Jump to ratings and reviews
Rate this book

Um sol para cada um

Rate this book
Em Um sol para cada um, seu novo livro de contos, o escritor paraense Edyr Augusto Proença retoma a linha literária que o caracteriza e usa a realidade nua e crua da cidade de Belém como matéria-prima de suas histórias, transportando o leitor para os cantos mais sombrios e escondidos da metrópole.

Os personagens dos 36 textos são escancaradamente verdadeiros e, por isso mesmo, perturbadores. Suas ações e contradições são descritas de maneira direta por Edyr, observador acurado e estilista talentoso. Ficção realista que se recusa a cair em dogmatismos, em Um sol para cada um não há espaço para meias palavras ou tons pastéis.

Por suas páginas desfilam marginais, prostitutas, criminosos e viciados, formando, nas palavras de Nelson de Oliveira, autor da apresentação do livro, um quadro composto por “anti-heróis do desespero”. A narrativa de Edyr é urgente, pulsante, enxuta, por vezes asfixiante, causando o impacto que toda literatura de qualidade deve provocar.

Trecho da apresentação de Nelson de Oliveira

“O fato é que os contos arfantes de Edyr chamam a nossa atenção para a face mais violenta e primitiva da sociedade brasileira. Isso não significa que a maior qualidade desses contos esteja na reprodução documentária do modo de pensar, agir e falar dessa face vulgar e desesperada. A denúncia social ocorre aqui por tabela, ela é o bem-vindo efeito colateral dessa droga poderosa chamada literatura.”

Trecho do conto Sabrina

"Dona Chica me olha de lado. Entro direto no quarto. Não está. Decido esperar. Deito na cama. Cheiro seu travesseiro. Estou neste torpor quando ouço zoada. Um vulto moreno, forte, entra e se atraca comigo. Sinto pancadas no rosto. Me aperta em uma gravata. Estamos suados. Esperneio. Aproveito o suor dos corpos para deslizar. Volta à carga, cego. Ouço um baque surdo e ele mergulha no chão, no vão entre a cama e o armário. Vou olhar. Olhos abertos. O corpo ainda pulsando. Vai saindo um líquido escuro e viscoso da cabeça. Olho em volta. Deu com a cabeça na quina da cama. Afogueado, sento e olho para a porta. Sabrina está lá, pálida. Súbito, some. Ouço seus passos, correndo, fugindo. As mulheres gritam. Ouço uma sirene de polícia. Lá vem Dona Chica subindo com os caras. Não há nada a fazer a não ser esperar.”

168 pages, Paperback

First published January 1, 2008

9 people want to read

About the author

Edyr Augusto

15 books21 followers
Edyr Augusto é um escritor e jornalista paraense, vencedor do prêmio Caméléon. Nascido em Belém, em 1954, inicia sua carreira como dramaturgo no final dos anos 1970. Escritor e diretor de teatro, Edyr trabalhou como radialista, redator publicitário, autor de jingles além de produzir poesia e crônicas. Filho do escritor e radialista Edyr de Paiva Proença, sua estreia como romancista se dá em 1998, com a publicação de Os éguas. Quadro desolador da metrópole amazonense, o "thriller regionalista" mergulha no ritmo frenético da decadência e da violência urbana.

Muito apegado à sua região do Pará, Edyr Augusto ancora lá todas as suas narrativas. Em 2001 lança Moscow, seu segundo romance, seguido de Casa de caba, em 2004. Seu mais recente romance é Selva Concreta (2012). Os thrillers escritos por Edyr Augusto são conhecidos por representarem o que há de mais interessante na literatura contemporânea paraense, mas com temas identificáveis em qualquer cenário urbano. Sua linguagem é coloquial, típica da região, compondo um retrato perfeito da oralidade local. A temática urbana, com uma trama de suspense que se desenrola por bares, botecos, restaurantes, delegacias, clubes e motéis, ecoa a tradição policialesca noir. É nesse encontro que se configura o estilo singluar da obra de Edyr Augusto.

Em 2013, com a publicação de Os éguas em francês (sob o título Belém), a obra de Edyr ganhou grande destaque na cena literária parisiense. Amplamente aplaudido pela crítica, o romance recebeu, em 2015, o prêmio Camaléon de melhor romance estrangeiro, na Université Jean Moulin. Concorreram com ele Milton Hatoum (Orphelins de l’Eldorado), Adriana Lisboa (Bleu corbeau) e Frei Betto (Hôtel Brasil). No mesmo ano, Edyr participou do festival Quais du Polar, em Lyon. O evento é mundialmente conhecido por celebrar o gênero noir na literatura e no cinema e recebeu neste ano cerca de 65 mil visitantes e nomes consagrados como Michael Connelly e Harlan Coben. Em 2014, o escritor também participou como convidado e palestrante do festival Étonnants Voyageurs em Saint-Malo, e em 2015, foi convidado a participar do Salão do Livro de Paris. Desde então, seus romances vêm sendo traduzidos para o francês. Em 2014, foi a vez de Moscow (2014) e em 2015, Casa de caba (publicado com o título Nid de vipères).

O estilo marcante, a escrita alucinante e implacável de Edyr já havia chamado a atenção de editoras internacionais, a começar pelo romance Casa de Caba, publicado na Inglaterra com o título Hornets’nest pela Aflame Books, em 2007. O paraense também teve alguns contos traduzidos no Peru, pela editora PetroPeru, e também no México, pela editora Vera Cruz. E dois de seus livros estão sendo adaptados para o cinema.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
1 (16%)
4 stars
3 (50%)
3 stars
2 (33%)
2 stars
0 (0%)
1 star
0 (0%)
No one has reviewed this book yet.

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.