitos podem chamar de sua é a cova onde são enterrados. É um lembrete potente de como a luta pela terra – e por direitos básicos – segue urgente no Brasil.

Ler ou reler Morte e Vida Severina é, mais do que tudo, uma oportunidade de refletir sobre quem somos como sociedade e sobre os Severinos que ainda estão entre nós.
Profile Image for Ligia Leite.
84 reviews4 followers
August 9, 2022
Na dedicatória do exemplar que comprei no sebo, George diz que um dos maiores méritos de “Morte e Vida Severina�� é mostrar que “mesmo numa realidade tão cruel existe lugar para os sentimentos humanos”.

Achei uma apresentação curiosa do livro, que não contava apenas com os poemas de “Morte e vida”. Os “outros poemas em voz alta” descritos na capa, falam de cidade, de rituais, de gentes, mas não descreveria como poemas que falam especificamente em sentimento. Além disso, sempre fui apresentada ao autor por sua métrica e, na minha cabeça fechada de jovem que acha que entende alguma coisa porque estudou letras por uns semestres, foi ela que vi brilhar muito em cada um dos dos poemas.

Mesmo chegando ao poema narrativo em si, até as últimas estrofes, eu ainda achava peculiar a escolha de palavras do homem que, há 40 anos, dedicou esse livro. Até que cheguei ao fim. E imediatamente lembrei das palavras do meu agora já amigo George. E agradeci.

Que fique aqui, portanto, a sugestão de leitura e a lembrança do George.

Hoje, o cenário é outro. Ocupamos outro lugar no mundo, distante daquele narrado no livro. Mas a realidade ainda consegue ser por vezes bem cruel e, nela, tentemos lembrar que também aqui há lugar para os “sentimentos humanos”.
1 review
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June 4, 2021
The work "Morte e Vida Severina", by João Cabral de Melo Neto, portrays the tragic destiny of the sertão, is set in Pernambuco, from Caatinga to Recife, in the period of the 3rd generation of modernism - 2nd half of the 20th century. The idea of the work is to make a social review about the northeastern reality.The name Severino is taken as a common noun, but Severina is an adjective that characterizes "life", portraying its characteristics as severe and hard.The name Severino is taken as a common noun, but Severina is an adjective that characterizes "life", portraying its characteristics as severe and hard. In relation to death, it can be said that Severino, the main character representing all the others who live in the same precarious conditions as him, loses his expectations of a better life and thinks of committing suicide, but in the end he receives words of comfort, which makes him reflect on the meaning of life.Throughout the story, the author alludes to the arrival of Jesus Christ as a form of hope, which can be understood as one of the ways that the northeasterners keep, which is through faith.
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