Do primeiro disco voador ao último porre, Rita é consistente. Corajosa. Sem culpa nenhuma. Tanto que, ao ler o livro, várias vezes temos a sensação de estar diante de uma bio não autorizada, tamanha a honestidade nas histórias. A infância e os primeiros passos na vida artística; sua prisão em 1976; o encontro de almas com Roberto de Carvalho; o nascimento dos filhos, das músicas e dos discos clássicos; os tropeços e as glórias. Está tudo lá. E você pode ter certeza- essa é a obra mais pessoal que ela poderia entregar de presente para nós. Rita cuidou de tudo. Escreveu, escolheu as fotos e criou as legendas - e até decidiu a ordem das imagens -, fez a capa, pensou na contracapa, nas orelhas... Entregou o livro assim- prontinho. Sua essência está nessas páginas. E é exatamente desse modo que a Globo Livros coloca a autobiografia da nossa estrela maior no mercado.
Guilherme Samora é jornalista e estudioso do legado cultural de Rita Lee.
a rita escreve como fala: deliciosamente. o livro é de devorar num gole só. particularmente adoro as idas e vindas cronológicas, dá um ar de conversa com a autora.
"Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa."
Comecei e não consegui largar essa autobiografia. Resultado: li em um dia.
Com lembranças da Rita desde a infância, é um livro que exala personalidade e autenticidade. Que presente! Aqui, a rainha do rock e padroeira da liberdade fala sobre sua família, a paixão pelos animais, os Mutantes, a Tutti-Frutti, carreira solo, shows, discos, ídolos, problemas com bebida e drogas, sua autocrítica que se confunde com autodepreciação, a ditadura y otras cositas más.
Ouvi o audiobook narrado por Mel Lisboa, que já interpretou a Rita em uma peça teatral baseada na vida da própria, e só engrandeceu a experiência. Os diálogos, os julgamentos da Rita, o modo de falar... É incrível. Tem também comentários do famoso "phanton", o "colecionador de Rita", Gui Samora, para esclarecer os momentos em que a artista se confunde.
Saio dessa leitura menos careta, e esperando ser um cara bacana que também faça muita gente feliz. Recomendadíssimo.
«Não faço a Madalena arrependida com discursinho antidrogas, não me culpo por ter entrado em muitas, eu me orgulho de ter saído de todas. Reconheço que minhas melhores músicas foram compostas em estado alterado, as piores também. Lamento apenas a demora em perceber que o «remédio» já estava há muito fora da validade, coisas de capricorniana fixa. Minha geração sofreu a claustrofobia de uma ditadura brucutu, usar drogas então era uma maneira de respirar ares de liberdade, e se assim posso dizer, eram de melhor «qualidade» do que as malhadas de hoje, traficadas por assassinos. Sei que ainda há quem me veja malucona, doidona, porra-louca, maconheira, droguística, alcoólatra e lisérgica, entre outras virtudes. Confesso que vivi essas e outras tantas, mas não faço a ex-vedete-neorreligiosa, apenas encontrei um barato ainda maior: a mutante virou meditante. Se um belo dia você me encontrar pelo caminho, não me venha cobrar que eu seja o que você imagina que eu deveria continuar sendo. Se o passado me crucifica, o futuro já me dará beijinhos.»
A estonteante e sempre honesta Rita Lee, sem subterfúgios nem moralismos. Ela mesma, verdadeira e única, sempre. 🧡
Excelente autobiografia da rainha do rock brasileiro. A primeira nota vai para o sentido de humor de Rita, que só não surpreende porque já era bem patente nas suas canções. Depois, a franqueza com que Rita assume os passos menos floridos da sua vida e do seu percurso enquanto artista. Claro que este sentido de autocrítica é compensado pelo ego, mas isso também é natural, suponho mesmo que não se conseguirá ter uma carreira tão exposta como a de cantor se não se tiver um certo reforço de ego. A estrutura do livro, feito de pequenos capítulos, misturando histórias pessoais e familiares com os episódios relacionados com a sua carreira, fazem da sua leitura um entusiasmo. Finalmente, resulta muito bem o relato seguir um fio cronológico mas não o respeitar com demasiado rigor. Os avanços e os recuos no tempo dão ao livro agilidade e até um certo tom coloquial. Numa época de óptimas biografias e autobiografias de estrelas do rock'n'roll, a Rita Lee estabelece um padrão, elevado, para os registos autobiográficos escritos em português.
As histórias são ótimas, mas o livro não é bem escrito. Seria mais interessante ter convidado o grande fã de Rita Lee, citado no livro, para escrevê-lo.
leitura obrigatória! acho que nunca vai existir autobiografia que a escrita seja tão igual quanto o que a pessoa foi... tem que ser lido, ela fez mesmo muita gente feliz
Não posso dizer que conhecesse bem a vida da cantora brasileira Rita Lee. Conhecia algumas canções que ouvia na adolescência e pouco mais. Em 2017, uma amiga apreciadora da música e cultura brasileiras leu a autobiografia da cantora e recomendou-a. Só este ano, numa ronda pelas estantes da biblioteca, o livro de capa laranja electrizante me chamou. Percebi que estava na altura de conhecer Rita Lee a fundo.
Filha de emigrantes italianos "ultracatólicos" e "americanos protestantes/maçons", foi criada no meio de um "harém" como ela chama ao facto de serem 6 mulheres no meio de um único homem. Com um sentido de humor que prende o leitor do princípio ao fim e sem medo de falar, fala-nos de uma vida preenchida, despudorada, descontraída e sem se levar muito a sério. Fala-nos do seu complexo de Cinderela por ser a "caçula" de três irmãs, das férias em Guarujá e Rio Claro, dos piqueniques na antiga floresta de Ibirapuera, em como se tornou "a menina do papá" ao conquistar o "sargento Charles" que não gostava de grandes manifestações de afecto. Fala-nos das diabruras de criança, da fase "menino baiano" e da idolatria por James Dean, Elvis Presley ou Beatles. Diverti-me com as falas do fantasminha que surge ao longo das páginas para nos alertar para alguns esquecimentos da Rita Lee, que insistiu em escrever a autobiografia sozinha. Na adolescência passou por várias bandas, teve os primeiros namoros e apaixonou-se por Danny, a sua "filha cachorra", uma collie manca com cara de Barbra Streisand. Conta-nos de como os "Bruxos" passaram a "Mutantes", da passagem pelos Tutti Frutti, das trips, dos animais de estimação, das encrencas, do amor, dos filhos, das doenças, dos tratamentos ao álcool e obviamente dos álbuns e concertos. Sobre a ditadura militar diz que"não queria perder tempo lutando contra um filme de horror quando podia fazer da vida uma comédia, mesmo sem arrancar uma risada."
Adorei a forma descontraída como nos conta a sua vida, de como não se leva demasiado a sério, de não ter qualquer problema em assumir que não tem uma grande voz, intitulando-se muitas vezes de "cantora fake". Um óptimo retrato do mundo artístico e de uma época marcada pelo movimento hippie. Gostei de conhecer a mulher Rita Lee pela sua própria voz, sem os boatos e imprecisões típicas do mundo artístico. Uma experiência única é acompanhar a leitura, ouvindo a sua música.
Amei a ideia de epitáfio dela: nem sempre foi bom exemplo, mas era gente boa. Acho que é um bom resumo. Não adorei o esquema da narrativa, meio picotado, mas sabia muito pouco sobre ela e achei que não soou megalomaníaco nem condescendente como poderia alguém de 70 anos que viveu fases tão interessantes da história da música e política brasileiras - e ainda está viva e ativa pra contar.
Em alguns trechos parecia que eu estava lendo um diário de uma adolescente contando uma briguinha com seus desafetos. Outros trechos me pareciam intermináveis com infindáveis citações das musicas que compunham os discos. Leitura um pouco enfadonha e às vezes até mal escrita, mas no geral deu um ótimo panorama da vida da maior roqueira brasileira de todos os tempos.
Sou a atrasada do rolê, a segunda biografia da Rita saiu neste momento e só agora tô terminando a primeira. Como era de se esperar é divertidíssima, muitas fofoquinhas e close-ups de bastidores, mas o que fica mesmo é a personalidade avassaladora de Lee, desde a infância até a velhice ela soube como viver a vida, nos altos e nos baixos.
Ao meu passado Eu devo o meu saber e a minha ignorância As minhas necessidades, as minhas relações A minha cultura e o meu corpo Que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele
reli porque fui pegar pra ouvir a discografia depois de quase um ano e fiquei mei doida e deu saudade. acho que vai virar o que é obrigatório reler todo ano pois é uma delícia demais ler a rita me contando uma história e terminar sempre com vontade de me botar numa cestinha na frente da casa dela pedindo pra ser adotada.
Rita Lee uma Autobiografia é um daqueles deliciosos presentes anunciados de cara na dedicatória da amiga que sabe como ninguém o que faz seu "irmão" feliz. Não dá nem para dar a desculpa da falta de tempo. Rita Lee ganha o leitor, que se não se encanta com sua belíssima narrativa, melhor mandá-lo ir tomar seu banho de espumas. Rita Lee se desnuda. Não daria para esperar menos. Entre figurinos e macaquices simplesmente sequestra o leitor em viagens entorpecentes aos mais divertidos e dramáticos anéis de Saturno. Imaginar loucuras jamais. Minha experiência ao me entregar de cabeça nas páginas de sua biografia foi a de vivê-las (imaginar seria pouco demais) e de repente, sinto saudade do q nunca vivi. Sou daqueles que "amigos perdoam" por tão pouco (ou nada) entender de musicas e seus deuses. Sou daqueles que "chegam atrasados" em shows sem sequer saber quem toca ou o que se faz em público ou nos bastidores. A isso chamamos ignorância. Não mais. Graças à obras como a de Rita Lee que a luz se acende. Obrigado sua maluca!. Um dia quero te abraçar!
Eu não terminei o livro, parei um pouco antes da metade. Simplesmente não tem como. É muito mal escrito, picotado, até tem uma cronologia, mas é muito confuso e maçante. Maçante é a melhor definição. Várias vezes me irritava durante a leitura, me entediava ou dormia. Admiro muito a Rita, mas não teve como.
Estranho ter sido o que fui sendo eu o que sou hoje. Parece que sempre tive a idade que tenho agora. Aos setenta tem-se a impressão de que a vida passou rápido demais, escrevendo a própria biografia, percebe-se que foi longa pra caramba. Vivi intensamente infância, juventude e maturidade, a fase velhice é novidade para mim, apesar de, claro, percebê-la mais familiar do que as anteriores.
Ritinha escreve de uma forma leve, descontraída e bem humorada sobre as poucas e boas por quais passou. Sem muitos sermões, ela faz reflexões das mais mundanas até as mais rockenrollers, descrevendo a infância nos anos 50, a adolescência maluquete, a ascensão como artista, o amor por Roberto, pelos filhos e pela música, as drogas e a causa animal. No final, me emocionei com sua "profecia", e suas "divagações" sobre o mundo que conheceu. Apesar de biografias não me prenderem muito, amei o livro e amei conhecer Rita Lee, ela é uma personalidade que me toca e me inspira até hoje. Recomendo religiosamente a leitura. Valeu Ritinha.
Li de bobeira. Ela sai uma puta recalcada, que no fundo é a melhor parte. Não sobra um com a reputação em cima, Os Mutantes principalmente. Mas pra curtir mesmo tem que ter driblado na vida um contato com a classe-média alta brasileira, aí talvez dê de achar graça de Rita Lee falando, em 2016, que as músicas debochadas sobre a política brasileira são mais atuais hoje do que quando foram escritas, na ditadura. Ou indo no semi-internato bilíngue de Higienópolis em que os filhos estudam mandar os professores calar a boca sobre o comportamento dos filhos, criados pela babá herdada e adotada pela família, e dar a educação pela qual estão pagando. Ou remendar pra vender o duplex de Higienópolis, comido de cupim. Ou indo passar as férias em Miami, território paradisíaco. Ou etc, etc, etc. Eu pessoalmente não tive a sorte desse drible, aí não vai ser falar abertamente sobre drogas & sexo que vai me impressionar com o espírito rock 'n roll. Conheço bem essas porra-loucas, e a gente tem uma concepção bem diferente do que é brega e do que é mico. E gostar de bicho é fácil. Enfim, problema meu. O livro é muito mais forte no começo, e tô meio surpreso que tanta gente achou mal escrito, porque o texto dela é a parte mais interessante aqui. Ainda assim, várias boas histórias, frequentemente muito engraçado, etc.
Simpatizo com Rita Lee, mas nunca compraria um disco dela ou dos mutantes. Biografia interessante sob o aspecto infanto juvenil dela, esclarecedor sobre o (não) relacionamento com Arnaldo Baptista. Um pouco amargo, rancoroso? não são as palavras corretas com a banda Mutantes, a crítica e outras pessoas, mas existem sentimentos de dois bicudos que não se beijaram. A descrição da fase alcoólatra é um pouco deprimente, pois não tem o lado "cult" das drogas ou por parecer algo mais terreno e cotidiano. Existe muita condescendência com Roberto de Carvalho. A autodepreciação contamina a leitura.
É como sentar no tapete da sala daquela sua tia descolada que você adora, mas vê pouco. Cheio de amor, pequenas maluquices e manias, e monte de gente que você cresceu “ouvindo falar sobre” apresentadas de forma humana e gentil (mesmo quando não mereciam tanto. Fofos) Apaixonante até o fim, e especialmente no fim ❤️
não tem resenha boa o suficiente para aclamar Rita, a maior desse país.
já era apaixonada por ela desde criança, mas saí desse livro eternamente grata pela existência dessa rainha. que mulher inteligente, à frente do tempo e transgressora. eu tô TÃO FELIZ de ter lido essa autobiografia. <3
Comprei em 2020 e acabei abandonando porque a Rita escreve do jeito que falava. Na segunda tentativa, demorei a pegar o ritmo, mas deu certo. É uma autobiografia interessante pra conhecer melhor a história e a personalidade dela. Confesso que terminei um pouco menos encantada com a figura. Ela tinha umas ideias meio tortas.
4.5 É uma história bem ronquenrou. É uma autobiografia honesta, divertida, cujo ritmo flui tal e qual a vida: rápido e sem darmos por ela. A história de uma mulher livre, inconsequente por vezes (muitas), mas sempre livre, e sempre movida pela paixão. Até sempre, Rita Lee.
como falar do rock brasileiro sem falar de rita lee? sempre um passo a frente dos seus colegas do ramo musical por seu jeito transgressor de lidar com a vida, política, amor e música. é ótimo ver rita narrando como sempre se entregou de corpo e alma a tudo que surgia na sua frente e em como isso influenciou não só a sua trajetória de vida, mas o que entendemos de música brasileira hoje.
seu texto é genuíno, muito engraçado e honesto. ou seja, dá para ver claramente que ela mesmo escreveu tudo sem compromisso nenhum em ser perfeitinha para os seus fãs. aqui, ela quer ser rita lee e é exatamente que torna sua autobiografia tão especial e rica.
eu não poderia deixar de citar como lembrei do livro “just kids” da patti smith lendo a autobiografia da rita por todas as curiosidades que ela compartilha sobre a cultura brasileira do século xx e suas conexões com artistas do rock nacional e internacional. eu amei muito quando ela falou da vez que conversou com o bowie! e isso é só uma das diversas conexões super legais que ela compartilha aqui.
é o tipo de livro que todo mundo vai gostar, indico demais. :)
Que livro incrível!! Que vida FODA!!! Fiquei fisgada na leitura do início ao fim, impossível de largar. Me sentia, ora sentada num terraço com dona Rita ouvindo suas histórias, ora na plateia de seu show ou do outro lado da cabine assistindo a gravação de mais um disco. Completamente imersa no universo ritaleesco. eu te amo Rita Lee, eu te amo muito!!!
Adorei conhecer mais a história dessa mulher tão importante para o nosso país (não só musicalmente). Conversar sobre com as meninas do clube do livro foi o combo perfeito pra mim! Rita realmente foi revolucionária, sempre inquieta, sempre ela mesma. O melhor pra mim foi descobrir a relação dela com a família (pais, irmãs, etc ). Mais do que nunca, vejo como é importante ter para onde voltar.