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Mesclando a linguagem das ciências sociais com o texto histórico-literário, Gilberto Freyre, atendendo suas próprias expectativas, fez com que este livro – mesmo após setenta anos de sua publicação – se mantivesse vivo, atual.

Abordagens inovadoras de vida familiar, dos costumes públicos e privados, das mentalidades e das inter-relações étnicas revelam um painel envolvente e deliciosamente instigante da formação brasileira no período colonial. Da arquitetura real e imaginária da casa-grande e dos fluxos e refluxos do cotidiano da família patriarcal, emergiram traços da convivência feita de intimidade e dominação entre senhores e escravos e entre brancos, pretos e índios que marcaram para sempre a sociedade brasileira.

Considerado uma das mais importantes obras que retratam o pensamento brasileiro, Casa-Grande & Senzala continua encantando e seduzindo os leitores, desafiando-os a uma jornada desbravadora pelas veredas da história nacional.

719 pages, Hardcover

First published January 1, 1933

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About the author

Gilberto Freyre

104 books85 followers
Gilberto de Mello Freyre (Melo Freire, in the standard orthography; Mello Freyre is archaic and proscribed by law; March 15, 1900 – July 18, 1987) was a Brazilian sociologist, anthropologist, historian, writer and congressman. His best-known work is a sociological treatise named Casa-Grande & Senzala (variously translated, but roughly The Masters and the Slaves, as on a traditional plantation). Two sequels followed, The Mansions and the Shanties: the making of modern Brazil and Order and Progress: Brazil from monarchy to republic. The trilogy is generally considered a classic of modern cultural anthropology and social history, although it is not without its critics.

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20 reviews5 followers
May 21, 2012
Um dos esportes favoritos da Academia brasileira contemporânea é criticar Freyre, particularmente por ter sido, supostamente, o criador do chamado "mito das três raças". Não há dúvidas que o mito é falacioso, mas a criação da narrativa não pode ser atribuída a Freyre, pelo menos não exclusivamente. A leitura atenta de Casa-grande & Senzala permite, aliás, afastar a hipótese. À parte algumas tímidas incursões teóricas — como o famoso trecho em que Freyre postula uma estrutura sadomasoquista de relacionamentos de longa duração na sociedade brasileira —, o livro traz uma descrição, quase sempre objetivíssima, das relações entre senhores e escravos na sociedade colonial. E nos retratos de Freyre há de tudo: amor, servilidade, sexo e violência, muita violência. Não há retrato edulcorado das relações entre negros e brancos. Se há algum doce, essa impressão só pode ser resultado da prosa luminosa e sedutora que o sociólogo usa para descrever um cenário violentíssimo, que é a fundação da sociedade brasileira do século XX. E se há que se apontar alguma falha, penso que ela estaria na descrição sumária — e quase sempre idílica — dos costumes e da influência indígena.
Profile Image for Priscila Jordão.
40 reviews43 followers
September 14, 2014
Não vou dizer que adorei ler Casa Grande & Senzala: aqui há muitos temas bastante polêmicos tratados com pouco rigor metodológico. Há diversas ideias que surgiram da intuição ou mera identificação do autor às quais largo espaço é reservado, enquanto outras são ignoradas pois não reforçam a tese de Gilberto Freyre.

Um exemplo é a descrição do português enquanto o tipo de europeu mais plástico e adaptável devido à influência prévia dos mouros, característica que permitiu ampla miscigenação no Brasil. Ao mesmo tempo, o português seria marcado pela lassidão e pela tendência a escravizar outros povos. Todas afirmações feitas sem nenhuma base científica, simplesmente pela suposta capacidade de explicarem nossa formação nacional.

Outro ponto questionável é aquele em que Freyre discorre por páginas sobre como senhores de engenho eram capazes de tolerância e doçura com escravos trazidos da senzala para servir na casa grande. Negras aleitavam e educavam filhos dos senhores brancos, mimando-os e transformando o português duro com seus "rr" e "ss" em doce linguagem infantil marcada por palavras como "dodói" e "nhônhô". É certo que a proposta de Freyre é detalhar a vida íntima da sociedade colonial, mas chega a ser vergonhosa a omissão dos frequentes açoitamentos e crueldades com negros que trabalhavam no campo.

De qualquer forma, não há como negar que Casa Grande & Senzala é um livro feito com base em muita pesquisa historiográfica e de fontes primárias, embora assuma a forma ensaística, nem sempre a preferida pela academia. Nele se aprende muito sobre o que nós brasileiros fomos, o que ainda somos e como nos mesclamos em uma sociedade única. Além de inúmeras curiosidades sobre a vida íntima e cotidiana do índio, do negro e do colonizador português.

Há quem diga que é um livro ultrapassado ou que já leu tanto sobre ele que não precisa ler o próprio. Ledo engano. Mesmo que coberto de preconceitos e tomando ponto de vista simpático à sociedade patriarcal, Casa Grande & Senzala é uma leitura necessária para quem tem um mínimo de interesse em sociologia.

Somente pela própria linguagem de Freyre é possível compreender a formação do mito de formação da sociedade brasileira pelo amálgama das "três raças", assim como o mito do "homem cordial". Isso porque essas ideias surgem na narrativa, como aponta Fernando Henrique Cardoso em prefácio à obra, da descrição de comportamentos e vivências que, por sua vez, originam padrões culturais. E não o contrário (padrões culturais gerando comportamentos). Não é possível resumir a formação desse mito em umas poucas palavras.

Essas descrições não são fruto de um planejamento ou padrão lógico rígido de causa e consequência, mas sim muitas vezes surgem por associação e quase que por acaso, como que resultado de inspiração do autor.

Esse método --ou falta dele-- pode ser incômodo para os mais rigorosos, mas dá origem aos pontos mais preciosos do livro, que tornam a leitura bastante agradável desde que o leitor adote um filtro contra os preconceitos de época.
Profile Image for Steve.
396 reviews1 follower
January 23, 2020
Why read Gilberto Freyre’s The Masters and The Slaves? Rob Reiner, playing Marty DiBergi in Spinal Tap, said he “wanted to capture the... the sights, the sounds... the smells of a hard-working rock band, on the road. And I got that; I got more... a lot more.” So too has Mr. Freyre successfully recorded the environment (along with its sights, sounds and smells) of a bygone era minus the comedy, an environment that has important cultural reverberations to this day. One criticism, I did wince mightily for the discussions involving eugenics. I suppose there was a day when this topic was accepted in polite society, no longer, fortunately. This is an important read; I must thank Ms. Scheper-Hughes for introducing me to this book.
Profile Image for Bob.
680 reviews7 followers
July 27, 2014
This was one of my mother's favorite books, though it seems dated now, and the arguments for a "scientific" approach to the questions of a national character (based on culture and economics) seem as stereotypical and misguided as those based on race and climate which it attempts to replace. I suspect much of her appreciation was for Freyre's style (she read Portuguese and I do not) which does seem to be carefully reproduce in Samuel Putnam's translation:
"It is sad to relate that many of the fifteen-year-old brides died shortly after their marriage, while they were still no more than little girls, almost as they had been on the day of their first communion, without their ever having had the chance to round out into obese matrons and develop a double chin, before they had time to wither into little old ladies of thirty or forty years. They would die in childbirth -- vain all the promises and supplications to Our Lady of Grace or of the Good Birth. Before they had had time to bring up their first son, even; without ever having known what it was like to rock a real child to sleep in place of the rag dolls made for them by the Negro women out of castaway clothes. The little ones were then left for the mucamas to rear." (p. 366)
Putnam's notes, like Freyre's, are extensive and serve to explain unfamiliar terms and practices, to identify people unfamiliar to a non-Brazilian audience, and to document the author's own use of English terms. The book includes of "Brazilian Portuguese, American Indian, and African Negro expressions, including botanical and zoological terms" which is valuable in its own right. The index is exhaustive.
For a general reader, the interest of the book comes from its depiction of 17th to 19th-century Brazilian life and, for a resident of the United States, the very different ways in which African slavery and encounters with natives affected the subsequent life of the largely Europeanized modern nations in the New World.
"What took place in our country was a deep-going and fraternal association of values and sentiments. Those that came up from the slave hut were predominantly collectivists, where as the inmates of the Big House were inclined to individualism and private property. This was a kind of fraternization that could only with difficulty have been realized under any other type of Christianity than that which dominated Brazil during its formative period; a more clerical type, more ascetic, more orthodox, Calvinistic or strictly Catholic, would by no means have been so favorable as that mild brand of household religion, emanating from the chapels of the Big Houses, which presided over the development of Brazilian society, with family relations, one might say, prevailing between the saints and man and with churches that were always having feasts, baptisms, marriages, with banners, saints, chrisms, and novenas. It was this domestic, lyric, and festive Christianity, with its humanly friendly male and female saints and its Our Ladies as godmothers to the young, that created the first spiritual, moral, and aesthetic bonds between the Negroes and the Brazilian family and its culture. Those slaves who have become Christians make more progress in civilization." (p. 372)
Profile Image for Antonio Pontes.
21 reviews6 followers
February 12, 2017
Li este livro anos atrás, como sugestão "imperdível" do meu pai. Isto esclereceu muito algumas formas de ver o Brasil por ele defendidas.
Não adorei ler Casa Grande & Senzala: pouco rigor metodológico, e com em claro viés da parte do autor. Mas pelo menos serve, como disse acima, para entender como e porque as últimas gerações do Brasil pensam como pensam.
Profile Image for Alberto Neto.
24 reviews2 followers
September 26, 2013
Interesting read, the kind that makes you shake your head in agreement (or disagreement) while reading it. A must-read for anyone interested in Brazilian history.
Profile Image for David Borges.
31 reviews
October 13, 2020
Entre um português obviamente antiquado que dificulta a leitura e alguns quilos de preconceitos típicos da época (tanto a relatada como a em que foi escrito), é definitivamente um livro muito esclarecedor sobre as origens do Brasil e do povo brasileiro.
Profile Image for Leonardo.
36 reviews13 followers
October 29, 2011
Sensacional. Uma sensacional aula de história. Uma verdadeira aula de Brasil. É o tipo de livro que se lê com prazer. O livro que "acrescenta" alguma coisa. E nesse caso é alguma coisa que está dentro de nós mesmos, no inconsciente, na cultura e na história de cada um de nós, brasileiros.

De se ressaltar no livro que ele está falando das pessoas, dos cidadãos, dos índios, dos portugueses e dos escravos negros. Não é um livro sobre os personagens históricos, suas leis, guerras e políticas. Esses são citados apenas de passagem, se tanto. O personagem principal do livro - como também o é da história do Brasil e do mundo - é o cidadão comum. Uma narrativa que se desenvolve em torno dos senhores de engenho, das suas esposas, dos índios, dos negros, dos jesuítas e dos filhos de todos esses. Enfim, em torno do povo brasileiro. Do cotidiano dos tempos coloniais. Às vezes chegando até ao tempo em que foi escrito, no início dos anos 1930.

Trata-se de uma obra extremamente bem documentada. Pesquisa profunda e cuidadosa, citando inúmeras referências. Na edição que eu li, constavam mais de sessenta páginas de bibliografia. Inclusive muitos documentos históricos e jornais do período colonial e do império. Um trabalho muito bem feito. Muito bem feito e muito bem escrito. Um estilo agradável, contundente e que vai além do livro de história para ser também uma obra de literatura, como arte.

Claro que o livro não é cientificamente atualizado ou correto o tempo todo. Há, a meu ver, algum exagero quando ele fala em algumas características genéticas que os povos (e em algum caso, mesmo famílias) possuiriam e que determinariam certas características dessas famílias e povos. Ele também fala em "eugenia" e superioridade de uma "raça" sobre a outra de uma forma que não se fala mais hoje em dia. Quando fala da influência do povo judeu sobre o povo português, por exemplo, chega a beirar o anti-semitismo. Justamente pouco antes da segunda guerra. Mas há que se inserir o autor no contexto do seu tempo, e no princípio dos anos 30, creio eu, a ciência apontava realmente para essas diferenças mais profundas, as quais hoje a ciência nos mostra que não são tão profundas assim, chegando a ser questionado o próprio conceito de "raças" humanas.

Mas o livro transcende essas questões, e faz com que todos os brasileiros se identifiquem com suas origens. Faz com que percebamos de onde viemos e que temos traços do índio, do português e do negro. Uma miscigenação bem sucedida que, pra mim, é um dos maiores motivos de orgulho de ser brasileiro. O fato de que conseguimos conviver em paz e, relativamente unidos como um povo só, independente da diversidade das nossas origens étnicas, culturais ou religiosas tão diversas, enquanto a maioria do resto do mundo ainda se comporta de forma um pouco (ou muito, dependendo do lugar) diferente.

O livro transcende as críticas. Transcende a sociologia e a antropologia. É literatura. E é sobre nós. Sobre o nosso passado. Sobre a nossa infância às vezes. Embora não fale no Rio Grande do Sul, que no período colonial talvez tivesse mais semelhanças com a América espanhola que com o Brasil, é possível, e pra mim inevitável, se identificar com o que ele diz. Mesmo o gaúcho que nunca tenha ido a Bahia, se identifica com o tabuleiro da Baiana. Nem que seja através da música do Caetano ou de um gibi do Zé Carioca.

Em resumo, um livro que, ao descrever rituais de danças indígenas, consegue fazer uma ponte para que eu - que nunca sequer vi um índio de perto - consiga identificar nesses rituais lembranças da minha própria infância é um livro especial pra mim. Trata-se de um livro que todo brasileiro deveria ler.
Profile Image for Igor.
596 reviews20 followers
June 20, 2021
Não há muito que possa acrescentar aqui. Só acho importante chamar a atenção que a origem do povo brasileiro é só em parte ligada às relações entre escravos e senhores nas Casas Grandes e Senzalas. Parte dos brasileiros atuais tem algum descendente daquela realidade. No meu caso, digamos assim, cerca de 25%, dos meus antepassados vem de lá. Conheço pessoas, descendentes de imigrantes europeus ou asiáticis do pós fim da escravidão, que nem descendentes têm dessa relação descrita. Já outros, ligados ao comércio ou serviços, tinham ligação com as fazendas, mas nelas não viveram. E não são brasileiros? E a história deles, não contam? Hoje são dezenas de milhões com pouca ou nenhuma ligação ancestral com essa realidade do livro. Precisamos algo mais atualizado e realista. Menos alinhado com teorias e ideologias. Não será fácil.
Profile Image for Heikki.
86 reviews1 follower
November 6, 2024
Demorei mas cheguei. Levei mais de quatro anos para terminar este livro. Não foi a leitura mais fácil mas para ser um livro académico o texto fluiu supreendentemente bem. No outro lado faltou estrutura e ficou pulando de um assunto pra outro sem pausa nenhuma.
Muitos idéias do livro já venceram e se ficou pensando muito o que acadêmicos de hoje pensaria das coisas. Tinha muitas ideias que pareceram até engraçado mas este faz o livro ainda mais intressante. Toca também em alguns ideias de raça que são muito tabu no conhecimento hoje ma na época foram ideias populares. Acredito que Gilberto Freyre de cem anos atrás teve mente mais aberto do que muita gente de hoje. Gande livro e grande autor. Respect!
Profile Image for Haroldo Vital.
7 reviews
November 8, 2018
A Gilberto Freyre

Carlos Drummond de Andrade

Velhos retratos; receitas
de carurus e guisados;
as tortas Ruas Direitas;
os esplendores passados;

a linha negra do leite
coagulando-se em doçura;
as rezas à luz do azeite;
o sexo na cama escura;

a casa-grande; a senzala;
inda os remorsos mais vivos,
tudo ressurge e me fala,
grande Gilberto, em teus livros.
Profile Image for Cleber Maia.
23 reviews
February 1, 2023
Casa-grande & Senzala, em 1933, quando teve sua primeira edição publicada, foi mais do que uma redescoberta da nação brasileira, representou uma espécie de fundação do Brasil no plano cultural, como observou Darcy Ribeiro. Valorizando o papel do negro na história brasileira, exaltando a miscigenação racial, desmistificando preconceitos e reconhecendo a originalidade de nossa cultura, Gilberto Freyre revolucionou a historiografia. Passados 80 anos, continua sendo um clássico da nossa literatura, mostrando, com beleza e vigor, a formação do povo brasileiro pela mistura de raças e culturas.

Outro livro que fez parte do meu repertório de leituras em 2022, esse considero obrigatório para todo brasileiro, existe o que você acha que sabe do Brasil antes de Casa-grande & Senzala e o que você vai aprender sobre o Brasil após ler Casa-grande & Senzala.

O livro descreve através de uma leitura repleta de polêmicas a história do Brasil colônia, juntamente com a comercialização dos escravos, e sua vida nas casas de engenho, também é retratada a vida dos primeiros colonizadores portugueses, e as dificuldades de se viver no Brasil durante aquele período.

Toda a violência que os escravos sofreram também é retratado de uma forma visceral, de uma forma muito criativa Gilberto Freyre nos leva por regiões históricas do nosso país e nos apresenta figuras lendárias como os padres jesuítas que tiveram um papel fundamental na educação dos filhos dos portugueses e negros, artistas incríveis como Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho entre outros.

Certamente o leitor vai se fascinar com as histórias do Brasil colonial, mas também vai se sentir horrorizado com a putaria e as barbaridades sofridas pelos indígenas e negros que vinham do continente africano.

O Brasil colônia sem leis era muito diferente do que hoje vemos, naquela pátria amada era normal meninas de 12 anos se casarem com senhores de 60, 70 e até 80 anos, o cristianismo era um requisito para se entrar no país, triagens com esse objetivo eram realizadas nos navios que chegavam por padres jesuítas, que preferiam deixar entrar doentes do que não cristãos.

Os colonizadores traziam consigo o “progresso”, mas também as doenças, em especial a sífilis que durante muitos anos assolou a população indígena.

Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição.

O suor e às vezes o sangue dos negros foi o óleo que mais do que o de baleia ajudou a dar aos alicerces das casas-grandes sua consistência quase de fortaleza.

Casa-grande & Senzala é um marco da história do Brasil, aprendi muito com essa leitura, conheci aspectos do Brasil que não imaginava que existiam, descobri muito mais sobre a escravidão e como os escravos eram tratados nas casas de engenho, houve momentos onde fiquei triste por nossa história estar tão manchada com o sangue de pessoas inocentes. - hoje consigo graças a esta leitura enxergar melhor o racismo que é estruturado em nosso país, também melhor vejo o quanto cada aspecto da nossa sociedade atual foi construído com o sangue dos escravos durante o período do Brasil colonial.
48 reviews
May 7, 2020
Excelente retrato da formação humana, social, cultural e econômica do Brasil. Obra de algo valor histórico e documental; cita vários autores que também tratavam do assunto, seja no Brasil, seja ao redor do mundo. Ênfase nas interações dos 3 principais grupos da formação nacional: portugueses, índios e negros; como se deu a colonização, porque se deu, levando em conta as características de cada um dos seus protagonistas.
Gilberto Freyre recebeu várias críticas negativas sobre essa obra. Mas considero muitas delas injustas.
Quem seria a favor da aristocracia e do patriarcado o repele pelas afirmações feitas à baixa cultura e moral atribuída aos portugueses e, consequentemente, aos colonizadores. Integrantes da igreja não foram poupados.
Quem seria a favor dos explorados, negros e índios, o criticam por apresentar o Brasil como uma bela democracia racial.
No meu humilde entendimento, a visão do autor é muito mais antropológica que social. E críticas fortes ele faz aos Portugueses, inclusive quando relaciona o processo de civilização brasileiro com o termo "sifilização", naquele tempo atribuído à "promiscuidade" do negro, mas que o autor atribui à péssima higiene do europeu.
Muitos hábitos, costumes e comidas atuais encontram origens e justificativas nesse livro.
A quem interessar mais intimidades com o Brasil, leitura indispensável.
Profile Image for Luana Fortes Miranda.
46 reviews19 followers
August 28, 2013
Freyre apresenta a casa-grande e a senzala como os alicerces do sistema econômico, social e político do Brasil. Casa-grande e senzala representam o antagonismo de culturas que se confundiram na formação da sociedade brasileira, através do Índio, do português e do Negro. Agrupar diferentes grupos étnicos indígenas e negros em dois grandes indivíduos, o Índio e o Negro, não diminui a obra – pelo contrário, uma explanação que considerasse a especificidade de cada tribo, sem generalizações, dificilmente alcançaria conclusões significativas. Tampouco pretende o autor que o Índio geral ou que o Negro geral correspondam em absoluto a todos os índios e todos os negros, seria impossível quaisquer inferências “sem discriminar-se antes que ameríndio, sem distinguir-se que negro”.

Um segundo comentário recorrente sugere abordagem pouca da violência da fundação cultural do Brasil. Sensação talvez provocada pela habilidade da narrativa, que vela a violência de que o livro está repleto. O português, de hábitos de exploração de mão-de-obra anteriores à colonização, tem no trabalho escravo a alternativa à crise de gente. Inicialmente mão-de-obra indígena que, visto a dificuldade do bugre em adaptar-se à civilização, foi posteriormente substituída pela mão-de-obra negra. Todas estas relações são abordadas, se com harmonia entre os antagonismos, também com furor e sadismo.
Profile Image for Maria Morais.
68 reviews3 followers
June 30, 2021
Foi uma relação complicada com esse livro. De amor e ódio mesmo. Ao mesmo tempo que ele busca combater o racismo, o reitera em várias passagens, a ponto de tornar a leitura quase insuportável em alguns momentos. Ao mesmo tempo em que tenta desbancar hipóteses insustentáveis, também reforça e cria outras de igual fragilidade. O pior de tudo, porém, é a insensibilidade sádica com relação às mulheres negras, pois o autor simplesmente ignorou que estava tratando não de relações proibidas ou "forçadas" (sem dar nome aos bois) entre servas e senhores, mas de estupro, e que foi o estupro que fundou a miscigenação que ele tanto exalta, seu mito das três raças. Miscigenação essa, aliás, que é vista no livro como um bálsamo que atenua os preconceitos raciais, o que é uma imensa balela. Mas, apesar de todos esses poréns, achei a leitura fundamental para entendermos os primórdios do Brasil patriarcal. Há um cabedal imenso de informações históricas e documentais sobre o nosso passado, contadas numa escrita fluida e viva, o que parece muitas vezes faltar a materiais desse tipo. Achei que o livro foi importante à minha formação, mas sei o quanto ele é também incômodo e nocivo. Digno de muitas das muitas críticas que recebe.
Profile Image for Bruno Pascon.
85 reviews
June 21, 2020
Que privilégio ter conhecido a obra prima do Gilberto Freyre. Mais um que entrou na minha lista de ídolos brasileiros junto com Cândido Rondon, Irineu Evangelista de Souza (Barão de Mauá), Juca Paranhos (Barão de Rio Branco), Darcy Ribeiro e os Irmãos Villas-Boas. Dos artífices da história e escritores sempre um traço comum: Amor incontestável ao Brasil, defesa da grandeza do país e nunca nos colocar na figura de inferiores e contribuições pra manutenção de nossas fronteiras atuais e preservação de tão rica história. Gilberto Freyre ainda nos brinda mesmo relatando parte triste da história brasileira com a importância inequívoca que os negros tem e tiveram na formação da cultura e sociedade brasileira e nos imprimindo mesmo em meio a tanta opressão o caráter hospitaleiro e alegre típico do brasileiro, além de maravilhosa contribuição à culinária nacional. Não vejo a hora de ler os próximos dois livros (Sobrados e Mucambos e Ordem e Progresso) que sucedem tão fantástica obra. Fico com a reflexão de se incluir na educação brasileira curso que possa compartilhar a historia desses ídolos para buscar incutir ou reforçar o amor a essa tão linda pátria Brasil.
Profile Image for Juni Pontes.
43 reviews1 follower
August 3, 2025
Livro essencial para se compreender o Brasil. Além de ser um sólido contraponto à história panfletária ensinada em nossos estabelecimentos educacionais (em todos os níveis).
A pesquisa documental e historiográfica é impressionante, principalmente se comparada com a bibliografia de alguns best sellers de história dos dias de hoje, que, com uma meia dúzia de livros, criam teses mirabolantes sobre o Brasil.
Além disso, a escrita de Gilberto Freyre é um charme à parte, cheia de um humor inteligente e livre, coisa que não se vê mais nos dias de hoje.
Um verdadeiro clássico!
Profile Image for Rodrigo.
6 reviews2 followers
August 23, 2014
apesar das críticas aos argumentos de freyre por parte da academia (que eu não conheço muito por não ter lido o mínimo de sociologia e antropologia que deveria), a leitura de freyre é uma delícia. uma malemolência de estilo que te envolve e te deixa extasiado.
30 reviews4 followers
March 10, 2010
The normal criticism of Freyre: he makes out slavery in Brazil to have been much more congenial than it was. But at least he champions their vital contributions to Brazilian society
18 reviews1 follower
Read
July 25, 2011
Very detailed sociological description of the development of Brazil. Not to be taken matter of factly-- but Freyre's perspective noteworthy for the time it was written...
Profile Image for Lidiana.
93 reviews31 followers
March 5, 2015
An interesting reflection about the History of Brazil... Not always pertinent, but it raises some important issues that should be discussed about racial diversity and class in the country.
Profile Image for Gabriela Veena.
15 reviews
April 8, 2022
'It is so bad I wanna give you a zero. But that's not possible, so I give you a one'.
Profile Image for Nicholas.
82 reviews
January 12, 2023
Antes de iniciar a leitura imaginava que o autor iria buscar detalhar as estruturas que dão nome a obra e principalmente os que nelas habitavam, mas a obra é ainda maior que tal, passando por longos capítulos iniciais que buscam resgatar as heranças de origens dos que ali habitavam e com isso relacionar com as formas com que viviam e até mesmo algumas contradições.
Recorrentemente o autor retoma a herança vinda dos mouros e seu caráter fundamental para a fácil incorporação dos portugueses a vida nos trópicos e a aceitação de convivência com diversas etnias. Aponta também o fato de em muitas propriedades haverem mais escravos letrados do que português, visto que alguns desses escravos proviam de culturas maometanas na África e que estavam acostumados a leitura. Anos depois seria comum até mesmo escravos professores de brancos. Os internatos de estudo só se iniciariam em meados do século XIX graças as estradas de ferro, anteriormente a isso a vida escolar se dava no interior das casas grandes.
A sociedade patriarcal que descreve é a do poder do privado, deixado muitas vezes livres e no qual reis portugueses raramente se importavam em fomentar estruturas mais complexas. A escravidão uma necessidade naquele período e no Brasil por mão haver mãos de obra especializada vinda de Portugal. Nesse ponto o autor volta a colocar um destaque aos africanos trazidos de diferentes locais, pois viam conforme suas especialidades para as necessidades de cá, os escravos de minas ou especializados em metais e até mesmo cultivo e criação de gado.
A falta de mulheres portuguesas e a baixa população de Portugal foram fatores que colaboraram para que propagar uma cultura de legitimação das relações com índias e escravas, os bastardos não tinham tratamento tão positivo em nenhuma outra parte do mundo, assim como uma cultura mais entregue aos desejos sexuais que se revelava ate em seu vocábulo e na relação de palavras de alimentação e de teor sexual.
As crianças muitas das vezes criadas pelas mulatas da casa, seja pelo falecimento da mãe no parto, maior causa de morte, ou por opção, adotavam palavras e termos da África e na vida adulta propagavam. A língua portuguesa passava então a não mais escreves entre aspas ou em itálico tais palavras, passavam a fazer parte da língua, assim como formas diferentes de escrever o mesmo.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Rhuff.
390 reviews26 followers
February 17, 2024
The classic work by Brazilian historian Gilberto Freyre, it dissects the essential ingredients of Brazil's founding melting pot: the Amerindian, the European-Portuguese colonist, and the African slave. From it Freyre draws the conclusion, substantiated with much fact, that the Portuguese approach led to a more racially-diffused "integration" even while retaining highly exploitative class relations.

His thesis maintains that the Portuguese colonists, used to north African slavery at home, did not have feel the same racial caste barriers as north Europeans; that they took to the tropics with greater ease; that Catholicism, as a universal religion, gave master and slave a spiritual bond unshared in Protestant lands. The fact that there were not enough Portuguese colonizers to obliterate the native population also contributed to easy amalgamation. The only parallels in North America are white/Indian relations in Oklahoma, and the "Creole buffer" of New Orleans.

This kind of analysis can easily slide into romantic exceptionalism. Such a case has been made for Brazil's racial democracy (much like US exceptionalism for political democracy.) Freyre avoided this pitfall by reminding readers of the patriarchal double standard of upper class sexism, that tolerated extramarital, inter-racial affairs for men while allowing family to literally murder wayward daughters who even remotely cast shade on its honor. That for all the easy race relations, it was still a slave society with violence and sadism at its core.

Even so, it reveals a society quite different in culture from north European puritan North America. Modern CRC derives as a backlash from this, and it's interesting that the very country that brought slavery to the Americas, where slavery lasted longer and did not experience a civil war, does not have such a movement. This is not a cause for hope: the racial patterns of America were encoded in its founding, and until the demographics are changed the cultural genetics will remain.
Profile Image for Leila Silva Terlinchamp.
98 reviews2 followers
December 28, 2021
CASA-GRANDE E SENZALA, Gilberto Freyre

Terminei finalmente a leitura dessa obra grandiosa publicada pela primeira vez em 1933. Eu quase soltei fogos de artifício, primeiro porque era um livro que eu queria ler há muitos anos e segundo porque levei muito tempo lendo, comecei em maio e só terminei agora. A verdade é que durante um bom período eu parei a leitura e fui ler outras coisas.
A minha alegria por ter terminado essa leitura não quer dizer que eu não tenha ciência das críticas feitas ao livro e ao autor. Estou consciente as compreendo perfeitamente, apesar dos defeitos e da obra estar de certa forma desatualizada eu penso que a leitura vai me acrescentar muito. Faz parte do meu projeto de conhecer melhor a história do Brasil.

Aqui uma crítica bastante racional à obra, Bresser Pereira:

Em síntese, um grande livro. Um livro que ajudou poderosamente a definir a identidade nacional brasileira. Um livro conservador, mas corajoso. Um livro radicalmente contrário ao racismo, mas legitimador da escravidão. Um livro que nos dá uma visão extraordinária daquilo a que se propôs – a vida social e sexual na Colônia e no Império – mas uma visão equivocada da economia desse período.
Profile Image for Cannon Sharp.
107 reviews
August 21, 2024
Numa passagem descrevendo as relações entre os adolescentes mais privilegiados da casa grande e os da senzala, há um "callback" muito sensato à obra do Machado de Assis: "Não há brasileiro de classe mais elevada, mesmo nascido e criado depois de oficialmente abolida a escravidão, que não se sinta aparentado do menino Brás Cubas na malvadeza e no gosto de judiar com negro." A colonização mistura e integra diversas formas culturais, unindo-as de maneira contraditória por meio da violência e do convívio íntimo. Em vez de promover uma segregação explícita que isola as diferentes matrizes étnicas para evitar a comunicação entre elas, surge uma forma híbrida. Nessa configuração, a influência de cada cultura se encontra e interage com as outras, gerando uma formação conjunta e ‘harmoniosa’, como Freyre descreve: "Talvez em parte alguma se esteja verificando com igual liberalidade o encontro, a intercomunicação e até a fusão harmoniosa de tradições diversas, ou antes, antagônicas, de cultura, como no Brasil."
Profile Image for João Paulo Pessoa.
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September 25, 2024
É uma boa leitura, que não deve ser realizada esperando qualquer tipo de rigor científico. As fontes são escassas, as referências são poucas, e muitas evidências anedóticas são usadas. Nada disso, entretanto, diminui a importância dessa obra. Sem dúvidas um dos magnum-opus do Brasil. As observações do Freyre, embora não muito rigorosas, são bastante pertinentes.

Às críticas relativas ao mito da democracia racial: concordo com todas. Às críticas quanto às 3 raças brasileiras? Discordo. O alicerce da racialidade brasileira está, sim, no branco (europeu), no preto (africano), e no amarelo (indígena). As exceções, como os japoneses ou os árabes, vieram ter alguma relevância real na composição racial brasileira posteriormente, após a década de 30 quando o livro foi publicado.

Por fim, é uma leitura OBRIGATÓRIA para qualquer um que queira se introduzir nos estudos sociólogos antropológicos do Brasil. Extremamente necessária.
Profile Image for Hélio Soares.
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September 23, 2020
Casa Grande e Senzala é uma obra espetacular e densa. Gilberto Freyre faz uma análise profunda da origem do Brasil enquanto colônia de Portugal. Ele retrata a exploração portuguesa, a implantação da monocultura de cana de açucar, o plantation, a escravidão dos nativos e do deslocamento massivo dos povos africanos para o Brasil, a miscigenação, a lascividade dos senhores de engenho. Além disso, verifica-se a implantação de uma estrutura que ainda hoje se faz presente, mesmo que sutilmente: o patriarcalismo. Além disso, por meio da obra, o leito pode perceber a origem de vários aspectos dos problemas sociais que tanto afligem nossa sociedade: o machismo, o racismo, a apropriação de terras indígenas, as desigualdades sociais e regionais.
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