FERNANDO NAMORA nasceu a 15 de Abril de 1919, em Condeixa-a-Nova. Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (1942), exerceu clínica na sua terra natal, na Beira Baixa e no Alentejo e foi assistente no Instituto Português de Oncologia, em Lisboa. Estreou-se nas letras com o vol. de poemas Relevos (1933); o seu terceiro livro de poesia (Terra, 1941) iniciou a colecção “Novo Cancioneiro”, órgão do Neo-Realismo, do qual fazia parte nomes como Carlos de Oliveira, Mário Dionísio e Rui Feijó. Além de poesia e romances publicou contos, novelas, memórias, narrativas de viagem e biografias romanceadas, tendo a sua obra sido traduzida em várias línguas: As Sete Partidas do Mundo (1938), Fogo na Noite Escura (1943), Casa da Malta (1945); Minas de São Francisco (1946); Retalhos da Vida de Um Médico (1949-63), em dois vols.; A Noite e a Madrugada (1950); O Trigo e o Joio (1954); O Homem Disfarçado (1957); Cidade Solitária (1959); Domingo à Tarde (1961, Prémio José Lins do Rego); Diálogo em Setembro (1966), Os Clandestinos (1972); Cavalgada Cinzenta (1977); Resposta a Matilde (1980); Rio Triste (1982, Prémio D. Dinis); Nome para Uma Casa (1982); Sentados na Relva (1986). Em 1981, foi nomeado para o Prémio Nobel da Literatura pelo PEN Clube e pela Academia das Ciências de Lisboa. Foi condecorado pela Presidência da República com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 1988. Faleceu a 31 de Janeiro de 1989, em Lisboa.
O Rio Triste de Fernando Namora é um romance diferente de todos os que já li por me trazer uma realidade tipicamente portuguesa, tendo o Tejo como pano de fundo. A história passa-se ainda antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, mas se não me fosse dada a data do desaparecimento da personagem principal e se não houvesse a presença das cartas de um soldado na Guerra Colonial, diria que se tinha passado nos dias de hoje.
A acção principal gira em volta do desaparecimento de Rodrigo dos Santos Abrantes (a 14 de Novembro de 1965) e da reacção da sua família, bem como a vida de André, um escritor lisboeta. Além disso, mostra também como os jornais da época encaram um caso de desaparecimento, a rivalidade entre escritores, podemos ler cartas que a amante de André lhe enviava e as cartas de um soldado na Guerra Colonial em Angola.
Escolhi este livro de entre uma pequena colecção que possuo e que tem títulos tais como: O Intruso de Mário Braga, A Paixão de Almeida Faria e Onde Cai a Sombra de Américo Guerreiro de Sousa. De momento, ainda não faço ideia se há elemento comum aos quatro livros, além de serem de autores portugueses.
Voltando a O Rio Triste, posso dizer que não foi uma leitura desagradável, antes pelo contrário. Recomendaria a leitura deste livro a qualquer pessoa que goste de ler (de preferência muito, pois também não é completamente acessível, é preciso persistência).
Uma boa novela com elementos de misterio permeando uma trama com personagens e sentimentos extremamente reais. Interessante a abordagem da questao da diaspora portuguesa na Franca e os sentimentos que se constroem nesse deslocamento. O textro retrata momentos bem humanos, sem afetacao. Pretendo explorar outras obras do autor
Distanciando-se da sua obra inicial (em todos os aspectos), Fernando Namora oferece-nos uma original perspectiva sobre o amor, a vida interior e a escrita. Junta a isso duas ou três personagens fantásticas.