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A Gorda

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Maria Luísa, a heroína deste romance, é uma bela rapariga, inteligente, boa aluna, voluntariosa e com uma forte personalidade. Mas é gorda. E isto, esta característica física, incomoda-a de tal modo que coloca tudo o resto em causa. Na adolescência sofre, e aguenta em silêncio, as piadas e os insultos dos colegas, fica esquecida, ao lado da mais feia das suas colegas, no baile dos finalistas do colégio. Mas não desiste, não se verga, e vai em frente, gorda, à procura de uma vida que valha a pena viver.

288 pages, Paperback

First published October 1, 2016

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About the author

Isabela Figueiredo

15 books314 followers
Isabela Figueiredo nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, hoje Maputo, em 1963. Após a independência de Moçambique, em 1975, rumou a Portugal, incorporando o contingente de retornados. Foi jornalista no Diário de Notícias e é professora de Português. Estudou Línguas e Literaturas Lusófonas, Sociologia das Religiões e Questões de Género. Publicou os seus primeiros textos no extinto suplemento DN Jovem, do Diário de Notícias, em 1983.
É autora de Conto É Como Quem Diz (Odivelas: Europress, 1988), novela que recebeu o primeiro prémio da Mostra Portuguesa de Artes e Ideias, em 1988, e de Caderno de Memórias Coloniais, cuja primeira edição data de 2009. Escreve regularmente no blogue Novo Mundo. Desenvolve workshops de escrita criativa e participa em seminários e conferências sobre as suas principais áreas de interesse: estratégias de poder, de exclusão/inclusão, colonialismo dos territórios, géneros, corpo, culturas e espécies.

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2 stars
335 (6%)
1 star
75 (1%)
Displaying 1 - 30 of 614 reviews
94 reviews698 followers
June 23, 2021
Gostei muito deste livro. É uma escrita muito crua, muito sincera, mas com momentos de poesia que surgem como flores no asfalto. Recomendo!
Profile Image for Rita.
163 reviews
May 2, 2017
Muito bem se tem dito e escrito sobre este livro e sobre a autora, de quem nunca tinha ouvido falar. Após algumas idas à livraria para admirar o livro, e após ter confirmado que a biblioteca não dispunha de nenhum exemplar, decidi presentear-me com "A Gorda". Levei cerca de 30 páginas a desiludir-me, mais umas 20 foram suficientes para perceber que não foi uma compra inteligente.

Já conta a sinopse que a personagem principal e "heroína" deste romance é Maria Luísa: uma bela rapariga, inteligente, boa aluna, com uma forte personalidade, só que Maria Luísa é gorda e deixa que isso ponha tudo o resto em causa. A premissa pareceu-me bem, achei a escrita bastante agradável, o livro tem até algumas passagens muito bonitas, no entanto tem falhas que, inevitavelmente, me levaram a não gostar assim tanto desta experiência.

A primeira falha que identifiquei foram lacunas na história. Com todo o enfoque na característica física de Maria Luísa e no problema em que isso se torna, faltaram algumas partes da história que justificassem, por exemplo, o início do "problema" ou a decisão de fazer a cirurgia. Esta primeira falha pode ter conduzido a uma segunda: a incompletude da personagem principal e a consequente falta de empatia entre o leitor e a personagem.

É um livro com uma temática pesada, diria que algo depressivo, com uma escrita bonita mas com um enredo incompleto e por vezes confuso. Isabel Figueiredo é uma autora que quero manter debaixo de olho, na expectativa de que se venha a revelar todo o potencial escondido nesta obra.
Profile Image for Joana.
95 reviews29 followers
February 10, 2017
Há qualquer coisa de Maria Luísa em cada um de nós. Gordos, magros, desajeitados ou enjeitados, carecas ou descabelados, todos lá no fundo temos uma insegurança latente, que nos mina a confiança e nos domina a razão. Este é um livro cru, frio e duro, exactamente como somos connosco próprios quando nos julgamos pelos defeitos e não pelas virtudes. Gordos ou magros, sejam quais forem os fantasmas que atormentam cada um de nós, este é um livro para ser lido com atitude de expiação e uma grande dose de introspecção. Somos aquilo que o espelho reflecte ou o espelho reflecte aquilo que somos? Leiam sem medos esta "A Gorda", vale cada página.
Profile Image for Ana.
230 reviews91 followers
April 16, 2019
Todas as personagens, geografias e situações descritas nesta narrativa são mera ficção e pura realidade.
É com esta advertência que a autora nos apresenta este romance que parece ter uma forte vertente autobiográfica, sendo provavelmente imprecisa a linha que separa o biográfico do ficcionado. Tal como a escritora, a protagonista do romance, Maria Luísa, nasceu em Moçambique, filha de pais portugueses, tendo vindo para Portugal aquando da independência da então colónia portuguesa, era gorda e fez uma gastrectomia que lhe permitiu perder quarenta quilos. Maria Luísa era boa aluna, inteligente, tem um namorado, mas o facto de ser gorda acaba por lhe condicionar uma parte importante da sua vida.

É um livro que aborda o problema da imagem, neste caso por conta do excesso de peso, mas que também poderia ser pela falta dele, ou qualquer outra característica que saia da normatividade ditada pela sociedade. Como esses desvios são estigmatizantes até para além das pessoas que os possuem. A vergonha de ser gorda (ou qualquer outra coisa fora da norma) é extensiva a quem namora com a gorda e gosta dela mesmo sendo gorda.

Gostei da escrita, que achei elegante e simultaneamente crua e áspera, mas senti alguns problemas que se prendem com a narrativa, que em certos momentos peca pela repetitividade o que a mim me agastou um bocadinho. A autora optou por uma narrativa fragmentada, entre momento presente, passado mais próximo e passado mais antigo, mas fiquei com ideia que por vezes que se perdeu um bocadinho nesse vai-vem. Há também algumas lacunas, como por exemplo ficarmos sem saber o que motivou Maria Luísa a fazer a gastrectomia: questões de saúde e bem-estar ou o desejo de encaixar na norma? Ou ambas, pois o encaixar na norma pode ser um requisito para elevar a auto-estima, logo o bem estar emocional e a saúde mental?

Por outro lado, embora entenda e me consiga colocar na pele de quem sofre com este tipo de preconceito, não pude deixar de achar as personagens algo tóxicas. Umas por fraqueza e conformismo, outras por um excesso que fica na fronteira entre a determinação e a obsessão.
Ou então não consigo pôr-me na pele dos outros tão bem como penso.

Foi uma leitura fácil e rápida, com momentos interessantes e outros nem tanto. Acredito porém que, para a autora, escrevê-lo possa ter sido um acto catártico importante.

Achei interessante a Epígrafe Sonora, muito a ver com a minha geração (afinal Isabela Figueiredo tem praticamente a minha idade). Esta playlist também pode ser ouvida no spotify:

https://open.spotify.com/playlist/4bP...
Profile Image for Luís.
2,370 reviews1,358 followers
September 10, 2025
This book is incredibly sensual. It explores the coming-of-age story of a lonely and sensitive young woman who gradually reveals her struggles with obesity. I had expected that her obesity would be the central theme of the novel. However, it primarily focuses on her relationships with others: her parents, her few friends, and her relationship with her own body. The writing is tender and evocative—a truly delightful reading experience.
Profile Image for Maria Isaac.
Author 5 books511 followers
April 6, 2021
Estrutura muito original.
Uma das vozes narrativas mais honestas que tive o prazer de conhecer.
Cheio de momentos de reflexão crus que refletem a fragilidade e força que move o espirito humano.
Inesquecível.
Profile Image for Rita.
904 reviews186 followers
August 25, 2024
4,5 ⭐️

Logo desde o princípio o livro estabelece o profundo impacto que o peso tem na vida da protagonista.

Quarenta quilos é muito peso. Foram os que perdi após a gastrectomia: era um segundo corpo que transportava comigo. Ou seja, que arrastava. Foi como se os médicos me tivessem separado de um gémeo siamês que se suicidara de desgosto e me dissessem, no final, «fizemos o nosso trabalho, faça agora o seu e aguente-se. Aprenda a viver sozinha».


Mas o livro não se resume a isso.

Mergulhamos nos pensamentos mais íntimos de Maria Luísa. A sua história percorre a infância e a adolescência até à vida adulta, quando os estigmas começam a moldar as suas relações familiares, amorosas e sociais. Ao longo desse percurso, depara-se com memórias dolorosas, vergonha e olhares de reprovação, mas também com momentos de revolta e aceitação, criando uma relação ambivalente com o seu próprio corpo.

Eu era gorda, com alta miopia, barriga e mamas a sério. Eu era a subalterna. A boa e inteligente serviçal feia.


(…) a mamã cuidou do meu cabelo, lavou-me, vestiu-me, calçou-me, alimentou-me, repreendeu-me e censurou-me por «engordar muito», por «estar cada vez mais gorda».
«É que se não emagreces acabas como o teu pai», avisava.


Maria Luísa vive num conflito constante entre o desejo de ser amada e respeitada tal como é e a pressão para se conformar aos padrões de beleza e normalidade estabelecidos pela sociedade. Este dilema reflecte-se nas suas relações amorosas. Embora procure amor e afecto, é frequentemente confrontada com a discriminação e a rejeição que os homens demonstram em relação ao seu corpo.

«Não vás a minha casa. Os meus amigos gozam-me por tua causa.» E eu não ia. O meu corpo não servia ao David nem a ninguém. Não valia a pena ter ilusões sobre a forma como tudo o que nasce sobre a terra merece digno destino. Se eu não servia para o David não serviria para ninguém nesta vida. E se o meu corpo não servia, nada mais do que eu era poderia aproveitar-se, nem eu o permitiria; portanto restava afastar-me do que me repelia.
Tornei-me dura com ele. Implacável. Feria-o a cada oportunidade. Perguntava-lhe, «vens com a gorda ou preferes ir com pessoas normais?». Dizia-lhe, «vai andando; eu sigo atrás de ti para não sentires a vergonha de andar com uma gorda ao lado. Faz de conta que não nos conhecemos».


A sua obesidade torna-se uma barreira não só física, mas também emocional. Afasta-a das pessoas. A dor e a frustração que sente em relação à maneira como é vista levam-na a momentos de isolamento e melancolia. Ao longo da história, o peso de Maria Luísa não é apenas corporal, mas também emocional, carregado de memórias, expectativas falhadas e desilusões.

A escrita de Isabela Figueiredo é franca, directa, crua e sem eufemismos e parece-me intenção da autora romper com os filtros e as convenções sociais que muitas vezes suavizam ou escondem as realidades desconfortáveis da vida, especialmente no que toca a temas como o corpo, a obesidade e a identidade feminina. Constrói uma figura complexa que, apesar de todas as adversidades, continua a lutar por um lugar onde possa ser reconhecida e amada pelo que realmente é.

Profile Image for Ana.
752 reviews173 followers
February 6, 2017
Esta obra, da qual já tinha ouvido/lido bastantes opiniões favoráveis, “chegou” cá a casa inesperadamente, vinda por empréstimo de uma biblioteca escolar. O marido, mal pôde, embrenhou-se nela e também ele teceu um comentário positivo. Não tive remédio então. Quebrei a minha maníaca ordem cronológica e embrenhei-me nela logo após terminar O quarto de Jack.
Já se passaram alguns dias desde que encerrei a sua leitura e ainda não consigo destrinçar que tipo sentimentos me provocou ou simplesmente se me agarrou ou não.
Maria Luísa não é uma protagonista que nos conquiste. É gorda, arrasta-se numa vida servil ao seu corpo, à sua fome, aos preconceitos dos demais, aos pais, a uma colega de escola espampanante e aos homens por quem se apaixona. É uma menina – jovem – mulher que, por mais que despreze a sua vida, a forma do seu corpo, as ideias formatadas da mãe, se acomoda a uma rotina que se molda a si como uma das peças de roupa desformadas pela sua gordura e que teima em não deitar fora mesmo depois de se ter sujeitado a uma dessas cirurgias que encolhe o estômago de quem come demasiado.
Maria Luísa não é uma protagonista que nos conquiste não só por tudo o que referi no parágrafo anterior mas também porque retrata com detalhe o corriqueiro, a insignificância, a luta que logo à partida parece não vir a ter um desfecho favorável de uma existência banal, anti-heróica. Uma existência compartimentada como se de uma casa se tratasse, com divisões mais do que conhecidas, percorridas, onde nos deparamos com móveis e objetos de decoração hediondos, que detestamos, mas, ou porque nos recordam algo ou alguém ou porque estão ligados a passagens da nossa vida, não conseguimos simplesmente deitá-los fora.
Sabia de antemão – o título da obra e a imagem que ilustra a sua capa são esclarecedores – que a leitura de A Gorda não seria leve nem prazenteira. Mas como normalmente não busco esse tipo de leituras, não me refreei e embarquei na sua história à procura da descoberta de mais uma autora portuguesa e de mais um livro que me desafiasse. E tenho que admitir que esses dois objetivos foram perfeitamente alcançados. Isabela Figueiredo é dona de uma escrita sincera, crua, sem artifícios e que fez com que jamais pensasse em abandonar a leitura da sua obra a meio. Traz-nos uma história de uma anti-heroína e muito mais. Permite que recuemos para as últimas três décadas do século XX e recordemos (sobretudo aqueles que, como eu, tiveram a sorte de desfrutar da sua infância e juventude nos anos 80) acontecimentos marcantes da história do nosso país, nomes de personalidades, marcas e modelos de automóveis que coloriram e influenciaram a História de Portugal e das suas ex-colónias. Oferece-nos ainda, através de Maria Luísa, da sua família e daqueles que povoam a sua vida, uma visão muito verosímil da sociedade portuguesa desses últimos tempos do século XX e da que compõe estes primeiros anos do ano 2000. Por fim, num plano mais individual, cria com mestria personagens que ilustram com igual verosimilhança projetos, desilusões, afetos, desafetos e sentimentos de pertença, abandono, ódio, amor, resignação, ambição que habitam em todos nós.
Sendo assim, é por tudo isto que ainda hoje, passados alguns dias, me gladio com sentimentos contraditórios em relação a esta leitura. Sinto que Maria Luísa é muito real, é como uma pedra no sapato que nos magoa e da qual nos queremos ver livre rapidamente. Mas sinto também que esse incómodo que ainda me provoca é reflexo da habilidade e do talento da escrita de Isabela Figueiredo, uma autora que quero continuar a seguir e a cuja obra nunca poderia atribuir uma nota razoável.

NOTA – 08/10
Profile Image for Os Livros da Lena.
298 reviews319 followers
October 4, 2024
Review A Gorda, de Isabela Figueiredo.
48/2020
2⭐️

Não gosto nada de dar más pontuações a livros, mas quando tem de ser, tem de ser.

Não gostei deste livro. A estrutura narrativa é uma absoluta confusão, e não falo ao nível do brilhantismo ao estilo Pulp Fiction.
Em cada capítulo, a autora volta ao início da história que conhecemos da personagem principal.

Além disso, a autora tenta criar uma “divisão da história”, criando capítulos em que cada um é uma zona da casa. Não resulta. Não tem qualquer justificação, nem simbólica, nem pragmática. Nada.

E agora vamos ao que me fez zangar a sério. A história desta mulher, “a” gorda. Ou, como prefiro chamar-lhe, a Maria Luísa, que calha ser o nome da personagem.

Não revelando nada acerca da história, se, quando peguei neste livro, pensei que a autora tivesse criado uma personagem que, independentemente de todas as pressões e humilhações patriarcais, se fosse tornar individual e senhora da sua vida, o que eu vi foi uma narrativa e um fim tremendamente machistas. Tanto, que ainda nem acredito que foi uma mulher que o escreveu. Uma desilusão.

Só dou duas estrelas ao livro porque abordou, levemente, a questão do colonialismo, no desenrolar da narrativa. Só por isso.

Já leram? O que acharam?
Profile Image for Dora Santos Marques.
926 reviews483 followers
July 29, 2025
A minha opinião em vídeo: https://youtu.be/wF8PGX8HM-s

A Gorda é um livro cru, direto e profundamente honesto.
A escrita da Isabel Figueiredo é sólida e sem floreados, o que encaixa perfeitamente na voz da protagonista.
Não é um livro de vitimização. Pelo contrário. É um testemunho literário de força, mesmo quando tudo o que se vê à superfície é fragilidade. E, como leitora que também vive num corpo fora dos padrões, não pude deixar de sentir este livro na pele.

Gostei especialmente da forma como a autora fala da relação com o corpo: com desconforto, mas também com clareza e propriedade. Não há condescendência, nem clichés motivacionais. Há lucidez. E isso é raro.

Quatro estrelas muito seguras para um livro que, mais do que se ler, se sente.
Profile Image for Álvaro Curia.
Author 2 books538 followers
January 3, 2024
O que a solidão, o bullying e o estigma fazem a uma pessoa… final incrível, de um livro que fala tanto de nós.

Ouvido em audiobook.
Profile Image for Célia | Estante de Livros.
1,188 reviews275 followers
September 25, 2017
Advertência: Todas as personagens, geografias e situações descritas nesta narrativa são mera ficção e pura realidade.Assim se inicia A Gorda, deixando desde logo o leitor avisado para as possíveis intersecções entre os eventos narrados neste livro e a experiência pessoal de Isabela Figueiredo, que se estreia com este livro na ficção. Narrado na primeira pessoa ao longo de vários capítulos cujo ponto de partida é uma divisão da casa, a autora dá-nos a conhecer Maria Luísa, nascida em Moçambique e enviada pelos pais para Portugal em 1975, ao longo da sua infância, adolescência e maioridade, numa narrativa que alterna constantemente entre período temporais da vida da narradora.

Maria Luísa é uma miúda inteligente, dedicada e voluntariosa, que vive condicionada pelo seu aspeto físico. O seu excesso de peso não influencia só quem é fisicamente; acaba por também definir que ela é, e a pessoa em que se vai tornar. Maria Luísa mostra-nos, enquanto relata os episódios que marcaram a sua vida, a constante vontade de se libertar das amarras impostas pela sua aparência e o conformismo com a mesma, numa viagem marcada pelas constantes visões opostas sobre os aspetos fundamentais da sua vida. Tão depressa quer livrar-se da presença e influência dos pais como reconhece que os ama e que nunca quer despedir-se deles; a sua relação complicada com David passa constantemente de algo sem o qual não pode viver para algo que a consume e do qual se quer livrar; o próprio peso define-a e é parte dela, mas Maria Luísa sabe, lá no fundo, que a sua vida seria completamente diferente sem ele.

É um livro que fala, claro, do impacto que tem a aparência na vida de uma pessoa. Mas é muito mais do que isso: não fala só sobre a forma como a sociedade (não) aceita as pessoas que fogem do “normal” a nível físico; acrescenta uma muito relevante perspetiva de como essas pessoas se aceitam a si próprias. Maria Luísa é um poço de contradições e a sua forma de encarar a vida, os seus dilemas e frustrações perturbam o leitor porque, lá no fundo, todos temos um pouco de Maria Luísa. Isabela Figueiredo conseguiu, quanto a mim, construir uma personagem que marca o leitor porque o fere, quando desbragadamente pôe por palavras aquilo que muitas vezes sentimos mas não queremos admitir.

No final de contas, achei A Gorda um livro poderoso. Muito bem escrito, perturba e mexe com o leitor. Deixa uma marca quando a última página é virada. Ainda que não o considere perfeito devido a alguma repetição de ideias, foi um livro que gostei muito de ler e que me deixou a certeza de que vou querer ler futuras publicações desta autora portuguesa.

Ainda penso como gorda. Serei sempre uma gorda. Sei que o mundo das pessoas normais não é para mim. Continuo a ter o defeito, mas não se vê tanto; tornou-se menos grave.
Profile Image for César.
229 reviews55 followers
June 28, 2018
Depois de ler o conto da última Granta, de que gostei muito, fui buscar A Gorda à pilha dos que estão à espera para ser lidos.
A escrita de Isabela é elegante, precisa e quase uma conversa, como quem conta uma história a outro, despojada e irónica, profunda e comovente.
Esta Gorda lê-se num fôlego. É a história das vidas simples, que também são dignas de ser contadas. É a história, sempre repetida e por isso tão familiar, do triunfo do superficial sobre o profundo.
Isabela merece ser lida. Não percam o privilégio de o fazer.
Profile Image for Graciosa Reis.
534 reviews52 followers
December 27, 2024
Este romance de carácter autobiográfico (parece-me) aborda uma temática muito interessante e muito actual.
Maria Luísa, a protagonista, tendo nascido em Lourenço Marques vem para Portugal, por decisão dos pais que decidem interna-la num colégio, na Lourinhã. É boa aluna, inteligente e trabalhadora, mas é gorda. Numa sociedade como a nossa, Maria Luísa vai ser rejeitada, gozada, humilhada quer pelas colegas quer pelos amigos de David, o rapaz/homem da sua vida que também a abandona, mas que permanecerá para sempre na sua memória.
Partindo da descrição das divisões da casa que habita com os pais, depois de estes terem voltado ao país, a protagonista relata-nos a sua vida, em constantes avanços e recuos no tempo e percebemos que o estigma de ser gorda a vai perseguir, mesmo após a gastrectomia, e Maria Luísa acaba por ter uma vida de contradições, de busca da felicidade e de isolamento.
A sua vida como professora acaba por estabilizar, mas ela fica só e presa às recordações.
Profile Image for Cata.
482 reviews79 followers
March 13, 2017
Tem passagens muito bonitas, porém o livro em si foi-para mim-secante e depressivo.
O não ter nem gostado, nem ter sentido empatia pela protagonista pode ter contribuído para a minha opinião desfavorável
Profile Image for Marta Xambre.
249 reviews29 followers
February 15, 2025
A gordura está no corpo, mas muitas vezes aloja-se, sobretudo, no cérebro.
Um livro que mostra as gorduras que pairam no cérebro desta mulher e que lhe moldam a vida, sendo esta retratada pela própria de uma forma pesarosa, sincera, desbocada, sem filtro....
Um de muitos motivos para ler um livro: permite-nos mergulhar na mente de outras pessoas.
Profile Image for Bárbara Reis.
223 reviews25 followers
September 13, 2021
Ouvi falar imenso sobre este livro e por isso decidi comprar sem sequer o folhear. A verdade é que não consegui perceber o porquê de tanta agitação sobre ele. História confusa, muitas vezes repetitiva e com algumas lacunas. Não considero a personagem principal "heroína", a descrição é de alguém decidido e firme mas os atos são de uma pessoa sem rumo e onde a loucura e a alienação não são uma realidade muito distante. Em relação à escrita não me cativou, custou-me imenso a ler, sentindo até que terminei o livro "por obrigação" e não por gosto.
Profile Image for Márcia Balsas.
Author 5 books107 followers
January 5, 2017
Este é um daqueles livros de que se gosta desde a primeira frase. Eu gostei bastante e li rapidamente. Há urgência nesta leitura, não que seja compulsiva, pois a partir de certa altura a história não oferece nada de novo, mas há uma necessidade constante de virar a página e acompanhar a escrita fluída e bonita de Isabela Figueiredo.
A vida de Maria Luísa está neste livro, compactada nas divisões de uma casa. Uma organização diferente (eu nunca tinha visto) em que cada capítulo vai nascendo dentro de um novo espaço. Se por um lado há sempre um pormenor ligado à sala, ao quarto, ou à cozinha, por outro o local funciona como o fio condutor que leva a uma parte da história da sua vida. Pode ser uma conversa ou uma cena de amor, algo que a liga à divisão, à casa e, claro, a ela própria.
A Gorda é sobre Maria Luísa, que é gorda. Contudo, não é um livro sobre ser gorda ou magra, sobre ser gozada na escola devido ao aspecto físico, ou sobre o namorado que tem vergonha de estar com ela em locais públicos. Ou melhor, é sobre todas essas coisas e muitas mais, sobre os anos que passam e deixam marcas, sobre as opções de vida e o caminho percorrido. É sobre as metas de uma mulher com ganas de vencer, determinada e trabalhadora, aventureira e humana. Uma mulher que se cansa, desanima e, por vezes, deixa cair os braços. Como todos nós.
Maria Luísa deixou de ser gorda. Não é spoiler, sabe-se logo no primeiro parágrafo. Mas não deixou nunca de ser ela própria. E essa é uma aprendizagem que nem todos conseguem seguir. E é muito bom saber tudo isso num livro como este, que se lê com facilidade e prazer, que faz pensar, porque é tão fácil identificarmo-nos com Maria Luísa e com as reviravoltas comuns às vidas da maioria das pessoas. E como ela, voltamos a casa, ao espaço familiar, conhecido, que habitamos e também deixamos que nos habite. Todos os dias.
Gostei de quase tudo. Só houve uma coisinha que aqui a picuinhas achou que estava a mais, que é a repetição da descrição de alguns acontecimentos. Entendi que serviram para fazer uma ligação à história quando se muda de divisão, mas eu dispensava algumas das repetições.
É um excelente livro. Recomendo com a certeza de que agradará à maioria dos leitores.
http://planetamarcia.blogs.sapo.pt/a-...
Profile Image for Mª João Monteiro.
957 reviews82 followers
May 7, 2021
Este livro é estranho e deixou-me um pouco ambivalente. Por um lado, lê-se bem, a linguagem da autora é fluída e bem organizada. Por outro, é um livro duro e cruel, cuja coerência nem sempre captei. A protagonista, Maria Luísa, é uma gorda, assim apresentada, parecendo ser esse o seu cartão de visita. Aluna empenhada, alcança algum sucesso naquilo que se propõe ao nível do trabalho (torna-se professora enquanto tira uma segunda licenciatura em filosofia). Nascida em Moçambique e regressada sozinha, vive com familiares e num colégio interno. Aqui, começa a sucumbir aos confortos da alimentação para colmatar o que não tem, afetos. Mais tarde, lida com um amor infeliz da mesma forma. Essa sua grande paixão, iniciada no final da adolescência, acompanha-a até à faculdade; no entanto, ele deixa-a porque não é capaz de ultrapassar a opinião dos outros sobre ela. E assim fica uma realização adiada, o que pesará para sempre na vida de Luísa.
É uma mulher válida e autónoma, com alguma autoestima. No entanto, nunca vemos esta protagonista enfrentar os desafios e dar a volta, apesar das capacidades e pontos fortes. É um livro cruel, no que diz respeito à linguagem usada para se referir à gorda, como se fosse só o seu aspeto. Apesar de ser inteligente, culta, bonita, a gordura parece invalidar o resto. É a questão social de ultrapassar a aparência. É um livro triste apesar de toda a alegria da vida
Lido na edição da nova coleção Mil-folhas do Público.
Profile Image for Celeste   Corrêa .
381 reviews322 followers
March 19, 2020
«Se eu não morresse, nunca! E eternamente buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!» - Cesário Verde


«Toco o meu corpo, as minhas queridas mamas volumosas, que tombam para o lado quando tiro o sutiã. O meu corpo ainda grande, que passei a amar como é. Tal como é. Que bonito é o meu corpo! Que gorda tão doce! E que poder! Como é que não percebi antes, como pude escutá-los todos aqueles anos?! Por que lhes dei ouvidos, sabendo que era eu quem estava certa? A troça recairia sobre o trocista, caso eu nunca a tivesse aceitado como aceitei. Que bela mulher eu sempre fui! Um corpo tão perfeito, tão imponente, como pude desamá-lo tanto?!»
Profile Image for Célia Loureiro.
Author 30 books960 followers
Read
September 13, 2021
Tive de abandonar. Por um lado comecei a senti-lo a repetir-se, por outro mi hermanita deixou-o numa piscina qualquer em Lagos. Depois, o Kobo tem uma coisa esquisita... tem tanta opção que começo a desligar-me do que não me agarra verdadeiramente. Escolho não classificar, porque não o li todo, porque o que li leu-se bem (apenas não me conquistou) e porque acho que, apesar de tudo, é um bom esforço da autora, com uma boa premissa.
Profile Image for Marta Silva.
298 reviews104 followers
January 14, 2023
“A maior parte das alunas circula nua ou seminua, exibindo a esplendorosa nudez adolescente pelo balneário. Eu sei que não posso fazê-lo. Tenho adolescência, o resto é a vergonha das mamas volumosas, dos pneus da cintura e das coxas grossas. Não consigo despir-me junto delas, mostrar-me”.

Num relato cru e intimista, neste livro temos oportunidade de conhecer a voz interior de uma mulher que fala sobre o sentido que a obesidade subjuga a sua vida.
Gostei bastante desta leitura!

Profile Image for Dora Silva.
249 reviews88 followers
March 20, 2025
" Estou aqui de passagem,é para seguir em frente,sou de ferro e ninguém me dobra. Em silêncio, sou sempre eu e o que em mim se compõem e apruma."

🔆 Parti para esta leitura com as expectativas bastante elevadas, talvez por isso, este livro não tenha sido bem o que esperava,mas a verdade é que tinha mesmo curiosidade com a escrita da autora. Mesmo assim gostei mesmo muito da escrita da autora!Este livro conta-nos a história da Maria Luísa " A Gorda", uma mulher que cresceu a ser vítima e bulling na escola e por isso achava que era completamente diferente do que era " habitual" nas outras pessoas. É uma mulher fracassada no amor💔 ou pelo menos assim o acha quando reflete sobre os seus desgostos😒. Era uma mulher que se sentia invisível talvez porque por viver com os pais se sentia assim, ela vivia unicamente para cuidar deles e acabava por se anular. Maria Luísa era inteligente, uma mulher com personalidade até gostei da construção dessa personagem, embora sinta que lhe faltou ali qualquer coisa.
A escrita da autora é franca, directa e bonita, fala sobre amor e a importância de nos vermos como realmente somos e não a acreditar no que nos fazem sentir. A personagem amou de verdade um homem e um dia ela resolve fazer uma cirurgia, a partir daqui senti que havia mais para desenvolver. A personagem faz-nos acreditar que merece ser feliz apesar dos inúmeros preconceitos para com o seu corpo e até com a própria depressão que paira ao longo da leitura.

Quero muito ler os outros livros da autora.
Profile Image for Nelson Zagalo.
Author 15 books466 followers
September 9, 2024
Li primeiro "Um Cão no Meio do Caminho" (2022), fiquei fã da escritora, por isso não esperava menos do que excelência deste livro, não defraudou.

Isabela Figueiredo é uma escritora particular no panorama nacional, porque munida de grande audácia e acuidade suportadas por uma prosa vertiginosa.

Mais do que aquilo que cada livro tem para dizer, interessa-me mergulhar na sua escrita e deixar-me levar pela corrente, ver, ouvir, palpar e sentir o todo que vai construindo à volta da nossa imaginação, com uma solidez impressionante.

Este livro não é sobre ser gordo, ou qualquer característica exterior, é antes sobre o enorme interior da personagem principal, a sua resiliência, força e coragem. O modelo de alguém que não se deixa abater pelo que a vida tem para lhe "oferecer" e com que Isabela Figueiredo nos impressiona.
Profile Image for Rita Costa (Lusitania Geek) .
545 reviews58 followers
June 23, 2023
Bem, este livro estava dento do pacote Kobo Plus e daí aproveitar ler este ebook. Confesso que me desiludiu um pouco, a organização da história da personagem principal, Maria Luísa era desorganizada.

Também já fui forte e tive algumas inseguranças devido à obesidade, no entanto a escritora retrata a Maria Luísa com uma obsessão amorosa de um homem que se apaixonou, onde foi um amor não correspondido devido à sua imagem. Também mostra com intensidade a perseguição que a personagem tem com colegas e amigos sobre a sua personalidade ou até com o seu corpo. Sim, é uma sociedade triste mas acho que gastou imensas páginas com esse tipo de tópicos invés de focar na personagem em si, por exemplo, dar a conhecer um pouco mais sobre o “background” da personagem, sim porque só centrava nos pensamentos da Maria Luísa e dava impressão que puxava mais o lado negro da vida.

Por isso, não fiquei muito fã desta obra da Isabela Figueiredo. A personagem também não me simpatizei muito, uma pessoa amargurada, que podia muito bem dar a volta a certas situações, deixar o “complicómetro” e ser feliz.

3 ⭐️
Profile Image for Catarina Cardoso.
59 reviews3 followers
May 16, 2024
confesso que a história não me manteve presa, mas que bela escrita. tão crua e poética. com certeza, terei a Isabela debaixo de olho.
Profile Image for Alexandra Machado.
62 reviews15 followers
November 21, 2016
http://gira-livros.blogs.sapo.pt/opin...

A Gorda, o primeiro romance de Isabela Figueiredo, é, como já adivinhava, uma pequena pérola no actual panorama editorial português. Isabela escreve com uma crueza fascinante, dando voz a Maria Luísa, mulher que nos arrebata e desconcerta ao longo do relato que faz da sua vida. Apesar desta crueza, que não é mais do que o fruto da forma de ser de Maria Luísa, prática, desenrascada, senhora de si, conseguiu fazer-me emocionar genuinamente e, sinceramente, não me consigo recordar da última vez em que tal coisa me aconteceu.

É um romance sobre as dificuldades que esta mulher, gorda, encara ao longo de diversos períodos da sua vida, sendo humilhada, traída, machucada, mas é também um romance sobre a vida e a morte, sobre o sofrimento, independentemente da sua causa.

Eles riem enquanto caminho, eles falam sozinhos, "ó orca, grande fúria dos mares, já comeste hoje alguém?!" Riem. Divertem-se, pueris e crus. Falam sozinhos. Mas a baleia ouve. Não querendo, as frases ficam inscritas no mesmo cérebro que as rejeita. A baleia. A orca. O monstro.

Eu era uma miséria de mulher, um torpor, uma dor que já nem dói. Um farrapo de lã que já não aquece. Já não pretendia esconder-me do que tinha sido e fingir uma perfeição que não me assentava. Quebrara-me de novo em fragmentos, como se quebra o vidro e as pessoas. E de cada vez que me quebrava não era possível voltar ao que era antes.

É também uma excelente retrospectiva do que aconteceu aos portugueses que tinham a sua vida construída em países africanos de domínio português, antes do 25 de Abril, e que se viram depois obrigados a deixar a sua morada, mudando-se de armas e bagagens (os que tiveram essa sorte) para a Metrópole.

Nesse dia percebemos que a nossa casa na Matola jamais caberia na de Almada. Aquela não podia repetir-se. Não era possível reconstituir o cenário do crime. Já não se tratava apenas de uma ideia e de um discurso sobre a perda do Império na terra e no céu, mas da sua materialização.

Ao longo das várias divisões da casa na Cova da Piedade, assistimos a vários episódios da vida de Maria Luísa, relacionando-se com a mãe, o pai, Tony (Antónia) e David, para mim, os mais importantes. Também achei muito interessantes todas as referências políticas, sociais e tecnológicas que foram incluídas ao longo dos intervalos temporais que se iam descrevendo em cada uma das divisões da casa, já que a história não segue uma trajectória temporal directa.

Eu creio nas pessoas. Ela desconfia. Ela é sábia, mas eu julgo saber mais. Fui à escola, aprendi línguas, literatura e história. Sou deste tempo, e ela vive presa a superstições. Ela é paciente e firme; eu, arrebatada e arrogante.

Recomendo, sem qualquer dúvida, a sua leitura.
Profile Image for Patrícia Noronha.
Author 5 books23 followers
August 15, 2020
Talvez por ter uma inspiração autobiográfica, as primeiras páginas, fortes e cativantes, deixam-me uma expectativa que depois não se cumpre plenamente. A Gorda aparece poucas vezes, excepto em breves conversas com a mãe ou no colégio. Ou naquele magnífico diálogo onde o namorado confessa ter vergonha dela. Porque motivo a Gorda começou a comer? Como é que a gordura afetou o seu trabalho, a relação com os outros (ou a ausência de relações com os outros)? Uma obra com momentos de verdadeira excelência, por exemplo nos parágrafos dedicados à figura solar do pai.
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