Sua camisa vermelha e preta viaja de canoa pelos igarapes, galopa pelas coxilhas, caminha pelos sertoes, colore todas as praias, esta nos barracos e nas coberturas. Suas cores vestem homens e mulheres, famosos e anonimos, pobres e ricos, idosos e criancas, feios e bonitos. Quem e? Leva o premio quem disser Flamengo.
E o clube de maior torcida do Brasil e - por que ser modesto? - do mundo. Com seus quase 40 milhoes de adeptos, chega perto da populacao inteira da Espanha.
E, apesar de cobrir todo o territorio, e surpreendentemente una. (Como se explica que um rubro-negro do Acre ou de Caxias do Sul reaja exatamente como um rubro-negro do Leblon?) No dia em que se estudar a fundo a integracao nacional a luz da modernidade, vai-se descobrir que, alem do Flamengo, talvez so a Igreja Catolica e o jogo do bicho sejam tao abrangentes. Nao por acaso, as tres instituicoes se alimentam da mesma materia-prima: a fe.
O vermelho e o negro (originalmente editado pela DBA, em 2001) e uma narrativa agil, alegre e informativa da (mais que centenaria) trajetoria do Flamengo, por um escritor de pele decididamente rubro-negra: Ruy Castro. Sim, e o livro de um torcedor do Flamengo. Mas para ser lido tambem pelos torcedores dos times adversarios e ate pelos que nao torcem por time nenhum - e que, depois disso, talvez entendam melhor a magia que o futebol desperta.
Rui Castro, na ortografia oficial. Nasceu em 1948. Começou como repórter em 1967, no Correio da Manhã, do Rio, e passou por todos os grandes veículos da imprensa carioca e paulistana. A partir de 1990, concentrou-se nos livros. Publicou, entre muitos outros, as biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e obras de reconstituição histórica, sobre a Bossa Nova, Ipanema e o Flamengo. É cidadão benemérito do Rio de Janeiro.