Há muitos livros sobre a pobreza: sobre as suas causas e sobre a forma de a combater. Alguns são certamente interessantes, mas não era sobre a pobreza em abstracto que a autora desejava escrever, mas sobre os pobres tais como ela os «descobrira», aos 16 anos, num bairro da lata onde as freiras do colégio que frequentava a levaram para que as meninas ricas, grupo a que pertencia, aprendessem a ser caritativas. O livro não se limita a falar dos pobres em Portugal.
Outros países são referidos, tendo no final a autora concluído existirem quatro tradições no que a este problema diz respeito: a católica (Portugal), a jacobina (França), a aristocrática (Inglaterra) e a meritocrática (EUA). Apesar de baseada numa bibliografia longa, a obra tem um tom intimista, o que torna a sua leitura fascinante.
MARIA FILOMENA MÓNICA nasceu em Lisboa, a 30 de Janeiro de 1943. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Lisboa, em 1969, e doutorou-se em Sociologia na Universidade de Oxford, em 1978. Colabora regularmente na imprensa. Entre outros livros publicados, é autora de «Eça de Queirós» (Quetzal, 2001), «Bilhete de Identidade» (Alêtheia, 2005) e «Cesário Verde» (Alêtheia, 2007). É investigadora-coordenadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
A maioria do livro é sobre as interações da autora com a pobreza, no entanto há também algumas partes em que se dedica a temas mais sérios e interessantes como por exemplo a greve dos operários têxteis do Porto em 1903, da qual nunca tinha ouvido falar e que a autora apresenta com bastante detalhe e interesse.
Interessante. Nas palavras da autora: "Sim, há pobres em Portugal. Sim, há pobres a dez minutos de minha casa. Sim, é difícil enfrentar este problema."
Retrato simples e com boas fontes dos últimos 200 anos do país! Por vezes parecia demasiado Diário! Um bom resumo da pobreza em Portugal é um ótimo ponto de partida para aprofundar o tema!
Este ditador estranho, meio contabilista meio padre, que vive como um eremita (mas gosta do perfumes dos milionários em seu redor) e que ostenta uma pose de Filósofo quando julgo que nã o passa de um impostor), é algo de único neste século, só concebivel em Espanha ou em Portugal. Penso que Filipe Il seria como ele. Mas, ao menos, quando Filipe I defrontou o Papa, fê-lo sendo o mais poderoso monarca da cristandade, ao passo que Salazar parece não compreender que Portugal, este Tibete minúsculo, que há 35 anos está isolado do progresso, é na realidade um país muito pequeno e muito pobre. (.) Como vês, os meus pensamentos regressam sempre a Dr. Salazar. É impos- sível evitá-lo. Tudo o que acontece a vida portuguesa trá-lo de volta, de cada vez sob uma forma ligeiramente diferente da anterior; umas vezes sob a forma de um antigo advogado da família, outras nas vestes de uma ama dominadora, outras como um padre puritano.
Um livro para voltar a ler com mais tempo e disponibilidade mental. Uma vasta proposta bibliográfica, informação condensada e objectiva, sempre animada pela perspectiva pessoal e pela escrita espontânea, sincera e sem medos da Maria Filomena Mónica.