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As águas-vivas não sabem de si

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A três mil metros de profundidade, o oceano é um mundo sem luz, cheio das mais curiosas formas de vida e em sua maior parte inexplorado para quem vive na superfície. É nesse ambiente que mergulha Corina, flutuando no escuro como um astronauta no espaço, do jeito que gosta: cercada de água. Mas também perseguida pela sensação de que não deveria estar ali. Está sendo observada? Corina faz parte de uma equipe que pesquisa os arredores de uma zona hidrotermal com o objetivo de testar trajes especiais de mergulho. Cinco pessoas trabalhando isoladas, da superfície e umas das outras, numa estação a trezentos metros de profundidade. Como o abismo diante delas, escuro e insondável, cada uma dessas pessoas tem algo a esconder. Incapaz de afogar uma doença que pode pôr tudo a perder, Corina se vê obrigada a enfrentar seus dilemas e os dos colegas, em uma expedição liderada por um cientista com uma obsessão: encontrar inteligência no fundo do oceano. Uma história sobre mergulhar na solidão e ao mesmo tempo se cercar das vozes que pulsam no oceano. Uma história que convida a suspender o fôlego e a ouvir. Uma história que lança a inquietante dúvida: se as águas-vivas não sabem de si, sobre o que sabem então?

296 pages, Paperback

First published May 1, 2016

40 people are currently reading
992 people want to read

About the author

Aline Valek

21 books233 followers
Aline Valek é escritora e ilustradora. Mineira-brasiliense, vive em São Paulo, mas é do Cerrado. Formada em Comunicação Social, escreve para a internet há mais de uma década e publica de forma independente desde a adolescência. Além de newsletter, zines e livros, também conta histórias em seu podcast Bobagens Imperdíveis. É autora dos independentes Hipersonia Crônica (2013), Pequenas Tiranias (2015), Bobagens Imperdíveis para ler numa manhã de sábado (2018) e Bobagens Imperdíveis para atravessar o isolamento (2020). É autora do romance As águas-vivas não sabem de si, publicado pela Rocco em 2016.

alinevalek.com.br

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Community Reviews

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208 (29%)
4 stars
264 (37%)
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165 (23%)
2 stars
41 (5%)
1 star
17 (2%)
Displaying 1 - 30 of 106 reviews
Profile Image for Gustavo.
19 reviews
June 9, 2016
Pra quem já conhece o trabalho da Aline: mais uma obra incrível pra você ler e elogiar ela por todo os cantos;
Pra quem nunca leu nada do que ela escreveu: o que diabos cê tá fazendo da sua vida, migx?

O águas-vivas é o primeiro romance dela e fala sobre tantas coisas... Intercalando os acontecimentos de uma expedição no fundo do oceano com o "relato" de criaturas do mar sobre suas vidas, o livro vai criando um clima de suspense logo nos primeiros capítulos, que só aumenta conforme as personagens mergulham mais fundo - tanto no oceano, quanto em si mesmas.

Apesar de ter achado o final um pouquinho previsível, isso não tirou nem um pouquinho do brilho e da forma como a trama é concluída. Aliás, que conclusão maravilhosa! O último capítulo é tão lindo que dá vontade de sair por aí lendo em voz alta para as pessoas! ♥

A Aline consegue fazer a gente se importar muito rápido com todos os personagens, cada um com sua personalidade muito bem definida e marcante. Os capítulos com o POV das criaturas marítimas são incríveis. Durante a leitura deles é meio impossível não acabar fazendo alguns paralelos com a nossa vida e a forma como vivemos em sociedade.

Recomendadíssimo! ;)
Profile Image for Eric Novello.
Author 67 books567 followers
Read
September 27, 2017
A Aline Valek é uma das escritoras e ilustradoras mais interessantes de se acompanhar atualmente, inclusive no seu zine Bobagens Imperdíveis. Eu estava devendo um texto sobre esse livro e, depois de um café com a autora no qual tive a oportunidade de saber mais sobre seus futuros projetos, fiquei com vontade de revisitar "As águas-vivas".

Embora tenha saído em um selo de literatura fantástica da Rocco, o elemento fantástico aqui não é tão importante quanto o fazer literário proposto pela Aline, e o livro caberia muito bem no selo mainstream da Rocco ou de qualquer outra editora. Porque é no cuidado com as palavras, na cadência das frases, na manipulação do ritmo da narrativa, que o livro se destaca.

Passada em uma estação submersa, perto de uma fossa abissal (daí uma proximidade com a ficção científica e o tal elemento fantástico), a história acompanha um grupo de mergulhadores e pesquisadores testando trajes de mergulho em grandes profundidades. Com essa ambientação simples e eficiente, a autora faz uma análise da solidão, da clausura, da necessidade de se provar para o mundo, de escapar do passado, sempre explorando uma ponte entre o entorno e o interno. É uma correlação que a ficção científica gosta de bastante e que aqui dá muito certo, esse diálogo entre a busca constante pelo desconhecido que move a humanidade e a busca por um entendimento de nós mesmos.

Aline transmite a sensação do que seria viver embaixo d'água, com outras prioridades, outros ruídos, num ritmo de águas calmas, o que obriga um comprometimento maior do leitor. No começo isso pode causar algum estranhamento se você está acostumado a narrativas mais corridas, nas quais tudo já começa em ritmo acelerado. Mas depois de entrar no clima, a leitura é prazerosa. E a cada possibilidade de dar tudo errado com os protagonistas no fundo do oceano, o livro ganha novas camadas de emoção.

Ainda assim, é uma literatura contemplativa. É essa sua identidade e não há razão para renegar isso. Existe um olhar da Aline, esperto, muito atento. E o olhar de um narrador diferente, que acompanha não só os humanos, mas alguns dos animais que cercam a estação, e tem uma relação com o tempo diferente da nossa. Esse artifício permite à Aline brincar bastante com os pontos de vista da história. Esse narrador (ou seria a Aline?) algumas vezes se concentra não só no presente, mas também em ecos do passado, quase uma memória impressionista de um mundo que não existe mais, dando também um toque melancólico à vida dos mergulhadores. No fundo (sem trocadilhos), entorno e interno unidos, esses personagens estão mergulhando é em si mesmos.

Saber do próximo livro da Aline me fez ver esse detalhe com um olhar mais atento. E agora com "As águas-vivas não sabem de si" devidamente lido, só me resta torcer para que esse próximo livro seja logo publicado.
Profile Image for Jana Bianchi.
Author 76 books241 followers
August 30, 2016
"As Águas-Vivas Não Sabem de Si" é o primeiro romance publicado da Aline Valek, escritora e colunista que eu conheci através da newsletter "Bobagens Imperdíveis" (que é incrível, por sinal). O livro foi publicado em 2016 pelo selo Fantástica, da Editora Rocco.

Bom, primeiro preciso dizer que posso definir minha experiência de leitura como "oscilante". O que talvez seja até poético, dado toda a temática do livro, relacionada ao mar. :) Explico: o livro me cativou e empolgou muitas vezes, mas também me irritou um pouquinho e me deixou meio de bode em outras.

Uma das coisas que me deixou incomodada foi a inserção de capítulos "narrados" por animais. Não tem absolutamente nenhum problema de qualidade de escrita com esses capítulos, mas particularmente não foi um recurso que curti – achei que cortou o clima e trouxe um nonsense que eu acho que não combina muito com uma ficção científica. Mas até meu gosto por estes interlúdios (vamos chamá-los assim) foi inconstante, porque achei BEM interessantes e empolgantes alguns trechos desse tipo lá pro meio da história, que trazem .

Outra coisa que me desagradou um pouco foram alguns dos longos trechos filosóficos no meio da história. Eu gostei muito dos trechos em si, acho que são a cara da Aline (pelo que conheço da newsletter) e acho que essa coisa mais filosófico combina pra caramba com a premissa. Mas eu achei que a mão pesou um pouco. Tipo, um pouquinho só mesmo, poderia ter mantido a narrativa mais limpa e a profundidade seria a mesma (profundidade esta que é muito legal).

A última coisa que me desagradou foram algumas pequenas inconsistências científicas e também o uso de alguns termos errados de mergulho. Não acho MESMO que o autor tem que saber tudo, mesmo quando escreve sobre o tema, mas acho que esses termos errados meio que quebraram minha imersão porque jamais seriam usados por um mergulhador profissional como Corina, então a falta de verosimilhança trazida pelos errinhos é que me incomodou. Como exemplos: o uso constante de "cilindro de oxigênio" (os cilindros usados no mergulho são de ar comprimido ou mistura de gases, e não de oxigênio – que existem, mas são aqueles cilindros usados em hospitais) e "pé de pato" (que é um termo que existe também, mas mergulhadores usam "nadadeiras", é até uma piada entre eles usar o "pé de pato", que é uma expressão bem leiga).

Agora as coisas que amei: primeiro, personagens. São todos profundos, reais e interessantes. Me apaixonei por todos, inclusive pela mãe da Corina (que aparece brevemente) e pelos azúlis. Gostei dos dramas de cada um e achei os comportamentos plausíveis e reais. A Corina é uma protagonista muito legal também, até preferiria que o livro todo fosse narrado sob o ponto de vista dela (mas o uso de múltiplos pontos de vista não me incomodou não).

Outra coisa que amei foi a atmosfera. Me senti dentro de Auris o tempo todo, com direito a claustrofobia e tudo, muito bom. Além disso, tanto história quanto atmosfera me remeteram a uma das minhas leituras preferidas da vida, "O Cardume", de Frank Schatzing, o que foi delicioso por si só. O fim deixou um pouquinho a desejar - acho que foi porque queria mais e o fim é meio corrido - mas é justo.

Também gostei MUITO dos trechos do livro do Dr. Martin, que aparecem "lidos" dentro da história. Cara, leria o livro inteiro dele FÁCIL. Além de achar os trechos muito bons mesmo, fiquei pasma com a maneira com que a Aline conseguiu dar uma voz especial aos trechos, como se fosse um outro autor. Notável mesmo, tiro meu chapéu! :)

Conclusão: gostei de muita coisa e desgostei de algumas. Por causa disso, durante a leitura fiquei mudando várias vezes a minha nota entre três ou quatro estrelas pra leitura. Mas várias coisas pesaram para a merecidas nota. :)

Primeiro: sou muito orientada a avaliar os livros pela experiência geral da leitura – e ela foi agradável, provocativa e imersiva, APESAR das coisas que não curti. Segundo: a escrita é ótima (como já imaginava que seria), apesar de alguns excessos e uma ou outra falhazinha no enredo (mas sei que o livro foi escrito em um NaNoWriMo, então acho que parte das falhas pode vir daí). E terceiro: o livro tem uma mensagem muito legal, coisa que (pra mim) é essencial em uma ficção científica e às vezes falta nas coisas que ando lendo.

Assim sendo, leitura recomendadíssima pelas coisas boas e também pela experiência geral. :)
Profile Image for Solaine Chioro.
Author 28 books135 followers
April 7, 2017
Minha leitura desse livro foi meio enrolada, comecei em janeiro e terminei em abril, rs. Em parte porque eu fiquei passando outros livros na frente, mas também porque As Águas-Vivas Não Sabem de Si é um livro bem denso que precisa ser lido no tempo de cada um. Pra mim precisou ser algo mais lento, principalmente no meio da obra. Eu não sei bem o que eu esperava do livro, talvez não estive esperando nada, mas acabei surpreendida (de um jeito positivo) com a narrativa da autora e com o enredo apresentado (mas principalmente com a forma que isso foi feito). Algumas passagens são belíssimas e a leitura flui muito bem, o que faz com que essa seja uma história que fique voltando à sua mente a todo momento. Os últimos capítulos (principalmente o do oceano e das águas-vivas) são extremamente tocantes e umas das coisas mais interessantes que já li!
Profile Image for Lucas Mota.
Author 8 books138 followers
July 21, 2017
Já li um conto da autora, contido em uma das incríveis edições da Trasgo. Ela manda bem. Manja de ficção científica e escreve como uma veterana. Mas é certo afirmar que domina melhor a linguagem do conto do que a de um romance.
Não é ruim, veja bem. Tem muito potencial. Certamente seu próximo romance estará mais maduro. Tomará decisões mais acertadas.
O segredo do fundo do mar é o que me cativou neste livro. Queria desbravar, me ariscar como um mergulhador do abismo. Muito parecido aos exploradores espaciais de certos clássicos do sci-fi. Mas com sua própria personalidade. Muito original.
Estava sempre querendo saber mais sobre os segredos do oceano. E foi isso - apenas isso - que me levou até o final do livro.
Não me conectei com nenhum personagem e a trama demorou demais pra saltar a meus olhos. Apenas os segredos do oceano me motivaram.
Os múltiplos pontos de vista não foram bem trabalhados. A constante mudança de POV me cansou bastante. Colaborou muito pra que eu não quisesse me apegar a nenhum personagem. Poderia ter sido melhor executado.
Uma decisão que não me agradou nem um pouco foram os capítulos destinados as criaturas marinhas. Isso sim quase me fez abandonar a leitura. Haja paciência!
Mas eu entendo as motivações filosóficas e poéticas que levaram a autora a incluir estes capítulos no livro. Acho que faltou um pouco de concisão na hora de organizar todas as ideias. Como eu disse, tem muito potencial, mas ainda falta maturidade e compreensão da linguagem do romance.

Certamente lerei os demais trabalhos da autora, porque este livro pode ser cansativo, com personagens desinteressantes e mais um monte de outras coisas. Mas não é óbvio e muito menos uma imitação barata de outras coisas já escritas. Pela originalidade, continuarei dando um crédito aos futuros trabalhos de Aline Valek.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Elvis Rodrigues.
294 reviews13 followers
September 24, 2024
Em uma estação submarina, a mergulhadora profissional Corina tem que lidar com sua insegurança enquanto trabalha ao lado do amigo Arraia em trajes experimentais de mergulho em profundidade, dando apoio a um projeto de pesquisa do cientista estadunidense Martin e seu assistente Maurício, com apoio administrativo de Susana. Como essas cinco pessoas quebradas vão conseguir conviver com a clausura da profundidade?

Eu me encantei com a prosa da Aline, mais aqui que em Cidades Afundam em Dias Normais, que li primeiro. Os capítulos do ponto de vista das criaturas marinhas são poéticos e quase independentes, mas contribuem para a construção da atmosfera. E é justamente essa a maior qualidade de Águas-vivas. Há uma atmosfera de constante tensão, em parte devido à situação em si, de perigo, e em parte pelas personalidades conflitantes dos personagens, todos escondendo alguma coisa.

O que eu acho que poderia ser melhor é o desenvolvimento de alguns personagens. Porque inicialmente a impressão é de um livro bem centrado em Corina. Mas aos poucos vamos conhecendo mais dos demais, e senti que poderia ter ido um pouco mais além, apresentar melhor as motivações de alguns deles, especialmente Maurício, que é o mais solto. Mas Corina é tridimensional o bastante para compensar.

De maneira geral, é um livro tão bom quanto Cidades Afundam, melhor em alguns pontos, menos interessante em outros. Ambos são menos historiocêntricos e mais reflexivos, o que pode agradar mais umas pessoas que outras. Mas eu gosto que este explora uma margem de Ficção Científica e o faz muito bem. Acredito que se beneficiaria muito de uma adaptação cinematográfica, talvez em animação devido ao custo de se fazer um filme com cenas debaixo d'água.
Profile Image for Uva Costriuba.
396 reviews13 followers
April 20, 2018
gostei da experiência de ler esse livro.
não esperava, não me planejei pra algo assim, até fiquei irritada com o tempo que levou. mas valeu a pena.

é um livro contemplativo. as descrições floreadas marcam a falta de foco de uma narrativa que se permite distrair pelo caminho. é uma escolha clara: a primeira metade do livro parece um mergulho em que a autora procura algo interessante em um universo misterioso e fértil. quase como quem mergulha pra ver coral, imagino.

na segunda metade a poesia perde espaço para a ação e a narrativa flui mais. personagens finalmente ganham alguma profundidade e os acidentes e dramas de Auris aparecem. até as especulações sobre as criaturas marinhas ficam bem mais interessantes com Azulis e Espectros.

por mais que eu não consiga aproveitar a linguagem poética do livro, tenho que reconhecer sua relevância... vivemos uma época em que algo da cultura literária brasileira se perdeu. nos curvamos aos modelos fast food americanos, às estruturas anglo saxãs de musicalidade e dimensões de narrativa. terminei o livro e me lembrei de algumas imagens do Guimarães Rosa, de umas personagens do Frei Betto, de umas voltas emocionais muito poéticas da Clarice Lispector. talvez a Aline Valek esteja caminhando para trabalhos desse peso. Tem uma simplicidade difícil de alcançar que parece estar ali embaixo do fluxo compulsivamente poético e rebuscado de As Águas Vivas Não Sabem de Si.

talvez eu arranje uma cópia física para ler de novo daqui a uns anos.
Profile Image for Rebeca Arruda.
Author 3 books33 followers
February 6, 2017
Ao iniciar a leitura de "As Águas-vivas Não Sabem de Si" imaginei que estava diante de um ficção-científica submarina. Mal sabia eu que Aline Valek, na verdade, escreveu com maestria sobre a natureza humana.

Cada personagem é tão complexo e suas nuances são tão bem trabalhadas -- tenham eles barbatanas ou não, que a cada linha o leitor se questiona sobre os aspectos do que é ser humano.

Cetáceos, águas-vivas, espectros e azúlis nos ensinam sobre solidão, liberdade, coletividade e tantos outros, que ao terminar a leitura me pego com o desejo de me comunicar, de buscar e ir além, de fazer parte de um todo e ao mesmo tempo ser a minha própria pessoa.

Ainda, os personagens humanos são tão interessantes quanto os colegas marítimos, e neles vemos como cada um de nós possui algo quebrado que incansavelmente tentamos preencher. Corina e Martin, principalmente, despertaram em mim um sentimento estranhamente familiar, a necessidade de rasgar o script.

As águas-vivas podem até não saber de si, mas elas foram capazes de nos ensinar tanto apesar de aparentarem ser tão frágeis que só espero que um dia, mesmo com um grande atraso, possamos recompensá-las -- se tivermos evoluído até lá.
Profile Image for Laura AP.
871 reviews
February 6, 2017
As Águas-Vivas não Sabem de Si é um romance muito belo, do qual eu não fazia ideia do que esperar. E ao abrir o livro, e me deparar com um cenário submerso, esperei ver alguma coisa mais puxada para o terror. No entanto, o livro surpreende dentro de seu gênero por ser extremamente literário, focado principalmente nas personagens.
A trama em si é relativamente simples, mas a Aline Valek consegue deixar tudo muito instigante quando colocado sobre o background dos personagens, e as alternâncias que se fazem entre os capítulos dentro do Auris e das formas do oceano deixam o livro mais belo. Adorei chegar ao final e ter a sensação de descobrir algo novo, ou algo muito antigo que estava procurando há muito tempo. Não sei bem descrever o sentimento, mas é uma leitura que vale muito a pena e que deixará lembranças, sem nenhuma dúvida.
Profile Image for Carol Chiovatto.
Author 31 books436 followers
October 7, 2019
Literatura da mais alta qualidade. Talvez eu esteja diante de uma nova autora preferida.
Profile Image for monique.
300 reviews26 followers
March 16, 2024
quando você termina um livro sem entender por quê alguém se daria ao trabalho de escrevê-lo. meu primeiro contato com a autora foi em sua newsletter Bobagens Imperdíveis (a qual deixei de acompanhar por falta de tempo), e digo com segurança que o peixe que ela tenta vender aqui sairia mais rápido em forma de ensaio, conto ou novela. assim o final não pareceria tão preguiçoso, embora acredite que nem mesmo assim ele satisfaria inteiramente alguém. pensei em dar 3 estrelas pelo capítulo da baleia cachalote,
mas esse e outros trechos de destaque são barquinhos perdidos em alto mar. pois isto não é uma antologia e o que conta é o todo — aquilo que o ilumina num capítulo o desgasta em muitos outros. personificar animais só encanta até certo ponto; e do que adianta tanta prosopopeia quando todos os humanos carecem de personalidade? o narrador tenta provar sem nunca mostrar que a protagonista não é uma tola irresponsável, e sim uma pobre coitada solitária e incompreendida, numa caracterização tão estéril quanto a estação submersa que habita. a história fica presa a esse ambiente e deixa de desenvolver as vidas e motivações dos personagens sem entregar nenhuma trama eletrizante em troca. as pequenas doses de suspense apontam para uma revelação ou clímax que nunca chega, desperdiçando uma ideia e um cenário pouco comuns na ficção. dessa forma, fica difícil não achar a escrita mecânica e robótica. não crua, mas distante. sabe aquele livro cabeça no qual nenhum diálogo soa natural, só que não de propósito? e os personagens parecem não pessoas, mas fantoches? é o debut da Aline Valek. em tentivas de floreio, a narração adquire o tom de um velhinho sentado ao pé da lareira numa noite de natal aumentando as próprias histórias para entreter os netos; ou de um adulto modulando bastante a voz ao ler para uma criança a fim de não entediá-la, recriando pausadamente as passagens mais complicadas (sim, já fiz isso). tenho certeza que para muitos tal recurso pode soar poético ou filosófico, mas a mim dificilmente convence, no máximo me faz destacar algumas linhas que não constroem nenhuma morada na minha memória. o enredo tedioso não ajuda, apesar de eu ter ido umas duas vezes no youtube pesquisar sobre mergulho saturado e câmeras hiperbáricas. enfim, para um livro que se apoia tanto no conceito de "abismo", é tudo muito raso. porém, o segundo romance da Aline também tem um título legal, então estou indo ler.

ps: pra quem se interessou pelo conceito do lado scifi da história, recomendo a trilogia Broken Earth, que também não tem o melhor final do mundo, mas cujo desenvolvimento é bem melhor.
Profile Image for Maria Morais.
68 reviews3 followers
January 29, 2020
Concordo praticamente com tudo o que a Jana Bianchi falou. A história e o cenário são muito instigantes. Gostei muito de como os capítulos estão bem organizados, como a narrativa tem um timing muito bom e os diálogos não são forçados.

Assim como a Jana, não curti as partes meio "clariceanas", num filosofar que no fundo não leva a lugar algum, pois as reflexões já estão dadas na história. E realmente fiquei bem entendiada com a parte em que os animais falam. Acho que a voz do narrador onisciente é a mais problemática aqui, porque nos dá uma visão completa demais, e eu, como leitora, queria ter um pouco de autonomia para interpretar e criar coisas ao longo da narrativa. Também curti muito personagens como os azulis (que criaturas intrigantes, muito bem desenvolvidas), a voz de Corina e os trechos do livro do Dr. Martin. Achei, no entanto, a parte que narraa vida de Arraia meio forçada e superficial, deixando o personagem meio solto...

Acho que o último capítulo poderia ter sido eliminado facilmente, o final do penúltimo é inconclusivo o suficiente para abrir espaço para interpretações muito bacanas. Além de ser muito impactante.

Assim como a Jana, fiquei oscilando entre dar 3 e 4. Minha experiência de leitura foi agradável e gostei muito de ter tido a chance de conhecer o universo que circunda essa pequena caixa submersa chamada auris. Mas achei que o livro poderia ter sido mais "aberto", deixando que nós, leitorxs, divagássemos nessas profundezas, nessa luz que os personagens tanto buscam à beira de seus abismos. Por enquanto fico com o 3...
Profile Image for Mirella.
84 reviews
July 17, 2025

“Ela pensou nos buracos que as pessoas carregavam dentro de si e imaginou que não fossem defeitos ou problemas, mas canais pelos quais era possível navegar para alcançar o outro, porque ninguém podia funcionar sozinho.”


O livro tem um ritmo e uma narrativa muito peculiares, eu demorei um tanto pra me acostumar, mas depois fluiu muito bem. É quase como se fosse um fluxo de pensamento.

Apesar de algumas partes um pouco cansativas, eu adorei tudo. Não sabia o que esperar e o livro foi me surpreendendo enquanto lia. Não esperava os pontos de vista dos animais e foram todos muito curiosos e interessantes.

O final me emocionou e é de uma poesia e de uma delicadeza enormes.
Profile Image for Juliana.
298 reviews
June 21, 2019
As reflexões que este livro me trouxe... puts. Começando que acho que a minha compreensão maior desse livro, ou melhor o meu interesse veio muito do fato que ha duas semanas atras eu conclui meu curso de mergulho. Um curso que não esperava fazer, mas que me fez descobrir um novo mundo. Um mundo que eu sempre amei, mas sempre tive medo, justamente por saber da sua profundidade e dos seus mistérios, por não saber que animais viviam ali embaixo. Um mundo que me vi olhando pela primeira vez de forma a aceitar esse medo e mesmo assim ir mais fundo. A minha experiencia com o mergulho pode vir a ser um texto por si so aqui então me limitarei a continuar a tentar expressar os meus sentimentos com as reflexoes que este livro - mas qui me atenho a palavras e não 'e realmente a comunicação humana algo muito rudimentar por nos atentarmos a falas e palavras, ao invés de frequências e energias?

Bom, naquele mesmo curso de mergulho eu escutei pela primeira vez alguem comparar o mergulho `a ser um astronauta. Aquele comentário reverberou em mim e eu achei engraçado aquela comparação. Mas esse livro de Aline me trouxe ainda mais nesse pensamento. N'os seres humanos procuramos o universo, no espaço, o porque de estarmos aqui. Procuramos entender l'a o significado de tudo isso, procuramos entender, procuramos conexao. Procuramos achar a grande resposta, de que não estamos sozinhos.

Mas nao 'e o mar essa partícula nossa interna mais misteriosa? Conhecemos o espaco mas não conhecemos as profundezas do nosso interno, do nosso próprio planeta. E se o que estivermos realmente procurando não esta la e sim aqui dentro?

Esse livro traz muitas reflexoes sobre a própria alma humana e suas buscas, suas buscas externas e a realização que na verdade o caminho 'e para dentro, mais fundo.

Bom, posso ficar escrevendo um monte aqui, mas a falta de um teclado que tenha configurações em português me incomoda e acho que incomoda vocês tambem hahha

fica aqui também a consciência que eu não achei um livro perfeito. acho que tem muitas questões de narrativa que podem ser melhoradas e outras que me irritaram um pouco. mas realmente o universo que ela retrata e as filosofias são muito valiosas e poderosas e reverberaram muito em mim. Ando numa fase que eu acho isso mais valioso do que mera técnica ou estilo.

Incrivel Aline, parabéns pelo livro!
Profile Image for Paula Cruz.
Author 17 books244 followers
December 26, 2016
Esta é o tipo de história que a gente precisa ter mais na literatura brasileira. É um livro ao mesmo tempo audacioso e sensível, curto e longo. A autora conseguiu um feito e tanto, que é colocar delicadeza e sentimento dentro de ficção científica. Curto muito o gênero, mas às vezes sinto falta de um toque humano~~, sei lá, tem tanta história com personagens vivendo altas loucuras e ninguém nem tchum. Nesse livro é totalmente o oposto, já que tem um misto muito bom entre dilemas internos (traumas, vivências, fraquezas) e problemas externos (estamos sozinhos? o que há lá fora? quem somos no universo?). De certa forma, me lembrou muito "A Chegada" do Dennis Villeneuve, que, num feliz acaso, vi enquanto lia o livro. Tive a mesma sensação do livro enquanto assistia um filme, o que com certeza é um ponto positivo porque né Dennis mothafucka Villeneuve

Os capítulos sobre a tripulação normalmente são tensos, profundos, tu fica angustiado mesmo, mas gente, que que são as partes dos animais marinhos, da vida do mar? Cada coisa mais preciosa que a outra. Destaco principalmente os capítulos da cachalote, do espectro, das águas-vivas. Coisa fina mesmo :~
Profile Image for André Caniato.
280 reviews51 followers
July 30, 2017
Com esse título maravilhoso, As águas-vivas não sabem de si conta a história de Corina, uma mergulhadora que se encontra em uma expedição inédita cujo objetivo é , mas o livro fala sobre muito mais do que isso. Com personagens carismáticos e uma escrita fascinante, Aline Valek nos apresenta um romance sobre vida, sobre solidão e, principalmente, ao meu ver, sobre a experiência humana no planeta Terra — sobre nossa insignificância em relação aos infinitos que nos cercam.

Não é uma leitura rápida, apesar do livro não ser tão longo assim, e os capítulos com o POV dos animais marinhos, ainda que muito bem escritos, pesam um pouco no ritmo da história. Cada momento com águas-vivas vale a pena, mas é bom saber que a leitura não será feita em uma sentada só.
Profile Image for Alessandra.
40 reviews
January 24, 2022
Comecei o livro sem entender muito bem para onde a autora estava nos guiando. Mas o fim se revela: um mergulho para dentro, literal e metaforicamente. Fez-me refletir muito, excelente romance de estreia.
Profile Image for Melissa Quezado.
283 reviews32 followers
October 28, 2020
Detestei o livro. Nunca livro tão ruim.. exceto, pelos paradidáticos do colégio.
Profile Image for Ana Rüsche.
Author 46 books95 followers
February 12, 2018
"As águas-vivas não sabem de si" é um dos bons livros de ficção científica brasileira publicado na década de 2010. O livro é de 2016.

Fruto de um trabalho de pesquisa primoroso - conheço o universo de quem mergulha e as descrições são impressionantes - e de imaginação poderosa, o livro é um convite a quem quer saber como anda a produção nacional.

Corina, a protagonista, é uma operária. Uma mergulhadora. Sua tarefa é testar um equipamento novo, uma roupa de mergulho gigantesca para profundidades abissais, para uma empresa estrangeira. Somente conta com seu corpo, treinado por anos de experiência, e sua mente acostumada a confinamentos, trabalho árduo e rotinas solitárias.

É a partir da perspectiva de Corina, confinada numa estação submersa a uma profundidade assustadora, que outras personagens surgem. Marcada pela diversidade, a obra não cai em estereótipos fáceis, inculcando nas pessoas suas fragilidades por questões de raça e gênero.

Exemplificando, há um outro mergulhador, Arraia (cujo nome Gilson quase nunca é mencionado), que é pardo e possui cicatrizes de uma vida de operário do mar. Há um cientista negro estadunidense, Martin Davenport, cujas pesquisas parecem não serem bem aceitas (por racismo ou falta de comprovação?). Há uma outra mulher, Susana, que procura com seu jeito maternal calar fantasmas e falta de confiança no próprio trabalho. Há ainda Mauricio, assistente, será que sofreria na superfície o efeito de mexericos homofóbicos?

Nada se sabe muito bem sobre o que leva esta constelação de 5 pessoas a se afundarem no abismo marítimo e escavar profundezas. Cada personagem possui uma motivação aparente e uma muito mais profunda.

A narrativa principal de Corina é entremeada a histórias sobre evoluções de espécies, criaturas reais e imaginárias. Um tecido no qual a história principal vai se assentando e confirmando. Narrativas líricas e cheias de vida e possibilidades.
Profile Image for Victória.
9 reviews
October 3, 2020
Gostei muito do livro, a Aline nos convida para uma leitura criativa, envolvente e que nos faz pensar e refletir sobre muitas coisas a medida que ela vai contando a história. Este livro é um passatempo muito rico em aprendizados, sobre questionamentos em relação a pessoas, relacionamentos, nossa vida e existência no planeta. Adorei o fato do oceano ser o ambiente que a história se passa, realmente me fez refletir que é um espaço tão perto, mas ao mesmo tempo tão desconhecido e que tem várias memórias guardadas. Muito bom mesmo! 👏👏👏
Profile Image for Érica Marques.
2 reviews
April 13, 2019
Muito interessante não só a história que se passa no universo de uma mergulhadora e suas questões individuais, mas também a discussão que o livro trás em torno de temas como indivíduo, coletivo, escolhas, solidão, e a analogia que faz com o universo e o oceano do nosso planeta. Leitura mais do que recomenda para aqueles que gostam de aventura e também que gostam de pensar questões profundas da existência da vida.
Profile Image for Gabriela.
138 reviews
February 5, 2025
Queria ter gostado, mas meu Senhor, que parto que foi terminar a leitura desse livro!! :/
(E antes de começar a resenha, principalmente por ser um livro nacional e o primeiro da autora, gostaria de não incentivar nenhum hate, mas sim apenas listar os pontos que não gostei.)

Então vamos lá...

- Eu achei o livro muito confuso em diversos momentos. A narração tanto de todos os personagens humanos quanto dos não humanos foi a mesma e, constantemente eu me perdia em quem estava falando ou narrando o capítulo.
Nesse quesito também eu coloco a "personificação" dos animais marítimos na escolha de narrar as "atitudes" deles dentro do mar.

- Não entendi a proposta do livro. Senti que o mesmo rodou e não chegou a lugar nenhum. E, por mais que eu tenha entendido a ideia sobre o oceano, eu não acho que tenha realmente conexão com nenhuma estória dos humanos.
Talvez a ideia era mostrar como as profundezas do oceano enlouqueceu essas pessoas?! Não me pareceu isso, mas eu posso ter perdido alguma informação.

- Os personagens são rasos. E assim, a gente tem o porquê eles decidiram embarcar nessa expedição (algum trauma ou problema pessoal), mas isso é o máximo que temos de informação deles e não há desenvolvimento deles nem entre eles durante o tempo que estão trancados em Auris.
Sem contar a protagonista, que sinceramente, ô pessoa chata e irresponsável. Na verdade, ninguém lá parece que tem responsabilidade suficiente para lidar com os BOs desse tipo de trabalho.

- Eu não gostei da escrita/narrativa desse livro. E aqui eu vou dar uma expandida nesses pontos porque eu senti que a autora tentou colocar profundidade numa estória "rasa"/simples. Inclusive, vi pessoas falando que seria melhor se tivesse sido um conto, e eu concordo, pois a sensação é de "falou, falou e não disse nada". Há muitos devaneios que, sinceramente, deixaram a leitura cansativa e a maneira de colocar eles na narrativa, muitas vezes entre interações de personagens, quebravam o ritmo pra mim.

Enfim, na minha opinião, a escolha de abordagem da estória desse livro não foi a melhor, mas a ideia inicial de 5 pessoas presas numa estação de trabalho no fundo do mar, tendo que lidar com questões internas e externas é muito boa.
Profile Image for aline.
21 reviews12 followers
July 28, 2016
o livro da aline me deixou com uma sensação de vazio imensa. mas também preencheu vários buracos dentro de mim. eu nunca pensei que o oceano pudesse me trazer tantas perguntas e respostas (que eu nem sabia que poderiam existir). nenhuma review minha seria capaz de fazer jus ao que esse livro me trouxe. em vários momentos eu me vi à beira das lágrimas, pensando o quanto tudo o que a aline escreveu estava me afetando e me modificando pra sempre. eu comecei esse livro sendo uma pessoa e terminei sendo outra.

os capítulos com o pov das criaturas são extremamente bonitos, poéticos e descritivos. é o tipo de livro que eu vou ler mais duas, três, quatro vezes e que vai me tocar da mesma forma (talvez mais) e sempre trazer coisas novas. foi uma leitura pra dentro de mim.
Profile Image for Laís.
Author 7 books7 followers
April 10, 2017
Resenha do blog Sonhos, Imaginação & Fantasia.

Corina é mergulhadora e sua atual missão consiste em testar trajes especializados para mergulhos a grandes profundidades — mais de 3 mil metros abaixo da superfície. Durante o período da missão, ela reside na estação Auris, localizada a 300 metros de profundidade, junto de Arraia, outro mergulhador, Susana, uma engenheira, e Maurício e Martin, dois cientistas interessados em pesquisar fontes hidrotermais no fundo do oceano.

A trama é bastante focada nos personagens e nos motivos que os levaram a aceitar uma missão em condições tão extremas. Não é um enredo cheio de ação, o que não é de jeito nenhum um defeito; na verdade, eu gosto bastante de histórias mais intimistas. Os mistérios, tanto em relação a essas motivações quanto à pesquisa de Martin (que logo se descobre que não é o que parece), são apresentados aos poucos. A autora soube o momento certo de despertar novas perguntas e fazer revelações, o que fez com que eu não conseguisse largar o livro.

Eu gostei da narrativa. Há um pouquinho de tell aqui e ali, e em alguns trechos a poesia passou um pouquinho do ponto, me tirando da leitura. Mas na maior parte do tempo ela é envolvente, e conseguiu passar a sensação de claustrofobia de se conviver com outras quatro pessoas em um espaço pequeno e cheio de câmeras, sem ter para onde fugir, ou a tensão de descer a 3 mil metros com trajes especiais, sabendo que não há muito o que se fazer caso algo dê errado.

O narrador é onisciente, saltando entre os diferentes pontos de vista no mesmo capítulo. Não é o meu tipo de narrador favorito, mas foi bem utilizado, de forma que não há como confundir os pensamentos e pontos de vista.

E há ainda capítulos narrados sob o ponto de vista de animais, um recurso que achei bem interessante. a autora soube explorar bem as criaturas, tanto as verdadeiras quanto as fictícias, e trabalhou de forma bastante interessante o seu ponto de vista, trabalhando a forma como diferentes criaturas entendem (ou não, no caso das não sapientes) a vida.

Os personagens são a melhor parte: são eles que movem a história. Embora Corina seja a protagonista, também conhecemos os demais, e todos são bastante críveis. Não há bem e mal — tanto que a história nem tem um vilão —, apenas pessoas comuns que têm que lidar com erros, arrependimento e culpa. Pessoas completas. Não tem como não se interessar por eles.

Eu gostei do final. É inesperado, e casou bem com o tom de todo o restante do livro. Deixou algumas pontas soltas que despertaram a minha curiosidade — mas não de um jeito ruim, porque considerando a história, não faria muito sentido que essa parte fosse revelada.

No geral, gostei muito do livro. Achei bastante criativo pela forma como explora as criaturas do mar e a busca por vida inteligente, e gostei bastante do toque intimista. Só estranhei um pouco uma cena mais para o final, que para mim soou um tanto inverossímil (ao menos no meu entendimento como leiga no assunto). Mas nada que atrapalhe minha experiência.
101 reviews1 follower
December 17, 2023
4,5 Estrelas

Que livro lindo eu amei, ele veio de uma forma inesperada, numa leitura conjunta que fiz com uma amiga muito especial, a história parecia muito interessante, mas eu não esperava que fosse tão boa.

Vamos para o fundo do mar em uma estação que está realizando uma pesquisa sobre vulcões marinhos, o Cientista Martin lidera a pesquisa, enquanto eles recebem o investimento de uma empresa que pede para eles testarem trajes que aguentam alta pressão, Corina é uma mergulhadora que aprendeu apneia e possui experiência e concordou em usar o traje, seu amigo Arraia é o parceiro de mergulho, temos Susana que cuida do ambiente e Maurício que é assistente do Martin.

O negócio desse livro é que além de tratar desses personagens e explorar como essa missão afeta cada um deles e como eles são pessoas que faltam pedaços, ele vai além, ele explora o mar e suas criaturas, desde reais ou ficcionais, são fascinantes, os Azulis que tinham consciência, mas com o tempo foram engolidos pela solidão, os espectros que imitavam os sons que ouviam, mas sem consciência, um capítulo sobre as águas-vivas que me fez chorar muito, tratou de uma forma tão delicada e profunda sobre sentimentos tão humanos sobre existir e sentir-se solitário em um mundo tão grande.

Esse livro é sobre sentir, muito bem escrito, traz reflexões sobre a dimensão do desconhecido, sobre a consciência e sobre existir, ser pequeno e solitário, morrer tentando encontrar uma resposta ou viver sem nunca sabê-la, é fascinante e fiquei muito feliz de ter encontrado algo tão belo.

"Entender nunca foi o mais importante. A urgência sempre foi pelo impulso de preencher aquela solidão, estabelecer um contato, saber- se como apenas um ponto numa complexa rede de vida; mandar um sinal e receber uma resposta, estabelecer um diálogo, ter algo ou alguém a quem se conectar."

(Outubro de 2023)
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Rogerio Lopes.
820 reviews18 followers
March 26, 2024
Aline Valek em As Águas-Vivas Não Sabem de Si constrói uma narrativa onde a despeito da protagonista humana quem rouba a cena são personagens não humanos. Impressiona a beleza das imagens que a autora constrói ainda mais considerando-se que é seu primeiro romance.
Longe de ser um livro perfeito, aqui e ali é possível ver pontos onde a autora poderia ter desenvolvido mais, ao mesmo tempo talvez as “lacunas” engrandeçam a história. Lacunas, meias verdades aliás são temas que a permeiam,, bem como a solidão que se impõe como a Personagem por excelência.
A protagonista humana por outro lado parece se esforçar em ser detestada pelo leitor, talvez nem todos, muitos acredito vão relativizar, vão maquiar suas atitudes e em algum nível tentar justificá-las. A despeito da minha antipatia para com a protagonista devo elogiar a capacidade de Aline em construir uma personagem tão complexa. Os demais personagens apesar de não tão desenvolvidos também trazem conflitos extremamente interessantes.
É difícil não pensar em O Segredo do Abismo, ainda assim a autora toma caminhos muito diferentes. A despeito de toda a ação e mistério, a narrativa vai para caminhos muito mais filosóficos e existenciais. Curiosamente os capítulos mais poéticos e filosóficos são protagonizados por não humanos. As Águas-Vivas do título por exemplo, protagonizam um dos capítulos mais belos da obra.
As Águas-Vivas Não Sabem de Si é portanto, um livro extremamente poético, belíssimo em muitos momentos, quase uma carta de amor ao Oceano. Ao mesmo tempo medita sobre nossa incapacidade de real conexão e entrega ou mesmo nossa dificuldade em suportarmos a nós mesmos. A despeito da aparente simplicidade é um livro que vale releitura se não dele todo, de alguns capítulos, que trazem questões tão necessárias e profundas.
Profile Image for Isabor.
Author 8 books71 followers
March 5, 2019
Eu realmente gostei desse livro. Como outros apontaram nas reviews anteriores, não é uma narrativa perfeita e ainda há bastante espaço para amadurecer (o que é fantástico - imagine o que ela não vai escrever daqui a alguns anos, considerando o que já escreve agora). No entanto, enquanto leitora no geral e, mais especificamente, enquanto leitora de ficção científica, esse é o tipo de história que me remete às minhas primeiras experiências com o sci-fi e o gênero aventuresco, às minhas descobertas remotas de autores como Conan Doyle em "O mundo perdido" e Verne na maioria de suas obras, misturadas a um quêzinho existencialista típico desse gênero no século XX. Acredito que esse gostinho nostálgico de redescobrir aquelas velhas histórias de aventuras em espaços remotos me fez apreciar mais a leitura desse livro.

Fico feliz de ver esse tipo de produção surgir cada vez mais dentro dos espaços de autoria brasileira, e também de ver mais um exemplar dessa rara ficção científica de origem nacional que de fato traz o Brasil para dentro de si, ao seu próprio modo, abandonando "vira-latismos literários". Inclusive, li em outras críticas que Valek parece simular o estilo americanizado de escrita e discordo veementemente: me parece brasileiro e próprio. Sigo ansiosa para ler mais da autora.
Profile Image for Mario Gogh.
39 reviews
January 7, 2019
O mar, para muitos é apenas paisagem, som e cheiro. Para muitos é presença viva na memória. Por ora, nós somos meros visitantes seduzidos fazendo do mar o próprio sentido da vida.

Esse livro tem muitas passagens que lembram alguns filmes como "O segredo do abismo" ( 1989) e "Lê grand Bleu", (1988), que tratam de maneiras distintas os segredos que o mar esconde e a obceção daqueles que são seduzidos.

Recomendo muito o inicio da leitura pelo capitulo 3. Assim como muitos já comentaram aqui, o inicio do livro é muito denso, com muita descrições que parecem não fazer a historia avançar.
No mais, boa leitura.
Displaying 1 - 30 of 106 reviews

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