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A Casa dos Budas Ditosos

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Ao receber, segundo afirma, um pacote com a transcrição datilografada de várias fitas, gravadas por uma misteriosa mulher, o escritor João Ubaldo Ribeiro não podia imaginar o que o esperava. E é agora você, inocente leitor, que sequer pode suspeitar o que o aguarda em cada uma das páginas deste livro. Nelas se conta uma vida. E a suposta autora teria enviado seu testemunho para que fosse utilizado para o volume sobre a luxúria da Coleção Plenos Pecados. O escritor aceitou o oferecimento e o resultado final está agora diante de você, que deve preparar-se para um relato pouco comum, às vezes chocante, às vezes irônico, sempre instigante. Na verdade, dificilmente a ficção poderia alcançar os limites do que a devassa senhora viveu e narra em detalhes riquíssimos. Se o leitor tem alguma dúvida, ela logo se dissipará, neste fascinante mergulho na vida espantosa de uma mulher sem dúvida excepcional, cuja narrativa alcança as dimensões de um retrato sociológico de toda uma cultura e uma geração, envolvendo um dos pecados mais indomáveis, e capitais.

163 pages, Paperback

First published January 1, 1999

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1944 people want to read

About the author

João Ubaldo Ribeiro

54 books135 followers
Jornalista, escritor e argumentista brasileiro nascido a 23 de Janeiro de 1941, na Ilha de Itaparica, Bahía.

Estreou como jornalista em 1957 no Jornal da Bahia. Estudou Direito na Universidade Federal da Baía e, enquanto estudava, participou na edição de jornais e revistas e numa colectânea de contos editada pela universidade em 1961.

Em 1963, Ribeiro escreveu o seu primeiro romance, Setembro não faz sentido, que só foi publicado cinco anos mais tarde. Fez o mestrado em Administração Pública e Ciência Política, em 1964, na Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos da América, e, de 1965 a 1971, ingressa na Universidade Federal da Bahía como professor de Ciências Políticas.

Insatisfeito com a experiência, Ribeiro retoma a sua actividade como jornalista. Em 1971 publica o seu romance 'Sargento Getúlio', que foi alvo de produção cinematográfica em 1983. Viajou e viveu em vários lugares, entre eles em Portugal, em 1981, em consequência de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Participou em vários eventos culturais no estrangeiro, como o Festival Internacional de Escritores (1982), no Canadá, e a Feira do Livro de Frankfurt (1994), na Alemanha. Professor catedrático na Universidade de Tubigem, na Alemanha, passou a fazer parte da Academia Brasileira de Letras em 1994.

Entre as várias obras do autor encontram-se os romances O sorriso do lagarto (1989), alvo da elaboração de uma série televisiva, A casa dos Budas Ditosos (1999) e Diário do Farol (2002), as crónicas Um brasileiro em Berlim (1995) e O Conselheiro Come (2000), e na literatura infanto-juvenil Vida e paixão de Pandomar, o cruel (1983).

Ribeiro venceu o prestigiado Prémio Camões em 2008.

Morreu a 18 de julho de 2014, no Rio de Janeiro.

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65 (1%)
Displaying 1 - 30 of 217 reviews
Profile Image for Carmo.
727 reviews566 followers
July 13, 2016


Sexo vende, corrompe, desperta curiosidade, voyerismo, move o mundo desde sempre. Se é de sexo que querem ouvir falar, vieram ao sitio certo. É mais ou menos o mesmo que ver um filme pornográfico hard-core. Não tem argumento nem segue qualquer ordem. Mas tem pinocada do principio ao fim; em todas as línguas...hum...adiante, em todos os lugares e com toda a gente, nem os bichinhos escaparam.
A ser verdade, este é o depoimento de uma senhora de 68 anos vitima de um aneurisma inoperável.
A mim pareceu-me um ato de puro narcisismo: era linda, esperta, rica, uma imperatriz da luxuria, uma deusa da pouca vergonha, e por aí fora. Mas pelos vistos foi feliz e encheu a barriguinha. Nunca lhe faltou dinheiro, drogas e cambalhotas. Começou cedo nas artes da sacanagem e marchou tudo: empregados, amigos, colegas, padres, freiras, professores, gays, mulheres, tio, irmão, cunhada (os jantares de Natal deviam ser divertidos) e ainda ficou com pena de não ter "despachado" também o pai! Defende afincadamente sexo entre membros consanguíneos e a partilha de parceiros. A dois, três, quatro, tudo ao molho e fé em Deus - que ela acreditava piamente em Deus. E aqui há que dar a mão à palmatória; tem razão quando fala da hipocrisia da igreja e da interpretação que esta faz da Biblia, impondo aos fiéis a sua única e aceitável versão. Também tem razão quando aponta o dedo às "famílias perfeitas", aos patriarcas exemplares que andam de fato e gravata e depois vão para os becos engatar rapazinhos.
Quanto àqueles que não partilham da sua filosofia de vida...pois...temos pena... "são uns merdas, uns débeis mentais, cancerosos" -fiquem a saber que "cancro é a doença dos reprimidos, de libido encarcerada. As células sentem-se traídas por falta de pinanço e revoltam-se! Não sabiam, pois não? Eu também não. E andam os cientistas a trabalhar que nem doidos...

Enfim, a vida é feita de opções; a desta senhora foi viver a vida como bem quis e deixar o seu testemunho. A minha, foi passar parte do fim de semana a ler esta verborreia. Ela foi feliz com a sua escolha.
Já eu...
Profile Image for Luís.
2,371 reviews1,364 followers
May 28, 2025
There are orgies, pederasty, lesbianism, incest, pedophilia, and zoophilia. These unusual sexual practices lived and dictated by a terminally sixty-year-old journalist and published by the Bahian writer João Ubaldo Ribeiro make up the plot of The House of the Fortunate Buddhas.
In the preface, the Bahian writer clarifies that this narrative "is a true account "and that its author is a 68-year-old woman, born in Bahia and residing in Rio de Janeiro. That's a bourgeois in love with life. This intellectual often quotes with profound wisdom, in a mix of slang and erudition, from the Latin poet Quintus Horatius Flaccus to the French philosopher Jean-Paul Sartre.
Even with explicit descriptions of the sexual act, giving up metaphors and lyricism, the work is not mere pornography or sexual appeal for profit. The House of the Fortunate Buddhas is good erotic literature. However, it cruelly exposes a side of the "man" and the "f" male-man" that the species itself refuses to admit that it has, opening up the hypocrisy of the "politically correct" .
Undoubtedly, it is a novel that makes us think or rethink our concepts of sexual freedom.
Profile Image for Kelly.
118 reviews1 follower
July 28, 2012
Was given this from a friend who claimed that the author was one of the best from Brazil. Having no understanding of the book based on the title, I was surprised to read how freely sexual the book is. The author is writing for a woman who boasts about her sexual conquests, in a time where sexuality was mostly hidden, private, and rarely spoken about beyond the married man and woman.

The writing is marvelous, the stories: outrageous. This intelligent, educated womans' sexual journey goes from seductive, to sexual, to freakish, to downright perverted. Some of her experiences may appear typical, some experimental, where as others are not exactly for the conservative or the faint of heart. In the end, the woman claims that we are all as perverted as she, but only she has the balls to tell the world about it. I am guessing that this book would make readers of "Fifty Shades of Grey" stunned, excited, appalled and squirm-ish, as this book takes sexual experiences to a level in which most are not comfortable with.
Profile Image for Luciana.
516 reviews162 followers
January 25, 2025
Nenhuma leitura pode ser mais inacreditável e erótica que essa.

A casa dos budas ditosos é antes de tudo um livro que foi publicado na série ‘Plenos Pecados’ com a abordagem da temática da luxúria. Saber disso já antecipa ao leitor um pouco do que vai encontrar na narrativa de uma senhora de 68 anos que se considera libertina e tem muito a contar de sua vida sexual.

Com intuito de que seu livro seja lido sobretudo por mulheres, deixando sempre à vista que o prazer e o pudor devam ser aliados da liberdade, ela narra com muita propriedade toda coisa sórdida que se possa imaginar, algumas por vezes polêmicas que aconteceram em sua vida, e assim se diverte e também diverte o leitor, meio a algumas estupefações e incredulidade com o descrito.

Certamente não é um livro que agradará a todos, eu ainda não havia lido nada assim e fico contente de te-lo feito. CLB, a idosa em questão, certamente seria uma amiga ideal para Tieta. Santana do Agreste seria pequena para as duas.
Profile Image for Lealdo.
133 reviews12 followers
Read
July 19, 2021
Que livro, meu deus, que livro. Um guia espiritual mais sério que o I-Ching, construído por frase perfeita atrás de frase perfeita. E o resto é moralismo, é atraso. Como gosta tanto de dizer a narradora, o resto é estupidez, é a burrice das burrices.
Profile Image for Alice Mendes.
23 reviews4 followers
April 20, 2020
“A Casa dos Budas Ditosos”, nas palavras da própria narradora, “não é um romance, nem enredo tem (...), mas é olhar pelo buraco da fechadura”. O grande monólogo – que não tem início, meio, nem fim – não conta história nenhuma e, ao mesmo tempo, conta todas as histórias de uma vida.

Se engana - e acho até que deve se decepcionar - quem imagina se tratar de um livro pornô. O livro é uma grande digressão, na qual o sexo é o fio condutor de uma conversa cheia de humor que passa por temas como espiritualidade, família, filosofia, envelhecimento, e, por que não?, o sentido do próprio sexo. A vida é o plano de fundo do sexo; o sexo, o plano de fundo da vida. Em “A Casa dos Budas Ditosos”, sexo é tudo menos pecado capital: é natural, é bonito, é gostoso e é livre.

Minha única ressalva foi ter achado, pessoalmente, o livro um pouco machista em alguns momentos – o suficiente pra me incomodar. Ficou difícil compatibilizar certos discursos com a personalidade da narradora e mais difícil ainda imaginar que aquelas palavras não vieram de um homem (o suposto “não-autor”).

Mas, acima de tudo, fiquei me perguntando se esse livro seria tão escandaloso se fosse narrado por um senhor, ao invés de uma senhora. Se ele seria apresentado, na contracapa, como um “devasso” que viveu uma “vida espantosa”. Afinal de contas, o livro é a conversa de botequim de qualquer homem numa sexta-feira à noite. Talvez o grande pecado de “A Casa dos Budas Ditosos” seja ser narrado por uma mulher. Uma mulher culta, viajada, religiosa, engraçada, que fez duas faculdades, que fala várias línguas. Uma mulher que não quis se casar – e não se arrependeu. Uma mulher que transou com quem quis, quando quis – e não se envergonhou. Uma mulher que gosta de sexo. Uma mulher livre. Como a própria narradora se intitula, “um grande homem fêmea”. A mulher que todas nós deveríamos poder ser.

Por fim, minha passagem preferida: "... minha vida não foi comum, mas eu basicamente sou igual a qualquer uma, nem pior, nem melhor. (...) E as pessoas leem romances, biografias, confissões e memórias porque querem saber se as outras pessoas são como elas. (...) Querem saber se aquilo de vergonhoso que sentem também é sentido por outros, querem olhar mesmo pelo buraco da fechadura (...). Faz bem, é reconfortante. (...) cada um pensa que é único em suas maluquices. Não é, não, somos todos iguais."
Profile Image for Miguel.
Author 8 books38 followers
July 31, 2014
Excelente. João Ubaldo consegue fazer de cada parágrafo, de cada frase, quase de cada palavra, uma arma de arremesso político contra todos os tabus morais com que embrulhamos o sexo para domesticar a sua natureza selvagem, que, deixada à solta, faria de nós seres libertinos e incontroláveis. Deus, Pátria e Família, a sagrada trindade das ditaduras conservadoras do século passado, sofre tiro à peça e sai arrasada.
E como seria de esperar no autor, fá-lo (trocadilho não intencional) com muito humor, com ironia, com subtileza (sim, muita subtileza, mau grado o carácter explícito e quase pornográfico do texto), socorrendo-se de uma narrativa aparentemente desenfreada mas com uma arquitectura perfeita, e da linguagem barroca que já conhecíamos de outras obras suas.
E com uma notável eficácia romanesca: é espantoso o número de pessoas (ver por exemplo os comentários aqui no goodreads) que acredita ou admite a veracidade do dispositivo narrativo criado (um relato oral que o autor recebeu e se limitou a transcrever) e da sua admirável personagem/narradora.
Profile Image for João Roque.
342 reviews17 followers
March 5, 2014
É-me algo difícil dar numa só palavra um adjectivo a esta obra de João Ubaldo Ribeiro.
É sem dúvida o relato bastante elucidativo da vida sexual de uma mulher que viveu intensamente esse capítulo da sua vida, sem peias e sem rodeios; mas também, pese embora esse relato não tenha quaisquer problemas em mostrar os mais escabrosos acontecimentos, o curioso é que nunca o faz de uma forma descritiva que possa ser considerada pornográfica. Antes pelo contrário, há um refreamento no uso das palavras, que não é forçado, mas deriva directamente da elegância com que JUR escreve.
Mas o mais interessante do livro são as “notas à margem” que a senhora vai descrevendo e que nos levam, a todos, a compreender que nestas questões do sexo, ninguém está isento de comportamentos, comummente considerados transgressores, embora haja uma tendência pelo ser humano para os ocultar.
Há referências sociais, psicológicas e até religiosas muito pertinentes e interessantes, que levam a que se considere este livro como algo totalmente diferente de uma obra vulgar e especulativa sobre sexo; claro que um livro “devasso” é sempre apelativo, mas esta é uma obra muito mais consistente, do que um simples livro de descrições sexuais…
Profile Image for Nayara Almeida.
88 reviews7 followers
February 9, 2025
Bom livro! Provocador. Adorei a construção da personagem narradora, assim como a forma do livro, com uma oralidade totalmente compatível com o tema. Perde muito a sua força no final.
Profile Image for Fernando Delfim.
399 reviews12 followers
October 19, 2018
“sabe o que é a vida? É foder. A vida é foder.”

“Eu gosto de Shakespeare, leio desde menina, mesmo no tempo em que não compreendia patavina. Aliás, será que compreendo hoje? Ninguém compreende nada, seja da vida, seja de Shakespeare, que morreu mais de dez anos mais moço do que eu, sem saber que era Shakespeare, Voltaire desancou Shakespeare, todo o mundo desancou Shakespeare, a vida… lh, chega!”

“E, de fato, é triste, acho que como ele próprio ainda disse, viver numa sociedade em que a honra feminina é portada entre as pernas, que coisa mais besta, meu Deus do céu.”

“os paneleiros que se juntam nos arredores do Campo Pequeno, onde se fazem ash curridash d’toiros em L’shboa e vão trabalhar como forcados, que são uma espécie de veados parrudos que vão enfrentar os toiros no peito. Em fila, trenzinho, um encostando a bunda no de trás, naturalmente. E depois vão às tascas, aos copos e a veadagem, são veados machíssimos.”

“grande parte dos homens fica tão concentrada ao tentar enfiá-las [camisinhas], que acaba brochando. A ereção não foi planejada para acontecer quando se está concentrado num problema técnico.”

“A gente se costuma a achar que não pode fazer as coisas e, de repente, descobre que pode. Quase sempre pode, é por isso que muito malucos dão certo.”
Profile Image for André.
Author 4 books75 followers
January 10, 2022
This book is a semi-automatic let loose on conservative moralism about sex. Obviously, not all bullets hit the target and some clearly hit the wrong targets, but most of it is surprisingly on point. I often laughed out loud as I was reading.
The book is structured as a fictional biographical monologue by a woman that lived a life of complete sexual and romantic freedom. Freedom from moralism, from tags and boxes, from expectations. And, in a way, you just believe her. I'd have a hard time doubting her description of joy, of happiness, of lightness and pleasure.
As funny as it is thought-provoking, this is an easy recommendation for adults (and late teens, I would say).
Profile Image for Rodrigo Ferrão.
Author 1 book17 followers
November 29, 2016
Luxúria - pecado capital. Significa: «Deixar-se dominar pelas paixões». A casa dos Budas Ditosos é um livro com bola vermelha no canto. Proibido a pessoas sensíveis e que entrem facilmente em choque.

A linguagem é muito forte e crua: retrata a vida de uma mulher e das suas aventuras sexuais. Com mulheres, familiares, amigos, em grupo, casados ou solteiros.

Numa entrevista ao jornal Público, João Ubaldo Ribeiro afirmou: « Eu não me importo que digam que (o meu livro) é pornográfico. Posso não gostar. Mas quem tem boca diz o que quer. Eu escrevi o que quis. Os leitores que decidam. Houve algumas críticas extremamente desfavoráveis mas houve também uma grande repercussão positiva. Aqui no Brasil, o livro está sendo levado a sério. Ainda agora estive na Sociedade de Psicanálise, num debate. E comecei a receber um tal volume de correspondência de mulheres que gostaram da protagonista...»

A casa dos Budas Ditosos é um livro erótico sobre sexo - nu e cru. Obviamente exagerado e excessivo, mas muito bem escrito. Condenável para muitos, admirado por tantos outros. Em Portugal foi proibida a sua venda em duas cadeias de supermercado quando foi publicado.

Um livro para ler pelo buraco da fechadura.
Profile Image for Vasco Simões.
225 reviews32 followers
May 10, 2016
Li este livro há muitos anos quando surgiu a polémica da proibição da venda nos supermercados. Foi o melhor marketing que podiam ter feito ao autor porque tive logo curiosidade de ir ler o "livro proibido". Têm umas cenas eróticas mas que sinceramente ao lado dos livros das sombras de Grey são "peanuts". Felizmente os supermercados ficaram menos pudicos e, pelos vistos, agora vendem tudo o que vende seja picante ou não desde que venda.
Profile Image for Gláucia Renata.
1,305 reviews41 followers
October 17, 2014
O livro faz parte da coleção Plenos Pecados e retrata a luxúria. Parece ter sido escrito com o único objetivo de chocar.
Profile Image for Iceman.
357 reviews25 followers
December 28, 2012
Há livros que me vêm parar às mãos de uma forma quase surrealista. Muitos deles surgem-me quase vindo do nada e por vezes dou comigo a olhar para livros nas minhas estantes que, juro, não me recordo como apareceram ali.
Neste caso concreto, "A casa dos Budas Ditosos", não foi o caso de não saber como ali foi parar. Sei-o porque me foi oferecido há anos, a questão é que nunca me senti minimamente motivado para o ler dado, não só o estranho e estúpido título, como também porque não aprecio de forma geral literatura erótica e/ou pornográfica.

Mas há uns dias decidi-me a arrumar com este livro e eis a minha opinião:
Erotismo e sexo é algo que agrada a todos, mas que dizer de um relato onde, sob a desculpa de ser verdadeiro, se narra acontecimentos onde o erotismo tem uma presença, digamos... de nome, e o sexo, aliás, a pornografia sem regras é o principal tema do livro, aliás, aquilo é mais uma forma de vilipendiar o sexo. Mas enfim!
O conteúdo do livro é apenas e só as "várias formas de se fazer sexo doentio com homens e mulheres, sem olhar a meios e onde, tudo e mesmo tudo é permitido", contado por uma mulher de 68 anos que, segundo ela, está à beira da morte, resolvendo então contar ao escritor Ubaldo as suas memórias.
Uau! Que interessante! É o ser humano assim tão voyeurista que se interesse por um conto de uma desconhecida só por alegadamente ser erótico?
Mas será este um relato verdadeiro ou um conto retirado da imaginação deste escritor? Se querem saber, não consegui descobrir mas também não me esforcei muito.
Profundamente egocêntrica, pois apenas ela contava, ela vai narrando a sua vida, vida essa onde o sexo ocupava um lugar especial (especial é favor) 24 horas por dia (que pena o dia só ter 24 horas). A mulher até sonhava com sexo. Ganda maluca!
Esta libertina (oh pró Sade cheio de inveja) praticava sexo de todas as maneiras: ela era anal, oral, manual, grupal e mais que tal que aquilo nunca mais acabava, sem falar no incesto que, segundo ela era algo de muito natural. Bem mas aquilo era um forrobodó tão grande que progressivamente nos vai fazendo sentir como uns verdadeiros meninos de coro, não o de Santo Amaro de Oeiras, mas daqueles que julgam os preservativos serem balões para as festas de despedidas de solteiro.
E os tabus? A mulher pensa que os tabus vão sendo violentamente derrubados (esta frase é leve para classificar esse derrube). Essa mulher vive a sua liberdade de uma forma obsessiva, é estéril, logo e num tempo onde as doenças sexuais não eram uma grande preocupação, apenas o prazer físico, o conhecimento do fruto proibido, o êxtase sexual, lhe interessa, no entanto esse interesse e as práticas caem sempre no exagero.
E pouco mais há para dizer. João Ubaldo Ribeiro elabora uma narrativa compulsiva, uma narrativa onde a luxúria se apresenta na primeira página e se despede na última.
Como devem já ter constatado, não gostei do livro.
De erotismo e sensualidade gosto, no entanto este livro não se pode classificar de erótico, pois é um livro doentio onde existem temas que são abordados de ânimo leve com o intuito de chocar. Mas não o consegue, pois essa intenção descamba no ridículo, tal o exagero das situações descritas.
Se tiverem curiosidade em ler sobre uma vida dedicada à devassidão sexual, à luxúria, então força, no entanto também vos digo que entre a literatura erótica existem livros muito bons. Se nem essa curiosidade tiverem, então esqueçam-no, pois não vale um corno.
Profile Image for Ricardo Silvestre.
205 reviews36 followers
February 12, 2025
E tem coisa mais irresistível que olhar pelo buraco da fechadura?

Nesta obra, somos presenteados com os relatos sexuais de uma mulher, contados na primeira pessoa. Mas para além do sexo, o livro faz referências bastante pertinentes (religiosas e sociais, por exemplo) a cada novo parágrafo. Leva-nos à reflexão.

Adoraria assistir a maravilhosa Fernanda Torres na sua interpretação deste texto.
Profile Image for Eric Novello.
Author 67 books567 followers
March 31, 2015
3.5 estrelas. Livro bom, que evolui bem da metade para o final. Cheio de libertinagens e sacanagens, mas estranhamente atravessado por uns comentários sexistas e moralistas aqui e ali. Faz parte da composição da narradora, é feito de propósito, mas ainda assim acho estranho.
Profile Image for Luis.
6 reviews3 followers
December 2, 2020
De mestre a forma como JUR se move em escrita pornografica sem nunca resvalecer para o romance de cordel, como se coloca enquanto personagem feminina e dá voz às histórias sexuais ocultas pelos tempos em que o pudor e a farsa faziam parte do quotidiano, deixando registado a vida sexual dos nossos avós (ou de amigos de amigos dos nossos avós!)
Profile Image for Flávio.
164 reviews
October 20, 2025
Leitura, no mínimo, marcante. Péssima escolha de livro para ler no avião. Não que alguém, efetivamente, dê a mínima para o que eu leio em público, mas eu estava o tempo todo tentando esconder dos meus companheiros de viagem a conjunção peculiar de palavras que se formava página após página 😂
Profile Image for Vanda.
18 reviews14 followers
April 5, 2013
Este livro de João Ubaldo Ribeiro é um cocktail de luxúria, sexo, erotismo, pornografia, ironia e gargalhada do início ao fim. Mas, como "não há bela sem senão", aqui estou eu para limpar algum pó escondido debaixo da cama.
Considero-me uma mente aberta, permeável a não repudiar o que não conheço; todavia, resumir a vida ao conceito de que ela "...é foder em última análise." deixa de lado muitas outras maravilhas deste tempo que não é perene, que urge usufruir como bandeira e ideal que cada um faz da vida.
Sexo é bom, sim; os tabus, numa relação a dois, são para se destruírem (mas não é este livro que cumprirá essa missão) e a dois saber reinventar o necessário e premente.
Há que estabelecer um equilíbrio entre a obsessão (da protagonista) e o prazer. Esta senhora de 68 anos que, supostamente, entrega ao escritor fitas gravadas da sua vida, como um testemunho e legado que quer deixar para a sua posteridade, com o objectivo de catarsear as mentes dos "atrasados", morrerá a qualquer momento, vítima de um aneurisma. Através desse legado, o leitor fica a saber que viveu a sua vida em função do sexo, e que acha que é para isso que aqui estamos, sem olhar a quem e a quantos são precisos numa relação íntima. Deve ter sido feliz à maneira dela. Que bom!! Ainda bem!!! Não o nego, mas deveria ter aprendido a respeitar a alteridade, pois se todos fossemos clones uns dos outros, o mundo perderia a graça e a cor. E repito...não sou uma mulher com recalcamentos, traumas e coisas assim...
O livro valeu pelas gargalhadas que dei, pelo extremismo descrito em algumas situações que roçavam o teatral e pelos paralelismos, entre a religião, os santos, Deus e a vida terrena feitos com pertinência.
Posto isto, defendo que se deveria possuir dois corações (eu, como não nasci com eles, imagino que os tenho...): o de cima e o de baixo, ambos ligados por um fio que os faz baloiçar como uma dupla em equilíbrio, à velocidade, temperatura e reinvenção, desfrutadas por "each one of us".
Profile Image for Maira M. Moura.
Author 9 books14 followers
July 27, 2022
"É de fato inacreditável, se você for ver bem, que contar a verdade seja escandaloso, quase subversivo, o atraso, o atraso."

Em prosa liberada, o depoimento-romance dedicado à luxúria de João Ubaldo sai como uma extraordinária ode ao sexo-prazer, necessária e extremamente imoral. Longe de ser pura sacanagem, a narradora ainda incursa por alguns momentos que ela chama de "conferências", expondo sua pessoal opinião sobre moralidade, costumes, filosofia, literatura.
O que mais honra a escrita, na minha opinião, é o equilíbrio de escrever erotismo sem cair no broxante preciosismo da língua escrita ou no linguajar somente esdrúxulo da língua falada, mas realmente chegar a uma prosa excitante. É essa a clara razão por que a narradora está relatando a sua estória a um transcritor.
Além disso, vamos lembrar que o autor foi um homem, tudo bem que não um qualquer, mas o grande João Ubaldo Ribeiro, mas que mérito maravilhoso é ser homem e entender de verdade sobre libido e sexualidade feminina. Eu mesma outro dia tive que explicar para marmanjo de 32 anos como funciona a tal da tabelinha.





Obs.: Não cometa o erro de ler em um avião.
Profile Image for Zeca.
25 reviews2 followers
July 24, 2009
Livro que mexe com a cabeça, conceitos e sua visão sobre sexo, hedonismo e etica. Livro é pequeno, tem que ler...
Profile Image for Danılo Horă.
9 reviews
March 20, 2015
olha, por baixo dessa linguagem de público de meia idade do teatro ruth escobar existe bastante ranço moralista e sexista
Profile Image for Andrea Wirkus.
74 reviews2 followers
March 4, 2019
um banquete em termos de amoralidade e subversão. não recomendo para quem não entende de que maneira o prazer e a lascívia podem escravizar uma pessoa.

ps: passagens de-li-ci-o-sas.
Profile Image for Marina Tommasi.
163 reviews4 followers
March 18, 2023
Perturbado, engraçado, desconfortável, empoderado, esse livro é mil coisas em um só. A libertação sexual da personagem passa dos limites e quebra sua cabeça.
Profile Image for Roberta Gomes.
79 reviews
November 13, 2019
"Na verdade, minha vida tem apenas um denominador comum, que é o fato de eu tê-la dedicado basicamente à satisfação saudável de minha luxúria. Tenho orgulho, grande orgulho disso, como já devo ter deixado transparecer."
Profile Image for Sasha Furlan.
11 reviews1 follower
March 28, 2024
(loucura cura!)
ri, estranhei, moralizei, desmoralizei, admirei, cansei, liguei no 220, me entreguei, me defendi, terminei, mas nada tá terminado nesse texto. essa personagem é uma das mais ousadas que já li (senão a mais mkk) e tudo fica ainda mais acentuado e impressionante quando se lembra de que foi escrita por um homem. ou não foi? na verdade, acho que não importa, pq se você leu o livro, no fim, sabe bem que isso tudo é possível, nada é exclusivo,….. o atraso, o atraso.

“Tia Regina não me suportava, morreu me odiando, meio caquética, mas ainda lúcida o suficiente para odiar. Claro que ela nunca teve condições de provar qualquer coisa, e eu fazia guerra de nervos, não tinha dó. Cheguei a pensar em comer ela também, mas não dava, só os perfumes que ela usava já broxavam qualquer um e, além de tudo, não acredito que ela caísse, era do tipo meu-negócio-é-homem, uma dessas antas falocêntricas, falófilas e falólatras que não morrem porque lhes falta vergonha. Para não falar que, sem eu ter nada com ela, meu domínio sobre o sacana era integral, era só dizer que ia contar tudo a tia Regininha - e ele sabia que eu era inconsequente, maluca e corajosa o bastante para contar -- que ele ficava às portas da morte; quase apoplético.”
Profile Image for Carina Serpa.
14 reviews
October 29, 2025
já faz um tempo que eu busco literatura erótica e a descoberta desse livro me trouxe grandes expectativas. mas a decepção foi tão grande que entrou pra minha lista de piores livros já lidos. além de basicamente não ter uma história propriamente dita, o livro aborda temas como zoofilia, incesto e outras coisas que pra mim são intragáveis, muito além de qualquer incômodo com sexo explícito. outro ponto é que, mesmo sabendo q a obra foi escrita em outro tempo, o fato de ser um homem narrando as aventuras sexuais de uma mulher já me traz um incômodo por notar que não se trata de desejos femininos genuínos, mas talvez uma vontade masculina sobre o que a mulher pensa da sexualidade
Profile Image for Ligia.
24 reviews
July 23, 2020
Duas estrelas: uma por, apesar de monótono, cumprir bem o que se propôs a ser (um livro sobre luxúria); outra por a maior parte do texto ter marcas de oralidade e acabar fluindo como um diálogo.

Logo no início de “A casa dos budas ditosos”, nossa narradora critica as regras que a sociedade impõe sobre o sexo. Depois, passa o livro inteiro ditando regras sobre como a sexualidade deve ser vivida - e, claro, a sua maneira é a única correta, o resto é atraso e burrice.

Pensei que seria um livro mais leve, no entanto, prestando atenção, parei de rir e comecei a sentir pena. Não pude parar nem de ligar sua hipersexualidade com os incestos; nem de perceber, na sua fala, sinais de quem está em fase maníaca.

Não é um bom livro, também não é tão ruim assim, dá pra ler - apesar do que, quando faltavam umas 50 páginas, eu não aguentava mais o tom absoluto de falar idiotices da narradora e se li até o fim foi por ter me obrigado.

Há livros melhores a serem lidos.
Profile Image for Heloisa Linhares.
47 reviews
January 17, 2022
1,5. Uma espécie de Marques de Sade, porém mulher e brasileira. Tirando algumas passagens engraçadas, é um livro pornográfico cuja história não é interessante. Não sou moralista, acredito que o erotismo pode gerar boas histórias. Também, acho que cada qual faz o que quer da vida, porém não é o tipo de leitura que me apetece. A narradora, ao mesmo tempo que expõe a hipocrisia da sociedade com relação à sexualidade, o que eu acho interessante, o tempo todo tenta impor seu ponto de vista e seu modo de vida, como se ser pervertido e sádico fosse nossa única saída, afinal, "Deus nos fez assim". Além do mais, ela tripudia de tudo o que desconhece, Lacan, Freud, Platão e sobrou até para as feministas. Bastante prepotente. Enfim, quem gosta de livros eróticos, pode curtir, tem muito disso. Eu, particularmente, não sou leitora para esse tipo de livro. E olha que sou bem mente aberta, nada reacionária, hahah. Só questão de gosto mesmo.
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