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Memórias do Cárcere

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Em Memórias do Cárcere, Camilo traça um retrato duro mas emocionante das inauditas condições de vida na histórica Cadeia da Relação do Porto bem como da pesada justiça oitocentista, tendo como fio condutor a experiência vivida na primeira pessoa e outros testemunhos de vida, cuja singularidade Camilo quis deixar para memória futura.
Com edição de Ivo Castro e Raquel Oliveira este volume da Edição Crítica de Camilo Castelo Branco oferece um rigoroso mas discreto aparato crítico, uma completa nota editorial e uma reveladora obra camiliana para (re)descobrir.
«Um falsário que conta histórias, mais a biografia do famigerado Zé do Telhado, além de parricidas e infanticidas e ainda o homem que matou o burro dum abade: uma coleção de desgraçados, incluindo o próprio romancista, como sempre preso na maior vocação, falar dos outros.» Abel Barros Baptista
Observações: Camilo Castelo Branco (com edição de Ivo Castro e Raquel Oliveira)

368 pages, Paperback

First published January 1, 1862

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About the author

Camilo Castelo Branco

608 books294 followers
«Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (1825-1890) foi um dos escritores mais prolíferos e marcantes da literatura portuguesa contemporânea tendo sido romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Teve uma vida atribulada, que lhe serviu muitas vezes de inspiração para as suas novelas. Foi o primeiro escritor de língua portuguesa a viver exclusivamente do que escrevia. Durante quase 40 anos, entre 1851 e 1890, escreveu à pena, logo sem qualquer ajuda mecânica, mais de duzentas e sessenta obras, com a média superior a 6 por ano. Prolífico e fecundo escritor, deixou obras de referência na literatura lusitana. Apesar de toda essa fecundidade, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco não permitiu que a intensa produção prejudicasse a sua beleza idiomática ou mesmo a dimensão do seu vernáculo, transformando-o numa das maiores expressões artísticas e a sua figura num mestre da língua portuguesa.»
Fonte; http://www.luso-livros.net/biografia/...


Camilo Ferreira Botelho Castelo-Branco (1st Viscount de Correia Botelho), was born out of wedlock and orphaned in infancy. He spent his early years in a village in Trás-os-Montes. He fell in love with the poetry of Luís de Camões and Manuel Maria Barbosa de Bocage, while Fernão Mendes Pinto gave him a lust for adventure, but Camilo was a distracted student and grew up to be undisciplined and proud.

He intermittently studied medicine and theology in Oporto and Coimbra and eventually chose to become a writer. After a spell of journalistic work in Oporto and Lisbon he proceeded to the episcopal seminary in Oporto in order to study for the priesthood. During this period Camilo wrote a number of religious works and translated the work of François-René de Chateaubriand. Camilo actually took minor holy orders, but his restless nature drew him away from the priesthood and he devoted himself to literature for the rest of his life. He was arrested twice, the second time due to his adulterous affair with Ana Plácido, who was married at the time. During his incarceration he wrote his most famous work "Amor de Perdição" and later it inspired his "Memórias do Cárcere" (literally "Memories of Prison"). Camilo was made a viscount (Visconde de Correia Botelho) in 1885 in recognition of his contributions to literature, and when his health deteriorated and he could no longer write, Parliament gave him a pension for life. Going blind (because of syphilis) and suffering from chronic nervous disease, Castelo Branco committed suicide in 1890.

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Displaying 1 - 11 of 11 reviews
Profile Image for Paulla Ferreira Pinto.
262 reviews37 followers
November 30, 2018
A escrita do Camilo entretém-me e diverte-me. Estou sempre com um meio sorriso enquanto o leio, mesmo quando relata as maiores tragédias de padecentes de amores proibidos e socialmente reprovados das formas mais cruéis , ou as piores malvadezas e sinistras inclinações humanas.
O conteúdo, sempre a carregar na nota do drama, não me é tão caro, mas a forma, muitas vezes sardónica, não me deixa de encantar e de me fazer retornar à sua obra.
As três estrelas, não sendo grande notação, são quase todas para o divertimento que me causa o estilo do autor, sem desvalorizar a mestria técnica do domínio da palavra.
Profile Image for tiago..
460 reviews135 followers
September 10, 2022
Mesmo não sendo um fã professo de Camilo Castelo Branco, há já algum tempo que tinha curiosidade de ler as Memórias do Cárcere, compêndio das suas experiências durante o ano em que esteve preso na Cadeia da Relação do Porto. Felizmente, vim a descobrir que a minha expectativa foi inteiramente satisfeita; aqui Camilo aparece em todas as suas melhores qualidades - o sarcasmo, o humor, - e minimizado naquela inconsistência e naquele dramatismo romântico que é tão característico da sua obra.

Não que não haja nenhum drama de amores. Longe disso. Não o havendo, seria de duvidar ser a obra de Camilo, afinal de contas.

O foco do livro é, sobretudo, nos habitantes da cadeia. Aparecem figuras inesquecíveis, como a doida, cujos gritos assombravam as noites na cadeia, ou o lendário salteador Zé do Telhado, que recebe a honra de ver toda a sua vida cronicada num capítulo a si dedicado. É um livro que fala sobretudo de desgraça, que é, para todas estas almas condenadas, uma condição quase crónica. E com todas estas histórias parece Camilo querer levar o leitor a alguma conclusão. Quem melhor o exprime é talvez um dos visitantes que passaram pela cadeia da relação: o rei D. Pedro V. Isto precisa ser completamente arrasado, dizia ele enquanto descia as escadas para sair.

O próprio Camilo di-lo mais abertamente algumas páginas antes:

Eu descobri uma porção incorrupta em cada uma das almas que deixei bosquejadas. Abstenho-me de dizer que seria possível restituí-las sanadas à humanidade, porque desadoro utopias, e sinto-me convictamente materialista na perversão de certos indivíduos. Direi, todavia, que o descaridoso gravame que flagela o preso, se uma justiça misericordiosa o não aliviar, a cadeia continuará a ser como fogo a que se aquilata a extrema maldade do criminoso. Assim, é matar-lhe a alma, se os legisladores crêem na alma. É roubar a Deus o que é de Deus, na hipótese de que o Criador há-de chamar a si o que deu de sua imagem ao homem, quer este se chame santo, quer demónio.

E não é curioso que ainda hoje se possa dizer isto da grande maioria dos sistemas prisionais do mundo?

Um grande defeito tem este livro. Camilo mesmo o aponta na sua conclusão: Eu devia ter dito porque estive preso um ano e dezasseis dias. Não disse, nem digo, porque verdadeiramente ainda não sei porque foi.

Verdade seja dita, eu também não.
Profile Image for Luís Paz da Silva.
63 reviews19 followers
March 19, 2020
De Camilo dizia Eça tratar-se do homem que, em Portugal, mais palavras conhecia do dicionário. Como queiroziano incondicional que sou, andei anos a embirrar com os livros de Camilo já pela impenetrabilidade da prosa, já pelos arrebiques da coeva corrente romântica.

Fiz mal. Camilo é um escritor deslumbrante. Para os que se iniciam na obra camiliana, as Memórias do Cárcere devem ser o ponto de partida. Aqui encontram o melhor Camilo, em todos os seus semblantes, a verrina, a alma, a sensibilidade - acima de tudo a sua escrita cristalina e cativante.

“Estou em crer que a mais funesta paixão de sua vida foi a que lhe embaciou os olhos da razão até à catarata de não ver a índole de Adelaide”.

Já ninguém sabe escrever assim.
Profile Image for Daniela.
27 reviews37 followers
September 12, 2021
Como Camilo ninguém escreve, já o disse e repito-o. Entre várias histórias reais, destaco a de Delfina contada no capítulo "Martírios Obscuros":

"Eu não sei dizer como foi aquela meia hora de Delfina com os olhos cravados no filhinho de quem ia separar-se. A farta intuição que eu tenho das dores alheias, modeladas pelas minhas, não alcança tão longe. Se consulto mulheres, que são mães, acerca desta agonia, respondem-me a chorar. A chorar deve estar a mulher de maternais entranhas, que me está lendo estas linhas, de que eu vou fugindo, porque a tortura não é dádiva que a leitora deva agradecer a um escritor."

A tortura não agradecerei mas a sensibilidade sim. De facto, chorei.
Profile Image for Marta Moura.
10 reviews
September 10, 2024
escreva o que escrever, o mestre não desilude!
é descrito pormenorizadamente os encontros e conversas que Camilo teve com os presos da Cadeia da Relação, aquando do seu segundo encarceramento (os presos eram de pior índole). curiosamente, os nomes destes presos foram dados a algumas das suas personagens, em novelas posteriores a 1862. é relatada a visita de D. Pedro V, à cadeia da Relação, inclusive às enxoviad, que tinha muita estima a Camilo e, perante o que viu, decide que as instalações merecem remodelado : reformulação da cadeia. as Memórias foram escritas com relatos dos 3 meses de Cárcere.
Profile Image for Mélanie.
901 reviews185 followers
Read
April 18, 2022
Détenu pour adultère dans la prison de Porto dans les années 1850, l'auteur Camilo Castelo Branco aiguise son style pour tailler à la serpe le portrait naturaliste de ses contemporains. José do Telhado, jeune homme amoureux devenu brigand de grands chemins sans morale ni pitié, lui racontera son itinéraire, de sa maison d'enfance jusqu'au Brésil et retour, avant de finir dans une geôle, laissant sa femme et ses enfants dans la misère. De son style aiguisé, l'auteur trace un portrait de ces des vies furtives qui traversent les âmes et les villes.
Profile Image for Joaquim Igreja.
110 reviews1 follower
October 24, 2025
Nos 200 anos de Camilo, ler as Memórias do Cárcere é um exercício que permite compreender bem o autor como um exímio observador das fraquezas e misérias humanas. A prisão do século XIX mostra, para além de tudo, um panorama de homens e mulheres desgraçados na vida, muitos deles quase criminosos sem querer, alguns mesmo sem maldade, outros a pagar o modo sincero como reagiram aos estímulos da vida. É como diz Bigotte Chorão no Posfácio: "Mais do que culpado, o homem é com frequência vítima de uma sorte esquerda ou de uma estrela funesta" que a certo ponto lhe aparece numa esquina da vida. O caso de Delfina, por exemplo, é o caso de Camilo ao contrário. Delfina, depois de (diríamos hoje) implacável assédio moral, foi apanhada em adultério, estando a prova disso no filho que teve de Francisco, tendo ido parar à prisão, depois ao convento, onde foi desumanamente tratada até ao extremo, mesmo pelas freiras, antes de morrer. Camilo (e Ana Plácido) acabou por ver o seu adultério não provado em julgamento e depois de um ano na prisão acabou por escapar.
É um mundo de maus tratos, de miséria económica e moral, de desamor, de inevitabilidade genética que leva estes homens e mulheres à prisão. O mundo de violência, preconceituoso e sem atenuantes, duro e implacável, é este Portugal de 1860 que Camilo vai encontrar na cadeia. Prisão por ninharias, degredos perpétuos em África para comprar a pena de morte, inimputáveis enjaulados sem solução, é esta a realidade.
O rei D. Pedro V visitou a prisão da Relação no ano em que Camilo lá esteve, dizendo à saída "Isto precisa ser completamente arrasado". Camilo fecha as "Memórias" referindo-se à história pessoal que não contou na obra: "Fecham-se as MEMÓRIAS. Há nelas uma grande lacuna. Eu devia ter dito porque estive preso um ano e dezasseis dias. Não disse, nem digo, porque verdadeiramente ainda não sei porque foi."
E no entanto, de cada vez que recebia visitas, Camilo recebia-as com graças e chistes, enganando-se “a si próprio, simulando uma disposição que não sentia”. Valente!
Profile Image for cami.
3 reviews
August 21, 2023
this book is such a metalanguage because the author is constantly making up stuff about himself and filling these pages with stories with a humor one would have when spilling rumors or creating gossip. writers love to talk about everyone else but themselves. but the most important thing about this book is its closeness to nowadays. we as a society should care more about the reality in the prison system and about the cruelty that makes itself present there. i'm actually writing my cientific iniciation on this book :)
Profile Image for tourbe.
136 reviews3 followers
March 3, 2025
de l'incapacité du Portugal à produire des voyous
Profile Image for João Pedro Leite.
105 reviews
July 31, 2023
Algemas são uns anéis de ferros que roxeiam as carnes e as mordem e as deslassam até aos ossos.

O livro tem como grandes trunfos, além do claro talento de Camilo Castelo Branco como contador de histórias, a crítica à hipocrisia da sociedade, rápida a julgar mas sem saber olhar para si mesma, assim como também este ser um raro livro que nos traz histórias de pessoas reais de todos as classes, profissões e meios, ao contrário da maioria dos romances da época, em que os protagonistas são quase sempre pessoas da alta sociedade.
Ainda assim, falta consistência ao livro. Como cada capítulo traz a história de diferentes pessoas com quem Camilo se cruzou enquanto preso, fica dependente do quão interessante a história e o personagem são. E nem sempre são contos que prendem o leitor.
Displaying 1 - 11 of 11 reviews

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