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Las invitadas

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Los cuentos de Las invitadas -elogiados por Italo Calvino y Borges- son una ventana abierta a un mundo frágilmente cotidiano y, por eso, tan extraño como perturbador. Lo fantástico, casi imperceptible, penetra en lo real y se pliega, con claroscuros, a través de objetos, metamorfosis, figuras fantasmagóricas y recuerdos borrosos que plantean la aparición de la duda, de lo monstruoso, de lo inexplicable.
En el cuento que da título al libro, la mirada infantil de Lucio deja entrever encuentros clandestinos con siete misteriosas invitadas que representan la transgresión de los principales preceptos morales. El diario de Porfiria es un testimonio mágico, infernal, de la transformación de su institutriz en gato. La imagen de una mujer cubierta de velos y de escapularios surge, terriblemente nítida, en el retrato desdibujado del moribundo Valentín Brumana. Cuarenta niños sordomudos, tras un accidente aéreo, se arrojan al abismo, con alas, y desaparecen. Relatos inquietantes en los que Silvina Ocampo, con su rigurosa imaginación y un equívoco matiz de ingenuidad y ternura, logra "mostrarnos el cielo para precipitarnos en el infierno".

320 pages, Paperback

First published January 1, 1961

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1293 people want to read

About the author

Silvina Ocampo

152 books532 followers
Silvina Ocampo Aguirre was a poet and short-fiction writer.

Ocampo was the youngest of the six children of Manuel Ocampo and Ramona Aguirre. One of her sisters was Victoria Ocampo, the publisher of the literarily important Argentine magazine Sur.

Silvina was educated at home by tutors, and later studied drawing in Paris under Giorgio de Chirico. She was married to Adolfo Bioy Casares, whose lover she became (1933) when Bioy was 19. They were married in 1940. In 1954 she adopted Bioy’s daughter with another woman, Marta Bioy Ocampo (1954-94) who was killed in an automobile accident just three weeks after Silvina Ocampo’s death.

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5 stars
93 (26%)
4 stars
161 (46%)
3 stars
74 (21%)
2 stars
15 (4%)
1 star
5 (1%)
Displaying 1 - 30 of 67 reviews
Profile Image for Cláudia Azevedo.
394 reviews217 followers
February 15, 2023
Silvana Ocampo é genial com pequenas histórias. "As Convidadas" não fica a dever muito ao meu preferido, "A Fúria", o primeiro livro que li da autora argentina, mulher de Adolfo Bioy Casares.
Saliento, com 5*, pelo impacto que tiveram em mim:
- Carta debaixo da cama (sobre o medo)
- Amélia Cicuta (sobre a hipocrisia)
- O Casamento (também sobre a hipocrisia)
- O Progresso da Ciência (sobre poder)
- Visões (sobre estar doente)
Profile Image for Paginas de Andres.
580 reviews100 followers
March 12, 2024
4.25 ⭐

Nah que increíble, que maravilla, que CRIMEN que no sea tan leída o recomendada. Me ha encantado, captivado y no pude soltarlo. Su manera de escribir es hipnotizante y atrapante. Estás todo el tiempo enfrascado en buscarle el significado a cada palabra porque los relatos están muy cuidados; todas tienen un sentido. Es fresco, simbólico y tiene su toque de extrañeza, pero en buena dosis (cuando es en exceso aún no termina de convencerme) y a pesar de tener tantos años, se sienten súper frescos. No todo es perfecto porque me pasó lo que siempre me pasa con recopilaciones de cuentos/relatos así de largos. Hay unos que me fascinaron y sigo pensando en ellos, y otros que ya se me están desdibujando y no recuerdo del todo. Fuera de esto, he sido silvinizado and i’m here for that, que leyenda.
Profile Image for António Dias.
174 reviews19 followers
August 18, 2023
Um conjunto de contos interessante, com uma escrita que me agradou, ainda que eu não tenha captado o sentido de muitas das histórias de As Convidadas. De qualquer forma, Silvina Ocampo escreve com clareza e muita imaginação, deixando antever um profundo trabalho para resultar neste conjunto de contos que, não sendo para mim uma obra prima, formou uma leitura muito agradável.

Foi o meu primeiro contacto com Silvina Ocampo e, se bem que não me apeteça repetir já a autora, decerto que voltarei a ela pois ficou a curiosidade em aprofundar o seu universo.
Profile Image for Pablo.
478 reviews7 followers
October 19, 2021
Este es el cuarto libro de cuentos que leo de Silvina Ocampo, también es el cuarto en su orden de publicación. No hay mucho que decir, Silvina es de las grandes escritoras argentinas del siglo XX. En esta colección, existe un amplio registro en temas y estructuras. Desde cuentos breves de algunas paginas, hasta cuentos más largos que podrían ser nouvelles. Quizás por su extensión, hay cuentos menos perfectos y más irregulares, a diferencia de Autobiografía de Irene, que hasta ahora para mí es la mejor colección de relatos que he leído de ella. Aún así, no creo que haya ningún cuento que no valga la pena leer. La prosa de Ocampo es muy especial, comenzar a leer sus páginas transporta inmediatamente a su mundo, sea cual sea el contexto de éste.
Profile Image for Suellen Rubira.
954 reviews89 followers
August 16, 2022
Silvina nunca decepclona.

Difícil escolher os meus contos favoritos, foram tantas as ocasiões que fiquei impressionada.

Continuo achando os narradores de Silvina o ponto alto da obra dela.
Profile Image for Ana.
41 reviews
June 24, 2024
"Desde que nasci, vivemos sempre nesta casa: tempo suficiente para saber que o corredor separa os quartos, em vez de os unir."
Silvina Ocampo transforma o quotidiano em algo fantástico e perturbador, particularmente quando escreve da perspectiva de crianças, algo recorrente neste livro.
Profile Image for Cat.
805 reviews86 followers
June 17, 2024
não gostei tanto desta coleção como d"a fúria"mas continuo a ficar fascinada pelo estilo e tom da autora
Profile Image for Iara Couto.
106 reviews19 followers
June 9, 2022
Queria dar 4,5 🌟
A Silvina é genial. Sem dúvidas, minha contista favorita. Só não vou dar 5, porque A Fúria é mais legal.
Profile Image for Júlio Dias.
51 reviews7 followers
July 14, 2022
Os textos de As convidadas entregam tudo que permeiam os contos de Silvina: insólitos, absurdos, crianças perturbadoras, sobretudo nos contos “Assim eram seus rostos” e “As convidadas”. Relações familiares nada triviais e estranhíssimas.

Serve como porta de entrada para quem não a conhece e até soa como continuação de A Fúria para quem já o leu, mas segue A Fúria muito mais impactante e por isso do meu 4,5 aqui. Continuo gostando demais da autora e de sua escrita.
Profile Image for Rute Paulo.
267 reviews22 followers
January 29, 2023
Confesso, esperava mais, muito mais deste livro.
Tenho "A Fúria" na estante para ler, e a "Promessa" na minha lista de compras que ficará pendente.
De "As Convidadas", haveria talvez um arrebatamento idealizado e que fugiu depois de contos como o "êxodo" e "Carta debaixo da cama" que só deslumbrei em "o fantasma".

Será que sou eu? Arrisco-me a confessar que a literatura europeia e norte-americana consegue-me interessar muito mais do que a sul-americana ou mesmo a russa.
Sou eu, só posso ser eu!
Profile Image for Sylvia.
523 reviews39 followers
February 6, 2024
Su obra está permeada por el surrealismo.
Es una autora muy completa, además de pintar escribe cuentos y teatro.
De este libro el más famoso es Las invitadas obra en la que el niño Lucio interactúa con los siete pecados capitales, encuentros clandestinos y rebeldes. Muy interesante leerlo.
Profile Image for Pilar.
74 reviews
March 17, 2021
Una de las mujeres más talentosas de la historia argentina: la más talentosa escribiendo, en mi opinión. Logra sacar lo macabro de lo cotidiano en cada uno de estos cuentos, que son realmente uno mejor que el otro. Hasta ahora, mi antología favorita suya.
Profile Image for André Pithon.
182 reviews2 followers
October 8, 2024
1.5

Possibilidade 1: Eu sou uma pessoa que odeia contos. Não é impossível, acho estupidamente difícil acertar em uma narrativa tão curta, mas reconheço exceções. Gosto de Machado, gosto de Borges, gosto de Anna Kavan.

Possibilidade 2: Edição e tradução. Algo pode ter se perdido na tradução do inglês para espanhol, algo do insólito (palavra favorita de Ocampo, repetida vinte vezes por página), se perde junto da linguagem, e a magia dissipa. Culpados simultaneamente são os editores, que resolvem inserir na antologia 44 (quarenta e quatro!) contos, resultando em quase trezentas páginas, e oferecendo pouquíssima variedade. Na décima vez que tu lê sobre família feliz, algo estranho acontece, protagonista meio maluquinha, alguma explosão de violência súbita ou assassinato mal explicado no final tu já perde a paciência. Talvez vinte contos melhores selecionados e mais representativos me tornassem mais agradável com "As Convidadas".

Possibilidade 3: Li tudo muito rápido. Alguns contos se mesclam em uma coisa só. Não ajuda que todos tem a mesma maldita estrutura.

Possibilidade 4: É mal escrito.
E não é mal escrito, não tecnicamente, não posso reclamar da prosa, mas é uma execução competente dos conceitos mais toscos possíveis. O dia a dia deturpado pela violência, pela inveja, pelo insólito (contagem de insólito: 2). Alguns contos são curtos de mais para conseguir fazer impacto, seus personagens são pedaços de cartolina cujas personalidades amalgamam-se em uma coisa só. Silvina Ocampo tem a tendência de jogar dez nomes quaisquer na sua cara, e seguir em frente, sem aprofundar-se nas peças importantes nem descartar o irrelevante. Em contos, cuja brevidade deveria trazer impacto, faz tudo parecer letárgico e mal planejado.

Eu poderia me extender em cada conto, dissecar o que eu não gosto, e pontuar as poucas narrativas unitárias que eu achei Ok. Nada espetacular, mas ok. Um 6 é o ápice. Porém, não acho que mereça tanto esforço, e foi um livro que mais me cansou do que enfureceu. Normalmente minhas reviews negativas furiosas costumam ser de maior entretenimento, mas as entediadas? Sinto que não vale o esforço. Portanto irei exemplificar meu problema com "A Árvore Talhada", pq era o conto que eu planejava cozinhar, até me roubarem-no e me empurrarem para um plano B. Vão ler, são duas páginas e meia.

Criança trollzinha coloca formiga nos bolos da festa de família pela zoeira. A narradora é uma coitada que não importa vendo tudo. Don Lotário fica puta, espanca a criança. Oito chibatadas, e o homem está morrendo de cansaço todo suado (?). Pessoas fazem comentários idiotas jogados sem muito sentido. Criança pega uma faca e mata o homem. Oh não, revela-se do nada que essa mesma criança gosta de talhar árvores, enfiar sua faca no coração delas. Declara-se que foi o diabo. Tã-dã, eis o insólito. (contagem de insólito: 3)

TODOS CONTOS SÃO IGUAIS (existem na verdade uma meia dúzia de exceções, mas estou sendo hiperbólico). Situação do dia a dia >> absurdo súbito >> Insólito (contagem de insólito: 4). Nada é aprofundado, nada é desenvolvido, nada tem impacto, nada choca, nada causa emoção nenhuma. E o que pode ser pior que uma obra capaz de gerar qualquer reação além do cansaço insólito? (contagem de insólito: 5)

Talvez eu não esteja vendo algo. Talvez tenha uma simbologia maior, juro que tentei procurar, e sai não mais entendido.

Se o Insólito (contagem de insólito: 6) é um evento idiota meio mágico meio violento no final para acontecer alguma patetice na história, declaro-me inimigo número 1 do Insólito.
(contagem de insólito: 7)
Profile Image for Debora.
53 reviews6 followers
February 16, 2024
gostei bem menos do que eu esperava, li me arrastando... considerando que eu amei A fúria, o sentimento que tenho é que tem algo muito diferente na escrita dos contos de um livro e do outro
Profile Image for Valentin Cristaldo.
153 reviews12 followers
January 22, 2025
si al día de hoy el léxico que usa ocampo todavía suena actual y natural, no me imagino cómo habrá sido en los años en los que publicó estos cuentos originalmente
Profile Image for Zoe.
8 reviews
March 30, 2025
También terminé este, no me acuerdo cuándo. Increíble. Un saludito a "El pecado mortal" que después de leerlo pensé en cómo pegarme un tiro sin un arma. Te amo Silvina Ocampo nunca me dejes.
Profile Image for Aline.
59 reviews4 followers
July 17, 2022
Esperava algo como As Fúrias. Que me arrebatou, que me levou para os rumos do realismo fantástico através da voz de uma escritora mulher.
Aqui algo ficou faltando, pendente. Muitos contos parecem não terem sido terminados.
No livro Entrevistas com Silvina Ocampo é perceptível o cuidado da autora com seu trabalho. Esta compilação de contos me pareceu sem sentido, como se cada um fosse de um momento diferente da vida da autora. Uma curadoria talvez de: pegue qualquer coisa, junte tudo e vamos lançar. E esse qualquer coisa esqueceu que Silvina é muita coisa.
Profile Image for fioo ! ♡ ∗ ˚  ˖࣪  ∗    ‎˖     ݁     .  °   ·  ˚ ₊.
161 reviews36 followers
October 1, 2021
Cuentos escritos con una estética insuperable, única. Historias que atrapan a cualquiera y que son muy intrigantes, terroríficos, hermosos, originales. Este libro es pura belleza, y parece que fue escrito con mucho amor. Silvina, mis respetos.
Profile Image for Paulo Vinicius Figueiredo dos Santos.
977 reviews12 followers
December 22, 2022
A Companhia das Letras tem feito um excelente trabalho ao trazer Silvina Ocampo para os leitores brasileiros. Estamos acostumados com vozes como as de Jorge Luis Borges, Julio Cortazar ou Adolfo Bioy Casares que representam o que há de melhor na literatura de realismo mágico. Só que Ocampo estava esquecida não sei se por ser mulher, não sei se por ser mais contista do que romancista. As Fugitivas representa um mergulho em seu lado mais sombrio, com histórias que saem do insólito até insinuarem situações bastante bizarras. Esta edição conta com tradução de Livia Deorsola que faz um ótimo trabalho com o texto. Ocampo não tem uma escrita lá muito simples e lê-la é um desafio até mesmo com uma boa tradução. A tradutora nos deixa notas bastante pontuais também, destacando elementos culturais que desconhecemos sem interferir no texto. A edição é bem simples, mas bastante respeitosa à autora.

Nessa resenha vou pegar alguns dos contos que mais gostei na coletânea para comentar sobre aspectos temáticos ou da escrita da autora. Infelizmente não tenho como evitar dar spoilers porque os contos são quase ficções-relâmpago com poucas páginas. E nada como falar do primeiro conto, Assim eram os seus rostos. Já de cara a autora já demonstra o quanto esta série de contos é diferente de A Fúria, que foi publicada anteriormente pela Companhia das Letras. Em A Fúria os temas giram em um campo mais do maravilhoso de sua escrita, com elementos fantásticos fazendo parte do cotidiano, interferindo em relações familiares ou em relacionamentos. Aqui, o fantástico caminha mais para o estranho, para o aterrorizante. Em uma escola, diversas crianças com rostos iguais começam a se portar todas de forma exatamente igual para consternação de seus professores. Tentando entender o que realmente se passa, os professores fazem de tudo para ou separar as crianças ou fazê-las entrarem no ritmo da escola. Ocampo vai mergulhar de forma literal na concepção que temos de que crianças possuem características angelicais. E se elas criassem asas?

Outro exemplo dessa verve mais voltada para o terror de Ocampo é o conto Amelia Cicuta. Nela, Emidia, uma mulher que tem o hábito de dar de comer para gatos de rua conhece um estranho homem que se alimenta de... gatos. Ele os trata muito bem, dando de comer, abrigando-os, protegendo-os do frio até que eles fiquem gordos o suficiente para que ele possa comê-los. Emidia fica horrorizada e considera um absurdo, só que o homem banaliza, dizendo que apenas fornece alguns momentos de carinho para estes animais abandonados. E rechaça as críticas da mulher perguntando se ela, por acaso, não come bois, porcos, faisões, peixes e outros animais. Emidia, que se apresentou a ele como Amelia Cicuta, decide então tomar medidas drásticas. Neste conto podemos perceber nas linhas de Ocampo o quanto ela gosta de deixar coisas implícitas. Em seus contos, nem sempre os acontecimentos são claros, ficando muita coisa para o leitor interpretar o que depreendeu daquilo. É como se a escrita fosse feita com a participação do leitor.

E se estamos mencionando a ótima escrita da autora, não tem como não se referir ao conto A Escada. Que ideia sensacional a que ela teve. Em um dia comum, Isaura é chamada por algum motivo e precisa subir uma escadaria de vinte e cinco degraus para chegar à sua casa. A partir daí, a autora vai contando pequenas histórias em curtos parágrafos para cada um dos degraus. Eles presenciaram acontecimentos os mais diversos, desde os falatórios da vizinhança, até uma moradora que observava o bairro pensativa, um deles onde o lixo quase sempre caía e até um em que um estupro fora cometido. São vinte e cinco parágrafos para cada um dos vinte e cinco degraus. A genialidade da autora em criar um microcosmo de pequenas coisas que se sucedem em um amplo espaço de tempo é inimaginável para nós. Só de tentar entender como ela conseguiu criar tantas histórias já embaralha a minha cabeça.

O Progresso da Ciência é um conto que faz parte das discussões sociais da autora. Nela somos colocados em um reino onde a ciência avançou a um ponto onde é possível curar diversas doenças e rejuvenescer as pessoas até certo ponto. Só que o rei manda cegar as pessoas para que elas não possam vê-lo envelhecer e ficarem decepcionado. Com o passar dos anos, o rei deseja rejuvenescer e pede aos seus sábios que o façam para voltar a ser admirado pelo povo. Mas, cegos, eles tem muita dificuldade até que enfim conseguem. O rei está mais jovem, mas não há ninguém para admirá-lo já que todos estão cegos. Ele volta a ficar deprimido até que pede aos sábios que desenvolvam uma forma de fazer com que os seus súditos voltem a ver. Alguns anos mais tarde, os sábios conseguem finalmente desenvolver um método para curar a cegueira. Mas... Enfim, este é um conto que lida com as concepções de vaidade e egoísmo. O rei quer a aprovação das pessoas, mas não deseja que as pessoas tenham os mesmos privilégio que ele. Isso remete demais a uma sociedade de aparências onde prestamos a atenção no que o outro pensa sobre nós. Muitas vezes tendemos nossas escolhas ou preferências ao que os outros irão pensar de nós. Existe uma reflexão dura ao final deste conto.

Se estou citando contos de teor social, não tem como não mencionar Fora das Jaulas. Na trama, temos um professor que tem em suas mãos a chave para um zoológico. E ele gosta de apreciar os animais e descreve todo um mundo secreto vivido pelos animais depois que as portas do zoo se fecham. Quase como se fosse outro mundo onde os animais podem falar, seus sonhos se tornam nítidos para nós e suas ações correspondem às nossas. Um dia, ele decide levar um grupo de alunos para visitar tais animais à noite, mas um deles tem a obsessão de entender o que aconteceria se deixássemos os animais saírem de suas jaulas. É um conto sobre civilização e como nos sentimos o topo da cadeia alimentar. Contudo, pouco conhecemos sobre a natureza e todo um mundo que parece alheio aos nossos sentidos. Queremos ter o controle sobre os outros animais e os observamos como se fosse em um... zoológico. Mas o que aconteceria se as posições fossem invertidas?

A forma como Ocampo entende o amor pode ser perturbadora às vezes. Nada exemplifica mais isso como em A Cara na Palma. Um conto onde a protagonista tem uma.... cara na palma de sua mão. Um rosto com quem ela pode conversar, debater e até discordar. Essa cara tem sua própria visão sobre as coisas e tudo isso vai explodir quando ela passa a se engraçar com um rapazinho da aldeia. A cara não concorda com esse amor e a protagonista, em uma carta apaixonada escrita a seu amado, conta como terminou a confusão com sua "confidente". É simplesmente perturbador. Semelhante a esse aqui é As termas de Tirte onde o narrador é apaixonado por Lucy, mas esta só tem olhos para um galã que passou a frequentar as termas. Só que este galã deseja perpetuar sua beleza para sempre e depois de uma conversa pensa em uma saída deveras estranha: para ganhar mais tempo é preciso não gastá-lo com tarefas mundanas. Então a saída que ele cria é que toda vez que ele estiver dormindo, irá realizar todas as tarefas que são entediantes. Dessa forma ele vai ganhar mais tempo de vida. O protagonista agora quer provar que o galã, toda vez que sai com Lucy, está de olhos fechados porque ele tem certeza que não a ama como ele. Mas, será que ele poderá provar o que diz ou sua amada é que está realmente com olhos fechados? Ou seja, Ocampo não é lá muito romântica... Estou ironizando, caros leitores. Mas, vale pensar que a autora está fazendo algumas reflexões lá nos idos da metade do século XX que só fazemos hoje com mais frequência.

No conto Celestina vemos um pouco mais desse lado mórbido da autora. E o quanto ela gosta de inserir punchlines, ou seja, pequenas frases de efeito ou situações que fecham uma trama. E ela faz isso muito bem. Nesse conto, a narradora nos conta que conhece uma mulher chamada Celestina, que se alimenta de notícias ruins. Apesar de ser uma pessoa bondosa, ela precisa ouvir notícias ruins, podendo ser terremotos, desastres, assassinatos em família, epidemias. Qualquer coisa que envolva mortes, maldições ou injustiças. Todos os dias. Chega a um ponto em que eles precisam trazer provas das notícias ruins que eles estavam contando. E é uma necessidade constante de ouvi-las. Mas, um dia, o jornal não tem uma única notícia ruim sequer. E nem os vizinhos possuem nada trágico para contar. As pessoas próximas a Celestina pensam em inventar uma história, mas ela é muito inteligente e pode desconfiar. O que será que vai acontecer quando Celestina não tiver uma notícia ruim da qual se alimentar?

Paro por aqui ou vou estragar as surpresas que Ocampo nos presenteia nessa coletânea. A autora é um dos pilares do realismo mágico na América Latino e reitero os meus parabéns para a Companhia das Letras por estar nos trazendo as histórias dela. A capa também está lindíssima e remete a esse espírito insólito e maravilhoso de suas histórias. Como qualquer coletânea de histórias vão ter aqueles contos que os leitores irão curtir mais e aqueles que não serão tão interessantes. De qualquer forma, vale demais a pena, principalmente pela liberdade de poder abrir o livro em qualquer página e encontrar uma boa história.
Profile Image for Erwin Maack.
451 reviews17 followers
August 7, 2022
“…os homens se entendem melhor quando não falam o mesmo idioma.”
Profile Image for Pia Errozarena.
21 reviews7 followers
December 17, 2020
Los cuentos me parecen fantásticos. Mis favoritos son La escalera, Amelia Cicuta, Carta bajo la cama, Tales eran sus rostros y Fuera de las jaulas. Silvina escribe y describe lo monstruoso, lo terrible, lo inexplicable, desde un lugar que no deja de asombrarme. Lo recomiendo mucho!
Profile Image for Paulo Bugalho.
Author 2 books72 followers
April 21, 2023
Lembra-me a leitura deste, que é o segundo de Ocampo para mim, certas limitações da ciência. Qualquer estudo médico em humanos requer a existência de um grupo de controlo, feito de elementos que não sofram do mal que pretendemos estudar, mas sejam de resto iguais aos doentes observados. Este, claro, é o modo de rodearmos uma impossibilidade (ter uma cópia dos probandos que fosse rigorosamente igual aos mesmos, diferindo apenas na variável que pretendemos estudar ), partindo do princípio que, a partir de determinado número, todos os grupos tendem para a semelhança. Não é preciso ter lido O jardim dos caminhos que se bifurcam, para entender que não há modo, senão na literatura, de reordenar a ordem das experiências ou colocá-las em modo paralelo, para possiveis comparações. Existem grupos de controlo, não existem indivíduos de controlo (para experimentarmos tudo de todas as maneiras, como dizia o outro - e talvez os heterónimos sejam a forma mais aproximada desta ambição). Não posso por isso saber se ter gostado bastante menos deste do que do primeiro que li de Ocampo se deve a diferenças de qualidade ou à ordem da leitura. Mas esta é a verdade e não posso recusá-la.
Profile Image for Leila de Carvalho e Gonçalves .
79 reviews34 followers
June 5, 2022
Silvina Ocampo é considerada um dos principais nomes da literatura argentina, todavia seu reconhecimento foi tardio. Boa parte da sua vida foi ofuscada pela atuação cultural da irmã Victoria e pela genialidade do marido Adolfo Bioy Casares, com quem viveu um casamento aberto durante 53 anos, ou melhor, até sua morte, em 1993, aos 90 anos. A bem da verdade, oculta detrás de um par de óculos gatinho ou escondendo o rosto com as mãos nas fotografias, ela sempre foi muito reservada. Pouco se sabe sobre sua vida particular e o significado de grande parte de seu trabalho é um desafio para o leitor.

No Brasil, sua obra jamais despertou maior atenção até 2019, quando a Companhia das Letras publicou a Antologia da Literatura Fantástica cuja organização foi realizada por ela, o marido e Jorge Luis Borges. Sem dúvida, uma presença que surpreende, se levar em conta que tal compilação ocorreu há 85 anos, quando a literatura ainda era um reduto praticamente masculino. Esse súbito interesse foi determinante para que a editora resolvesse lançar A Fúria, o primeiro livro de contos de Ocampo, e essa aposta parece que foi bem sucedida, pois acaba de ocupar as estantes de nossas livrarias outra publicação.

Trata-se de As Convidadas. Reunindo 44 contos breves, a prosa da escritora retorna com a mesma contundência, inquietação e amoralidade. De acordo com Laura Janina Hosiasson, professora de literatura hispano-americana da USP, “embalada pelo ritmo preciso da descrição dos detalhes, Ocampo consegue capturar o leitor para dentro de um universo familiar e doméstico no qual o sinistro e o estranhamento se insurgem como uma onda capaz de destruir qualquer proteção à equilibrada rotina burguesa”.

Esse estranhamento resulta em narrativas que destilam uma mordacidade sombria, uma perversidade até mesmo ingênua e primam pela estranheza criativa ao discorrer sobre assuntos como transmutação física (O Diário de Porfiria Bernal), premonição (O Incêndio), manifestação fantasmagórica (O Sinistro Do Equador), possessão ou transtorno dissociativo de personalidade (A Cara Na Palma Da Mão).

Ao mesmo tempo, essa temática é responsável por uma galeria de personagens marcadas por bizarras características. Alguns exemplos são o Pata de Cão, um campeiro cuja alcunha remete às unhas dos pés deformadas pela micose (A Filha Do Touro); Icera, a menina que possui o mesmo tamanho de uma boneca (Icera); e quarenta crianças com deficiência auditiva que durante uma viagem de avião, criam asas, saltam da aeronave e desaparecem no ar (Assim Eram Os Seus Rostos).

Já, quanto aos espaços ficcionais, a escritora faz com que cada um esteja ativamente ligado ao sentido profundo das tramas, nada é escolhido ao acaso, sequer suas costumeiras descrições, e esta característica está vinculada em parte com sua vocação pictórica. Inclusive, quando jovem, ela chegou a estudar em Paris com Fernand Lèger e Giorgio de Chirico.

Sobre o conto que dá título ao livro, ele aborda o fim da infância e remete ao atípico aniversário de um menino, Lúcio, cujas únicas convidadas são 7 garotas cujas descrições remetem aos 7 pecados capitais. De fato, trata-se de uma boa escolha, contudo o mais antologizado e discutido da lista é A Escada. Nele, abrindo mão da fantasia, a ação do tempo e o papel da memória sintetizam em cada degrau uma denúncia sobre a desigualdade social vivenciada pelas mulheres.

Enfim, aguardando a publicação de outros livros de Ocampo, também recomendo “La Hermana Menor”, de Mariana Henriquez, que, lançada em 2018 na Argentina, é a primeira obra biográfica sobre a escritora.
Profile Image for Josué.
59 reviews
July 4, 2024
Si jugar es divertirse , nunca juego. ¿Qué nombre puede tener lo que hago cuando parece que me entretengo? Hasta los perros comprenden que estoy triste y lamen las suelas de mis zapatos incorrectos. Pocas personas me quieren y yo sé por qué esto ocurre. Es porque uno ama sólo a los seres que se aman a sí mismos, y yo no me amo, porque no encuentro motivos valederos para amarme, ni siquiera cuando me veo tocando el violín, como un hombre grande, en el espejo, ni cuando saco buenas notas en la escuela.


En la cuarta estación de mi viaje a través de los cuentos de la destacadísima Silvina fockin Ocampo, me encuentro con lo que, si no me equivoco, es su antología de cuentos más extensa y numerosa. Esto último es muy importante, ya que son 44 (cuarenta y cuatro) cuentos; algunos de no más de 1 ó 2 carillas y otros con una narración más desarrollada. Obviamente, uno no puede esperar que los 44 cuentos sean obras maestras que permanezcan grabados en el alma para siempre, pero noto que aún así, hay una disparidad remarcable en las ideas expuestas en cada cuento; mientras que a unos los olvidé en el momento que pasé a la siguiente página, otros siguieron conmigo el resto de la jornada y más aún.

Este libro me hace darme cuenta que si nuestra amada Silvina hubiera nacido en estos tiempos, hoy en día sería trapera. Me parece de admirar el PALABREO que le mete a cada narración, independientemente de cuán complejo o emocionante sea lo que esté contando e indiscriminadamente de cuánto me haya gustado tal o tal cuento, esto lo noté en todos ellos.

Otra cosa que me fascina, y PARA NADA tiene que ver con que yo sea un fetichista de nombres raros, es la manía de la Silvi de dar a sus personajes los nombres más raros y viejos que se le puedan ocurrir. Sus colecciones de cuentos son compendios de nombres extintos, que no se ven ya en otro lugar que no sean estos libros. Por ejemplo: Eulalia, Cleóbula, Cirila, Icera, Clorindo, Locadio, Porfiria, Torcuato, Edimia, Rómulo, ISAURA. Quiero que una Isaura me rompa el corazón.

Por la cantidad de relatos que hay en este libro, voy a destacar bastantes, sin dejar de remarcar la diferencia que hay entre los aquí mencionados y algunos de los cuentos más olvidables del conjunto. Es también testimonio de que, cuando quiere, Silvina se calza la 10 y la manda a guardar.

*Carta bajo la cama
*Amelia Cicuta
*El progreso de la ciencia
*Anillo de humo
*El novio de Sibila
*El Moro
*El siniestro del Ecuador
*El médico encantador
*La peluca
*Icera
*Amor
*Carta de despedida
*El diario de Porfiria Bernal
*La piedra
Profile Image for Gabriela Seguesse.
245 reviews45 followers
August 16, 2022
"Que curta seria a vida se não tivesse momentos desagradáveis que a tornam interminável."

Desde que conheci Silvina Ocampo com o conto "O diário de Porfíria Bernal", em uma aula da graduação, tive o desejo de ler mais dela. Eu estava aguardando ansiosamente a publicação desse conto em português, e quando vi que ele estava nessa antologia, tive que lê-la.

"Às vezes uma pessoa ama a outra em memória do que foi."

Silvina Ocampo é uma das maiores escritoras da Argentina e existe um motivo para isso. Nesses mais de 40 contos, que vão desde o cotidiano e realismo mágico até o fantástico e mesmo (por que não?) o terror, Silvina mantém o mesmo padrão de narrativa, por mais diferentes que as atmosferas das histórias sejam. Mesmo em contos curtos, os desfechos são impactantes e com muitos trechos marcantes. Os personagens de Silvina são crianças, adolescentes, homens, mulheres, até assassinos; e neles vemos situações variadas e sentimentos universais humanos, como decepção amorosa, inveja, obsessão, amor proibido, adultério, vícios, morte etc.

"Meu crime foi passional e, o que é mais raro, perfeito."

Meus contos favoritos foram: Carta debaixo da cama, Amelia Cicuta, A escada, O sinistro do Equador, A cara na palma, A vida clandestina, A peruca, O pecado mortal, Radamanto, A caneta mágica e O diário de Porfíria Bernal (obviamente).

"Que pena sinto ao pensar que o que é horrível imita o que é bonito."

Silvina é uma escritora incrível que deveria ser mais conhecida no Brasil, principalmente para quem gosta de "weird fiction", esse "gênero não-oficial" que está ganhando mais destaque atualmente. Agradeço a Companhia das Letras por me providenciar um arc desse livro e trazê-lo para o Brasil com essa capa lindíssima que combina completamente com o clima inquietante dos contos de Silvina, sempre cheios de camadas.

Bookstagram.
34 reviews
January 29, 2025
Me encantó. El libro está lleno de cuentos memorables pero muchos se sienten aburridos y repetitivos, ronda bastante alrededor de un par de temáticas, de los niños oscuros y terribles no me quejo porque son geniales y es un tópico del que se pueden escribir mil cosas pero la transmutación a mí me aburre. Amo sus ideas, su personalidad oscura, poeta y reflexiva (cuando Silvina se pone sensible salen los mejores cuentos ejemplo el de la cara en la mano que no me acuerdo cómo se llama) no le pongo más estrellas porque noto que ninguna idea se explota al 100x100.
En muchos cuentos la trama es sencilla y hasta aburrida, por ej en Rhadamanthos el cuento se trata sobre x cosa que no voy a decir porque lo spoileo, pero el cuento no desarrolla esa idea, literalmente dice "fulana pensó x cosa y entonces la hizo, fin" no me gusta mucho ese tipo de escritura.
Por fuera de eso, me encanta que los cuentos puedan interpretarse en varias dimensiones, por ejemplo, las invitadas, isis...etc donde los personajes sirven de alegorías de dioses, conceptos y como todo artista que vale la pena consumir, su obra habla parcialmente de hechos de su vida personal (el pecado mortal, que me partio el alma) Porfiria Bernal (una obra de arte por dónde se la mire)
Quiero leer más de ella sin duda alguna, la amo.
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