Era uma vez um homem de mau-olhado que saiu de casa para ver o mundo. Cruzou-se com homens, objetos, animais e máquinas. Entretanto, uma Revolução avança, um homem alto exige imobilidade, outro homem está dividido em dois. Mães procuram filhos e filhos gritam pela mãe. Não sabemos como tudo aconteceu, mas no final, pelo menos, alguém é castigado de uma forma exemplar.
A Mulher-Sem-Cabeça e o Homem-do-Mau-Olhado é a obra que inaugura o universo das Mitologias. Aqui surgem personagens, situadas em tempos indistintos, que serão também centrais em futuros livros. Mundo de ficção em que Gonçalo M. Tavares recoloca o humano e a história numa dimensão mitológica que distorce para mostrar melhor e, recorrendo à tradição narrativa da oralidade e do fantástico, explora brilhantemente aquilo que é a natureza humana.
Gonçalo M. Tavares was born in Luanda in 1970 and teaches Theory of Science in Lisbon. Tavares has surprised his readers with the variety of books he has published since 2001. His work is being published in over 30 countries and it has been awarded an impressive amount of national and international literary prizes in a very short time. In 2005 he won the José Saramago Prize for young writers under 35. Jerusalém was also awarded the Prêmio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa 2007 and the LER/Millenium Prize. His novel Aprender a rezar na Era de Técnica has received the prestigious Prize of the Best Foreign Book 2010 in France. This award has so far been given to authors like Salmon Rushdie, Elias Canetti, Robert Musil, Orhan Pamuk, John Updike, Philip Roth, Gabriel García Márquez and Colm Tóibín. Aprender a rezar na Era da Técnica was also shortlisted for the renowned French literary awards Femina Étranger Prize and Médicis Prize and won the Special Price of the Jury of the Grand Prix Littéraire du Web Cultura 2010. In 2011, Tavares received the renowned Grande Prêmio da Associação Portuguesa de Escritores, as well as the prestigious Prémio Literário Fernando Namora 2011. The author was also nominated for the renowned Dutch Europese Literatuurprijs 2013 and was on the Longlist of the Best Translated Book Award Fiction 2013.
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas-metragens e objectos de artes plásticas, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitectura, teses académicas, etc. Estão em curso cerca de 160 traduções distribuídas por trinta e dois países. Jerusalém foi o romance mais escolhido pelos críticos do Público para «Livro da Década». Em Portugal recebeu vários prémios, entre os quais, o Prémio José Saramago (2005) e o Prémio LER/Millennium BCP (2004), com o romance Jerusalém (Caminho); o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores «Camilo Castelo Branco» (2007) com Água, Cão, Cavalo, Cabeça (Caminho). Recebeu, ainda, diversos prémios internacionais.
امرأة مقطوعة الرأس تبحث عن أولادها في متاهة. هناك امرأة صهباء يفترض برجال الشرطة قطع يدها. رجل له نظر حسد حارقة، ما يجعل الطرقات تخلو أثناء مروره. هناك حديث عن ثورة وعن اختراع الطيران وعن آلات غامضة أخرى.
هي السيريالية إذن بأبهى صورها. بإمكانك إسقاط رموزها وشخوصها على ما ومن تريد، وبمقدورك أيضاً الإبحار في الخيالات والخوض في الأوهام الغريبة. هو صنف أدبي ليس للجميع ولا يُقرأ في كل وقت.
Gonçalo M. Tavares depois de me surpreender com " Os velhos também querem viver " volta a deliciar-nos com outra obra de se ler sem se rir. Todas as personagens e as suas peripécias estão cobertas de humor. Seja a Mulher Sem Cabeça que não reconhece os filhos e mesmo sem ver quer ir ao cinema. Como o Homem do Mau Olhado que como "medusa" qualquer olhar que lança é sinal de mal agoiro. Tem também a personagem Ber-lim visto com um louco, e encontra-se dividido em dois. Nesta personagem existe a perda de identidade de uma nação quando dividiram Berlim em dois num Muro, e a perda da identidade desta personagem que parece não pertencer a lado nenhum. Encontramos referencias a mitologia greco- latina como é o caso do labirinto do Minotauro, nos filhos da Mulher Sem Cabeça e o canibalismo que podemos encontrar nas culturas antigas indígenas como na mitologia greco-latina. Ainda podemos observar um pouco de um mundos distópico através das experiências do Dr. Carcot que pretende tornar os ditos "loucos" em pessoas capazes de viver em sociedade.
Trata-se de uma obra envolvente em que o real e o imaginário se tornam num.
Estou realmente fascinada pela escrita do autor, quero ler toda a sua obra,. Depois de o ouvir numa conversa entre escritores,corri a adquirir a obra e realmente a forma como escreve é fenomenal. Aconselho mesmo. Esta mitologia foi uma agradável surpresa.
لم أفهم الرواية بصورة كاملة بسبب طابعها المفرط في السيريالية، لكن بعض مقاطعها كانت ممتعة وكذا تتالي الحكايات وخلق روابط بينها من العدم. أعتقد أنني في حاجة لقراءة ثانية- وربما ثالثة- في وقت لاحق
A mulher-sem-cabeça e o homem-do-mau-olhado é o mais recente livro de Gonçalo M. Tavares que, diga-se, é difícil de categorizar. Passado num tempo que não é quantificável, as várias histórias neste livro de mitologias passam-se todas em simultâneo, num universo onde não há passado, presente ou futuro. Apenas uma miscelânea de acontecimentos tão surreais quanto reais.
Pode dizer-se que Gonçalo M. Tavares faz uma justaposição perfeita entre o que é a realidade e o que não é. As treze narrativas que compõem o seu novo livro são de uma ingenuidade perfeita, com passagens tão belas quanto terríveis, o que resulta numa realidade quase infantil. Crianças que procuram a mãe, uma mãe que está presa na teia de aranha, um homem malfadado que deprime com o seu fado, a invenção do cinema por incapacidade de grandes feitos, as histórias alemã e russa, a revolução industrial. Vários eventos da História estão presentes nestas histórias, como se tivessem sido coladas com papel vegetal sobre os mitos criados pelo autor.
Dizem os conhecedores que os mitos são os contos de fadas que não têm resolução e que, por norma, acabam mal. N'A mulher-sem-cabeça e o homem-do-mau-olhado, o escritor resgata muitos dos elementos que compõem e descrevem os mitos a trá-los a uma nova luz: à luz do século XXI e a uma breve análise daqueles que foram os maiores acontecimentos dos últimos séculos. Encontramos, escondido, talvez Leonardo da Vinci e os filhos do último Czar, Lumière e o muro de Berlim. Mas mais. Encontramos uma voz que narra histórias sem tempo, sempre no presente, com personagens que não têm nomes próprios.
Poderá parecer que este livro das mitologias sem tempo será vago e confuso. Pelo contrário, caros leitores, este livro é digno de ser apreciado seja de que forma for: garantidamente, e independentemente dos segredos que consiga encontrar, A mulher-sem-cabeça e o homem-do-mau-olhado ler-se-á com uma enorme satisfação. E será uma leitura a repetir.
قال الكاتب ألبرتو مانغويل عن الكاتب جونسالو إم تفاريس: يعد واحدا من الكتاب الأكثر طموحاً فى هذا القرن فإن أعظم موهبة للروائى البرتغالى الشاب هى قدرته ككاتب على اختصار العالم لجزيئات ليعيد بناءها مجدداً كما لو كانت خلق خاص به.
اثناء قرائتي لتلك الرواية لم يسعني الا التفكير في لوحات سلفادور دالي السريالية التي لا تنتمي الا اي عالم الا عالما قد اختلقه هو رسمه لنا. تتقدم الأم وحيدة وبلا رأس.. تلك هي أول جملة من رواية صنعها كاتبها وملئها بالميثولوجيا الخاصة به ووضع بها بعض الاحداث التاريخية . ثورة قائدها شاب عمره عشرين عملاق طوله متران وثلاثون يعاقب من يرتجف وأم يبحث ابنائها عن رأسها المفقود وقطار مجنون من يركبه يفقد عقله وبصره وجيش يبحث عن خمسة اخوة هاربين وامرأة صهباء تصلح وجبة لعنكبوت أو لنعامة ومجنون ينطق اسمه على مقطعين ورجل حسود .. وصناعة السينما والطائرات وعصر الثورة الصناعة..
بالتأكيد ليست تلك بالرواية العادية ولا كاتبها بالروائي العادي سعيد بأني أول من قرأتها بالعربية..
"Um adulto trazido pela mulher, que o entregou ao Dr. Charcot - aos gritos e com saltos descontrolados e sem razão de ser - foi, poucos minutos depois, devolvido com uma calma que impressionou toda a multidão. Esse homem exaltado, a quem o Dr. Charcot fizera uma lobotomia retirando um fragmento do cérebro, um minúsculo fragmento do cérebro, estava agora tranquilo, apático talvez; no entanto, a esposa estava contente e, no regresso a casa, apresentava-o a todas as pessoas com quem se cruzava como se apresentasse um novo homem." Novas mitologias se desenham. Neste pequeno, mas precioso livro, surge revisitada alguma iconografia do último século: a revolução [as revoluções] das máquinas do mundo; as ditaduras; o canibalismo; os avanços da ciência. Eis a matéria.
ممكن اختصار تلك الرواية فى كونها رواية مجنونة مرعبة صادمة وعبثية، رواية سببت ليا صداع من كثر رمزيتها وسردها السريالي، أطفال يبحثون عن رأس أمهم المفقود، وقائد شاب عملاق يعاقب من يرتجف، وامرأة صهباء تعد وجبة العنكبوت، وقطار من يركبه يفقد صوابه، ورجل حسود يخشاه الناس.
هنا يكتب تارفيس شخصيات غريبة سيريالية بأحداث رمزية وغريبة بأبعاد سياسية اجتماعية ثقافية. أنها رواية لا تفهم كلياً من القراءة الأولى.
This is a brilliant book that left me hooked over the week. The imagery is very seductive with a strong hint of surrealism. It's however an organized surreal experience where there is a logical flow of events, making the story a brilliantly fun narrative to read. The pictures a vivid and at times unexpected, merging with a sometimes almost childlike dream world that clashes a logical cadence, where one can summon easily metaphors of a much too real reality. In this book, Gonçalo M. Tavares transports the reader to a surreal plane of existence, where we still manage to hang on into the mundane reality and wonder if what we are reading isn't a vision of an alternate state of the problems we face in our confusing world. The best way to describe this book for me is by picturing that while we usually read a body of literature, we have the chance to read a shadow of literary treasure. Brilliant.
الكتابه المختلفه لأجل الاختلاف وحسب !! روايه غارقه بالرمزيه والسيريالية لدرجه شعوري بأن كاتبها نفسه لايعي مايكتب ربما يكون العيب فيّ انا بحيث لم استوعبها على العموم ندمت فعلا على ضياع وقتي ومالي عليها
Difícil localizar A Mulher-Sem-Cabeça e o Homem-do-Mau-Olhado dentro de um movimento literário conhecido, mas suas digressões têm uma pegada teatral que lembram bem pouco um Suassuna e tem um quê do mágico e absurdo de José J. Veiga.
O livro é repleto de personagens mitológicos: uma mulher que teve a cabeça decepada e está a procura dos filhos, um homem com mau olhado que todos na cidade fogem da vista, uma mulher ruiva sem a mão e uma mão sem a mulher ruiva, uma revolução maluca, máquinas misteriosas e por aí vai...
A trama abstrata e estapafúrdia, conta a história de uma Revolução que atravessa a cidade de cima a baixo punindo as pessoas que tremem! Enquanto isso personagens fantásticos vivem em suas andanças fugindo, sobrevivendo e lidando com problemas e tramas próprios.
Apesar do absurdo, é inevitável que busquemos, nós os leitores, significado e algum sentido na obra: seria a Revolução uma alusão explícita à Rússia, uma vez que as próprias crianças Romanov são citadas? A Revolução (assim como no mundo real) bate cabeça a procura algum inimigo aparente, condenando a tudo e a todos, enquanto alguns precisam canibalizar seus iguais para sobreviver. Ao mesmo tempo o desenvolvimento científico segue seu próprio rumo sem objetivo específico e sem reconhecer o elemento humano da cidade.
De interpretação subjetiva, acaba sendo um livro divertido e despretensioso, uma espécie de alegoria folclórica dos séculos recentes, e quando você menos percebe não parece ser nenhum pouco absurdo ou irreal assim!!!
Parece que é um livro entremeado de conceitos profundos e acontecimentos históricos, todavia muitas vezes ambos ocultos. Tudo é denso. É difícil entender o que veio primeiro e o que se revelou no processo. É um livro incrível e humano. Mitológico. Com muito do que a palavra humano pode significar. Leia! É um livro cheio de segredos.
ثاني عمل أقرأه لجونسالو إم تافاريس ، وفيه يبرهن تافاريس من خلال هذا العمل أنه كاتب " مختلف " ! شخصيات سيريالية غريبة جمعها في رواية مغرقة في الرمزية والروابط المتشابكة حد الجنون.
“Foi assim, diz-se, que Ber-lim perdeu a razão.” (p.104)
“Ber-lim era um homem normal quando entrou na estação de partida e quando se sentou no seu lugar obedecendo ao bilhete que trazia nas mãos. Mas agora aquele homem já não é normal, o seu olhar modificou-se, algo se partiu em dois, como se a meio da viagem a Velocidade houvesse atingido tal intensidade que tivesse atirado a parte esquerda de Berlim para um lado e a parte direita para outro. Berlim estava agora louco, era já - quando pôs o primeiro pé na estação - o louco Ber-lim. Como se até o seu próprio nome se tivesse partido em dois, com o excesso de Velocidade.” (p.105)
Uma prosa lindíssima que joga com as palavras como se faz na poesia.
A narrativa ficcional e intemporal da mitologia cruza-se com acontecimentos históricos, do século XX, por exemplo. Ber-lim, o homem que se partiu em dois pelo excesso de Velocidade, é a minha personagem preferida destas Mitologias de Gonçalo M. Tavares.
Na página 144 do livro lê-se uma passagem de Walter Benjamim em tom de epílogo:
“Todas as manhãs somos informados sobre o que que de novo acontece à superfície da Terra. E no entanto somos cada vez mais pobres de histórias de espanto. Isso deve-se ao facto de nenhum acontecimento chegar até nós sem estar já impregnado de uma série de explicações.”
"É a Revolução, diz alguém. O chefe é o mais alto dos homens e proclama: «Quem tremer é culpado.»"
"Para escapar à Revolução, alguns homens decidem construir uma máquina que possa voar. (...) No solo há a Revolução e os homens não param com as suas tentativas para sair dali. (...) Escolhem o Surdo-Mudo para a primeira tentativa. Lançam o engenho do alto de setecentos metros. (...) O engenho cai, o Surdo-Mudo morre. Ninguém ouve nada senão o barulho de um engenho rudimentar a espatifar-se no chão. Sem o grito humano a Revolução não escuta. Só um pedido de socorro chamaria a maldade para ali."
"No fundo do poço há um tesouro. Todos acreditam nisso. Há um mapa. Escavam. Primeiro, uma equipa. Depois outra. Várias camadas, vários túneis e, por vezes, a escavação desce na direcção errada, e a água vem. Os homens fogem para escapar da água que sobe. Ninguém encontra o tesouro. Mais tarde, escavam outro poço a cem metros do primeiro. Continuam certos de que encontrarão o tesouro. Muitas tentativas, ninguém encontra nada."
"O Muro é da altura de um homem de um metro e oitenta, enforcado, cujos pés balançam quatro metros acima do solo. Era esta a medida, a referência. E é também a partir desta medida de referência que se construiu a enorme torre onde se reza. E as Duas-Torres-de-Babel. E o próprio Poço. Cava-se como se constrói em altura: é necessária uma medida de referência."
"A segunda sessão de Cinema mostra imagens das primeiras tentativas de construir máquinas que voem. Um homem que voava pedalando. Os espectadores levantam-se, não acreditam no que vêem. Estas imagens são falsas, dizem. Ninguém acredita no Cinema."
"Um homem. Um homem que tem algumas dificuldades na fala diz: Ber-lim; assim mesmo, separado: Ber-lim. Um louco."
"Um dos loucos, Ber-lim, precisamente, faz um chapéu para o sol com o mapa da cidade. E assim anda pelas ruas, com o mapa da cidade sobre a cabeça dobrado em forma de chapéu."
"Querem que ele olhe para o seu chapéu e que diga por onde eles podem avançar? Ber-lim não entende nada, mas diz: - Por aqui. Não tem qualquer orientação espacial. Deixa-se guiar pelo ruído de motores que vêm do céu. Máquinas lá em cima. Máquinas que levitam. Que estranho!"
"Aí vem o Comboio. Divide a cidade a meio."
"O Cego entra no tribunal para agradecer aos juízes. Mostra os seus três filhos. Três belos filhos. No meio das brincadeiras, os filhos olham para os juízes. Os juízes, esses, tremem: tremem muito, tremem demasiado."
Heel bijzonder boek. Een Vrouw-Zonder-Hoofd wordt gezocht door haar kinderen, de Man-met-het-Boze-Oog zaait onheil. Er is een revolutie, geleid door de Langste-Man, er zijn de Vijf-Kinderen met de namen van de kinderen van de laatste tsaar. De Roodharige-Vrouw is gevangen in een spinneweb, maar voor de Spin haar bereikt, eet de Struisvogel haar hoofd leeg. De gebeurtenissen zijn zonneklaar, maar wat ze betekenen? Op de flap staat 'Gonçalo M. Tavares verplaatst het menselijke en de geschiedenis naar een mythologische dimensie, die verdraait om beter te kunnen tonen'. Maar wat wordt hier dan getoond? De gruwelijkheden die mensen elkaar aandoen? Het boek sluit af met een citaat van Walter Benjamin: 'Elke ochtend worden we geïnformeerd over wat er is gebeurd op het aardoppervlak. En toch hebben we steeds minder horrorverhalen (historias de espanto). Dat komt door het feit dat geen enkele gebeurtenis meer tot ons komt zonder al voorzien te zijn van een serie verklaringen.' Verklaringen worden hier inderdaad niet gegeven. Maar misschien heeft dat ook tot gevolg dat de gruwelijkheden soms gratuit aandoen en niet echt blijven hangen? Ik ben toch wel benieuwd naar de volgende delen in deze serie.
"Os vários homens andam por ali, fascinados, afinal, com o funcionamento das máquinas. Pois, sim, quem se lembra já das crianças?" (página 98)
A minha estreia nos livros de Gonçalo M. Tavares foi coroada de alegria, e não sei bem porquê. Talvez haja alguma explicação.
"A Mulher-Sem-Cabeça e o Homem-do-Mau-Olhado" é um livro estranho - com tudo o que o termo tem de positivo. O, digamos, enredo é extremamente criativo, ao fundir numa só narrativa vários períodos da História, acontecimentos reais e fantasia, o próprio passar do tempo. A prosa é singela, mas as palavras são usadas com precisão cirúrgica e humor subtil e requintado.
Acredito firmemente que não absorvi tudo o que este livro tem para dar, que me poderão ter escapado algumas alegorias - e acho deliciosa a ideia de que simplesmente o autor possa nem ter tido nenhuma intenção alinhada com o traçar retratos do que é isto de ser humano, e esteja eu a atribuir um simbolismo excessivo ao livro... o certo é que estou rendido!
A velocidade nubla-nos a vista. E precisamos de outras lentes, tempo e mitos para digerir e entender a História. Desconheço se é essa a intenção de Gonçalo M. Tavares neste livro, o primeiro da série Mitologias. Mas essa é a minha interpretação/absorção. Há um misto de fábula, com criaturas mágicas e surreais, como as que dão título ao livro, e revisitação de momentos históricos, particularmente do século XX, como a Revolução Russa e o Muro de Berlim. Tudo é contado de forma simples, com uma linguagem próxima e precisa, como se se recuperasse uma tradição ancestral de contar histórias à volta da fogueira. São capítulos brevíssimos, que embalam e hipnotizam. Gonçalo M. Tavares tem um estilo muito próprio, difícil de classificar, mas muito cativante. Debaixo de uma aparente ingenuidade, esconde um profundo conhecimento da História e das histórias. E a sua leitura, leve, deixa uma marca, um peso agradável que vai crescendo e que nos acompanha dias e dias.
Frases sublinhadas para emoldurar:
“Acenar, apesar de tudo, ainda requer a solidez de muitos órgãos, de vários músculos — ninguém gravemente doente sobe a um poste e acena para o outro lado do Muro.”
“Pensavam que bastava correr sempre em frente para se afastarem daquela casa de horrores que era o manicómio, mas não. Naquelas circunstâncias, quem ia sempre em frente arriscava-se a terminar no mesmo sítio.”
“(…) há coisas que não se vêem porque estão longe, há outras que não se entendem porque passam demasiado rápido. O comboio devia abrandar, dizem.”
Neste livro, o primeiro de Mitologias, Gonçalo M. Tavares resgata alguns mitos (a primeira história decorre num labirinto) e apresenta-nos várias personagens fantásticas e por vezes absurdas que não são identificadas por nomes, mas por características muito próprias (Ber-lim; A mulher-ruiva; O Filho-mais-velho, entre outros). É desta forma peculiar e surreal que o autor vai descrevendo a natureza humana, por vezes cruel e perversa. A escrita linear e a narração rápida da ação (sem longas explicações) parecem facilitar a leitura. Mas trata-se de uma falsa aparência, isto é, a primeira leitura não satisfaz o leitor, obriga-o a recuar, a reler, a questionar-se se entendeu a mensagem, se não há possibilidades de outras leituras, de outras interpretações. E é este exercício que muito me agrada nos livros deste autor.
Um livro cheio de alegorias e contado em tom quase de fábula, ou melhor, de várias efabulações. Inicialmente as histórias parecem não ter grande ligação, mas aos poucos vamos notando pontos em comum. Personagens apresentadas de formas diferentes que parecem ser as mesmas, mas em tempos distintos e com situações de vida diferentes. Foram muitas as vezes que parei para refletir sobre as frases, sobre cada um dos pequenos capítulos, tentando interligar a narrativa, as personagens e as mensagens mais ou menos óbvias que algumas contavam. Um livro fascinante, que se lê num instante, mas que nos deixa a pensar, ou melhor, que nos faz parar muitas vezes para refletir. Ainda assim, fica a dúvida e a confusão sobre quem é quem. Talvez uma segunda leitura ajude a dispersar as dúvidas.
Un libro que fascina por su singularidad. Al princípio la história me pareció loca, después completamente sin sentido; más tarde, comencé a apreciar el estilo de Gonçalo M. Tavares. Un cuentista natural con una imaginación sangrienta y variada. Este es un libro histórico, satírico y bien escrito. Con personajes inventadas de la realidad. Aprendí muchísimo sobre la história insólita y descabellada de la humanidad. En el fondo, somos todos parte de esta mitología. Vale la pena leerlo.
Mais um livro do Gonçalo que me fez parar, pensar e "despensar". Refletir sobre uma mitologia às avesas, de certa forma incoerente, mas que se propõe a busca da ideia original dos seres mitológicos na cultura humana. Gostei desse primeiro, de cinco, livros que o autor esta a empreender esta saga. O autor me chama atenção há tempos. Gosto do seu formato rápido, lúdico e objectivo de escrita. Vida longa Gonçalo, tem cá um fã.
Se você tem acesso a qualquer livro do Gonçalo Tavares, pare tudo o que está fazendo e leia-o. Sério. Não sei qual é a bruxaria que ele faz - na verdade, sei. A mágica de escrever repensando os limites da linguagem, da narrativa, do absurdo.
Esse é o primeiro livro de uma série dele chamada Mitologias. O nome engana, pois não encontraremos a mitologia tradicional, e sim muitas e todas misturadas. É isso o que torna esse livro fascinante. Um meio caminho entre o fantástico e o absurdo.
Este romance se envereda pela construção de uma mitologia moderna onde, comumente, as ações inexplicáveis como por exemplo, uma mulher sem cabeça que ainda pode ver e conversar com seus 3 filhos, aparecem em várias histórias. Deve-se tomar esta experiência como uma grande aventura inesperada e inusitada. A narrativa do autor natural de Angola, com inúmeros prêmios internacionais. traz uma escrita linear e não-linear, um pouco de humor, tristeza e muita fantasia.
امرأة بلا رأس وأولادها ورجل حسود ومن ثم الرجل الأطول والحرب والثورة والجيش والمرأة الصهباء والآلآت والميكانيكي وغيرها وغيرها من مفردات يتلاعب بها جونسالو تافريس يحاول ان يضعنا عبر رمزيته المغرقة جدا في الرمز أمام تاريخ طويل من المثيرات والاحداث في ابعادها السياسية والاجتماعية والثقافية والعلمية ولكن بنص مكثف جدا يصعب تفكيك المعنى منه لدرجة كثافته اللغوية
كتاب مثير وخاص، يتدحرج القارئ في الكتاب خلف الاخداث تتنازعه الرغبة لمعرفةما وراء الرمز، أو لبناء رؤية شاملة... لكن الكتاب الرواية لا يكشف نفسه إلا في الحملة الأخيرة المستعارة من والتر بنيامين شكرا للمترجم ولدار النشر على اختيارهم وعلى ترجمة الكتاب الفريد دا
الكتاب جيد، استمتعت ببعض أجزاء الكتاب و شعرت بالملل و ولم افهم من بعض آخر ، قد تكون بسبب قلة خبرتي في الكتب السيريالية و لانه ليس نوع الكتب الذي أقرأه غالبا ولكن أشعر بإن الكاتب بالغ بهذا الأسلوب مما اضاع طريقي للوصول للمعنى وراء القصص المكتوبة