A groundbreaking use of storytelling to bear witness to the Holocaust features three generations of women's own voices—Liwia's diary written upon liberation from Auschwitz; daughter Noemi Jaffe exploring the power of memory, survival, and bearing witness; and granddaughter Leda, Noemi's daughter, on the significance of the Holocaust and Jewish identity seventy years after the war.
Nasceu em São Paulo, em 1962. Doutorou-se em literatura brasileira pela USP, e atualmente é professora da PUC-SP. Crítica literária do jornal Folha de S.Paulo desde 2006, é autora, entre outros livros, de Todas as coisas pequenas (Hedra, 2005) e Quando nada está acontecendo (Martins Fontes, 2011). É também organizadora da antologia de poemas de Arnaldo Antunes (Global, 2010). Blog: nadaestaacontecendo.blogspot.com.br
Este livro dividiu a minha opinião. Porquê? Porque se trata de um tema que aprecio bastante, o holocausto, também achei o título bonito , num primeiro olhar, proporcionou-me, de imediato, uma reflexão e uma curiosidade sobre o mesmo, também achei muito interessante e original a forma como a narrativa se expõe ao leitor. Porém, não consegui desfrutar desta leitura como tanto desejaria, não me motivou e terminei o livro sem vontade de o voltar a ler, não vai deixar saudades, visto não ter conseguido estabelecer uma ligação emocional com o livro. A minha relação com este livro tinha tudo para dar certo e ser inesquecível, mas... algo falhou.
Este é um livro estranho, uma vez que não o consigo classificar num género. Não é um romance, não é um diário (apesar de também o ser), não é um livro de crónicas (apesar de ser um livro de reflexões). Mas todo ele parte de algo muito concreto que é o Holocausto.
Essencialmente, o livro está dividido em três partes: o diário de Lili Jaffe desde que foi levada para Auschwitz em abril de 1944 até à sua libertação em 1945; um conjunto de reflexões da filha com base nas entradas do diário; e o relato da neta quando visitou o campo em 2009.
O diário terá sido escrito já depois da libertação, uma vez que no campo não haveria condições para o fazer, e os registos são feitos numa linguagem muito crua, quase como se alguém de fora estivesse a descrever um filme. Com uma mãe que aprendeu a relativizar tudo depois do campo, Noemi escreve as suas reflexões a propósito do que a mãe escreveu: a raiva, a família, o frio, o desejo, o esquecimento, a fome, a dignidade, a humilhação, a memória. Por fim, a neta visita o campo, e aquilo que sente não deixa de nos surpreender, sobretudo vindo da descendente de uma sobrevivente viva do holocausto.
Um livro singular, escrito em três gerações. A primeira parte é o diário de Lili Jaffe, mãe da autora, sobrevivente de Auschwitz que emigrou para o Brasil. O diário, escrito depois da guerra, conta como foi sobreviver aos campos e como foi reajustar-se à realidade das pessoas que viveram fora dos campos. Na segunda parte, Noemi Jaffe analisa o diário, a experiência da mãe, a própria mãe, o campo como foi e como ela o viu, quando o visitou em 2009. Muito do que senti em Auschwitz está aqui, principalmente no texto final de Leda Cartum, filha de Noemi Jaffe. uma viagem a Auschwitz em 5 livros
What are the Blind Men Dreaming? is an AMAZING piece of heart-wrenching writing on WWII and generational trauma. This book captures the complex emotions experienced and the scars carried by victims and survivors of unspeakable evils. This book will affect you; for several days after I read the section on starvation I found I could not eat enough to feel satiated. Highly recommended.
“O esquecimento é um moedor, uma motosserra, um liquidificador, uma batedeira poderosa. Todos os obstáculos do relevo mnemônico ficam alisados. Entre num cérebro cheio de esquecimento e a paisagem será plana, livre, um campo aberto para uma visão à distância. Visão de quê? O que se vê num cérebro aplainado pelo esquecimento?”
levei meses pra terminar esse livro - por ser físico, talvez, e por estar tão apegada ao Kindle. confesso que o livro passou mais tempo na minha mochila do que em minhas mãos. terminar esse livro foi como terminar um ciclo de sofrimento. porque de alguma forma, eu me tornei um ser como a Filha, que procura sentir a dor da mãe, que não se conforma, que se indaga, que quase se mutila em palavras. livro extremamente poderoso da Jaffe. vale cada letra.
Oh, What are the Blind Men Dreaming?. How utterly special is this book? I honestly don't know how to write about it. It is - almost by definition - three books in one. There is Noemi Jaffe's mother's section, which is a raw, real post-Holocaust diary, rough at times and absolutely fascinating at every stage. There is Noemi Jaffe's section, which feels more like a philosophical text, contemplating the meaning of her mother's words and place in the world. And then, briefly, Jaffe's daughter writes about her own experiences. Grandmother, writer, and daughter all reveal their faces in different ways, with the end result beautiful and powerful and so unique that I can hardly think of any proper literary comparisons. This is Holocaust fiction unlike anything you've ever read, and I highly recommend it.
what a beautiful book. a very different read on the subject of concentration camps. its take on such "normal" things like food and money and language is absolutely endearing to read. loved everything about this one and would definitely recommend it vividly.
I'm torn about this one. What are the Blind Men Dreaming?, translated by Julia Sanches and Ellen Elias Bursać, begins with the diary of Lili Stern, who wrote the notebook after her time in the concentration camps. The diary is vivid, emotional, and feels very real, very much like a young girl. I like how ordinary it makes it all feel: this is so clearly a real, teenage girl narrating what happened to her in a matter-of-fact voice without losing the emotion of it. She simply tells it as it happened to her. I like that she tells the story of the long journey it took to reach Yugoslavia, of how getting home meant being constantly moved from place to place, of how people reveled in food, in each other, in choice.
I got more lost in Noemi Jaffe's section. To start, it's presented as a close reading of the diary, but many of the passages quoted don't match what we just read, or seem to be quotes from outside of the diary. It was disorienting, but not in a good way. I eventually got used to it, but am still confused about some things Jaffe lost me on a lot of her longer, more philosophical attempts. I agree with some reviewers' comments that it often felt self-indulgent. I think Leda Cartum, her daughter, could have had more room for her section as well.
Jaffe was strongest when she engages what it means to be the daughter of a survivor: trying to get her mother to tell them more, trying to understand her mother's attitude towards food, the cold, memory, what it was like to see her mother's number in a Nazi logbook at Auschwitz. She did engage the lines between fiction and memory—the stories her mother tells her are distinctly different, in some cases, from the accounts given in the diary. I wish she had engaged with that more, the mingled frustration and interesting questions that must leave her with as someone who wants to chronicle her mother's story.
This book is one of the most beautiful I have read this year. Translated from the Portuguese, the book is written in three sections. The first is the diary of a young Yugoslav Jew, written when she is transported from Auschwitz to Sweden. The second, the longer, section is written by her daughter while the mother is still alive and in her 80's. The third section, quite short, is written by the Matriarch's granddaughter. The daughter's section is an analysis of various concepts in relation to the mother's experiences, the Nazi experience, the actions and life of a survivor. Not in a bland, overly analytical way, but in a questioning, conscience, "This is my Mother" way. It is beautiful and profound. It hints at answers and raises more questions. The granddaughter's section, although much shorter, is no less profound. "To realize that while I was there, living my life, everything that had happened, which was or was not related in some way to my own existence, kept on occurring and echoing everywhere, as if the lives lived in other times continued and reverberated in our current lives...It's difficult to gauge the size of my past and how fundamentally what happened before I was born has influenced the person I am today." It is a book worthy of many reads.
Lili questiona: - O que os cegos estão sonhando se eles não enxergam? Para a filha, essa questão retrata a mãe, sobrevivente ao genocídio. De um lado, pelo modo peculiar de usar a língua brasileira, onde "com o que" ou "como", fica sintetizado em "o que" e onde o indicativo, "sonham" se torna o contínuo "estão sonhando". De outro lado, como aquela está sempre com novas questões, apesar de ter sofrido uma desumanização, desumanizificação, resistiu, não guarda ódio. Ela pode ver, os cegos não. Durante onze meses prisioneira dos nazistas, ela aceitou o que acontecia, mas não o que lhe acontecia. Será que isso foi o que a salvou enquanto outros enlouqueceram? Prisioneira do ódio de outros pelos outros, ela não melancolizou, pois não se implicou, não se sentiu endereçada em particular. Diferentemente da humilhação que sentia quando criança ao ser ridicularizada pelos colegas de escola. A solidariedade com aquele que estava em piores condições era sua forma de resistir. Ela corria risco de vida para socorrer com remédio e alimento um amigo doente. Ela decodificara a regra do campo de concentração: era preciso parecer saudável para não ser exterminada. Quando perguntada pelo significado da letra A junto ao número com que fora marcada, ela responde: - A de trabalho (em alemão Arbeit). É a maneira como ela se explica como sobrevivente. Noemi Jaffe, mobilizada pelos registros e falas de sua mãe, faz, por sua vez, seus próprios registros, sob a forma de ensaios, nos quais fica evidenciada a função do registro, do diário como memória a ser transmitida para as futuras gerações: esquecer para poder viver. Ao final do livro, o ensaio Aqui, lá, escrito pela neta Leda Cartum trata da ficção como tratamento da perplexidade, do sem sentido. Hoje podemos nos espantar com as primeiras palavras do diário: a família ficara em casa esperando ser raptada. Sabiam e não sabiam. Sabiam e não queriam saber.
Cheguei a esse livro por recomendação de uma terapeuta enquanto discutíamos questões da minha memória de família, ou falta dela. Quando comecei a ler o livro, que se inicia com o diário de Lili Jaffe, não entendi a recomendação. Na segunda parte, escrita por Noemi Jaffe, a recomendação ficou mais clara. As reflexões da filha sobre os temas presentes no diário da mãe - temas que na verdade extrapolam o diário - são sensíveis e profundas, têm uma beleza única, e me parecem uma tentativa corajosa de dar conta das memórias da mãe. Em alguns momentos, no entanto, senti como se a autora se perdesse em elocubrações não tão pertinentes que acabaram me afastando do eixo central do livro. Alguma coisa na escrita me pareceu um tanto inflada e sem foco em alguns momentos, mas decidi persistir porque a própria premissa do livro - uma filha revisitando, "encarando de frente" o passado de dor da mãe - me tocaram. A grande surpresa para mim veio na parte final, escrita pela neta de Lili. Leda Cartum é objetiva e densa, e as suas ideias - talvez ainda mais ligadas à memória da família do que as reflexões de Noemi - finalizam as das duas gerações anteriores com força.
The death camp diary of the mother is compelling, direct, extraordinary. But this isn't just an Anne Frank or Charlotte Salomon wantabe. These aren't the notes of a young girl who died young tragically. Through the commentary of her daughter and of her granddaughter we get a sense of the arc of Lili Stern's life after the death camps, the person she became and her echoing effect on her descendants.
Why was I driven to read this now? The inhumane political disaster happening today in the U.S., as Trump foments the chaos and destroys the foundations of democracy. For the first time since the end of Hitler and Nazism, it can happen here.
"O mundo tem muitos espaços, cada um deles tem uma função para as pessoas, e no mesmo instante cada pessoa cada pessoa vive uma vida diferente. Estamos aqui, mas este aqui não é o mesmo que o aqui dito por quem está lá. É preciso encarar o aqui dos outros para dimensionar o tamanho do aqui que preenche nossas vidas."
"O que os cegos estão sonhando? Sim! O que eles estão sonhando, se ele não enxergam? Como podem ver imagens nos sonhos? Aquela frase, em sua suspensão do tempo, em seu deslocamento gramatical e semântico e em seu significado autonomo, como que independente de qq logica narrativa, sintetizava exatamente o estar-no-mundo da mãe. Como se ela estivesse fincada no presente contínuo, num eterno vir-a-ser, maravilhada com o mundo das possibilidades e da natureza. Houve guerra, houve exilio, o sofrimento, tudo. Mas este passado, que houve e não é negado, mas esquecido, se mistura, em sua memória, a uma disposição perene para o presente, sem o domínio perfeito da gramática, mas como uma apropriação deslocada, em que a percepção das coisas importan mais do que as coisas mesmo"(pg 183)
Eu não sei bem o que dizer sobre esse livro... Ele é dividido em três partes: um diário, uma crônica e uma crítica. A que mais me interessou, obviamente, foi o diário de Lili Jaffe.
Lili relatou sua experiência na Iugoslávia nazista durante a 2 Guerra Mundial, especialmente ao ser enviada com sua família para um campo concentração - bem diferente do já conhecido Diário de Anne Frank, que termina quando as pessoas são presas pela SS.
É um relato pungente, embora simples de uma garota de dezessete anos que ainda não tem uma boa ideia do que está acontecendo. Isso fica por conta da crítica que sua filha, Noemi Jaffe, faz ao abordar a própria experiência de ser criada no Brasil, já longe da Guerra, mas ainda assim em contato com os traumas provocados por ela.
Leda Cartum, a neta de Lili, tenta reconstruir sua própria experiência com o tema em um breve relato.
Deveria ser adotado pelas escolas brasileiras ao retratarem o período, por enquanto ele fica infelizmente relegado a leitura de nicho.
I chose this book for my read the world series for Brazil. What are the Blind Men Dreaming starts with Noemi Jeffe's mother's diary when she came out of a Nazi Concentration Camp. The second section is Jaffe's thoughts about different aspects of her mother's writing and the end is Jaffe's daughter reflection of their trip to Auschwitz to retrace her grandmother's footsteps.
In the introduction, Jaffe lets the reader know that her mother started her diary after leaving the concentration although the diary is a recollection of day by day events in the camp as if it was written day by day. She tells us that some of the dates may not be accurate but she does not correct her mother's writing. Jaffe's own writing is her thoughts on certain passages of her mother wrote about. She does give us some additional information like that her mother's identity papers were taken by her brother for his future wife, meaning her mother could not leave without marrying to get new identity papers.
I've read a lot of first person accounts of holocaust survivors and while they are all important, I did not find any new information during her time in the camp. We do see about what happens when they leave and about all of the food they are given. Out of the 3 parts, I got the most out of Jaffe's reflection on her mother's writing and her life. The title of the book comes from a question her mother asks her and while catchy is not an integral part of the book.
O livro divide-se em 3 partes. Na primeira, temos o diário de uma jovem (a mãe) durante o período que esteve no campo de concentração de auschwitz. Na segunda (a mais extensa), temos os pensamentos e reflexões da filha sobre o diário da mãe. E, nas últimas páginas, um pequeno texto da neta. O mais interessante do livro, a meu ver, é mesmo essa reflexão sobre a memória e o esquecimento e como um evento destes marca a história e as relações familiares. O trágico (ou não) é esta violência acontecer e a vida continuar. No entanto, o livro não me conseguiu prender, talvez por ser por vezes demasiado teórico, e causou-me um desconforto profundo pensar en todo sofrimento causado pela perseguição dos povos e do "diferente". Ontem na Alemanha contra pessoas judias, ciganas, homossexuais, com deficiência. Hoje, na Palestina contra toda uma população inocente. E a memória serve-nos para quê então? Será apenas um mecanismo individual privado? Porque não nos impede de cometer erros que já conhecemos tão bem?
O livro divide se em duas partes: a primeira, uma transcrição sem edição de um “diário de guerra” de uma sobrevivente do Holocausto, e a segunda, reflexões da filha e, já na parte final, da neta da mesma que explicam como esta experiência toldou a personalidade e atitudes da mae/avó e que impacto isso tem nas gerações descendentes.
Sem querer ser presunçosa, pq há sempre lições a retirar destas histórias de vida, a primeira parte não me acrescentou muito, face a outros relatos já lidos. E um relato sem grande cadência e escrito, por vezes, de forma um pouco tosca, no bom sentido. A segunda parte foi, para mim, a mais interessante. Tratam se de reflexões/crônicas (não sei bem como apelidar) que desconstroem emoções/reações. Algumas por vezes um pouco enfadonhas, outras realmente mt interessantes.
This is the true story of Lily Stern, a Holocaust survivor , told by her daughter, and her granddaughter, through her diary. But this is only the premise for this book .
I would say that this book is a treatise on the victims of the Holocaust.
Noemi Jaffi has a PhD in literature from her native Brazil. Neomi uses her mother's diary as a key into her psyche. She delves into the details, the "nitty-gritties" of her experiences to better understand her.
From a deep and personal analysis of her mother's writing, she is able to conclude how victims were able to cope with atrocities, deprivations, circumstances, emotions..... Lily's experiences as a young woman probably formed and explains the kind of person and mother that she had become. She was a self effacing, gentle and loving woman, who cared for her family, ever aware of the unpredictable hand of fate.
I recommend this book for those already well informed and well read on the Holocaust, those wanting to delve into a deeper layer of understanding and analysis.
Blandform: en autentisk dagbok skriven av en jugoslavisk kvinna efter befrielsen från Auschwitz, i Malmö dit hon kom, hennes (brasilianska, dit mamman emigrerade) dotters undersökande, filosofiska text om hennes mammas erfarenhet, om nazismen, om att ärva trauma, och en dotterdotters reflektion på sitt arv. Intressant och gripande ur så många aspekter. Flyktingmottandet i Sverige (jämfört med hur det ser ut idag), vittnesmålet från Auschwitz, diskussionen om minne och levd erfarenhet, och hur den förs vidare, språket och berättandet i förhållande till det.
Läsprojekt: slumpat från mina e-böcker (som har en tendens att bli olästa för att jag prioriterar fysiska böcker jag äger, men dessa vill jag ju också läsa!)
O diário da Lili Jaffe me cativou, sobretudo porque o que mais sobressaiu da leitura para mim foi, não os horrores de Auschwitz, mas a experimentação do renascimento pós libertação, o reencontro com a sua humanidade, com a sua feminilidade. As descobertas inerentes à uma adolescente/adulta jovem: a sexualidade, o amor. E como toda essa pujança de vida contrasta com a quase ausência dela no campo de concentração. Já os ensaios da autora, que se seguem ao diário, muito embora tenham algumas belas passagens e reflexões, exigem uma abstração elevada do leitor - ela disseca as palavras em busca do significado por baixo do significado por baixo do significado. Foi um esforço que não me senti capaz de fazer e que tornou a leitura mais arrastada, com menos conexão.
Um dos meus livros favoritos. A delicadeza da escrita de Noemi Jaffe contrasta com a bruta vida de sua mãe Lili, uma sobrevivente do holocausto. Livro essencial, precisamos relembrar para não repetir.
Este livro retrata na perfeição, como o tempo passado em Auschwitz moldou para sempre a vida de Lili Jaffe. É uma história de superação, mas acima de tudo de redescoberta pessoal, que merece ser lida por todos.
"Em contraposição à língua da literatura, não existe língua mais ordenada do que a do campo de concentração. Lá, a língua chegou ao nível mais apurado, organizado, o nível mais eficiente de comunicação. Lá, a gramática nunca sofreu sequestros, experimentações, torções. Era correta, perfeita, para que o mal pudesse ser técnica e habilmente perpetrado. E a língua alemã, com seus monossílabos, sua superpopulação consonantal, sua flexibilidade comutativa, em que é possível juntar quaisquer duas palavras para formar uma nova, parece se prestar bem a qualquer propósito. (...) Parecia tão mais fácil desobedecer a um não, palavra doce e quase tão bonita quanto um sim. Mas desobedecer a um nicht soa como condenar-se à punição. Por outro lado, o sim alemão é ja, o que imediatamente faz lembrar um sim obediente, e não um sim generoso, amoroso, confiável. O sim alemão é um não invertido."
I hate giving this book a mediocre review, but I have to be honest, and the honest truth is that in the end I gave up on it. The first section - the survivor's diary - was a powerful read, but the daughter's reflections felt long and self-indulgent and unnecessary. I wasn't sure what the book was or what it was trying to do. I left it and came back, left and came back but never understood what the book was for - except perhaps the personal catharsis of the author.
Ainda estou com sentimentos confusos sobre essa obra... É uma narrativa não-ficcional de três gerações: Lili, a sobrevivente do holocausto; Noemi, sua filha e escritora; Leda, filha da escritora, neta da sobrevivente (que, justiça seja feita, aparece bem menos que suas antecessoras).
Senti-me um intruso lendo essa obra. É muito desconfortável ter em mãos algo tão íntimo, tão dilacerante, tão familiar. Gostei muito de alguns trechos, mas achei outros um tanto confusos, desconexos... Mas como julgar a confusão se ela parece ser inerente às pessoas que tentam entender os horrores ocorridos durante este período? Não sei a resposta para essa pergunta, se é que ela existe.
Sendo assim, prefiro deixar esta resenha sem uma nota em estrelas. Termino reconhecendo esta como uma leitura que me impactou e, só por isso, já valeu a pena. No entanto, não sei se a revisitarei um dia... Foi uma experiência dura para mim.