Numa estrada adormecida da Galiza, dois homens atropelam um javali. A visão do animal morto na estrada levará um deles — Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano de olhos azuis inquietos — a puxar o primeiro fio do novelo da sua vida. Instigado pelas confissões desconjuntadas do poeta, o seu companheiro de viagem — um professor universitário divorciado — irá tentar descobrir o que está por trás da persistente melancolia de Saldaña Paris. A viagem de descoberta começa com a leitura de um manuscrito da autoria da ex-mulher do mexicano, Teresa, que morreu há pouco tempo e marcou a vida do poeta como um ferro em brasa. O narrador não poderia adivinhar (porque nunca podemos saber as verdadeiras consequências dos nossos actos) que a leitura desse manuscrito teria o mesmo efeito sobre a sua vida. As páginas escritas por Teresa revelam a sua adolescência no seio de uma família portuguesa contaminada pela desilusão: um pai ausente e alcoólico, um tio aventureiro e misterioso, uma mãe demasiado protectora. Mas o que ressalta com maior vivacidade daquelas páginas é o relato enternecedor do seu primeiro amor, ao mesmo tempo que começam a insinuar-se na sua vida realidades grotescas e brutais. Confrontado pela primeira vez com a suspeita dessa terrível possibilidade, Saldaña Paris mergulha numa depressão profunda. Determinado em libertar o amigo do poder corrosivo do mal, o nosso narrador compõe então, peça a peça, a biografia involuntária dos dois amantes.
Uma biografia que passa pelo desvelar do passado, para que este não contamine irremediavelmente o futuro.
João Tordo was born in 1975. He has published twenty-one books - novels, crime novels and essays - and received several awards, including the José Saramago Literary Prize 2009, the Fernando Namora Prize 2021 and the GQ Prize. He was a finalist for many other awards, including the European Literary Prize, the Fernando Namora Prize, the Oceanos Prize and the PEN Club Prize. His books have been published in several countries, including France, Italy, Germany, Hungary, Spain, Croatia, Serbia, Czech Republic, Mexico, Argentina, Brazil, Uruguay and Colombia.
João Tordo nasceu em Lisboa em 1975. Publicou vinte e um livros - divididos entre o romance, o policial e o ensaio - e recebeu diversos prémios, incluindo o Prémio Literário José Saramago 2009, o Prémio Fernando Namora 2021 e o Prémio GQ. Foi finalista de muitos outros prémios, incluindo o Prémio Literário Europeu, o Prémio Fernando Namora, o Prémio Oceanos e o Prémio PEN Club. Os seus livros foram publicados em diversos países, incluindo França, Itália, Alemanha, Hungria, Espanha, Croácia, Sérvia, República Checa, México, Argentina, Brasil, Uruguai, Colômbia.
LA FINZIONE È UNA MENZOGNA O È LA VERITÀ PIÙ UNIVERSALE?
In copertina una foto di Matt Weber.
Cosa volevo quando chiamavo Città del Messico e interrogavo un uomo che non avevo mai conosciuto su suo figlio? Che ci facevo su quella strada, in quel mattino di dicembre, cercando di chiarire o far luce su una storia che apparteneva ad altri?
Potrebbe essere la voce fuori campo all’inizio di un bel film americano anni Cinquanta in bianco e nero, tipo Sunset Boulevard o un noir. Quel genere di film col quale questo genere di letteratura in lingua spagnola, soprattutto latinoamericana, ama flirtare.
Una foto di Matt Weber.
Ho preso il romanzo dello scrittore portoghese nella mia valigia. Il titolo era strano, “La menzogna che brucia in terra”. Ho temuto si trattasse di uno di quei romanzi moderni pieni di riferimenti ad altri libri o di giochi metaletterari… Tordo gioca spudoratamente e ammicca palesemente al lettore perché è chiaro che lui va a nozze coi riferimenti ad altri libri e i giochi metaletterari, come ci vanno la letteratura e gli autori che lui ama. Infatti il libro che abbiamo tra le mani, questo titolo bellissimo, Biografia involontaria degli amanti - dove quell’aggettivo “involontaria” apre porte a ripetizione, fa pensare al quadro di Hopper che viene citato in una di queste pagine, “Rooms by the Sea”, con quella stanza dalla porta spalancata sul mare – è pieno di riferimenti ad altri libri, perlopiù non esplicitati, non dichiarati, ed è pieno di giochi metaletterari con il suo progressivo incastro di storie e uso di materiali diversi e gioco di specchi.
Edward Hopper: Rooms by the Sea, 1951.
L’io narrante è un professore universitario spagnolo che vive a Pontevedra e lavora a Santiago de Compostela, un galiziano doc. Un giorno conosce per caso un messicano che si rivela mentalmente squinternato, poeta e scrittore che compone poemi e testi vari per abbandonarli poi nelle camere d’albergo e sul sedile di un treno. I due legano subito probabilmente avvicinati dalla comune spiccata vena malinconica abbondantemente condita di risentimento verso l’esistenza e il genere umano. Il messicano racconta allo spagnolo una strana storia, che dovrebbe essere quella della sua vita – il condizionale è d’obbligo perché il primo giochino letterario è l’eterno scontro-incontro tra menzogna e verità, finzione e realtà – lo spagnolo vuole approfondire e riempire gli spazi rimasti vuoti nel racconto del suo nuovo amico. Si sciroppa la lettura di un manoscritto – rimane non chiaro chi ne sia l’autore, ma viene perlopiù attribuito alla donna che ha dilaniato il cuore del messicano. In questa parte del romanzo il testimone del narratore scivola nella mani della donna, che per inciso ormai non esiste più e ha lasciato quel suo testo a mo’ di eredità per l’uomo (il messicano) che aveva sposato e abbandonato. Questa settantina di pagine secondo me sono la parte meno riuscita del romanzo. Anche perché questa sorta di femme fatale mi è risultata assai poco credibile. Alquanto inspiegabile. Costretta nella macchinosa e artificiale intelaiatura della storia.
Il luogo dove è ambientata la maggior parte della storia è Pontevedra, in Galizia.
Come sempre in questo genere di letteratura – che tende a essere in particolare quella sudamericana, di lingua spagnola in senso più lato – lo scrittore finge di andare da una parte, ma poi va da tutt’altra, e si porta dietro il lettore in tour di matrioske. Le strade secondarie che Tordo imbocca riempiono le sue pagine di poeti falliti, scrittori mancati, anime all’ombra quando non del tutto devastate, storie che nascono da altre storie. E quindi, meglio prepararsi, non si tratta certo soltanto del requiem di un amore: le piste s’intrecciano e confondono. Se non fosse abbastanza chiaro, Tordo esplicita: Quando avevo 18 anni volevo diventare avvocato, ma poi ho letto Bioy Casares e ho deciso che sarei stato uno scrittore. E in seguito mi sono messo a leggere Borges e ho capito che non sarei mai riuscito a scrivere romanzi, che quel figlio di puttana aveva già scritto tutto quello che c’era da scrivere, e ho deciso di nuovo di diventare avvocato. Ma poi, invece, per quanto avvocato, non ha rinunciato a fare lo scrittore – o, almeno, a provarci – forse proprio in quel modo “involontario” che il titolo dichiara.
Il luogo dove si conclude la storia è l’isola di Arousa, sempre in Galizia.
PS Esiste uno scrittore che si chiama Daniel Saldaña Paris, proprio come il coprotagonista di questo romanzo. Tordo, questa volta, lo inserisce nei ringraziamenti finali. Chissà se anche questo suo collega davanti a questo romanzo è rimasto spiacevolmente stupito come Vincenzo Latronico dopo aver letto Il buon inverno?
“A melancolia é impossível de combater porque, a partir do momento em que nos aventuramos no mundo, teremos sempre saudades de tudo. De tudo. Do que fizemos e do que não fizemos, de quem se cruzou no nosso caminho e de quem jamais conseguiremos encontrar.”
Pois, gosto bastante de ler João Tordo. A sua escrita é imersiva, comovente, muito clara e tão natural. Com isto quero dizer que qualquer leitor entende e se deixa levar, fazendo os seus próprios paralelos com o que revê de pedaços da sua vida. É com facilidade que me identifico com o estilo, com os conceitos, apesar de estar tão distante dos acontecimentos em si. E é com prazer que ouço a voz da minha cabeça ler palavras seguidas de palavras em sintonia com os mecanismos que regem os meus pensamentos. Antes de mais, um breve aviso, que acompanha com frequência conteúdo na internet que o justifica, ou algum tipo de peça jornalístico, mas nunca vi anteceder um livro e talvez faça falta: a obra retrata violência que pode impressionar (e até ser triggering) para alguns leitores. De facto, existem alguns episódios de crime, sobretudo de violência física e sexual. Por essa razão, poderá não ser a leitura indicada para todos. Apesar de João Tordo contextualizar tudo com bastante classe, não deixa de ser uma história bastante pesada, para aqueles que, como eu, são sensíveis a este tipo de temáticas. Posto isto, gostaria de começar por referir que, até agora, o meu livro preferido de João Tordo é o Ensina-me a Voar Sobre os Telhados, que li recentemente e adorei profundamente, e que muitas semelhanças estruturais (e conceptuais) encontra com a Biografia Involuntária dos Amantes. Ambos tratam de um narrador, uma personagem sem nome que parece encarnar o autor e o próprio leitor, enquanto espectador e detetive no enigma que se desenrola à sua frente. Mais uma vez, são as personagens à sua volta que adquirem o papel principal, estando desde o inicio envoltas num mistério que vai sendo desvendado através de personagens mais secundárias. A tarefa da procura da verdade cabe ao narrador, que ganha uma certa dedicação obsessiva à causa devido à relação forte e inesperada que constrói com as personagens-mistério. Para além disso, o enredo mostra uma enorme criatividade e um fantástico poder de encaixe da narrativa que, honestamente, é bastante fascinante. Apesar de me ter parecido que este romance, escrito há alguns anos, em 2014, não está tão maduro em termos de estilo como o Ensina-me a Voar (escrito numa prosa mais bela, de ideias mais filosóficas), tem outras características que são motivo de admiração. Também nas duas obras, as personagens são muito genuínas, são humanos reais, comportam-se como pessoas. O que mais me maravilhou, no entanto, foi que todas as pequenas peças do puzzle, que é a biografia dos amantes, são relatadas por uma destas personagens secundárias, da sua perspectiva única e de forma totalmente questionável. Isto é genial porque não só está incrivelmente bem feito, dotando assim as personagens de uma vida para além do livro, mas também está integrado numa das principais ideias transmitidas pelo autor: todos mentem, especialmente quando amam. Aliás, a mentira e o engano tornam-se fundamentais nas relações retratadas neste romance, revelando que a tão procurada verdade é inalcansável, por estar de tal maneira soterrada em todas as ilusões que para o bem e para o mal modelam a nossa comunicação e percepção. Outro conceito introduzido, muito próximo deste primeiro é que nenhum humano é livre de pecar e que cada delito, por mais leve que seja, terá obrigatoriamente as suas consequências. Nem mesmo escapando à fé, é possível ser livre deste fado. Em particular, é abordado o impulso cego e selvagem da satisfação de desejo sexual e como a sua racionalização e controle, ou melhor, a libertação da necessidade de o satisfazer, é um factor distintivo entre o Homem e o animal e entre o homem, o animal e o monstro. E a quantidade de temáticas continua a contribuir para esta densidade de pontos de reflexão. Entre estes outros está também a perda da inocência dos jovens que o ambicionam precocemente e, portanto, os dissabores da idade adulta que acaba por desiludi-los, a doença mental em diversas formas e, mais uma vez, a melancolia que é tão óbvia a quem conhece a palavra saudade. No entanto, o que mais se destaca neste contexto são dois aspetos fulcrais ao que poderia ser designado pela mensagem do livro. Em primeiro lugar, algo que me tocou especialmente: a cada momento da vida estamos preocupados (vivemos aterrorizados) em fazer a melhor decisão, em tomar o melhor caminho para um futuro mais favorável. Porém, esse esforço só trará a frustração que se acumula até ao final da vida, em que finalmente conseguimos distinguir o que foi certo, do que foi errado, libertados dos fantasmas que nos atormentam até ao momento derradeiro. O segundo ponto é que mudar de vida é a decisão mais difícil que se pode tomar, mesmo que essa mudança só possa trazer vantagens face à situação atual, porque exige encarar os factos e agir, rumando a uma realidade desconhecida. Assim sendo, o Amor é um tema que surge meio por acidente, porque é inerente à vida e porque a obra retrata pessoas verdadeiras, que sentem e se relacionam. E tal como na vida, vários tipos de relação amorosa ou sexual contracenam, como cenário que proporciona a discussão dos temas principais. No final desta exposição estranha, espero ter convencido da complexidade dos conteúdos do romance, a que reflecte fielmente a da vida e enriquece muito a experiência do leitor. Para além disto é também de notar a beleza dos motivos metafóricos que acompanham a narrativa. Finalmente, fazendo agora referencia ao outro livro que li de João Tordo, constato com enorme deleito como o Manual de Sobrevivência teve um impacto tão palpável na minha apreciação desta leitura. Pois, conhecia o nome Saldaña Paris, reconheci do meu imaginário alguns dos cenários reais tornados fictícios e soube tomar atenção a dois detalhes: o título (incrível porque invoca um número incerto de amantes, refere-se a dois, quais dois, e a todos ao mesmo tempo), a edição (revela bastantes falhas, pouco graves, mas falhas). Finalmente, como qualquer fã que se preze, faço a minha recomendação com a promessa de que lerei mais livros do autor, a começar pelo seu último thriller.
Estátua do poeta e romancista Rámon Mária del Valle-Inclán, na praça Méndez Núnez, Pontevedra, Galiza, Espanha
“Biografia Involuntária dos Amantes” (2014) é o sétimo romance do escritor português João Tordo (n. 1975). “Biografia Involuntária dos Amantes” começa assim: “Juntos, matámos o javali.”. Estamos em Pontevedra, na AP-9, ao quilómetro 110, o narrador, professor de Língua e Literatura Inglesa, na Universidade de Santiago de Compostela, Galiza, Espanha e Saldaña Paris, um jovem poeta mexicano, que vivera com Teresa, portuguesa, que nascera em Lisboa, recentemente falecida, vítima de um cancro fulminante, mas que deixou um manuscrito… Um manuscrito que é lido e relido, contado e recontado, com várias versões, numa investigação obsessiva efectuada pelo narrador, onde surgem inúmeras personagens, quase todas à beira da “loucura”, profundamente depressivas, com relações e relacionamento complexos, "anormais" e incoerentes (quer no contexto do romance, quer numa vivência “real”); destaco: três relações pedófilas ; uma relação, simultaneamente, pedófila e incestuosa , dois assassinatos ; com viagens por Lisboa, pela Galiza, Espanha (entre Vigo, Pontevedra e Santiago de Compostela), por Londres, pela Cidade do México e pelo Canadá (Mont-Tremblant), numa tentativa (incompreensível) de enquadrar e “relacionar” a “história” ou as “histórias” com as várias personagens; da problemática do consumo de droga e do alcoolismo; do contrabando de artigos electrónicos; e muito mais… A escrita de João Tordo é excelente, mas a “história” é um emaranhado de tramas e sub-tramas, sem um fio condutor “lógico”, onde diferentes sequências são apresentadas e descritas de uma forma atabalhoada e, totalmente, incoerente. Provavelmente, não era um livro para ser lido no feriado da "Imaculada Conceição".
João Tordo (n. 1975)
"O problema das palavras ... não é aquilo que podem ajudar a recordar. É aquilo que podem ajudar a destruir." (Pág. 102)
“Chamo-me Teresa de Sousa Inútil. O segundo apelido é inventado. Esta história que vou contar é sobre o meu tio e é também sobre mim, embora os narradores muitas vezes se escondam atrás de outras pessoas…” (Pág. 109)
“A imaginação é a chave que temos para manter a morte fechada no seu quarto escuro.” (Pág. 120)
Praça da Quintana - Santiago de Compostela - Galiza - Espanha
“Existem duas lendas em torno desta sombra…” (Pág. 150)
A de um monge ou a de Léonard du Revenant (um peregrino francês do séc. XV)"
"Se podemos respeitar o que desconhecemos, também nos é fácil desrespeitar aquilo que deixa de ser para nós um mistério, como sucedera naquela noite.” (Pág. 152)
“É assim que me sinto muitas vezes: como se nada fosse real e tudo fosse o simulacro de outra coisa qualquer.” (Pág. 170)
“O mundo era assim, e eu nada podia fazer contra isso. Contra o quê? Contra essa coisa que me tinha apanhado por dentro, como uma mão que entra numa luva, e que me fazia querer desaparecer porque nada do que eu conhecia fazia sentido. O demo nunca ten sono.” (Pág. 187)
“Esta felicidade tem um preço, porque a felicidade tem sempre um preço. Tornamos outra vez à mesma ideia: a existir um momento que define as nossas vidas, existe outro que as faz desmoronar com o estrépito de uma derrocada.” (Pág. 206)
"Talvez fosse verdade. Talvez ele estivesse para lá da possibilidade do amor como os outros estão para lá da possibilidade da maldade ou da coragem, com a diferença de que se pode viver sem a maldade ou coragem, mas não se pode viver sem o amor." (Pág. 241)
"Dedica-te a amar as coisas certas em vez das coisas erradas." (Pág. 244)
Um postal com uma imagem - "Rooms by the Sea" (1951) de Edward Hopper
"Vinha sem remetente, apenas com o símbolo dos correios de Espanha, e representava um quadro de Edward Hopper em que a porta de um quarto abria directamente para a água... Era uma imagem lindíssima e fiquei a observá-la durante muito tempo, interrogando-me sobre quem a teria enviado." (Pág. 284)
"Permanecia entre nós o grito de velhos terrores; a constatação de que, ainda que as respostas fossem surgindo, a melancolia que era agora minha me mostrava que o mundo era feito de uma matéria porosa que se desfazia assim que a tentávamos tocar; que tudo aquilo que julgávamos sólido não passava de gelo, e que esse gelo, à luz morna que sempre transportávamos quando procurávamos respostas (como se carregássemos connosco uma lanterna permanentemente acesa), se derretia e se transformava em água; e que, por mais perfeita que fosse a concha que formávamos com as nossas mãos, essa água era impossível de suster." (Pág. 311 - 312)
"Perguntei-me se era possível continuar a amar; se era possível, nesta minha existência mutilada, continuar a perseguir esta narrativa em que a mentira (ou o desamor) era o denominador comum que unia todas as personagens. Não se podia viver sem amor, isso era certo. Questionava-me, porém, se era possível viver com tanto ódio. E questionava-me qual seria a diferença entre os dois." (Pág. 312)
"Se a juventude pode servir para enriquecer um homem, os erros e o temppo podem também servir para lhe tirar tudo." (Pág. 353)
Por uma qualquer razão, há livros em que a estória não nos diz assim tanto. Parece-me ser normal, tendo em conta o gosto pessoal, que cada um de nós se identifique mais com determinado tipo de narrativa e outros nem tanto. Foi mais ou menos o que me acontece com a minha estreia com o autor João Tordo.
Se tivermos em conta que o protagonista tem uma vida remediada e que, mais que ninguém, está numa situação infortunada, talvez se estranhe todos os esforços que faz. Por outro lado, se atentarmos no verdadeiro sentido da palavra Amizade talvez não se ache o leitmotiv desta obra tão estranho assim. E é assim que me sinto, depois de ler terminado esta obra. Posso dizer, até, que estou de coração cheio. Pelo que referi atrás e por todos os sentimentos que este livro em si encerra.
Um Livro extremamente bem escrito, intrigante, com passagens geniais, e que fazem com que as retenhamos para memória futura.
Um Livro envolvente, grandioso, que convida a uma reflexão aprofundada. Tanto pela estória em si como pelas passagens que referi há pouco.
Um Livro com uma escrita límpida, madura e que, estando apenas em Maio, é um dos melhores que li este ano. Obrigatório não perder!...
P.S: A sucessiva repetição de "Um Livro" não é passível de um qualquer erro, mas sim propositada.
É perante livros como este que eu tenho pena que o GR não tenha uma opção secreta (reservada para livros de escritores maiores, mas absolutamente interdita a escritores de folhetim) que permitisse dar mais uma estrela - a da excelência inquestionável).
Opinião: Existe todo um mundo dentro deste Biografia Involuntária dos Amantes. É o sétimo romance de João Tordo, mas o primeiro que me passa pelas mãos, e confesso que demorei algum tempo a digeri-lo, a tentar eu mesma aceitar tudo o que lia, a compreender o que não tinha lido e a tentar depreender o que nunca saberei. Acima de tudo, é uma obra de personagens atormentadas, em conflito com o seu passado e em negação com o seu presente. Existe uma necessidade fervorosa, uma obsessão retumbante em compreender os factos críticos cujas consequências se apresentam agora aos olhos do leitor.
"És como um aprendiz de violino: queres aprender e tocar na orquestra ao mesmo tempo."
Obsessão, é essa a palavra-chave deste romance. Pelo menos para mim, para a minha interpretação, para o que me tocou. É certo que cada leitor cria a sua própria imagética do que lê, faz as suas suposições e certamente interpreta à sua própria maneira cada página que percorre. Sem conseguir explicar muito bem porquê, a leitura foi-me revoltando a cada virar de página. Não num mau sentido, mas no sentido em que a história, de si intimamente caótica, me parecia demasiado ordeira. Enquanto percorremos de mão dadas com o narrador, sempre sem nome, os seus desassossegos e os das pessoas que foram entrando na sua vida, assistimos também impávidos e impunes à tentativa de (in)justificar a compulsividade dos seus actos.
"Acho que foi nesse instante que me senti apaixonado por Antonia. Num sentido puramente romântico: não a desejava; não a queria possuir como quisera possuir Débora, sem lhe ver o rosto e porque isso me permitia transgredir, perdendo-me e perdendo a noção de que transgredia. Senti que gostava de Antonia da mesma maneira que gostava de Saldaña Paris, ao intuir que tudo entre nós estava para lá da transgressão; que nada entre nós era refém do capricho ou do desejo."
Sinto que existem tantos pontos por onde pegar, tanto por onde explorar. Temos este professor, narrador, sem nome, separado da mulher e de relação complicada com a filha que quando conhece o jovem poeta Saldaña Paris decide enveredar numa demanda impessoal, em prol do outro, mas que rapidamente se torna na sua razão de respirar. Teresa, a personagem chave e a que mais me atraiu, fosse pela sua adolescência, pela tentativa falhada de emancipação que levou a que toda a sua vida, a partir desse momento crucial, com um único acto, tomasse contornos irremediáveis, vinda de uma família disfuncional e cujo primeiro amor acaba por largar praticamente sem remorsos.
"Tu és estranha.
Eu sei."
Saldaña Paris, que vive na ilusão de que Amor é aquilo que ele sente, que independentemente do que se possa ter passado, propositado ou não, não justifica deixar de amar alguém, que vale até a pena perder a própria vida, por esse... amor. Jaime Toledo, primeiro amor de Teresa, aquele que talvez a conheceu melhor que toda a gente, cujo papel diminuto acaba por ser ingrato.
"Um dia acordamos esquecidos de nós e, no dia seguinte, andamos curvados no passeio à procura de coisas que não existem ou sentamo-nos a falar sozinhos nos cafés; esquecidos de nós e dos outros."
Também é um livro feito de momentos. Momentos esses que os personagens desvalorizam, mas cujo impacto toma contornos irreparáveis, esquinas em que a vida toma outro rumo, muitas vezes assustador. Depois vem o arrependimento, o sentimento de que se devia ter agido de outra forma. Existe toda uma urgência em fechar o passado, em ser empático com o mesmo para se seguir em frente. Mas como o fazer? Até que ponto se deve ir para se conseguir essa redenção e essa paz consigo mesmo?
"... O que me fez pensar no seguinte: que toda a ansiedade e angústia desta vida reside no facto de podermos escolher e, portanto, de nunca podermos saber se fizemos a escolha certa ou a escolha errada."
É uma obra diferente, sombria, mas que enaltece a hombridade e o companheirismo, mesmo que juntamente com um sentimento de arrependimento enorme. Com o fechar da narrativa, existe esse concílio, essas tréguas com o que não pode ser mudado e com o que não deve ser trazido para o presente. Muitos vão detestar Teresa, muitos vão ter pena de Saldaña Paris, a maioria nem vai dar conta que o narrador é uma personagem activa, mas na minha memória ficou Jaime Toledo e a história que nunca aconteceu com Teresa. Uma escrita em bruta, honesta, mas funesta a maior parte das vezes. Resumindo:
"O problema das palavras não é aquilo que podem ajudar a recordar. É aquilo que podem ajudar a destruir."
Depois de já ter lido todos os romances de João Tordo, noto uma certa tendência em escrever sobre personagens que se embrenham em histórias obscuras, procurando entender mistérios que se atravessam na sua frente, ao ponto da obsessão. Nada contra, no entanto, até porque aprecio a escrita deste autor.
Não consigo, no entanto, dar as cinco estrelas. É uma boa história sobre obsessão e amor, uma história triste e terrível ao mesmo tempo, mas que não me arrebatou. Li o livro em menos de vinte e quatro horas, porque se lê bastante bem (esta característica de João Tordo agrada-me bastante), a história não tem nada de aborrecida e porque posso (leia-se estou em repouso na cama, por causa da queda de Quinta Feira passada e o que não me falta é tempo para ler).
Não sou capaz de precisar se gostei do que acabei de ler ou não, mas gostei que a história se passasse maioritariamente na Galiza e que aparecessem certas personagens dos outros livros do autor (é sempre interessante saber o que acontece às personagens depois de um livro acabar).
Embora não considere esta Biografia involuntária dos amantes um livro cinco estrelas, não posso deixar de o recomendar. João Tordo continua a ser um dos meus autores portugueses preferidos.
Foi a minha estreia nos livros do autor e fiquei fascinada. Adorei tanto a história como a escrita. Li o livro num ápice e o final deixou-me com um sorriso enorme. O livro tem por narrador e personagem central um homem que se cruza com outro do qual vai sabendo cada vez mais até fica a saber da sua história de amor. Fica curioso ao ponto seguir a história até onde ela o levar para poder oferecer ao amigo o encerramento que ele não teve.
Definitivamente é o melhor livro que li este ano. Sem pontas soltas, consistente, bem escrito e uma história que nos prende do inicio ao fim. Perfeito.
"Que é feito de ti?" Encolhi os ombros. "Nunca mais me vi. Se me encontrares, avisa-me." "As pessoas perdem-se." "É verdade." Sorri
"Existirá um momento que defina o resto da nossa vida? É uma questão estúpida e dotada de um enorme grau de hipocrisia, uma vez que se esse momento existir - (...) - é tão inútil perguntar por essa ínfima possibilidade como rezar a Deus para que aconteça. Aqueles a quem a sorte bafejou têm mãos a ingrata tarefa de explicar aos outros que esses momentos existem apenas para os que nunca se perguntaram por eles, ou seja o contrário do que estou a fazer neste instante. E se assim for, anulamos a possibilidade de uma teologia e entregamos a nossa vida às mãos do acaso, do impensado; da volatilidade a que somos condenados a partir do momento em que nos encontramos, sem qualquer razão plausível, neste mundo. Se o acaso impera, então nascemos por acidente, sem que nenhuma entidade divina nos projectasse; na ausência dessa entidade, o tal momento definidor das nossas vidas não pode ser procurado ou salvaguardado numa oração. Ao mesmo tempo, não existe qualquer teologia que nos aquiete. A que existe repousa na redundância: Deus criou-nos somente para regressarmos a Ele. Garante-nos a vida, mas não nos garante mais nada. E a vida é, por definição, uma caminhada absurda cujo final é sempre idêntico. Por que razão não nos deixou Deus em paz, ou seja, inexistentes? Nesta lógica incongruente, o Criador coloca-nos neste mundo à mercê de tudo o que é terreno, suculento e carnal, desafia-nos a experimentar e, no final, tira-nos tudo aquilo que nos deu. Reféns da teologia, somos uma piada de mau gosto; reféns do acaso, somos vítimas da ínfima possibilidade. Nesta miséria a que estamos votados, sentimo-nos incompletos e assaz melancólicos. A essa melancolia chamamos vida adulta."
Biografia Involuntária dos Amantes, de João Tordo, retrata a amizade entre dois homens que muda a partir do momento em que, numa estrada da Galiza, atropelam um javali. O narrador sem nome é um professor universitário, divorciado e que praticamente não fala com a filha adolescente, e começa a descobrir mais sobre as origens da constante melancolia e tristeza de Saldaña Peres ao ler a biografia escrita por Teresa, o grande amor da vida de Saldanã. Esta obra de João Tordo é muito interessante, embora a narrativa inicial seja monótona e sem grandes acontecimentos. O livro prende realmente o leitor a partir do momento em que a biografia de Teresa é apresentada, e é ai que tudo começa ficar mais envolvente e viciante. É um livro sobre obsessões e a dificuldade de abandonar o passado,muitas vezes duro e cruel retrata a realidade dos desencontros e reviravoltas da vida que não podem ser evitados. A persistência, arrependimento, a busca pela compreensão que nem sempre se pode alcançar e como cada pessoa lida com os desencontros da vida, tudo isto se pode encontrar aqui, com a escrita maravilhosa do autor que me vicia cada vez mais. Mais um livro ao estilo de João Tordo 4 estrelas #leiturasdopaulo
Depois de ler quase todos os romances de João Tordo, este foi o primeiro a que dei pontuação máxima. É por esta altura o meu escritor português favorito, e é-o porque ao ler João Tordo estamos em casa. A aparente facilidade com que vai desfilando páginas e histórias faz-nos sentir seguros e saber que no fim tudo acabará como tem de acabar. O livro de Saldaña Paris, ou o ultimo de João Tordo, ainda não é a obra prima que o escritor um dia vai escrever, mas pisca-lhe o olho. É um livro surpreendente, ágil e magistralmente bem montado e escrito. E é reconfortante. Porque não é um conto de fadas ou uma história particularmente feliz, mas uma história muito real, crua e próxima da vida. Recordo o que diz sobre obsessões: há as boas e as más. As boas são as que nos levam a fazer coisas erradas ou sobre as quais estamos incertos pelas razoes certas, as más são as que nos levam a fazer coisas certas pelas razoes erradas. Este livro é uma obsessão boa. Importa ir lendo até ao fim. No fim tudo fará sentido. E somos muito mais reconfortados.
João Tordo publicou o sétimo e mais recente romance, Biografia Involuntária dos Amantes, em abril de 2014 e não podia existir um melhor começo na editora Alfaguara. Trata-se de uma história, pode dizer-se involuntária, de dois amantes pela investigação obsessiva do protagonista. São personagens complexas, um enredo fugaz e uma leitura extremamente satisfatória.
O mais recente romance de João Tordo, o primeiro publicado pela Alfaguara, começa com um acontecimento fora do vulgar: os protagonistas, um professor universitário – em que o leitor nunca sabe o nome – e Saldaña Paris atropelam um javali na estrada da Galiza. Ao matarem o animal, é dado o primeiro passo para o desenrolar da vida de cada um destes homens. O narrador, tornado num outro momento, o grande protagonista nesta história é um ser desmotivado com a própria vida. Com um cargo de professor na universidade, que não aprecia particularmente, uma separação e uma filha rebelde não consegue estabilizar-se emocionalmente.
No início do enredo, a única actividade que o deixa satisfeito é o seu programa de rádio Dias Felizes, em que entrevista dezenas de personalidades de várias áreas. Dias Felizes para um homem que não carrega uma aura de felicidade à sua volta. Já o mexicano Saldaña Paris tem uma melancolia fora do vulgar, está colada a cada pedaço do seu corpo: nos olhos, na boca, na pele e, ao deixar o leitor entrar, nas suas atitudades e comportamentos.
Biografia Involuntária dos Amantes é uma história à volta de uma sensação tão familiar às pessoas da sociedade atual: a obsessão. [...]
"A melancolia é impossível de combater porque, a partir do momento em que nos aventuramos no mundo, teremos sempre saudades de tudo. De tudo. Do que fizemos e do que não fizemos, de quem se cruzou no nosso caminho e de quem jamais conseguiremos encontrar. Cuidar das plantas no nosso jardim é prolongar a existência a criaturas que hão-de morrer quando nos esquecermos delas; é querer fazer com que o amor dure mais tempo para, quando nos virmos livres desta vida de uma vez por todas, partirmos de coração a transbordar de tudo o que deixamos para trás."
Já o considerava um dos autores mais promissores da literatura portuguesa. Com este romance, sei que é capaz de tudo: João Tordo é daqueles escritores que, por muitos livros bons que tenham, surpreendem sempre e conseguem sempre melhor nos seguintes. Podemos ter as expectativas muito elevadas, que ele consegue superá-las. Consegue ir ainda mais fundo, tocar-nos a alma e mostrar que a literatura pode levar-nos por caminhos que ainda não conhecíamos. E isso é maravilhoso.
Livro brilhante! A busca de um sentido para a vida, a busca de uma redenção de um recomeço... Prende nos do princípio ao fim...como a frase de Samuel Becket no início ' to have been always what I am - and so changed from what I was'... Ou já quase a terminar:
"Que é feito de ti? (...) nunca mais me vi. Se me encontrares , avisa -me.'"
De volta a João Tordo depois de 2 anos com Biografia Involuntária dos Amantes. Como sempre, uma história dentro de outra história, que é um conceito que o João faz muito bem e que eu gosto muito. Toca em temas tão diversos como a obsessão, a morte, escolhas, depressão, amizade, amor, arrependimento, viver no passado e não no presente. As personagens são viciantes e únicas, e talvez se este tivesse sido o meu primeiro livro do autor tivesse ficado mais encantada, mas é difícil quando comparamos com "O Ano Sabático" ou "As 3 vidas". Mas penso que é dizer alguma coisa quando só pensamos um pouco menos de um livro quando comparamos com outros do próprio escritor - Diria que isso é atingir um nível que eu já sabia que o João Tordo tinha. Não sou fã de policiais e thrillers mas dei por mim a gostar desse lado do livro também, algo muito comum também do João. Tornou a narrativa mais emocionante, apesar de neste caso, também um pouco mais fantasiosa. A certa altura, senti falta de um elemento mais sobrenatural, mas não sei explicar porquê. Também não sei porquê, mas agradou-me que fôsse descobrindo que nem todos os relatos eram verdadeiros. Não posso dar 5 estrelas mas este é sem dúvida o escritor português que mais admiro, acompanho e recomendo.
Impossível não ficar presa ao desenlace da história, dura, crua e violenta, e de não ficar encantada com toda a amizade carregada de amor puro e incondicional que leva ao desfecho da história
Sometimes it's not so much about what you write, but how you write. And João Tordo has it! With an easy to follow flow of words, he has us locked in his writing and he can tell us anything that we'll keep on reading!
He starts on an unlikely point: a car where two men are travelling hits a boar on a Galician* road. This then triggers the Mexican occupant to start talking about his life, mentioning events he'd kept secret from his friend. And this is just the beginning of a journey for the Spanish university professor, the listener, while trying to find the missing pieces of his friend's narrative.
And now I can't wait to read a book from Tordo with a story that I actually care about (though to be honest, he did manage to make me care for Saldana Paris, Teresa, Andrea and the narrator)! This is the second book I read from him, a Portuguese writer that I'm now discovering.
*Galician = from "Galicia", a Spanish region just North of Portugal
Este foi o primeiro livro que li de João Tordo. Fiquei curiosa com a sua escrita depois de várias opiniões e decidi arriscar. E fiz muito bem.
Com uma história peculiar (é a palavra que melhor consigo descrever) foi um livro que não consegui parar de ler. Uma escrita sublime, capaz de captar os movimentos e descrições reais do dia-a-dia. É capaz de exprimir por palavras as emoções e sentimentos das personagens de uma forma muito real.
Personagens ricas, com profundo desenvolvimento de carácter é um dos aspectos que mais me cativaram nesta história. Toda a narrativa tem tanto de cativante quanto de estranha.
Sinto que consigo fazer jus à verdadeira essência da história, pois (não sei porquê), mas é difícil colocar por palavras o que senti ao ler este livro. Digo apenas que gostei muito.
Quero e vou continuar a ler mais livros do João Tordo.
Como vem sendo hábito na sua já bem composta bibliografia, João Tordo conduz-nos ao interior de homens sem luz. Numa incessante busca existencial, lembra-nos que a felicidade é um edifício de difícil construção, embora seja o único que vale a pena ser habitado. Na sua escrita escorreita, mas de grande profundidade existencial, o já vencedor do Prémio José Saramago cria uma atmosfera tensa e nublada, como tensas e plúmbeas são as vidas das suas personagens. No entanto, ao longo da obra, vai dando sinais de que há espaço para a esperança, embora seja um território muito apertado e difícil de distinguir do beco sem saída que é a vida comum das pessoas comuns. No final, percebemos que a felicidade pode permanecer inalcançável, mas a paz individual pode bem ser conquistada.
Il Portogallo è un paese avvolto da una malinconia favolosa, una malinconia che ammanta anche i suoi autori e Joao Tordo non sfugge a questa 'legge'. Un romanzo imperniato su una storia d'amore parecchio unilaterale che si snoda tra mille traversie causando dolore e frustrazione con i contorni che assumono connotazioni diverse a seconda del soggetto che analizza quei contorni. La biografia cui accenna il titolo, viene scritta da un amico del protagonista che in questo modo prova a 'sdebitarsi' per non aver aiutato l'amico innamorato in un momento di grave difficoltà ed è scrivendo detta biografia che si rendo conto che in una storia d'amore nulla è mai come sembra! Non so se lo consiglierei, se si vuole versare qualche lacrimuccia, in libreria, c'è di meglio!
Uma revelação positiva esta minha primeira leitura de João Tordo. Um livro em que se detectam vários géneros literários, de prosa poética, romanesca e policial. Gentes atormentadas que buscam respostas que serenem e façam luz sobre as suas vidas. Amores e desamores, amizades inesperadamente redentoras, vazios pessoais, algum sexo sem receio de expressão. Aguçou o apetite para outros mais.
“Biografia Involuntária dos Amantes” é uma obra que conta a história de amor entre dois protagonistas complexos. Vai alternando entre diferentes períodos temporais e vozes narrativas. Mais uma vez, o autor mergulha nas profundezas da psique humana e explora temas como a identidade, a memória e o desejo, com uma sensibilidade única.
As personagens estão construídas com uma autenticidade e profundidade que é difícil de encontrar em muitas obras contemporâneas.
Além disso, a escrita do João é simplesmente maravilhosa. Cada palavra é escolhida com precisão e cria atmosferas envolventes que me transportam o para o mundo dos personagens.
"Biografia Involuntária dos Amantes" é mais do que apenas um romance; é uma reflexão profunda sobre o amor, a perda e a procura pela redenção e o João sabe tão bem escrever sobre isso. A sua voz já lá está, embora esteja mais marcada em obras mais recentes.
"A melancolia é impossível de combater porque, a partir do momento em que nos aventuramos no mundo, teremos sempre saudades de tudo. De tudo. Do que fizemos e do que não fizemos, de quem se cruzou no nosso caminho e de quem jamais conseguiremos encontrar."