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Um Amigo para o Inverno

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Finalista do Prémio Leya. O sargento Francisco Aniceto Gonçalves chega em 1971 à Vila para chefiar o Posto da GNR. Durante a viagem de camioneta, pensou sobretudo na mulher que o abandonou sem um motivo que ele conseguisse compreender e perguntou-se se seria capaz de refazer a vida nesse novo lugar. A sua presença é, porém, imediatamente disputada por dois grupos distintos, que o alertam – à vez e de formas bastante enviesadas – para os perigos que se escondem sob a aparente quietude das montanhas em redor. E o aviso ganha especial sentido quando Rogério Afonso é assassinado na sequência de quezílias relacionadas com o roubo de águas, mas que, a seu tempo, o sargento descobrirá terem raízes num conflito muito mais antigo. A descoberta ajudá-lo-á também, curiosamente, a desvendar o mistério da sua própria vida. Entre os anos 1950 e a actualidade, "Um Amigo Para o Inverno" revisita a história recente do nosso passado colectivo, recorrendo a um leque de personagens inesquecíveis, entre as quais se contam membros de uma célula clandestina do Partido Comunista, agentes da PIDE, homens e mulheres que se encontram ou perdem no amor, revolucionários que desistem dos seus sonhos e fracassados que, apesar de tudo, acreditam que é sempre possível recomeçar e vencer. Belo, profundo e comovente, o presente romance, baseado numa história verdadeira de resistência à ditadura no Norte do País.

192 pages, Paperback

Published June 1, 2013

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José Carlos Barros

16 books15 followers

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Displaying 1 - 4 of 4 reviews
Profile Image for Jose Garrido.
Author 2 books21 followers
May 1, 2025
Peguei neste (segundo) romance do José Carlos (Leya 2021) que nunca tinha lido - eu sei, é uma vergonha.
Peguei nele porque no Caminho de Santiago que percorro no momento em que escrevo estas linhas atravessaria os territórios de que se ocupa e também, porque o JCB é demonstradamente muito talentoso, para além de pessoa de uma generosidade notável: o livro só podia ser (muito) bom.
Pois, ainda não cruzei o Douro e já o terminei. Há leituras que são assim.
O livro não é fácil, vem de um tempo em que os autores se concentravam no seu talento, imaginação e criatividade. Um tempo em que as regras apócrifas designadas de "escrita criativa" (oximoro bizarro), não tinham contaminado a arte da escrita - ou, deverei talvez dizer, a indústria do livro.
As frases são polidas, esmeriladas, construídas com destreza, com mestria, também com dedicação e amor, tenho a certeza.
"Porque precisamos sempre de uma outra geografia. De criar uma distância entre o que éramos e o que nos estava destinado ser."
"Olhou os companheiros de mesa como se estivesse a olhá-los pela primeira vez ou como se pela primeira vez o seu olhar estivesse disponível para ver além deles."
A intimidade com o leitor "Só faltava calhar-nos aqui um narrador, menos preocupado com o estilo do que com os conteúdos, que se desse à maçada de preencher os intervalos da narrativa."
"A ideia de ficção era incompreensível num lugar que raramente se ergueu acima das raízes das árvores de fruto ou dos juncos das margens dos rios e que viveu sempre tão próximo da concretude de uma trave mestra, de uma mesa ou um lagar de pedra, dos arames das vinhas, do solo de saibro das adegas, de uma aduela, do afiche de um andor de festa."
Ao longo dos capítulos, que se sucedem numa lógica peculiar, a trama desenvolve-se provando que não são necessários facilitismos para criar uma estória doce e trágica, uma estória que prende, que embevece.
Os lugares, inominados, são-no o suficiente para localizar num lugar si Barroso, equidistante de Friúme e Vilarinho de Samardã, polos de Camilo, e também Torga. Está tudo dito.
Ide! Correi a lê-lo!
Profile Image for Alma.
751 reviews
April 16, 2022
“É a geografia que desenha os rostos e as ruas, os telhados e as varandas das casas, os muros do cadastro, os caminhos, as cancelas dos quintais; e é a geografia que define os ritmos e as tradições, o modo como as pessoas se juntam ou afastam, como escolhem ou procuram conjurar os medos. Tudo vem de trás. Tudo vem de um tempo que esculpiu ou talhou a pedra, abriu um vale, ergueu um monte. Tudo vem dessa mistura de espaço e tempo. Por isso acreditamos no destino. Porque sabemos que já foi o que haverá de ser. Porque tudo está escrito há muito num livro: os amores que perdemos ou encontramos, a sombra, a luz que nos guia durante o Inverno.”
Profile Image for Joaquim Margarido.
299 reviews39 followers
March 6, 2022
Até ao anúncio do vencedor do Prémio Leya 2021, há dois meses atrás, o nome do escritor José Carlos Barros era-me completamente desconhecido. À surpresa somou-se a curiosidade aguçada quando percebi que “Um Amigo Para o Inverno”, trabalho de 2013 dado à estampa pela Casa das Letras, fora finalista do Prémio Leya no ano anterior. Assim, enquanto aguardamos o lançamento de “As Pessoas Invisíveis”, tive vontade de conhecer melhor o autor, licenciado em Arquitectura Paisagística, ex-director do Parque Natural da Ria Formosa e ex-deputado da Assembleia da República, através da escrita deste que é o seu segundo romance. E que belo romance. Uma escrita elegante, um vocabulário riquíssimo e um enorme labor descritivo, abrem ao leitor uma sucessão de quadros de enorme beleza visual, centrados no essencial, mas pedindo atenção ao detalhe. Se fosse um filme, seria num preto e branco luminoso. Um filme português, bem entendido!

Fintando linhas cronológicas, a acção atravessa um arco temporal que vai desse longínquo 16 de Maio de 1948 a Outubro de 2011, altura em que “Maria do Rosário conta ao narrador a história da sua vida”. Várias “pistas” levam-nos até Boticas, terra que viu nascer o autor nos idos de 1963. O tempo é o do Estado Novo e da resistência à ditadura, atenta e vigilante mesmo nos meios mais pequenos e afastados dos centros do poder. Onde correligionários das duas facções se acolitam em distintos cafés ou casas de pasto. Onde forçoso se torna tomar partido e onde todos sabem de todos. Onde o longo braço da polícia política chega graças ao bufo de serviço. É neste ambiente de uma tensão constante que vem cair o Sargento Francisco Aniceto Gonçalves, indigitado para chefiar o Posto da Guarda. Naquilo que o militar parecia ver um retiro tranquilo, onde “quase nada acontecia que fosse digno dos livros de registo”, há vultos que se movem a coberto das sombras, manobras intimidatórias, gestos de coragem, conspirações. A solução de um crime em que um homem é brutalmente assassinado pode encontrar-se muito além dum simples ajuste de contas por questões relacionadas com as águas de aviação.

Seguindo os passos de uma dúzia de personagens, misturando-os e confundindo-os, afastando-os entre si para logo os aproximar, José Carlos Barros mostra-nos as linhas com que se cose um romance. Na posição privilegiada do narrador, é dele a responsabilidade de “partir e voltar a dar”, deixando o leitor (apetece-me escrever “o espectador”) suspenso dos lances de sorte e azar a que chamamos destino. Nesta revisitação de um lugar e de um tempo que muito deve às suas memórias, adivinha o leitor uma singela homenagem aos valores da tradição, mas também àqueles que se bateram pelos ideais da liberdade e da democracia. Com um sentido do ritmo verdadeiramente notável, o autor guia-nos através de um verdadeiro labirinto, começando pelas ruas e praças, pelas casas, até se instalar no interior de cada um, com tudo aquilo que mostra e o muito mais que procura esconder. O final, de uma beleza imensa, vem dizer-nos que há marcas que não se apagarão nunca, mas que o amor triunfa sobre todas as coisas. Uma absoluta surpresa e um excelente livro para fechar da melhor forma um Janeiro farto em leituras.
421 reviews14 followers
December 25, 2021
Nunca tinha lido José Carlos Barros - e fiquei “cliente “ apesar das fragilidades deste romance ainda assim muitíssimo interessante.
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