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192 pages, Kindle Edition
Published November 6, 2016
Opioids gained popularity among doctors in the 1990s for treating patients who had undergone surgery or cancer treatment, but in the last fifteen years physicians increasingly prescribed them for chronic conditions, such as back or joint pain, despite concerns about their safety and effectiveness.So for 16 years (the article in the CFC was written last year) doctors have known and been warned about prescribing these medications, as if they didn't know already because everyone else, the public, knew. Yet still they are excused, 'duped' didn't know because, because what?
A questão é que os Estados Unidos, o Brasil e vários países do mundo estão cada vez mais confiando em um comprimido para lidar com o sofrimento humano, sem avaliar os custos a longo prazo ou cogitar que os comprimidos que aliviam a dor a curto prazo têm a possibilidade de torná-la pior com o tempo.
Os prescritores [nos Estados Unidos] assinaram em 2012 receitas de analgésicos opioides suficientes para medicar todos os norte-americanos adultos o dia inteiro por um mês. […] O número total de mortes por overdose de opioides prescritos entre 1999 e 2013 foi superior a 175 mil. Foi um flagelo indiscriminado, que perpassou todos os limites geográficos e raciais, com os maiores aumentos entre brancos de classe média moradores de áreas não urbanas.
Minha única utilidade para Sally foi renovar suas receitas e assinar seus formulários de pedido de auxílio-doença para que pudesse continuar recebendo 800 dólares por mês da Previdência Social.
Sally representa um tipo de paciente que vejo cada vez com maior frequência: aqueles que visitam o consultório de um médico não para recuperar-se de doenças, mas para serem validados em sua identidade de pessoa com uma doença. São afligidos por problemas cuja autenticidade é indeterminada, tomam várias medicações, com frequência de dez a vinte comprimidos por dia, e sofrem consequências adversas das próprias intervenções médicas que em tese deveriam ajudá-las, incluindo a adicção a drogas prescritas. […] Dado importante é que a maior parte desses pacientes é pobre, com pouca instrução, e depende das pensões por invalidez que recebem do governo como fonte básicas de rendimentos. Em outras palavras, são doentes profissionais.
Pacientes profissionais não estão apenas fingindo ter doenças; estão adotando papéis sociais. Os papéis sociais não são criados por indivíduos. Eles emergem de maneira orgânica em determinado tempo e lugar, dentro de uma dada sociedade, e são um amálgama de figuras de linguagem culturais, de normas sociais e de incentivos econômicos.
Médicos e instituições de saúde são cúmplices na medicalização da pobreza que incentiva a criação de pacientes profissionais. Em algumas situações, a interação médico-paciente reduziu-se a pouco mais que um arranjo de negócios, no qual a meta principal é ajudar o paciente a garantir uma renda — como se fosse uma proposta financeiramente compensadora para hospitais e médicos.
Ao adotarem o papel de “doentes profissionais”, os pacientes ficam vulneráveis a desenvolver uma identidade de doença e uma narrativa de vítima, o que aumenta sua dependência de médicos e de drogas prescritas e diminui a probabilidade de obterem tratamento para adicção.
[…]
Joseph Davis articula essa situação na revista Social Problems do seguinte modo: “Conquistar simpatia do público e ajuda para os supostamente lesionados requer estabelecer que eles estejam corretos do ponto de vista moral, como pessoas inocentes de qualquer responsabilidade ou falta pelo dano que estão sofrendo”. Fassin e Rechtman escreveram em seu livro The empire of trauma: an inquiry into the condition of victimhood que “o trauma não é apenas a causa do sofrimento que está sendo tratado, é também um recurso que pode ser usado para apoiar um direito”.
A adoção de identidades de doença também é motivada pela ruptura dos papéis tradicionais. A patologia possibilita uma maneira de se definir perante um mundo em rápida mudança e cada vez mais fragmentado. Além disso, indivíduos doentes são hoje vistos como heróis, porque travam uma luta contra forças avassaladoras. Em um mundo em que a luta pela sobrevivência básica (comida, vestuário, abrigo) se tornou em grande medida irrelevante para a maioria dos norte-americanos, a pessoa doente está entre os últimos grandes guerreiros.
Identidades associadas a doenças oferecem também uma oportunidade para a comunidade. Grupos de defesa de pacientes instituem dias nacionais associados às doenças, dão palestras educativas, aparecem na mídia, publicam livros e patrocinam sites na internet, o que encoraja as pessoas a verem a si mesmas como distintas e separadas em razão de sua doença. Além disso, grupos de defesa de pacientes costumam ser bancados pela indústria farmacêutica. Por exemplo, a Crianças e Adultos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma organização de defesa de pacientes sem fins lucrativos que recebe 14% de sua receita total (345 mil dólares) de contribuições do setor farmacêutico, incluindo os fabricantes de metilfenidato e sais de anfetaminas (estimulantes).
Frueh e seus colegas escreveram no American Journal of Public Health que “as políticas de deficiência exigem uma reforma fundamental para que se crie uma rede de segurança eficaz, ágil e flexível […]. Precisamos garantir que […] recursos finitos não sejam mal alocados e que não estimulem o invalidismo”. […]
Enquanto isso, a triste situação dos pacientes profissionais atuais pode ser comparada à trágica realidade dos pedintes de rua ao redor do mundo, particularmente aqueles que estropiam a si mesmos ou mutilam seus filhos para obter auxílio, fenômeno pouco visto nos dias de hoje, mas muito comum nas ruas de cidades norte-americanas do século XIX. Como os pedintes, os pacientes profissionais também maltratam seu corpo para ganhar a vida; a diferença crucial é que os médicos têm um papel nesses maus-tratos, e o meio utilizado são as drogas aditivas prescritas.
I call bullshit on this book and on one of the author’s central premises.
Some reviews have taken issue with the author’s obvious bent toward assigning physicians very little blame for the opioid epidemic. The author’s position is patently absurd. Physicians, after all, wrote every prescription for every medicine ever dispensed by a pharmacy. There’s plenty of blame to go around, but that’s not why I called bullshit on this book.
My objection is to the author’s assumption as to who should decide whether a patient receives opioids.
In the last thirty years, the medical community adopted a patient’s pain as a vital sign. A ubiquitous “Pain Scale” chart hung in every doctor’s office and every hospital room. It featured a series of cartoon faces modeling increasing levels of pain. The options ranged from a happy smiley face (a “0” on the pain scale) to a grimace (a “5” on the scale) to a person screaming in pain (a ”10” on the scale). Patients were asked to identify their own levels of pain. The patient’s subjective assignment of a number to their pain level thus played a principal role in determining whether the physician prescribed opioids.
As a result of the opioid crisis, the prescribing community has supplanted the patient’s subjective assessment of pain with the physician’s opinion of - what, exactly? The patient’s veracity? Whether the patient has suffered enough or is worthy enough?
The author obviously assumes that the physician has the inherent ability to correctly discern a patient’s pain level. But this "discernment" is a purely subjective exercise by the doctor. It thus follows that a prescriber accepts the patient’s own subjective assessment if and only if their assessments agree.
And on that I call bullshit.
We have ceded to the prescribers the exclusive right to deem, at heart, whether a patient is worthy and deserving enough to receive the fruit of the poppy.
The book's title infers that doctors were duped. Someone was duped, but it wasn't the doctors.
My rating: 7/10, finished 1/5/22 (3602).