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E se eu gostasse muito de morrer

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Na confusão do mundo, um rapaz sobe a rua. O Interior é igual em toda a parte.
Mas hoje vai mudar. Ele traz um segredo terrível no bolso do kispo.
Faz calor na província dos suicidas. Dá vontade de rir: uma cidade em que até o coveiro se mata... São estatísticas, tudo em números.
Na Internet, há sexo e doidos japoneses e americanos para conversar em directo. No campo, granadas e ervas venenosas. No prédio, um jovem assassino toca órgão.
O space-shuttle leva cortiça do Alentejo para o Espaço. O Bispo viu o maior massacre da guerra de África e calou-se.
Mas hoje vai responder. Os factos verdadeiros são os piores.
O amor do rapaz rebentou. Que responsabilidades temos quando nada fizemos?
Em que fado parámos, onde fica Portugal?

211 pages, Paperback

First published January 1, 2006

10 people are currently reading
207 people want to read

About the author

Rui Cardoso Martins

27 books31 followers
RUI CARDOSO MARTINS nasceu em Portalegre, a 25 de Março de 1967. É um escritor, jornalista e argumentista português. Foi repórter e cronista no Público, e foi um dos fundadores das Produções Fictícias, sendo um dos escritores do programa Contra Informação, da RTP 1. Para o cinema, escreveu o guião de "Zona J" e (em parceria) o da longa-metragem "Duas Mulheres".

O seu primeiro livro, "E Se Eu Gostasse Muito de Morrer", de 2006, está na quarta edição em Portugal, tendo sido publicado na Espanha e Hungria. O seu segundo livro, "Deixem passar o homem invisível", foi premiado com o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores/Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas.

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Displaying 1 - 20 of 20 reviews
Profile Image for João Barradas.
275 reviews31 followers
December 23, 2020
A morte, desde tempos arcaicos, foi eleita como tema tabu. Por medo do que existirá do outro lado, por receio de que a sua nomeação acelere o frente-a-frente, ou por outra razão mais incompreensível... Há uma proibição constante de abordar aquela que é a única certeza que temos nesta vida. A celeuma só insufla quando essa existência é usurpada pelo próprio - acto que é vedado a um silêncio ensurdecedor, escondido dos olhares mais curiosos. Mas, por muitos subterfúgios encontrados, o suicídio é uma realidade constante, ao longo da história, mais ou menos notório, e rodeado de questões sociais.

O Alentejo - que me diz muito, não fosse o meu berço - é uma região crítica nestas estatísticas tanatológicas. O isolamento, a falta de fé e o ritmo vagaroso confluem para garantir um ruminar retroalimentado sobre este assunto. Norteado por estes assuntos, o autor - também ele, filho da terra - aproveita-se das suas experiências para retratar esta terra inóspita, onde a vida não vale um tostão e os pensamentos vão e vêm como um pêndulo, que já marca o tempo. Deste niilismo rudimentar, assente na filosofia ateia, nascem vivências errantes (algumas bem familiares), condenadas ao degredo, tão eremíticas como as do povo nipónico, tão plenas de pujança como as dos soviéticos. Neste combate feroz, alguns assuntos dolosos da história recente de Portugal são escalpelizados, nomeadamente a guerra colonial.

Lido em tempos de confinamento, apartado das raízes amadas, este livro estrafegou a tonelada de saudades que carrego. Além das narrativas ouvidas em petiz - e que ainda reverberam na minha mente -, foi com gosto que conheci novas nuances sobre esta terra, tudo pontuado por um linguajar, que prezo em manter e me afaga a alma. Nesta firme certeza de me manter fiel a esta herança de sangue, outra se lhe junta: a de aguardar por um próximo episódio, de que gostarei, com certeza, tanto como deste.

"Os escritores, segundo parece, às vezes trabalham sobre a própria vida deles, e sobre a vida de amigos e inimigos, é o que melhor conhecem e está mais à mão."
Profile Image for Ritinha.
712 reviews136 followers
August 22, 2021
«Onde se mata um português, matam-se logo dois ou três, é como funciona.»

Numa narração de pequena portugalidade comunitária com o suicídio como resposta disseminada às plúrimas afrontas que só conhece bem quem a vive (à vida no interior, nas terras pequenas em que todos se conhecem desde sempre e ao seu futuro traçado pelo preconceito alheio - profecia que raras vezes se não auto-concretiza) Rui Cardoso Martins faz rir entre desgraças singulares que são exemplos-padrão.

«O Cardoso vestia camisa de cornucópias e disse-me que se és muito pobre convém-te saber dar um murro. Os braços eram grossos e vestiu a camisa de cornucópias castanhas e vermelhas entre Setembro e Julho desse ano, e no ano a seguir o mesmo calendário, todos os dias seguidos de dois anos escolares, ao sol e à chuva, a queimar e a gelar, mais as suas cornucópias. Não cheirava mal, só um pouco a velho. Quanto mais surrada, mais brilhante, cornos ocos a vomitarem fruta no estampado da única camisa que tinha.

- Lavo-a ao domingo, respondeu.

Puta de pergunta, Cruzeta, a pior de uma vida, a outra foi quando perguntaste ao anão do circo que idade é que ele tinha.»

De forma directa - distante das aves do paraíso cheias de si e vazias de ideias e/ou direcção, sem deslumbres provincianos (acontecem muito aos cosmopolitas que acham que viram mundo) com estrangeirismos equivocados tanto pelo estrangeiro como pelo idioma que deixaram de dominar devidamente, de pés assentes nesta particular nação, sem armar ao pingarelho como um Saramago de marca branca que dá nomes e contextos bué Europa central para disfarçar (mal) a matarruanice bacoca - enxuta, portanto, e num registo particular que cativa desde o início, é relatada uma tessitura de singulares percursos de uma desgraça maior e colectiva que é isso de se ser Português fora do centro urbano que tudo monopoliza e anula.
Profile Image for Leonardo Pires.
42 reviews48 followers
July 12, 2013
Numa palavra, este livro é fantástico, começando logo pelo título, retirado do clássico Crime e Castigo. A escrita de Rui Cardoso Martins não encontra par na literatura portuguesa contemporânea, tendo este livro uma temática curiosa: o suícidio no Alentejo.

Com pequenos episódios que fazem lembrar O Que Diz Molero, de Dinis Machado, sucedem-se as peripécias onde se cruzam humor, ironia e tragédia, em paragens alentejanas. Quando falei com Rui Cardoso Martins, na Feira do Livro de Lisboa de 2012 (onde me autografou este livro), disse-me que se tratava de um romance mais obscuro, em termos de temática e personagens, do que o de Dinis Machado. Não poderia estar mais de acordo, embora o tipo de escrita e linguagem seja próximo.

Concluo, fazendo minhas as palavras de António Lobo Antunes que refere esta obra como algo que se impõe contra a "enxurrada de mediocridade" que temos, infelizmente, vindo a verficar nos últimos anos, no que toca à literatura.

Profile Image for Joana.
225 reviews5 followers
July 2, 2019
Primeiro estranha-se mas depois entranha-se. De início parecia uma compilação de historias soltas, que me levou a pensar 'diacho já fui enganada outra vez', mas com o virar das páginas percebemos que há um sentido na narração. O tema não é propriamente optimista mas a escrita usa maioritariamente ironia, e tem sem dúvida uma pitada de humor. Portanto nem foi mau mas também não fiquei apaixonada. No entanto disposta a dar outra oportunidade ao autor.
1 review
January 22, 2014
I very strongly recommend this book by Rui Cardoso Martins. It will make you laugh, it will make you cry, it will make you forget which is which.
Profile Image for Ana  Isa  Rodrigues.
90 reviews5 followers
December 1, 2024
Acho que não existe nenhum livro que se possa comparar a este. O suicídio é aquele tema sobre o qual poucas pessoas querem falar. Quando se faz com sátira e até humor negro, mas vemos ali, tanta verdade sobre uma realidade do nosso país que nos é desconhecida, tira-nos o chão!!
Este é livro para quem aguenta descrições cruas, sem "floreados", sem filtros.
Ainda não estou pronta para a "continuação", mas quero muito lê-la!!!!
Profile Image for Andrea Garza.
21 reviews
March 28, 2016
Este libro vale la pena leerlo por su prosa, es realmente brillante lo que Riu Cardoso hace. Te lleva de la mano de historia a historia, de voz en voz, de risa a lagrima para al final ver la imagen completa. La historia a veces puede parece un poco confusa pero la manera en que está escrita con tanta creatividad y juegos de palabras es espectacular! si te interesa mezclar el humor con momentos oscuros de una manera exitosa este es el libro que hay que leer para aprender cómo.
Profile Image for Andreia Morais.
449 reviews33 followers
Read
May 13, 2024
TW: Referência a Suicídio, Linguagem Explícita

Estava muito curiosa para compreender o modo como o autor interligaria os vários tópicos e como é que o título apareceria explicado (implícita ou explicitamente) na narrativa. E não fiquei menos surpreendida por constatar que construiu um texto com um certo humor, como se as desgraças aqui retratadas ficassem mais leves por recorrermos a este trunfo, como se lhes pudéssemos retirar algum do seu peso.

O tom mais sombrio, que encontramos não só na história, mas também nos protagonistas, socorre-se das experiências que o autor recupera para compor o cenário, da própria região de onde vem, o Alentejo, e de uma ideia que vai desconstruindo: acharmos que o riso de alguém é prova suficiente de felicidade. O problema é que um sorriso pode esconder batalhas, demónios e uma série de pensamentos obscuros que nem sempre somos capazes de controlar. E, aqui, existem inúmeras razões para que a morte seja a resposta mais desejada pelas pessoas.

E Se Eu Gostasse Muito de Morrer remete-nos para o isolamento e creio que o ritmo vagaroso de algumas partes é propositado, para sentirmos esta espécie de arrastar dos dias, como se já não existisse mais com que ambicionar, como se o amanhã fosse mais uma miragem do que uma convicção.
Profile Image for Juanma .
337 reviews
Read
June 9, 2025
Compré este libro a la ciega en la filbo, porque estoy escribiendo algo que tiene que ver con el suicidio, pero mi instinto literario me falló. No pude con los cambios en los puntos de vista. No sé, quizá soy un lector perezozo y necesito que me den la historia mascadita. Sea como sea, quería que me gustara, pero no fue así, lo que no quiere decir que sea un libro malo, sino que simplemente no me gustó.

Antes, parece que hace siglos, me obligaba a terminar los libros que comenzaba. Ahora no dudo ni un segundo en abandonar una lectura.

Sigo la premisa de una de las notas de prensa de García Márquez: "el método más saludable es renunciar a la lectura en la página en que se vuelva insoportable".
Profile Image for Vânia Caldeira.
177 reviews3 followers
December 10, 2017
E se uma pessoa gostasse muito de morrer? Bela pergunta a que ninguém sabe responder.

Este livro tem um pouco da ruralidade de "Galveias" (JLP) misturada com muita ironia e sarcasmo e uma grande pitada de humor negro. O resultado é, no mínimo, curioso. No início prendeu-me bastante e achei que o leria de uma vez. Algures pelo meio, à medida que se perdem as histórias das mortes caricatas e das gentes, perdi-me também eu e algum do entusiasmo. No geral é um bom livro que me deixou curiosidade de seguir a obra do autor.
Profile Image for ollos.tristes.
9 reviews5 followers
January 26, 2024
este libro me ha llegado tan hondo y ha sido tan especial que no sería capaz de escribir una reseña, simplemente lo recomiendo muchísimo. He sentido que estaba escrito para mí, para llegar a leerlo algún día a lo largo de mi vida. Sin duda volveré a leerlo, ya forman parte de mis favoritos.
123 reviews
October 4, 2025
Lido por razões "familiares" porque há quem conheça o autor de outras vidas.

Bem escrito, interessante sem ser arrebatador ou deixar memórias daquelas que regressam depois de uns meses.
Profile Image for Joana.
12 reviews8 followers
August 26, 2020
Review no insta @historias_da_vida_airada
Displaying 1 - 20 of 20 reviews

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