Quem foram as primeiras vítimas mortais da democracia? Por que razão foram assassinados Padre Max, Rosinda Teixeira e Joaquim Ferreira Torres? Quem protegia e que segredos escondia a rede bombista de extrema-direita? Como enfrentou o cônsul dos EUA no Porto o PREC? O que relatam os diários do norueguês baleado no Verão Quente de 1975? Como é que a Igreja mobilizou e abençoou a luta contra o «comunismo»? O que sabia a PJ sobre o terrorismo político e tudo o que nunca chegou a julgamento? Com recurso a centenas de documentos, entrevistas e testemunhos inéditos, esta investigação jornalística traz à luz do dia histórias secretas ou esquecidas do pós-25 de Abril. Quando Portugal ardeu e esteve à beira da guerra civil.
MIGUEL CARVALHO nasceu em 1970, no Porto. É Grande Repórter da revista Visão desde dezembro de 1999. Em 1989, concluiu o Curso de Radiojornalismo do Centro de Formação de Jornalistas do Porto. Trabalhou ainda no Diário de Notícias e no semanário O Independente. Venceu o Prémio Orlando Gonçalves (Jornalismo), em 2008, e o Grande Prémio Gazeta, do Clube dos Jornalistas, em 2009.
A collection of stories by the people, in the period Post-25th April 1974. The tittle is tragic: "When Portugal got burnt..."; and way more tragic if you have a recent-memory span.
As the author writes: "Memory is (a) plural (thing)". Yet the memories of that period had been for decades in some way "controlled"; silenced. The book is about journalism, not about History. Some of the stories are foreigners testimonies.
Recomendo! Tem um par de capítulos que aborrecem mas é maioritariamente um livro muito interessante, bem escrito e de leitura fácil. Jornalismo em livro, com muitas entrevistas, momentos de riso incluídos. O autor começa por explicar que o período revolucionário foi branqueado a bem da paz do sistema. O autor quer impedir que se esqueça o que foi o período e a sua violência. Consegue-o em parte; o sub-título seria mais correcto se indicasse que seria tratada apenas a violência contra-revolução (de direita) e se manteria grosso modo o branqueamento da violência de extrema-esquerda, quer durante o PREC quer mesmo após o 25 de Novembro. Mesmo enviesado, vale bem a leitura!
O Bom: os jornalistas têm esta coisa de escrever livros que se lêem com grande facilidade, um livro muito bem escrito e que será provavelmente sempre uma obra incontornável sobre este período. (espero que historiadores ou pessoas com maior rigidez metodológica se debrucem sobre este assunto e sobre as pontas soltas que persistem)
O Mau: como cabeça de nabiça que sou relativamente a estes movimentos senti falta de uma sistematização dos factos apresentados, tanto cronologicamente, por organizações, wtv.
Este livro desmente muitas teorias e orquestrações dos últimos 50 anos. Mas elas continua bem vivas. Mostra que o julgamento por um tribunal militar não produziu justiça. A ordem partiu de Almeida Santos, que tinha a tutela da pasta da justiça. A operação de investigação da PJ competia com outra operação da PJ Militar sob a tutela dos serviços secretos militares, a DINFO, sob a tutela de Ramalho Eanes, a organização sabendo já de tudo pelas ligações informais que mantinha com o MDLP, e ELP por portas escusas, parece-me, na minha opinião que fez uma operação de contrainformação e branqueamento da verdade, depois da CIA decidir abandonar a operação que conduziu ao socialismo em democracia. Suponhamos!
Era do meu conhecimento uma parte dos acontecimentos, protagonistas e vítimas do terror branco, até porque vivi perto de um dos atentados que vitimou o Pe Max e a estudante Maria de Lourdes, e sempre vinha ao de cima a história do crime passional. Nenhum crime foi passional, nenhuma era um crime militar apesar de envolver armas e explosivos, todos eram crimes políticos, com ramificações de crime financeiro e trafico de várias ordens.
O jornalista Miguel Carvalho publicou em 2016 Quando Portugal Ardeu, 40 anos depois do norte do país e alguns pontos nevrálgicos onde se fomentou a reação terem ficado marcados pelo terrorismo de extrema-direita. Após ler os 18 capítulos que autopsiam os dias que Portugal ardeu, fica no fim da leitura do livro a consciência que se fez a justiça possível, e que se tivesse feito justiça a sério a Democracia em Portugal teria sido outra, e não teríamos nas nossas autarquias tipos como o Valentim Loureiro, com um currículo no MDLP, nos partidos do centro, e no Conselho da Revolução, futebol e corrupção.
Termino com um excerto retirado da página 487 no qual o Advogado Joao Taborda explica, "Para mim isto estava tudo harmonizado com o embaixador norte-americano Carlucci, o Mario Soares, o MDLP, o ELP e arquidiocese de Braga, ... A Igreja sempre teve uma influência brutal. Os padres nunca disseram uma palavra sobre o bombismo. E isso era o verdadeiro substrato das atividades sintetiza, salvaguardando apenas uma personagem. O bispo do Porto, D.Antonio Ferreira Gomes foi a única figura da hierarquia católica a distanciar-se completamente do que se passava. Ramiro Moreira e a rapaziada não obedeceram a mandantes nem receberam de financiadores bem instalados as maquias para dar largas a pirotecnia "anticomunista". Em suma, esta e a verdade judicial. "
Mas claro, a verdade judicial não e a verdade que nos chegou através da realidade dos factos; 80 por cento foram desvendados, faltam alguns pormenores. Ha pessoas que ainda não falaram tudo, outras não morreram, ha documentos secretos. No entanto, comparando com o caso da camioneta fantasma de 1921, caso que foi também julgado por um tribunal militar, a justiça avançou um pouco mais.
Muito bem escrito, transmite os acontecimentos da época através de relatos de pessoas que estiveram neles envolvidas. Muita informação que me era desconhecida e fiquei agora com maior conhecimento sobre este momento de tensão da história do país. Confesso que um ou outro capítulo foi um pouco aborrecido para mim, mas visão geral recomendo mesmo esta leitura para quem tenha interesse em saber mais sobre a época.
Um livro sobre um período complicado da nossa história. Coletânea de testemunhos mas com muitas repetições e sem uma síntese que permita localizar tudo o que se tenta revelar.
A fantastic work of journalism! The book is about one of the most tumultuous period of Portugal's history, the fall of the dictatorship in April 1974, was followed in 1975 and 1976 by far-right terrorism with bomb attacks to the communist party headquarters and to people linked to left and communist ideologies, till the first elected government in April 1976, in an attempt to establish a right/far-right government and avoid a left/communist one and to cover other criminal activities. This book show how funded, coordinated and backed by big entrepreneurs, military, the church, political parties and foreign countries, but also how the investigations and trials were biased. 40 years later the journalist interviews many of the players involved. The details and information are incredible with names, dates, conversations and access to police reports.
"Oradores exaltados, habituados a atear almas e comícios, recolhiam-se agora em poltronas e gabinetes alcatifados. Conspiradores de outras safras tinham sido reciclados para o conforto dos cargos, das instituições e do poder político. Militares,vetustos juízes, certos polícias e uns quantos ladrões disputavam negócios e sinecuras, à luz do dia e com cobertura legal, mas tão na sombra como no passado. Todos queriam sossego,iniciativa privada, brandos costumes e democracia de estufa. E silêncio, por favor."
O livro do Miguel Carvalho é um importante contributo para a História e registo de Portugal: o que fomos, o que somos e o que talvez seremos. Pessoalmente, fiquei surpreendida por tantos factos históricas permanecerem na penumbra do tempo; o Miguel Carvalho trouxe-os novamente às páginas e à luz da atualidade. E isso só podemos agradecer.
É um livro interessante, embora alguns capítulos estejam um pouco melhores que outros (havendo alguns um pouco confusos), e a meio do livro pareçam um pouco desconexos. No entanto, no fim, o conjunto faz sentido e ilustra uma parte da história do país que não é muito discutida.
Um trabalho de investigação minucioso e muito interessante. Uma obra que nos elucida sobre o controverso e nem sempre claro período do pós-25 de Abril.
este é o verdadeiro jornalismo – o que dá voz às histórias que a muitos não convém que venham ao de cima, o que não esquece e que revive a memória que muito nos ensina
Não sendo claro no título, o livro cobre apenas movimentos e atentados de extrema-direita no pós-25 de Abril. O autor diz que isto não pretende ser um livro de história, mas o resultado acaba por ser uma série de capítulos, que mesmo bem escritos, não parecem ter uma lógica cronológica e são totalmente desligados uns dos outros. Se alguém quer um livro que conte de forma clara a história do MDLP e outros movimentos similares este não é um bom livro para tal.