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Proxy

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Bem-vindo, [Utilizador/a]. Proxy é o culminar de vários anos de trabalho e de estudo em leitura psico-criativa. Seis mentes, seis futuros que nunca existiram. Seis mundos. Os pináculos de Nova Oli e as entranhas de VitaVida. Modulações eléctrico-sonoras e o dilema da artificialidade. O poder da máquina e o desmoronar de uma simples equação.

Preste atenção. Aquilo que vai ler é estritamente confidencial.

Proxy é a primeira experiência antológica de cyberpunk em Português. Seis autores acompanharam-nos nesta viagem: Vitor Frazão, Júlia Durand, Carlos Silva, Marta Santos Silva, José Pedro Castro e Mário Coelho – seis dos melhores jovens autores de Ficção Especulativa nacional.

223 pages, Paperback

Published September 24, 2016

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About the author

Carlos Silva

175 books2 followers

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Displaying 1 - 5 of 5 reviews
Profile Image for Artur Coelho.
2,591 reviews74 followers
September 25, 2016
Mal suspeitava Norbert Wiener, que se enamorou com o potencial intuído da simbiose homem-máquina ao estudar a matemática do abate de aeronaves em voo acelerado, do impacto que teria o seu conceito de cibernética. Entre outras influências, da ciência e tecnologia à cultura popular, tornou-se a espinha dorsal de um género literário de Ficção Científica.

O termo cyberpunk invoca nos fãs de Ficção Científica um tipo muito específico de iconografias. Cidades de torres brilhantes no seu alto modernismo arquitectónico, destinadas às rarefeitas classes bem sucedidas, rodeadas de velhos bairros degrados, fervilhantes de actividade habitualmente pouco cumpridora da lei. Mundos virtuais paralelos, habitados por inteligências artificiais que se movem nas geometrias do éter binário. Robots e andróides, dos elegantes simulacros humanóides aos disformes engenhos mecanizados. Hackers rebeldes, magos da alucinação consensual sustentada por redes informáticas. Mesclas simbióticas de homens e máquinas. Frieza dos interesses de conglomerados empresariais face à resiliência dos indivíduos num mundo onde o consenso westfaliano se pulverizou, levando consigo o conceito de estado-nação. Cenários perfeitos para aventuras que, no seu âmago, procuram fazer sentido do que à altura era um nascente mundo digital.

As histórias desta antologia representam uma rara incursão de autores portugueses numa estética que, saída do imaginário de Bruce Sterling, Pat Cadigan, Vernor Vinge e William Gibson, escritores que nos anos 80 intuíram o domínio que a informatização iria exercer sobre a consciência humana, hoje nos parece ao mesmo tempo datada e intrigante. Seis escritores aceitaram o desafio, trazendo-nos contos que espelham influências cinematográficas, literárias e do mundo dos mangá. O resultado final pauta-se pela qualidade literária e solidez de mundos ficcionais que mostram como estes autores comseguiram sentir o pulsar estético do cyberpunk. Sem ser radicalmente inovadora, com uma abordagem convencional ao género, marca a diferença pelo atrevimento em trazer o Cyberpunk para o panorama do fantástico literário português, mais habituado à fantasia ou FC distópica.

Deuses Como Nós, Vítor Frazão: uma arquivista de tecnologias antigas é contratada por um magnata da élite de alta tecnologia da mega-cidade flutuante que se espraia ao largo da península ibérica. Este pretende encontrar o seu antigo colega de laboratório, agora um rebelde que luta contra a implementação de tecnologias de imortalidade cibernética que deram a riqueza ao magnata. Este conto de Vítor Frazão captura muito bem o misto de decadência e futurismo brilhante que caracteriza o género, invocando iconografias poderosas numa história que, fiel ao cyberpunk, mistura tecnologia avançada de aumentação humana com desigualdades sociais e hiperurbanismo.

Modulação Ascendente, Júlia Durand: Como sobreviver num mundo empresarial ultracompetitivo, onde os funcionários são descartáveis? A personagem principal deste conto, cuja longevidade e ascensão na hierarquia da empresa tem sido permanente, descobre que poderá precisar de mais do que competência e estar no lugar certo à hora certa. Poderá precisar dos serviços de um hacker, capaz de infiltrar o dispositivo musical do seu patrão, manipulando-lhe as emoções através do uso de música para garantir a desejada promoção. Conto com elementos intrigantes, como a esterelidade da cultura corporativa, a vibração dos sectores decadentes das cidades ultra-modernas, ou a manipulação informática de dispositivos pessoais para alterar percepções. No fundo, este conto é mais sobre o poder emocional da música do que cyberpunk por si próprio.

Pecado da Carne, Carlos Silva: Um conto muito sólido e bem construído, que nos leva a um futuro onde as cidades são controladas por seguradoras que asseguram a saúde e bem estar daqueles que conseguem pagar as apólices. Um mundo tornado possível graças a uma epidemia que vitimou grande parte da humanidade, e sustentando graças a uma sub-classe de humanos que vivem nos subsolos, sobrevivendo por entre as condutas de manutenção e portas de ligação das cidades com o mundo exterior. Numa dieta de perfeição nutricional, por vezes apetece um fruto proibido, e é aí que entra a anti-heroína, uma poderosa delegada de saúde, acordada de um sono criogénico para investigar indícios de tráfico de carne dentro da cidade. Sem entrar em spoilers, digamos que a carne tem origem inesperada, que neste mundo ficcional os delegados de saúde são temíveis, e as crianças têm respeito à fada da nutrição. Para além da boa história e do sólido mundo ficcional, este conto debate questões que de facto se estão a tornar reais, como a hiperprivatização, ou a interferência em padrões de vida individuais e privacidade por parte de empresas que, graças a tecnologias IoT, personalizam os seus produtos e colocam restrições comportamentais aos seus utilizadores em nome das suas definições de saúde ou segurança.

Y + T, Marta Silva: num mundo futuro, numa fábrica centrada numa poderosa esfera, dois amigos de infância dão por si em lados opostos de uma luta para derrubar as estruturas industriais e libertar os seus habitantes.

Alma Mater, José Castro: Se a história tem um sentimento familiar, com uma avançada consciência cibernética incorporada num andróide que foge dos laboratórios onde foi criado, cruzando-se com criminosos e rebeldes do mundo caótico que está para lá das fronteiras regradas dos centros corporativos, e até conhece o seu criador, o autor joga muito bem com os elementos da iconografia cyberpunk. Temos o futurismo decadente, o estilhaçar multicultural das velhas sociedades europeias, o contraste entre os sobreviventes no mundo exterior e as afluentes sociedades fechadas empresariais, as altas tecnologias obsoletas e recicladas por qualquer um que seja capaz de lhes mexer. Junte-se a isto uma Lisboa revista entre a velha cidade decadente e uma nova cidade futurista, inacessível, com a velha cidade dominada por gangs de descendentes das correntes comunidades emigrantes, e temos os ingredientes para o que é uma belíssima história, que desperta a curiosidade do leitor com o seu mundo ficcional bem montado.

Bastet, Mario Coelho: Um grupo de hackers é contratado por uma cliente empresarial para recuperar um artefacto roubado ao melhor criador de robots. A busca leva-os a enfrentar mafiosos que se modelam na Yakuza que admiram, para resgatar algo que é proibidissimo, neste mundo ficcional: uma inteligência artificial avançada. Conto cheio de acção, de muito bom ritmo, com uma prosa desprendida e visceral a contrabalançar um sólido mundo ficcional.
Profile Image for Nuno Ferreira.
Author 19 books84 followers
December 1, 2016
Precisamos falar sobre esta antologia. Comprei-a no “Fórum Fantástico” e não é mais que um pequeno livrinho de 200 páginas, que se lê em dois dias. Proxy é uma iniciativa muito interessante por parte da Divergência, fruto de um trabalho exaustivo de investigação. É também a primeira antologia nacional com a temática do cyberpunk e foi recrutar alguns dos melhores jovens escritores de Ficção Especulativa do nosso país. Mas Proxy é muito mais do que isso. Os seis contos não têm qualquer filiação entre si, a não ser o sub-género apresentado. Coesos e extremamente visuais, acabam, no entanto, por ser bastante equilibrados, sendo difícil destacar um ou outro dos demais. Não vou, por isso, falar da escrita dos autores, porque qualquer um deles é ótimo. Vamos falar de conteúdo.

Deuses como Nós, de Vítor Frazão, tem um dos conceitos mais interessantes do livro. A venda ilegal de antiguidades, e uma vendedora em sarilhos, que se vê no meio de uma batalha entre os dois T-Rex lá do sítio. O conto pecou por um início algo confuso, que me atrasou a perceção da história. Os personagens também não conseguiram agarrar-me, por falta de aprofundamento, talvez. Modulação Ascendente, de Júlia Durand, consegue dar destaque ao poder da música numa envolvente cyberpunk, mas sobretudo fala-nos de competição no trabalho. Uma luta pelo poder original e muito bem tecida. Mas posso dizer que foi o Pecado da Carne de Carlos Silva que me injetou um maior entusiasmo pela antologia. Uma delegada de saúde andróide é trazida à vida, contra a sua vontade, e o mundo que agora vê mais não é que uma conspiração global. Como é hábito, contra o Zé – diga-se, a ralé.

y+t é um conto muito original da autoria de Marta Silva (que escreve apenas com minúsculas). Cheio de cores cinzentas, é-nos apresentado um mundo marginal, onde duas amigas de infância vivem num alvéolo, uma construção “favo de mel”, como uma colónia de abelhas. Um ambiente fabril e de beco, uma narrativa cheia de debates morais e questões interessantes, e uma grande esfera como possível resposta para todas as perguntas. Não me fascinou, mas louvo o excelente trabalho da autora. Alma Mater de José Pedro Castro é uma divertida visita a uma Lisboa futurista, cheia de segredos por revelar, relações de soltar belas gargalhadas, fugas e tiroteios. Um conto à minha medida. Por fim, Bastet de Mário Coelho. Um grupo de hackers informáticos (os taditos não têm culpa de já não haver trabalhos honestos) é “convidado” a roubar uma caixa-negra com material tecnológico super importante. Um conto com um início algo arrastado, mas que me agradou no seu todo, a fazer lembrar um pouco as histórias de Scott Lynch.

Acabaram por ser os últimos dois contos a marcar-me mais pela positiva, graças ao tom leve e humorístico dos autores e por serem histórias mais ao meu jeito. Parabéns, Editorial Divergência.

noticiasdezallar.wordpress.com
Profile Image for João Ferreira.
11 reviews
December 13, 2021
Achei esta coleção de contos muito boa e fiquei deslumbrado com estes autores. Na minha opinião, a qualidade dos contos foi sempre melhorando até o final, salvaguardando que todos são muito bons.
O conto “Pecado da Carne” é intrigante. Incrível como está mais atual e em contexto hoje, do que em 2016. Doenças pandémicas e farmacêuticas dominantes.
“Y + T” é cheio de inovação e o mais “fora da caixa”. O texto fez-me entrar no universo descrito, e fiquei cheio de pena de não saber as consequências das ações dos personagens.
O conto “Bastet” é cheio de movimento e emoção. Dinâmico ao ponto de ser lido de uma vez. Um olhar “Tuga” sobre o sempre presente medo da IA toda poderosa e impiedosa.
O único ponto negativo, é o facto de eu apenas ter descoberto esta antologia 5 anos após ser lançada. Infelizmente ando distraído com o que se escreve “lá fora”, quando a qualidade dos autores portugueses de ficção especulativa está neste nível. Parabéns aos 6 autores. Espero que continuem a escrever.
Profile Image for Inês Montenegro.
Author 49 books147 followers
Read
November 8, 2021
1) Saiu antes do Zé Lê Serralves;
2) Saiu antes do Zé Lê Seja-o-que-For;
3) Estou consideravelmente aborrecida porque perdi as minhas anotações feitas aquando a leitura e a review perdeu com isso;
4) Opinião disponível em: https://booktalesblog.wordpress.com/2...
Profile Image for Ana.
199 reviews16 followers
March 18, 2022
Uma das primeiras antologias da editora Divergência (penso que foi o quarto livro a ser editado?), os contos são, na sua generalidade, bastante bons. Claro, depende um pouco das preferências mas penso que é de boa qualidade o conteúdo. E, calro, é bem nacional o que é sempre bom :P
Displaying 1 - 5 of 5 reviews

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