É possível constatar nos textos de Clarice Lispector, particularmente em Água viva, uma experiência pensante com a linguagem literária na vizinhança da filosofia. Situando-se no espaço medial, na margem entre o literário e o filosófico, o texto de Clarice apresenta uma vontade de filosofia.
“Tem-se a história de uma mulher no zoológico em busca de experimentar o ódio que deveria estar sentindo pelo fato de ter sido recusada por um homem. (...) O choque se faz entre a necessidade desesperada de ainda amar (coisa que recusa) e o desejo intenso de odiar (por ter sido recusada). (...) A indecidibilidade de seus sentimentos (amor e/ou ódio) será resolvida sob a forma de catástrofe.”