Imagine se encontrar, de uma hora para a outra, em um mundo totalmente desconhecido onde você não conhece ninguém e ninguém demonstra saber quem você é. É o que acontece com uma menina nascida na África e levada para o Brasil para ser escrava, e que de repente acorda em um lugar estranho, habitado pelos deuses orixás e pelos espíritos dos mortos que aguardam o momento de seu renascimento. Ela não sabe mais o próprio nome nem lembra de sua família — está sozinha e não tem a quem pedir socorro. Por isso, aliás, ganha o nome Aimó, “a menina que ninguém sabe quem é”. Tudo o que ela quer é retornar ao seu mundo de origem, mas para tornar isso possível, Aimó vai partir em uma longa jornada através dos tempos mitológicos, guiada por Exu e Ifá, e vai acompanhar de perto muitas aventuras vividas pelos orixás. Só assim poderá reunir o conhecimento necessário para fazer uma escolha que lhe permita, enfim, voltar para casa.
Doutor (1976) e livre-docente (1989) em sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), é professor titular desde 1993 do Departamento de Sociologia da mesma universidade.
Tendo completado o ensino médio no Instituto de Educação "Monsenhor Gonçalves" em São José do Rio Preto, mudou-se em 1964 de Potirendaba para a cidade de São Paulo, iniciando o curso de medicina veterinária na USP, curso que abandonou ao completar o bacharelado em ciências sociais na Fundação Santo André em 1970. Iniciou, no ano seguinte, os estudos de pós-graduação em sociologia na USP (mestrado e doutorado).
Foi pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) desde sua fundação em 1969 até 1987 e professor da PUC-SP de 1972 até 1976. Em 1976 foi aprovado em concurso público para trabalhar como professor da USP, na Área de Sociologia do Departamento de Ciências Sociais, atual Departamento de Sociologia. Aposentou-se em 2005, continuando o trabalho docente como professor colaborador e desde 2012 como professor sênior do mesmo departamento.
Em 1983 fez parte do grupo que fundou o Datafolha, instituto de pesquisa do jornal Folha de S. Paulo, tendo criado a metodologia usada até o presente pelo instituto.
Participou do Comitê de Ciências Sociais do CNPq (1997-2000), coordenou o Comitê de Sociologia da Capes (2001-2004) e foi membro do Comitê Acadêmico da Anpocs (1992-1996). É pesquisador do CNPq desde 1975, enquadrado no nível 1A a partir de 1996 e pesquisador Sênior desde março de 2020.
Trabalha na área de sociologia, com ênfase em sociologia da religião, atuando principalmente nos seguintes temas: religiões afro-brasileiras (candomblé e umbanda), catolicismo, espiritismo e pentecostalismo. Além de artigos e capítulos, é autor de mais de 30 livros, incluindo obras de sociologia, mitologia e ficção, gênero a que vem se dedicando desde 2003.
Recebeu em 2018 o título de Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
Aimó fala sobre o mundo dos orixás, deuses africanos que tanto influenciam não só as religiões afro-brasileiras, como nossa cultura de modo geral. O sociólogo Reginaldo Prandi apresenta ao leitor mais um ficção, inspirada na mitologia africana. Voltado para o público juvenil, o livro acaba sendo uma ótima introdução ao rico universo dos orixás para todas as idades. O texto de Prandi é lúdico e sedutor, numa simplicidade enganosa. É um tom de fábula diferente, que mais tem a ver com os griôs, contadores de histórias africanos. O fascinante aqui é a maturidade calculada inserida nas lendas ouvidas por Aimó, a menina fantasma que precisa encontrar seu orixá para renascer e voltar para o Aiê, o mundo dos vivos. E em sua própria jornada. Fala-se de sexo, violência e desumanidade, ao mesmo tempo, com cuidado e franqueza. A edição tem um projeto gráfico primoroso, da capa às ilustrações ao estilo de xilogravuras. Aimó é um livro que ensina e emociona.
Não gostei tanto quando achei que gostaria, talvez seja por esperar demais do livro. Quando cruzei com ele em uma livraria achei a ideia fantástica, junto com uma edição lindíssima. Os desenhos e o cuidado na diagramação e edição desse livro é algo excelente. Mas a história em si, que tinha uma premissa ótima, não tem uma escrita que me agradou. Achei confuso, com o personagem de Ifá e Exu se alternando de forma tão abrupta e sem sentido. Houve um momento que os dois pareciam o mesmo personagem, embora o primeiro seja um adivinho e o segundo um ogun. A linguagem também me pareceu estranha para um livro que serviria ao público infantil. Algumas das história contadas sobre aiabás achei lindas, outras não me interessaram nem um pouco. Fico em duvida se é uma questão de meu primeiro contato com histórias de mitologia africana ou culpa do autor. Para mim ficou a sensação de uma ideia ótima, com uma premissa fantástica, mas mal desenvolvido.
Aimó é um ser vivente. Enquanto eu lia o livro, sentia que Aimó existia dentro de mim, com uma curiosidade pueril para entender mais sobre cada um dos Orixás, ouvir suas histórias, presencia-los em suas qualidades, defeitos, exageros e equilíbrios. O que mais amo nas religiões de terreiro é esse compromisso com as coisas como de fato são — e a liberdade que se tem de ser quem se é, com tudo que isso significa. Exu e Ifá não poderiam ser melhores companheiros de Aimó nessa viagem pelo Orum e pelo Aiê.
Primeira coisa: que edição linda! A cor e a arte dessa dessa capa são impressionantes, me apaixonei por isso primeiro.
Segundo: o livro cumpre bem o seu propósito, pelo menos comigo cumpriu, pois eu que quase nada sabia sobre os orixás saio desse livro sabendo um pouco mais e com muita curiosidade para saber mais ainda. Achei a historia tão rica, tão bela e com uma grande pitada de tristeza proporcionada pela realidade.
Gostei bastante da ideia de seguir os orixás na história de um romance, mas infelizmente, esta ideia não foi muito bem desenvolvida. A história fica repetitiva, e às vezes é difícil seguir tudo que acontece, quem é aparentado a quem e quem falou o quê.
Fantástico. De maneira muito doce e encantadora, o autor fala sobre ancestralidade, fé e identidade. Pra quem é do candomblé vai amar a leitura e. aforma como os orisàs e seus itans foram apresentados.
Um dos livros mais lindos que já li na vida. Um texto que me faz mergulhar em mim, muito fácil de se identificar. A história é ao mesmo tempo poética, envolvente e educativa.