Nascida no Ohio, Estados Unidos, filha de um merceeiro, cedo percebeu que estava destinada a uma vida melhor. E lutou com todas as suas forças para a conseguir. Trabalhou em Washington e Nova Iorque, casou por amor e por interesse, teve um filho que abandonou, viveu em França, Itália, viajou por países exóticos, divorciou-se duas vezes e viu-se envolvida em vários escândalos. O seu nome fez correr tinta na imprensa, nomeadamente quando conseguiu casar com D. Afonso, apesar da recusa e indignação de D. Manuel, seu irmão e último rei de Portugal, então no exílio em Inglaterra. Tornara-se finalmente duquesa do Porto, princesa de Bragança.
Houve quem a retratasse como uma mulher fria, calculista, mal-educada, mas Ana Anjos Mântua, coordenadora da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, conta-nos a sua história para além do rol dos seus incontáveis defeitos. Através de uma investigação cuidada, a autora traz-nos um romance empolgante sobre esta extraordinária mulher, que se transformou ao longo da vida para se tornar uma das figuras mais admiradas e faladas pela imprensa internacional e pela aristocracia europeia da época.
Morreu a 11 de Janeiro de 1941, viúva do «seu amor» D. Afonso, e depois de ter conseguido reclamar ao Estado Português a herança que considerava sua por direito.
ANA ANJOS MÂNTUA é licenciada em História, variante de História da Arte, e é pós-graduada em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Desde Maio de 2013, é Coordenadora da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa. Anteriormente desempenhou funções de investigação e curadoria de exposições no Mosteiro dos Jerónimos/Torre de Belém e Museu Nacional do Azulejo. Em 2004, enquanto técnica superior do IPPAR-Instituto do Património Arquitetónico e Arqueológico, desenvolveu um projeto internacional de salvaguarda do património na Ilha de Moçambique. Tem vindo a publicar artigos nas áreas do património e do colecionismo, nomeadamente «As proveniências da Colecção e o Mercado de Arte em Portugal entre 1925 e 1965», in Coleccionar para a Res Publica, Lisboa, 2010; «O Coleccionismo e o Mercado de Arte em Portugal» (1910-1965), in Dicionário da História da I República e do Republicanismo, Assembleia da Republica, Lisboa, 2014; «As escolhas de um coleccionador», in Museus, Palácios e Mercado de Arte, SRIBE, Lisboa, 2014; «Nevada: a herdeira americana da família real portuguesa», in ARTIS: revista de História da Arte e Ciências do Património. Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2014. N.º 2.
Inteligência, Beleza e Determinação, quando aliadas a um espírito aventureiro e uma ambição desmedida, são atributos capazes de tudo!
No caso concreto de Nevada Hayes, traçaram-lhe um percurso com origem em Ohio - o estado americano onde nasceu, filha de pai merceeiro - e destino Sintra, onde conheceu o Infante D. Afonso, por quem se apaixonou perdidamente e casou, valendo-lhe o título de Duquesa.
Sendo uma mulher de paixões, era também fortemente racional, e essa combinação de características permitiu-lhe gerir com inteligência a sua ambição impulsiva, tornando a sua vida numa escalada emocionante!
Estas histórias sofridas e vividas, são testemunhos inspiradores, no sentido em que demonstram quão gratificante pode ser, a luta pela concretização dum Sonho. Por mais chocantes que as nossas opções e atitudes se afigurem aos olhares avaliadores dos outros, só batendo-nos pelos nossos sonhos, nos permitimos ser quem realmente somos - alcançar aquele estado onde finalmente poderemos afirmar com toda a assertividade: "Isto sim, sou Eu"!!! É certo e sabido, que aquele que desiste dum Sonho, abdica de si mesmo!
Confesso que até à data desconhecia Nevada Hayes. Porém, foi um imenso prazer conhecer esta americana, que indubitavelmente, enriqueceu o leque de Mulheres Guerreiras da nossa amada História!
É um 4+ para a cativante biografia desta mulher de garra e fibra :)
Nevada Hayes foi uma verdadeira caça fortunas. Nascida no seio de uma família humilde, cedo se apercebeu que esta não era vida que queria para si. Dotada de uma beleza estonteante, que não passava despercebida, usou-a para seduzir homens que a pudessem elevar e ascender socialmente.
👑Casou sempre com homens ricos, mas divorciou-se outras tantas vezes. Depois da riqueza acumulada, Nevada queria mesmo era ser rainha de Portugal. Não conseguindo captar as atenções de D. Manuel II (que nunca gostou dela, chegando mesmo a ostracizá-la), a americana vê em D. Afonso, irmão de D. Carlos, solteiro à altura, um bom partido. D. Afonso nunca quis casar, sendo até uma pessoa que se dedicava às corridas de carros e pouco mais.
👑Nevada até então tinha-me passado completamente despercebida. Não fosse esta reedição da Presença, talvez continuasse desconhecida para mim. No entanto, a minha curiosidade falou mais alto e a vontade de querer saber mais sobre esta mulher, que conquistou um solteirão, e acabaria por ficar com uma fortuna em joias, que levaria para os Estados Unidos, após a morte de D. Afonso.
👑Apesar da história de Nevada, este livro acabou por ser uma pequena desilusão. Não pela história em si, mas pela forma que foi sendo construído. A opção da escritora em colocá-lo na primeira pessoa não me cativou e acabei por achá-lo entediante e fútil.
Costumo ler bastantes romances históricos portugueses, mas nunca tinha lido nada sobre a família do último rei de Portugal. “A Americana que queria ser Rainha de Portugal” conta-nos a história de “amor” entre o príncipe D. Afonso, tio do rei D. Manuel II, e Nevada Heyes, uma rica herdeira americana.
Heyes foi rejeitada pela família real, considerada uma oportunista e, na verdade, esta foi a impressão que fiquei dela após ler o livro. A autora tenta “reabilitar” a sua imagem, mas não me convenceu. Admirei a coragem inicial de Nevada que, através da educação, tenta subir na vida. Só que, ao longo das páginas, vamos vendo o “nascimento” de uma “caça fortunas”, que abandona o primeiro marido e o filho para casar com um milionário e, depois, fica obcecada com D. Afonso, pois a única “conquista” que lhe falta é ser princesa. O príncipe também não é um personagem apelativo – é um “parasita” da sociedade, que só gosta da boa vida e não sabe trabalhar para viver.
Nota-se que a autora fez uma rigorosa investigação, tem uma escrita cuidada, mas as duas figuras históricas que escolheu não me agradaram.
Nevada Hayes, uma mulher com uma garra de alcançar o que queria e nunca uma desistente, nasceu pobre em Ohio numa família de mercadores. No dia em que uma menina de famílias ricas riu-se dos seus sapatos rotos e lhe deitou a língua de fora, Nevada jurou que nunca mais alguém lhe faria tal gesto. Educou-se e foi sempre uma mulher muito independente tornando-se rica, célebre e importante. Quando veio a Portugal numa das suas viagens encontrou-se por acaso com D. Afonso, tio de D.Manuel e último rei de Portugal, mal sabia que seria o seu grande amor, apesar dos seus já três casamentos. Rodeada de intrigas, "de caçadores de fortunas" e escândalos, Nevada conseguiu concretizar os seus sonhos de criança ao casar-se com D.Afonso, tornar-se numa princesa da Europa. Nevada de Bragança, duquesa do Porto e princesa da Casa de Bragança.
Esta mulher histórica é nos apresentada por Ana Anjos Mântua através da primeira pessoa e quase em forma de diário. Nevada sempre foi acusada duramente pela imprensa de todo o mundo, sempre envolvida em escândalos e nos seus últimos anos atormentada pela doença e morte, quer do seu amado Afonso, quer pelo seu primeiro marido e restante família e, através do seu relato, conseguimos perceber que sofreu bastante por detrás das cortinas, o que nos faz sentir compaixão pela sua pessoa. No entanto, penso que Nevada sempre foi uma pessoa calculista, fria e um pouco arrogante, pois não descansou enquanto não conseguiu casar com D.Afonso, mesmo contra a coroa Portuguesa, ou até conseguir a sua herança de volta da República Portuguesa. Acredito que Nevada tenha tido um grande amor por Afonso, no entanto, acho que a sua personalidade de nunca ficar parada, de nunca ser rebaixada, a tornou-a uma pessoa, como acima referi, de má indole e por muito que ela o tenha amado, penso que não se entregou totalmente como ele.
Mas lá está talvez seja característica intrínseca Portuguesa ser saudosista e de sofrer de amor desmesurado.
Este romance histórico é, na realidade, um diário demasiado descritivo e com exaustivos à partes de uma personagem histórica, a Nevada, que não me cativou pela sua arrogância. Uma pena que não tivesse deixado em testamento a Portugal as jóias e demais heranças da Casa de Bragança, evitando que se perdessem em coleções privadas. A minha frase preferida, por ser algo que apetece dizer à personagem vezes sem conta: "- A senhora manda em sua casa, aqui no consulado convença-se de que não manda, quem manda é a lei. Eu não tenho categoria para ser seu criado!"
História interessante, nunca tinha lido nada sobre D. Carlos e a respetiva família real. Contudo, a única decepção é que este livro não é um romance histórico como a autora menciona no início... é pura e simplesmente a biografia de Nevada Hayes. Chega a um ponto que se torna super descritivo todas as festas, todas as cartas e todas as viagens que ela fez. Cheguei ao final cansada.
O tema deste livro é sem dúvida extremamente interessante, porém a escrita do livro é extremamente aborrecida. A autora começa por nos dizer, em prefácio, que este livro não é uma biografia mas sim um romance histórico narrado na primeira pessoa. Acontece que é muito bibliográfico e descritivo, com um detalhe que retira todo o interesse à leitura, que é tudo menos romântica, como o género proposto exigiria.