Nos quinhentos anos da Reforma protestante, Vida Nova tem a satisfação de presentear seu público com a série Clássicos da Reforma, que reúne em cada volume escritos significativos de cada um dos principais reformadores. Cada volume traz uma introdução escrita por um professor brasileiro. A série vem disponibilizar aos interessados na teologia protestante uma seleção representativa de textos dos principais expoentes da Reforma do século 16. Lutero, Melâncton, Calvino e Zuínglio são apenas alguns dos pensadores cujos escritos, na maioria inéditos em português, serão contemplados. Neste volume, traduzimos diretamente dos originais franceses, seis obras importantíssimas não apenas na Reforma protestante do século 16, mas na história do pensamento cristão. São elas:
• Epístola ao cristianíssimo Francisco, primeiro desse nome, rei de França: na qual se demonstram as causas dos problemas que ocorrem hoje na igreja (1535) • João Calvino ao Cardeal Jacó Sadoleto: resposta à Epístola do cardeal Jacó Sadoleto enviada ao Senado e ao povo de Genebra: pela qual ele trata de sujeitá-los ao poder do bispo de Roma (1539) • Pequeno tratado da santa ceia de nosso Senhor Jesus Cristo: no qual se demonstram sua verdadeira instituição, seu proveito e sua utilidade, com a razão por que vários autores modernos parecem ter escrito diferentemente (1540) • Tratado das relíquias (1543) • Desculpas de João Calvino aos senhores nicodemitas, que se queixam de seu excessivo rigor (1544) • Sobre os escândalos que hoje impedem muitos de alcançar a pura doutrina do evangelho e desviam outros (1550)
1509: João Calvino nasceu em Noyon, nordeste da França, no dia 10 de julho. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Aos 12 anos, recebeu um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.
1523: Calvino foi residir em Paris, onde estudou latim e humanidades no Collège de la Marche e teologia no Collège de Montaigu. Em 1528, iniciou seus estudos jurídicos, primeiro em Orléans e depois em Bourges, onde também estudou grego com o erudito luterano Melchior Wolmar. Com a morte do pai em 1531, retornou a Paris e dedicou-se ao seu interesse predileto – a literatura clássica. No ano seguinte, publicou um comentário sobre o tratado de Lúcio Enéias Sêneca De Clementia.
1533: Converteu-se à fé evangélica, provavelmente sob a influência do seu primo Robert Olivétan. No final desse ano, teve de fugir de Paris sob acusação de ser o co-autor de um discurso simpático aos protestantes, proferido por Nicholas Cop, o novo reitor da universidade. Refugiou-se na casa de um amigo em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico.
1536: No mês de março foi publicada em Basiléia a primeira edição da Instituição da Religião Cristã (ou Institutas), introduzida por uma carta ao rei Francisco I da França contendo um apelo em favor dos evangélicos perseguidos. Alguns meses mais tarde, Calvino dirigia-se para Estrasburgo quando teve de fazer um desvio em virtude de manobras militares. Ao pernoitar em Genebra, o reformador suíço Guilherme Farel o convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois meses antes abraçara a Reforma Protestante (21-05). Logo, os dois líderes entraram em conflito com as autoridades civis de Genebra acerca de questões eclesiásticas (disciplina, adesão à confissão de fé e práticas litúrgicas), sendo expulsos da cidade.
1538: Calvino foi para Estrasburgo, onde residia o reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Em 1540, Calvino casou-se com uma de sua paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega Farel oficiou a cerimônia.
1541: Por volta da ocasião em que Calvino escreveu a sua Resposta a Sadoleto, o governo municipal de Genebra passou a ser controlado por amigos seus, que o convidaram a voltar. Após alguns meses de relutância, Calvino retornou à cidade no dia 13 de setembro de 1541 e foi nomeado pastor da antiga catedral de Saint Pierre. Logo em seguida, escreveu uma constituição para a igreja reformada de Genebra (as célebres Ordenanças Eclesiásticas), uma nova liturgia e um novo catecismo, que foram logo aprovados pelas autoridades civis.
1548: Nesse ano ocorreu o falecimento de Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos, inclusive em outras regiões de Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças à sua liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de Calvino.
1559: Nesse ano marcante, ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destinada primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.