Jump to ratings and reviews
Rate this book

Minha Senhora de Mim

Rate this book
Minha Senhora de Mim, o nono livro de poesia de Maria Teresa Horta, foi editado em Abril de 1971 pela Dom Quixote, na coleção «Cadernos de Poesia».
Em 3 de Junho seguinte, a editora foi objecto de um auto de busca e apreensão da obra por parte da PIDE/DGS, operação que foi extensiva a todas as livrarias do país.
A proprietária da editora, Snu Abecassis, foi advertida por César Moreira Baptista, subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, então ocupada por Marcello Caetano, de que a Dom Quixote seria encerrada caso voltasse a publicar qualquer obra de Maria Teresa Horta.

96 pages, Paperback

First published April 1, 1971

10 people are currently reading
460 people want to read

About the author

Maria Teresa Horta

73 books145 followers
Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros was a Portuguese feminist poet, journalist and activist. She is one of the authors of the book Novas Cartas Portuguesas (New Portuguese Letters), together with Maria Isabel Barreno and Maria Velho da Costa. The authors, known as the "Three Marias," were arrested, jailed and prosecuted under Portuguese censorship laws in 1972, during the last years of the Estado Novo dictatorship. The book and their trial inspired protests in Portugal and attracted international attention from European and American women's liberation groups in the years leading up to the Carnation Revolution.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
118 (43%)
4 stars
114 (42%)
3 stars
29 (10%)
2 stars
7 (2%)
1 star
3 (1%)
Displaying 1 - 30 of 41 reviews
Profile Image for Sónia Santos.
182 reviews32 followers
March 15, 2023
Com recurso ao lirismo e à forma das cantigas de amigo, a autora, através de uma linguagem forte e dominante, impõe e reclama todos seus desejos femininos, incluindo os sexuais.

É pois, compreensível que a sociedade preconceituosa e patriarcal, como a portuguesa de 1971, tenha tido necessidade de censurar a voz corajosa e inteligente de Maria Teresa Horta.

SEGREDO

Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça

nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa

Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço

Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar

nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
Profile Image for Paulo Hora.
42 reviews12 followers
October 23, 2015
Este livro queima por dentro.

Saiu há pouco tempo a reedição pela D. Quixote desta obra que tinha sido apreendida pela PIDE quando foi lançada em 1971.

Aconselho vivamente a leitura desta poesia fulminante.

Poema sobre o Ciúme

Que dizer do ciúme
se não faca

se não fome ou fogo
ou ferro aceso

Que dizer do ciúme
se não lava

se não fenda ou febre
do teu ventre

Que dizer do ciúme
que eu não abra
ou procure em ti raivosamente.
Profile Image for Paula Mota.
1,668 reviews567 followers
December 9, 2025
3,5*

ROSA
Desenha no meu ventre
a rosa
com o teu esperma

Ó meu amor!

Como a tua boca
é doce
no cimo das minhas pernas


Basta esta amostra para perceber por que razão “Minha Senhora de Mim”, um livro onde o desejo feminino é explícito e incontrito, foi apreendido pela PIDE/DGS assim que foi publicado, em 1971.

INFORMAÇÃO
Excelentíssimo Senhor
Encarregado superiormente da apreensão de 113 exemplares da obra “Minha Mulher Minha” [sic] da autoria de Maria Teresa Horta, na livraria “Antecipação”, cumpre-me informar V. Exa. que somente foram apreendidos dois exemplares, em virtude de 75 dos quais haverem sido devolvidos à editora e vendido os restantes 36.
Setúbal, Posto de Vigilância da DGS, 15 de Junho de 1971
O Agente de 2ª. classe
José Cláudio da Conceição Foz


Apreciei este livro pela ousadia e como marco histórico do feminismo português, mas sendo o terceiro de poesia que leio da autora, percebo que é um lirismo que não me instiga nem emociona.

ABRIGO
Abrigo-me de ti
de mim não sei
há dias em que fujo
e que me evado

há horas em que a raiva
não sequei
nem a inveja rasguei
ou a desfaço

Há dias em que nego
e outros onde nasço

há dias só de fogo
e outros tão rasgados

Aqueles onde habito com tantos
dias vagos
Profile Image for Ana Rita Silva.
266 reviews27 followers
December 26, 2024
com maria teresa horta redescobri o amor pela poesia.

espero ser um dia tão «senhora de mim» como ela.

«estou ferida
de não te ser
na raiva de te querer tanto»
Profile Image for Margaret.
787 reviews15 followers
August 7, 2015
Na época das “50 Sombras de Grey” é incrível imaginar que um livro de poesia, tão subtil e belo na sua evocação da paixão feminina, possa ter sido censurado, queimado e a sua autora espancada na via pública. “Minha Senhora de Mim” foi publicado nos inícios dos anos 70 e, numa sociedade patriarcal e machista, abanou muitas mentalidades.

Mas, ainda bem que tivemos mulheres corajosas para romper com o politicamente correto! Mais de 40 anos depois, a poesia de Maria Teresa Horta continua atual nos sentimentos que transmite. Lê-se num instante e sabe muito bem!

Profile Image for João Mendes.
290 reviews18 followers
February 7, 2025
Minha saudade
Corpo de beber

Meu corpo - vidro
Tão desenganado

À transparência só sei
De sofrer
Planta que trato
Com tanto cuidado

Minha saudade
Minha anca breve

Na cama certa
Tão anoitecida

Desperta a causa
E desperta a língua
A procurar o meu prazer
Na ferida
Profile Image for Inês Honório.
110 reviews8 followers
June 10, 2025
Que ato de coragem foi escrever estes poemas em 1971! Assume-se o erotismo e o desejo feminino em plena ditadura, afrontando-se o ideal feminino de então.
Profile Image for margarida anjos.
134 reviews7 followers
August 17, 2025
Este meu dizer e desdizer
de nunca te prender
mas não esquecer que o faço


Maria Teresa Horta. Sempre do outro mundo.
Profile Image for Filipa Salgueiro.
83 reviews2 followers
Read
January 16, 2025
A poesia febril de Maria Teresa Horta não deixa ninguém indiferente. Adoro toda a energia feminina, a magia de mostrar os seus desejos mais íntimos e secretos com as palavras certas e a capacidade que tem de deixar alguns versos a ecoar em nós. Como se as suas palavras quisessem também ocupar um lugar nas minhas emoções.
Profile Image for Simon Goldenson.
46 reviews3 followers
August 29, 2022
Poesia doce, simples e linda, lembra me da poesia das cantigas de amigo da idade media. Recomendável.
Profile Image for Ana Marinho.
602 reviews31 followers
August 23, 2024
Todos os seus poemas são como seiva. Maria Teresa Horta é mestre da poesia. Que delícia ler as suas palavras.
848 reviews
June 29, 2021
Reli este livro que foi uma pedra no charco quando foi publicado, e que esteve também na origem das Novas Cartas Portuguesas. O desejo e o amor são os protagonistas numa poesia delicada mas destemida e que ainda hoje assusta muita gente. Ler e reler é um prazer, mais do que um dever.
Profile Image for Isabel Lobo.
87 reviews63 followers
May 1, 2024
Especial, pela pessoa que mo ofereceu ter a sensibilidade de me entender enquanto mulher e feminista e ter olhado para este livro e me ter visto nele. E tinha razão. E Maria Teresa Horta, que mulherão. Que algum dia seja igualmente dona de mim própria.

POST-SCRIPTUM
“Afasto de ti com
raiva surda

o corpo
as mãos
o pensamento

e apago secreta
uma a uma
as velas acesas do teu ventre

(…)
Se penso que me escondo
já me ofereço

Se penso que não sinto
é porque minto

Se penso que me olhas
já estremeço”





Profile Image for Maria Inês Serrazina.
48 reviews5 followers
May 16, 2025
Foi uma boa surpresa, com poemas simples e próximos e com um lirismo curioso, que lembra Natália Correia mas com uma construção mais simples.

Fala de amor, bem mais do que contava, de uma forma próxima e descomplicada e relacionável.

Talvez pela simplicidade não consegui que me movesse totalmente quando os temas não era facilmente relacionáveis. Pareceu-me um livro de poesia que ou fala ao coração ou pouco fala. Talvez me falte alguma sensibilidade para o entender na totalidade.
Profile Image for rafa.
40 reviews
July 28, 2025
que honra poder ler este livro imediatamente a seguir à biografia. que bom estar perto do que sempre me acompanhou e aconchegou, poesia.
há muito tempo que não sentia poesia desta forma. só me arrependo de não ter conhecido Maria Teresa Horta mais cedo.
mal posso esperar para ler mais. é estranho sentir e pensar que, com este livro, me senti mais perto de mim do que alguma vez estive.
:)
Profile Image for Joaquim Margarido.
299 reviews39 followers
December 28, 2024
Nono livro de poesia de Maria Teresa Horta, “Minha Senhora de Mim” foi editado em Abril de 1971 pela Dom Quixote, na colecção “Cadernos de Poesia”. A 3 de Junho desse mesmo ano, a editora foi objecto de um auto de busca e apreensão da obra por parte da PIDE, operação que se estendeu a todas as livrarias do país. A proprietária da editora, Snu Abecassis, foi advertida por César Moreira Baptista, subsecretário de Estado da Presidência do Conselho, então ocupada por Marcello Caetano, de que a Dom Quixote seria encerrada caso voltasse a publicar qualquer obra da autora. Acusada de atentar contra “a moral tradicional da Nação”, Maria Teresa Horta foi perseguida e chegou a ser interceptada por três homens que a espancaram na rua. Se trago para primeiro plano as vicissitudes por que passou “Minha Senhora de Mim” e a sua autora, é porque importa, ao pegarmos neste pequeno livro de capa vermelha, lembrarmos que a luta contra a ditadura se fez muito da palavra escrita e que, “por seu livre pensamento”, foram inúmeros aqueles que sofreram com a censura, tiveram as suas carreiras interrompidas, as suas vidas suspensas e foram alvo das mais variadas medidas intimidatórias, vexatórias e repressivas.

Conjunto de 59 poemas, “Minha Senhora de Mim” traz consigo, no próprio título, a expressão da liberdade e autonomia da mulher nas relações de género, face à moral e às convenções vigentes. “Trago para fora / o que é secreto / vantagem de saudade / o que é segredo”, lê-se em “Regresso”, poema de abertura do livro, sendo clara a intenção de romper barreiras e quebrar tabus, rejeitando o lugar secundário que a sociedade reservava à mulher e o papel passivo que dela se esperava. Aqui, dar prazer é poder recebê-lo, tal como aceitar a submissão implica poder submeter. As vias são de “dois sentidos”, postulado sobre o qual devem assentar os princípios universais da igualdade entre homens e mulheres. É um livro feminista na verdadeira acepção da palavra - como não podia deixar de ser face à condição da autora, lutadora de uma vida pelos direitos das mulheres -, que assume com frontalidade e verdade o seu caracter, falando de dentro para fora com a certeza de quem sabe o que quer e a força de quem domina o que sente.

“Senhora de meu / silêncio / com tantos quartos fechados”. Centrados na mulher, os poemas despem-se de preconceitos e falam do corpo como fonte de desejo, sensualidade, erotismo e sexo. Libertar do silêncio palavras como “espasmo” ou “esperma”, ou exprimir as coxas entreabertas “no início dos teus beijos” ou “a raiva do punhal que enterras / no sol pastoso / do meu ventre” é afastar a mulher dos estereótipos que se lhe associam, é libertá-la da sua condição de inferioridade face a convenções racionais, morais e sociais, castradoras da manifestação do ser humano num contexto em que o corpo e o desejo foram alvo de uma censura que se prolongou muito para lá do dia inicial inteiro e limpo. Mas Maria Teresa Horta não se limita, de forma poética, a trazer para um plano primordial a sexualidade da mulher, antes fá-lo de forma imperativa, a mulher como ser activo que se arroga o direito de comandar a relação e indicar aquilo que o homem deve fazer no sentido de lhe agradar, ao mesmo tempo que toma a iniciativa e diz como agradar ao homem. Sexo e prazer são aqui faces de uma mesma moeda, prontos a abespinhar e enfurecer aqueles que vêm nele o acto de procriar e um pilar da relação de poder do homem sobre a mulher.
Profile Image for R.B..
Author 1 book6 followers
April 18, 2022
Não foi de forma fácil que consegui entrar na leitura desta obra. Inserida na colecção "Censura no Feminino" e com um auto de apreensão da PIDE como prefácio, a expectativa era a de se estar a pegar em algo perigoso, algo com um grau de transgressão tal que saltaria ao olhos. Só que não é assim. O sentimento que fui tendo ao longo de toda a primeira parte não é um sentimento de transgressão.

Falei acima das expectativas e é justo que reflicta um pouco sobre como elas podem ter toldado a forma como entrei na obra. É que à primeira parte falta quer a energia desaforante de um O vinho e a lira, quer o erotismo explícito de Decadência: Poemas. O que perpassa toda a primeira parte deste Nossa Senhora de Mim é um tom de lamentação e comiseração. Há uma mulher que sofre e que se agarra a sim mesma, aos seus desejos insatisfeitos, às suas vontades silenciadas, às suas agruras, e tudo isso num tom de ladaínha religiosa chorada. E é quando finalmente reflito sobre o que li que a transgressão vem à superfície. Ela afinal sempre esteve lá, eu é que não a (vi)via!

No Portugal Marcelista aparece aqui, no fundo, uma Mulher que não procura em Fátima e na Mãe do Céu o seu consolo e o seu exemplo de entrega e aceitação. É uma mulher que reza a si mesma. Não é a ajuda Divina que esta Mulher quer, é a superação própria para se assumir como Pessoa. É as suas forças que ela procura desenterrar.

Quando me embrenho na segunda parte da obra, o tom de lamentação vai progressivamente desaparecendo. Sou agora confrontado com uma Mulher que se lamenta menos e começa a exteriorizar as suas vontades. De uma forma simbólica, o eu poético começa a verbalizar as suas paixões amorosas, mas sem dar a ideia de ser sobre as suas paixões que fala. Há algo mais que se sente ali, e a breves espaços sente-se um erotismo latente em que a Mulher tem um papel activo, porque tem vontades e não é apenas uma boneca nas mãos do seu objecto de paixão.

Chegado ao culminar da obra, na parte terceira, é agora a Mulher emancipada quem assume o eu poético. Plenamente realizada, uma sombra da mulher da Primeira Parte, já não tem agora nada de pessoa passiva que pouco mais pode fazer do que lamentar-se e rezar, mas é um ser de desejos, com agência, que procura e que recusa. A Mulher Emancipada, a desta terceira parte, é por si só motivo para a PIDE apreender todos os exemplares da obra. Não só pelas ideias, mas pela linguagem com que o faz, por muito simbólicos que sejam os alfanges e as flores onde eles se espetam! E foi chegado ao fim desta última parte mais ousada que voltei ao início para reler a obra.

Foi com essa segunda leitura que algumas das relações saltaram à vista. Porque eu quisesse fazê-las? Porque só então as minhas preconcepções sobre a obra haviam sido eliminadas? Ou faltou-me na primeira leitura um ser Mulher?
Profile Image for Carla Luis.
172 reviews2 followers
April 28, 2024
Um livro extraordinariamente bonito, feminino e feminista.
Uma escrita simples, bonita, elegante e poderosa.
Descoberto graças às Bibliotecas de Lisboa, que o tinham no destaque dos livros censurados.
Um excelente livro para celebrar Abril!
Profile Image for Afonso Pereira.
19 reviews
July 29, 2024
Foi o segundo livro que li de Maria Teresa Horta, o primeiro apenas dela.
Maria Teresa Horta emociona, provoca e incita. A sua poesia é de uma ternura enorme, de uma sensualidade sublime, de uma solidão aterradora e de uma coragem arrepiante.
Maravilhosa.
Profile Image for Graciosa Reis.
539 reviews52 followers
February 9, 2025
𝑴𝒊𝒏𝒉𝒂 𝑺𝒆𝒏𝒉𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝑴𝒊𝒎 é um livro maravilhoso. MTH constrói uma poética íntima e erótica, com identidade própria, muito feminista, negando a subordinação e opressão impostas às mulheres da época, em Portugal. Em 1971, foi editado e, de imediato, censurado sob o regime conservador e patriarcal do Estado Novo.

Nos 59 poemas que compõem o livro, verifica-se uma forte piscadela de olho à poesia trovadoresca. Quero acreditar que o fez como desafio e provocação, já que este tipo de composições era estritamente assinado por homens. Desta forma, MTH reivindica uma escrita muito própria que dá voz à mulher como autora. Este aspecto também sobressai no título. O recurso aos possessivos “minha” e “mim” não deixam dúvidas de que o discurso será na primeira pessoa.
No poema inicial “Regresso” , colocado em jeito de preâmbulo, a autora confirma o título e dá o mote ao conteúdo do seu livro, ou seja, que é de si que vai falar e que vai expor “ o que é secreto”.
“Regresso para mim
e de mim falo
e desdigo de mim
em reencontro
(…)
Trago para fora
o que é secreto
vantagem de saudade
o que é segredo
(…)

Assim, o sujeito poético vai revelar-se nas memórias do “eu”, na descoberta do seu corpo como desejo próprio e desejo do outro, na descoberta do prazer, no apelo do amante, no deleite amoroso. Cito “O Meu Desejo”(p. 82) como exemplo.
“Afaga devagar as minhas
pernas
Entreabre devagar os meus
joelhos
Morde devagar o que é
negado
Bebe devagar o meu
desejo”

MTH ao escrever abertamente sobre o seu corpo e sobre o corpo do homem objecto de desejo, transgride os cânones da literatura e ultraja a moral dos puritanos. Ora, no nosso país era inaceitável que uma mulher escrevesse “tais vergonhas” pelo que MTH foi violentamente agredida na rua e o seu livro foi retirado de circulação.

Claro que MTH sempre usou um discurso transgressor, mas esta obra marca uma viragem pela ousadia de escrever sobre o desejo feminino, atribuindo o papel central à mulher numa inversão do pré-estabelecido na sociedade e literatura portuguesas.

Para concluir, resta-me referir que, apesar de já ter lido alguns livros de MTH, descobri este aquando da leitura da biografia - 𝑨 𝑫𝒆𝒔𝒐𝒃𝒆𝒅𝒊𝒆𝒏𝒕𝒆- de autoria de Patrícia Reis.
Profile Image for cat.
47 reviews
June 25, 2025
“Minha Senhora de Mim” parece ter sido escrito por uma necessidade absolutamente febril e desesperada - da melhor forma possível - da autora para traduzir em palavras tudo aquilo que sentia com e no seu corpo. A ideia de um livro de poesia escrito por uma mulher, publicado pré-25 de abril em Portugal, que tem como uma das temáticas principais sexo, erotismo e amor, parecia-me muito interessante. Não acho que o livro me tenha surpreendido imenso - o que não é uma coisa má porque comprova o que devia ser óbvio para muitos, a mulher não sente nem vê sexo de uma forma assim tão diferente da do homem, sentindo desejo de igual forma -, mas foi uma leitura muito interessante. Gostei muito da honestidade e simplicidade dos poemas que o compõem, e fiquei verdadeiramente arrebatada com dois ou três - de destacar o último do livro, que foi provavelmente aquele de que gostei mais!
Recomendo muito!!!

3,75/5 ⭐
Profile Image for Andreia Morais.
449 reviews33 followers
Read
April 7, 2025
O próprio título desta obra espelha liberdade, autonomia e uma certa provocação. E, quando avançamos na leitura, sinto que acompanhamos uma mulher a florescer, a mostrar a sua vulnerabilidade sem culpas, a explorar lamentos, desprendimentos e uma identidade que renasce à medida que se vai conhecendo. Além disso, coloca um foco nos desejos da mulher, principalmente nos desejos sexuais, porque também eles fazem parte da nossa existência. Embora não me tenha relacionado com as três partes da mesma forma, o que mais gostei no livro foi este crescimento, foi perceber que os versos tinham cada vez menos filtro e cada vez mais vontade de impor a sua voz.

Opinião completa aqui: https://andreiapmorais.blogspot.com/2...
Profile Image for Joana Belchior.
8 reviews
July 3, 2025
Que ato de coragem ter escrito e publicado estes poemas em plena ditadura e sociedade machista. Minha Senhora de Mim, foi editado em abril de 1971, pela Dom Quixote. No ano seguinte, a editora foi objecto de um auto de busca e apreensão da obra por parte da PIDE. A proprietária da editora, foi advertida, de que a Dom Quixote seria encerrada caso voltasse a publicar qualquer obra de Maria Teresa Horta.

Minha senhora de mim

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

sem ser dor ou ser cansaço
nem o corpo que disfarço

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

nunca dizendo comigo
o amigo nos meus braços

Comigo me desavim
minha senhora
de mim

recusando o que é desfeito
no interior do meu peito
Profile Image for Clara.
25 reviews7 followers
June 15, 2025
Este livro prova que a simplicidade pode ser avassaladora. Com uma capacidade sintética enorme, com recurso às cantigas de amigo, aos jogos fonéticos e com resquícios de Florbela Espanca, Maria Teresa Horta vozeia, através da sua poesia, o que o universo feminino anseia poder dizer. Violentamente atual e obrigatório, Minha Senhora de Mim fala de forma sumária, mas profunda, do que é ser-se mulher e da sua relação com o outro e com o seu próprio corpo.
275 reviews3 followers
July 17, 2024
Poesia de uma autora nacional contemporânea.
Só isto devia dar motivação para lermos tudo da autora.
Poesia intima mas facilmente sentida por qualquer leitor sensível .
Poesia sensual mas com bom gosto.
Fiquei fã.
Profile Image for lucas.
15 reviews
March 10, 2025
"Há dias em que nego / e outros onde nasço" “Meu labor insano a descrever-te / (...) / país que tenho a sul de dizer-te / e bordar-te o perfil com palavras"

meu deus, que viagem em verso indescritível, esta mulher era mesmo qualquer coisa
Profile Image for Inês Lóio.
118 reviews5 followers
June 14, 2024
“Que voragem de dizer
que prazer que não invoco
de te pensar e morrer
de só te ter pouco a pouco”
232 reviews
July 3, 2024
Uau! Poesia que fala ao coração. Como é que ainda não tinha lido MTH?
Displaying 1 - 30 of 41 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.