Jump to ratings and reviews
Rate this book

O Triste Fim de Policarpo Quaresma

Rate this book
Sátira impiedosa do Brasil oficial, Triste Fim de Policarpo Quaresma narra o destino tragicômico de um nacionalista ingênuo e idealista, completamente alucinado pela ideia de fazer do Brasil um país grandioso. Para isso, ele bola estratégias amalucadas, prega o retorno do tupi-guarani e insiste em redigir documentos oficiais nessa língua. Com uma narrativa leve e cômica, recheada de críticas a vários aspectos da sociedade, a obra faz uma descrição política do Brasil da Primeira República, enfocando fatos históricos do governo de Floriano (1891 - 1894), e traça um rico painel social e humano dos subúrbios cariocas na virada do século. Considerado expoente do Pré-Modernismo brasileiro, Triste Fim de Policarpo Quaresma é uma história farsesca e extremamente divertida.

207 pages, Paperback

First published January 1, 1911

365 people are currently reading
4784 people want to read

About the author

Lima Barreto

313 books160 followers
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante a vida. Ficou órfão aos sete anos de idade de mãe e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador.

Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve que abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima de loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas de casa.

Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, foi então que iniciou sua atividade como jornalista, sendo colaborador da imprensa. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta, etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde aposentaria em 1918.

Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em seus livros denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos; o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas quanto à Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos quanto ao que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro O cemitério dos vivos.

Sua principal obra foi Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma. Dentre os desejos absurdos desta personagem está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua brasileira.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
1,783 (27%)
4 stars
2,391 (36%)
3 stars
1,746 (26%)
2 stars
453 (6%)
1 star
156 (2%)
Displaying 1 - 30 of 362 reviews
Profile Image for Katie Lumsden.
Author 3 books3,769 followers
May 29, 2021
I really enjoyed this one, especially the start and end. A really intriguing read.
Profile Image for Oziel Bispo.
537 reviews85 followers
July 30, 2017
Acabo de ler "O triste fim de Policarpo Quaresma " do escritor Brasileiro Lima Barreto que este ano é o grande homenageado da Flip , uma festa literária que acontece no Rio de Janeiro com a presença de grandes escritores convidados.
Este livro conta a história do Major Policarpo Quaresma, um simples funcionário do governo que tem em seu coração um amor muito grande `a patria um patriotismo exagerado que sempre o coloca em perigo perante às autoridades e à sociedade. Uma das suas "loucuras " foi propor ao congresso nacional que colocasse o tupi-guarani como língua oficial do Brasil, já que o Português fora uma língua de Portugal emprestada ao Brasil. E não para por aí; exigia que sua irmã, com quem morava , desse prioridade a produtos nacionais tanto na área de alimentação e bebidas como na área de vestimentas. Depois adquiriu um sítio fora do centro do Rio de Janeiro onde empregaria técnicas de solo e de plantio para provar às pessoas que o Brasil era um país onde tudo o que se planta se colhe. Se aventurou também a defender o marechal Floriano Peixoto numa revolta que estava acontecendo em vários estados brasileiros , liderando um pequeno contingente de 40 pessoas à combater os revoltosos onde acabou sendo feriado e por fim preso.
Um grande livro de Lima Barreto que teve uma vida muito pobre perdeu a mãe e pai e teve de assumir já novo a responsabilidade de líder familiar. Lima Barreto sempre denunciou as mazelas de pessoas que como ele que sendo pobres e negras viviam à margem da sociedade. Amei
Profile Image for Mark.
140 reviews11 followers
August 6, 2020
A sadly underrated gem, this masterpiece of the Brazilian literature is a joy to read. Barreto's mastery of the language allows him to express complex sentiments in a very interesting and cohesive manner. This is the tale of a true patriot living under the wings of a State that thinks little of such values, and his struggle for the advancement of Brazilian society is as moving as it is pitiful.

The novel is divided into three parts, each with a specific tone and feeling to it, but they contribute equally to the overarching plot, building up to a distressing grand finale. Despite taking place over a century ago, this book paints a portrait that is shockingly similar to that of contemporary Brazil, remaining very relevant to those who wish to understand the root causes of the State's problems.

Triste Fim de Policarpo Quaresma should be read with much more care and diligence than it usually is — usually by highschoolers who have it forced upon them by teachers. It is a work of art, that requires careful appreciation and a lot of attention to be fully understood and assimilated.
Profile Image for Laura.
7,132 reviews606 followers
September 19, 2015
O livro tem como personagem principal o Major Policarpo Quaresma, figura nacionalista que faz duras críticas ao presidente Floriano Peixoto. Policarpo encarna o ideal romântico do nacionalismo tardio, ao passo que Floriano Peixoto representa o poder facilmente mantido pela força, não tanto pela suficiência da força, mas pela inoperância da resistência.
Profile Image for David.
1,683 reviews
March 3, 2022
Patriotism. A double edged sword. It’s good to love one’s country but too much can lead to trouble. In those cases it leads to extremism. In this case, it just leads to a sad end for a man who loved his country. Maybe best summed up by these lines:

“A vida é uma comédia sem sentido,
Uma história de sangue e de poeira
Um deserto sem luz...”
(Álvares de Azevedo)

Yep, life is a comedy without meaning. A story of blood and dust, a desert without light. Especially for poor Major Policarpo Quaresma. He does everything properly, laid out and timely. He is a fervent nationalist. A great lover of all things related to his native Brazil. Where does he gets this love? His books. They teach him about the world, but sadly he seems to be missing out on life because he lives via books. And those books will get him in trouble. As his general pointed out, “I haven’t touched a book in 40 years.” And look where I am? Hmm good advice?

Brazilian writer Lima Barreto asks us what makes a hero? A man with better morals? Or one who tries his best and suffers the hands of others?

Quaresma wants to better his country but gets sent to an asylum thanks to his proposals on the Tupi-guarani language. After six months he takes time to become a farmer living with his sister Adelaide in a place called Sossego. An ant infestation makes life challenging. It soon becomes anything but tranquility.

Thanks to an uprising, Marshall Floriano, a man who rules with might, asks Quaresma to help out. In doing so, he and his old friend Ricardo Coração de Otros (such a great name - Heart of others) tackle the uprising. Quaresma has forgotten the challenges of war after his time on the farm. Quickly he sees the injustices raised in war.

Being a man of letters, Quaresma writes to Floriano of his complaints. His letter is a very powerful anti-war piece. Sadly, his sense of justice is lost on the Marshall. Hmm,one could heartily agree with Barreto. More sadly for Quaresma, as the title of the book gives away the ending. Interesting that the English title of this book is “The Patriot.”

It is Quaresma’s god daughter Olga who goes to his help. She originally suggested that he spend time on the farm and get away from politics and the military. She confronts the Marshall only to be told he is a traitor. A traitor? He was so loyal. Or shall we quote James Joyce, he was loyal to lost causes. Quaresma loved his country and this is how he is treated.

Well, we all know that patriotism is a delicate dance. The trick to stay afloat is to guess where the next step is going to be. And when it comes to leaders, albeit dictatorial one’s, that makes for a very risky guess. Alas, was Major Quaresma blinded by his patriotism? Or was he a hero to his convictions?

I think each of us knows where we stand in this debate. A very timely debate and it was published in 1915!
Profile Image for Thomé Freyre.
204 reviews6 followers
November 11, 2021
No Brasil, tal como em Portugal, os maiores cultores da Literatura Portuguesa são os escritores do século dezanove, e neste caso particular, princípio do século vinte, é muito triste que a obra visada só conheça a sua primeira edição em Portugal, passados cento e onze anos.
Profile Image for Anna Elizabeth.
130 reviews35 followers
February 12, 2018
This book was incredible. I'm putting this on my shelf with other literary historical fiction that really digs into human nature. Some of my favourite quotes that highlight what I'm talking about:

"As time passed, the revolt became a festivity, a public entertainment for the city. When a bombardment was announced on a Monday, the promenade of the Passeio Público would be crowded. It was like the old days, when it was fashionable to come out on clear nights to watch the moonlight sparkling on the waters from the gardens of Dom Luis de Vasconcelos" (171).

"Did you know that Major Quaresma has been arrested?"
"Who?"
"Your father-in-law's neighbour."
"That lunatic! Hmm... And?"
"I was wondering if you could intercede..."
"I don't interfere in these matters, my friend. The government's always right. Good day" (214).

"Why do you think I'm so worthless, so utterly worthless - a part of the furniture, an ornament, with no connections, no friends, no character - why?"

At first she spoke slowly, with irony, then heatedly and with passion. Her husband was staggered. They had lived such separate lives, he had never dreamed she was capable of such an outbreak. Was this his little girl? His little plaything? Where had she learned such things? He tried to calm her down:

"The whole house is applauding!" he said sarcastically.

And she retorted:

"Good! Because unselfishness can only be found in the theatre!" (218-19)

Poor, poor Ismênia and Olga. I'm not quite sure what to think of their stories, although I'm sure the feminists would have many pithy platitudes on how the social construction of marriage, or something of the like. I want to understand this properly in its context instead.

"She well understood the girl's despair, but she understood the cause even better: the obligation that is hammered into girls' minds that they must get married at any cost, making marriage the aim and purpose of life, to the extent that remaining single is a disgrace, an ignominy.

Marriage no longer means love, or maternity; it is neither of these things. It is simply marriage, an empty, meaningless institution, with no relation to human nature or human requirements" (186).

I definitely want to study this one in further depth.
Profile Image for Steven R. Kraaijeveld.
560 reviews1,924 followers
February 8, 2020
"No one understands my aims. No one is interested in examining their significance. I am thought of as mad, foolish, obsessive—and life goes inexorably on. It is hideous and brutal." (220)
Poor Quaresma, poor Ismênia, and, in the end, poor Barreto.
Profile Image for Steph Mostav.
454 reviews28 followers
April 30, 2021
Triste fim não foi só o de Policarpo Quaresma, como também de Lima Barreto, que não chegou a ver o sucesso e o impacto que suas produções tiveram sobre a literatura nacional. Saber da história de vida de Barreto torna a história e o destino de Policarpo ainda mais tristes, assim como intensifica o sentido de suas mensagens e de suas críticas. E quantas críticas! O livro é recheado delas, muitas delas de uma ironia ácida que se assemelha à tradição machadiana, outras de um pessimismo angustiante. Contra a hipocrisia e a tirania do exército, contra o governo de Floriano Peixoto, assim como o histórico de governos que nunca se preocuparam em servir à população, contra a pressão da sociedade para que as moças fizessem do casamento uma meta de vida, contra o materialismo, o utilitarismo e a obsessão pelos interesses pessoais e pelo "progresso" que destrói as vidas oprimidas que não estão de acordo com seu sistema, contra a mediocridade de quem condena o idealismo e a mudança, mas também contra o próprio idealismo sem futuro. E tantas críticas poderiam arrastar-se sem nenhuma coesão pelo texto, mas todas são muito bem amarradas ao enredo do protagonista e às poucas tramas paralelas ao seu redor. Isso muito se deve à estrutura do livro em três partes, de acordo com o fracasso de Policarpo em três fases. Essa divisão também permitiu que o livro gradativamente passasse da comédia para o drama sem mudanças bruscas que fariam do humor menos engraçado ou da tragédia menos terrível. Este é um livro engraçado, assim como é um livro cheio de infelicidade. Apesar das críticas que sofreu na época, Barreto escreve muito bem e muitas de suas descrições emocionam de tão bem escritas, principalmente porque se nota o amor que ele sente pela cidade do Rio, por suas paisagens e marcos. Os arcos dos personagens são conduzidos todos de maneira satisfatória e o final é deprimente, mas gratificante porque faz total sentido com o título, com a trajetória deles e com o papel de cada um. Muito interessante é o paralelo entre Ismênia, que enlouquece por ter moldado a si mesma ao redor do casamento e não ter qualquer alicerce psicológico para resistir quando esse casamento não deu certo; e Olga, que se casa com a noção de que não era essa união que faria dela feliz e sempre busca manter sua individualidade e desejos próprios. E também Policarpo, um dos nossos melhores personagens, o Dom Quixote nacional. Todo o seu patriotismo ingênuo, honesto e benevolente é reprimido pela realidade, através de humilhação, fracasso e denúncia. Acompanhamos esse pobre homem se desiludir cada vez mais a cada parte, deixar de ter esperança de que suas iniciativas chegariam a um resultado, chegar até mesmo a arrepender-se do tempo e da juventude perdida em busca de uma vida melhor para a naç��o, questionar-se do conceito de nação e da existência de boas intenções naquele país de falsos salvadores da pátria. No fundo, a impressão que fica é de que Policarpo era bom demais para nosso mundo e é a realidade que está errada, porque condena um bom homem que defende a justiça e a solidariedade.

"E era assim que se fazia a vida, a história e o heroísmo: com violência sobre os outros, com opressões e sofrimentos."
Profile Image for Laura.
7,132 reviews606 followers
March 2, 2022
Free download available at Project Gutenberg

I made the proofing of this book for Free Literature and Project Gutenberg will publish it.

INDICE
Primeira Parte
Capitulo
I. A LIÇÃO DE VIOLÃO
II. REFORMAS RADICAES
III. A NOTICIA DO GENELICIO
IV. DESASTROSAS CONSEQUENCIAS
DE UM REQUERIMENTO
V. O BIBELOT
Segunda Parte
I. NO «SOCEGO»
II. ESPINHOS E FLORES
III. GOLIAS
IV. «PEÇO ENERGIA, SIGO JÁ»
V. O TROVADOR
Terceira Parte
I. PATRIOTAS
II. VOCÊ, QUARESMA, É UM VISIONARIO
III. ...E TORNARAM LOGO SILENCIOSOS...
IV. O BOQUEIRÃO
V. A AFILHADA
Profile Image for Milena Machado.
99 reviews12 followers
February 27, 2022
O triste fim de policarpo quaresma ou o triste fim de quem acreditou demais.

É a primeira vez que tenho contato com a escrita de Lima Barreto e devo dizer que fui completamente arrebatada. Não só pela sua magnífica forma de narrar, mas também pelo enredo que expõe a podridão do forçado patriotismo brasileiro. Lima Barreto deixa uma mensagem com Triste Fim de Policarpo Quaresma que não podemos esquecer nunca: não faz sentido amar uma pátria que quer nos matar.
Profile Image for Alexandre Borges.
15 reviews124 followers
August 9, 2020
Não acredite em quem diz que é apenas um retrato do Brasil do final do século XIX. É um perfil eterno, perene e incomparável da alma brasileira.
Profile Image for Jonathan Bogart.
96 reviews31 followers
August 14, 2017
The great Brazilian novel of the 1910s: but fittingly for the unsettled era between the great Naturalists like Machado de Assis and the Modernists of the 1920s, Policarpo Quaresma isn't a novel so much as a feuilleton, a serially-published newspaper story structured in episodic installments, lighter and more satirical (and on occasion more lyrical) than the reigning dogmatism of Naturalism would allow.

In fact the English-language equivalents that came to mind while reading were pre-Naturalists like Dickens or (especially) Twain, men of both strong moral outrage and endless amusement at human weakness. The novel fits into the Latin American tradition of the "dictator novel," even though the dictator it examines is not fictionalized (and indeed in description reminded me a lot of a present-day weak-minded authoritarian complaining about dissent), but its more general attack on nationalism, corruption, ignorance, and oligarchy is timeless.

Of course I found myself identifying with hapless autodidact, obsessive, and idealist Quaresma; but the most beautiful passages in the novel -- the sadness of the insane asylum where he (like his author) is temporarily immured, the descriptions of the suburbs which would, through the twentieth century, become the favelas of Rio de Janeiro, the last walks Quaresma takes on the bay, when the vast systems of rock, sea, and weather are the only things left unspoiled by the selfishness and shortsightedness of men -- still feel surprisingly current. A subplot in which an unmarried woman slowly goes mad because even though she doesn't care about marriage she is allowed no other function in society, is as scathing as anything in second-wave feminism.

But of course, the other thread running through the novel that most attracted me was Ricardo, the vagabond modinha composer and guitarist: because Brazil's greatest contribution to world culture being its music is such a truism in the twenty-first century that it's hard to believe there was a time when the simple idea of a man carrying a guitar in the streets of Rio was something to be ashamed of. Lima Barretto knew better; and as one of only two Black writers in the small canon I've formed of 1910s novels (the other is James Weldon Johnson), he's perhaps sharper and more sensible about the deficiencies of a culture that did not fully accept him than his white peers could have been.

A truly great book, one I guarantee I'll return to again.
Profile Image for Ana Rossetto.
169 reviews6 followers
May 13, 2021
Que livro! Que final!
Mesmo sabendo de como ia terminar, gostei muito dos capítulos finais!

Lima Barreto é um autor sem sombra de dúvidas muito a frente de seu tempo e uma leitura atualíssima! Ainda gosto mais de Isaías Caminha, mas quero ler mais sobre o autor, completamente necessário resgatarmos em nosso tempo.
Profile Image for Beatriz Almeida.
11 reviews5 followers
January 4, 2015
Já ouvi muitas pessoas criticando essa obra e em defesa de Lima Barreto resolvi fazer uma resenha sobre esse livro intrigante. Confesso que depois da leitura minha visão sobre coisas brasileira mudou, então vamos lá!

'Triste Fim de Policarpo Quaresma' foi publicado pela primeira vez em folhetins em 1911. Ninguém queria publicar em formato de livro, então Lima Barreto juntou dinheiro e ele mesmo bancou a editoração em 1915.

O personagem principal, Policarpo Quaresma, é um exímio patriota, nada em sua casa ou mesmo em sua vida é estrangeiro, ele certifica-se de tudo ser nacional. Ele é tão brasileiro que é afirmado que ele não tem estado de nascimento; nasceu no Brasil e pronto.

�Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país [...]�.

A vida de Policarpo vai se tornando uma sátira. Chega a um ponto que ele sugere que a língua oficial do Brasil seja o tupi (nada mais justo, certo?). Além dele, temos outros personagens como a descendente de italianos Olga, sobrinha de Policarpo, Ricardo Coração dos Outros, um músico que ensinava violão ao Policarpo e Ismênia, filha do general amigo de Policarpo. São tantas as �loucuras� de Quaresma pela pátria que todos o tratam com escárnio.

Num certo ponto, Quaresma passa um tempo no hospício e depois que sai de lá compra um pedaço de terra para cultivar e daí começa a ver que nem todas as terras nacionais são férteis. Sua sobrinha e Coração dos Outros eram seus mais fiéis amigos e únicos de quem tinha visitas frequentes. Seu triste fim começa pela decepção de suas terras e também pelo motivo dele se alistar no exército por conta de uma rebelião, vendo ai como seu Brasil e o governo não eram tão perfeitos assim.

A história é tão cheia de humor negro que torna a leitura difícil sem contar com a narrativa lenta, porém, a integridade da obra não é comprometida, mantendo uma essência extraordinária. Por fim, acredite a pessoa que Policarpo Quaresma mais estima não é totalmente brasileira: sua sobrinha Olga. Enfim, leiam e não desistam até o fim, vale a pena e você ganha uma visão diferenciada sobre o Brasil, recomendo.

http://www.tecendopalavras.com.br/
Profile Image for Walter .
463 reviews6 followers
May 31, 2018
Quase como uma crônica, Lima Barreto escreve "O Triste Fim de Policarpo Quaresma" para criticar direta e abertamente ao Brasil e ao brasileiro. Para este fim o autor utiliza o fanático patriota Policarpo Quaresma - personagem de caraterísticas quixotescas de um Brasil em plena revolução oligárquica de finais do século XVIII. Assim, Policarpo, infeliz pelo fato de não encontrar apoio nas suas ideias malucas -como instaurar o tupi como língua oficial do país -, decide apoiar a revolução dos militares e políticos ultraconservadores que os avaliavam. Mediante avança a epopeia bélica-civil, Policarpo vai percebendo que tudo pelo qual lutara não era mais que bobagem. Assim, vemos como o personagem principal vai evoluindo, retirando as vestes do nacionalismo ignorante que só prejudica o avanço, a intelectualidade e, principalmente, a paz de um país.

Dito isto, chega o momento de falar da narrativa e, mesmo que a ideia tenha sido excelente -poucos autores brasileiros até então tinham falado destes temas -, a colocação no papel não tanto. Lima Barreto é um escritor pré-modernista e já nesta época e inclusive antes, pode-se observar literatos praticantes de uma escrita incrivelmente moderna - vale a pena lembrar Aluísio Azevedo ou Júlio Ribeiro, por exemplo. Lima Barreto parece, em muitos momentos, um autor esteticamente romântico e isto, ao meu ver, tira-lhe muitos pontos. Acredito que esta mesma estória narrada por Euclides de Cunha, por exemplo, teria dado um resultado muito mais satisfatório para aqueles que, assim como eu, procuram encontrar estilos um tanto mais acessíveis - independentemente da época e escola literária - à todas as gerações atuais.
Profile Image for Paulo Bugalho.
Author 2 books72 followers
February 3, 2022
Primo da dupla Bouvard e Pécuchet , por parte da inocência inventiva, e de Quixote pelo lado da heroicidade absurda de absoluto tresledor, Quaresma comove mais, até porque o seu destino é pior (basta olhar para o título). Escrito num português fino e bom (que não soa assim tão diferente, nos inícios do século passado, do que era então, e em parte ainda é, o português europeu) o romance cativa sobretudo pelo excelente captar das personagens principais e desnovelar de certos temas sociais (sublinho, por ser menos comum a pontaria, a descrição de uma doença mental, tema que se percebe, mesmo sem lhe conhecer a biografia, não seria nada alheio a Lima Barreto). Espelho das eternas falhas do Brasil, só se lamenta não haver ali uma estrutura mais apta, no meio do livro (que é sempre onde as pontes quebram) para que se pudesse atingir o fim sem a sensação de que houve salto narrativo menos hábil (prejudicará, talvez, a publicação original ter sido em folhetim). Mas eu gosto, sim, destas personagens puras, rompantes e ridiculamente trágicas.

Nota: boa edição para quem gosta de prefácios (e para quem, como eu, se habituou a ver o paraíso nas capas da Penguin). Este não tem um, nem dois, mas três, tantos que demora algum tempo para chegar ao romance propriamente dito. Aviso porque pode o leitor incauto de repente julgar que está numa espécie de projecto borgesiano constituido unicamente por prólogos a algo que afinal nunca existiu.
Profile Image for Renata Castro.
21 reviews4 followers
June 14, 2020
Foi possível compreender porque esse livro é bastante citado no colégio e vestibulares. Não deve mesmo ser esquecido! Temas relevantes mesmo após um centenário. Gostei de poder ler um clássico com calma, sem a pressão da prova, porém, ainda assim, achei algumas partes da escrita do Lima Barreto não fluíam bem, tornando a leitura arrastada. À sua maneira, Lima Barreto deixou um registro crítico e valioso do BR.
Profile Image for victória.
246 reviews26 followers
April 12, 2022
o pobi do policarpo meu pai.
a crítica trazida pelo livro é interessantíssima, mas infelizmente os demais personagens não são muito interessantes.
Profile Image for Giulia Benincasa.
6 reviews1 follower
Read
October 4, 2023
Muito boas a primeira e a terceira parte. Tive que empurrar ali pela segunda, mas valeu a pena.
Profile Image for Jordao Mota.
15 reviews
July 21, 2022
Não fosse às referências ao início da Rep��blica e às descrições do Rio de Janeiro da época, poderia ser um livro contemporâneo. As questões, as mazelas, as incoerências continuam bem atuais. E o sarcasmo com que Lima Barreto conta é realmente um dos pontos altos da narrativa.
Profile Image for Álvaro.
88 reviews10 followers
March 2, 2017
O notório Pré-Modernista Lima Barreto, cuja literatura possui traços de vertentes realistas e naturalistas (haja vista recorrentes reflexões psicológicas e reflexões socioculturais de personagens), em seu livro ''O Triste Fim de Policarpo Quaresma" retrata a estória do 'visionário' Major Policarpo com ironia, humor negro e inúmeras desconstruções dogmáticas e também ufanistas.
O enquadramento no qual a narrativa se desenvolve é instigante, um Brasil caótico e profundamente segregado política e economicamente. Com mais precisão: Início da República da Espada / Revoltas Armamentistas. Apesar do contexto, no entanto, o livro traz reflexões que ainda são pertinentes: A influência da sociedade sobre o indivíduo, fato bem especificado pela pressão feminina de se casar, transformando esse ato em uma necessidade vital da mulher, e, por conseguinte, desvinculando o Casamento como algo feito por amor e vontade própria; o Exército como uma estrutura corporativista não pensante; o preconceito cultural e racial refletido em instrumentos musicais (Piano como um instrumento intocável por ser Europeu e o Violão como instrumento de miseráveis e vagabundos); o ''mal-estar social'' brasileiro, transmitido pela falta de vitalidade da população em geral; problemas de concentração fundiária; reforma agrária; o poder da mídia e muito mais. Tudo isso carrega uma modernidade indiscutível ao livro, o que faz com que ele transcenda barreiras temporais, de forma à promover uma leitura mais ativa e um leitor mais pensante.
Adicionalmente, o livro possui uma escrita simples, porém eficiente; é, também, dividido por capítulos e subcapítulos com títulos que estimulam o leitor a permanecer lendo. Dessa forma, a leitura se torna menos densa e mais dinâmica. Por fim, considero esse livro como uma obra essencial para aqueles que possuam interesse acerca da história do Brasil e de sua construção sociocultural.
35 reviews
July 3, 2023
Embora já tenha terminado há um tempo, minha reação/avaliação desse livro, desde o princípio, já foi baixa/ruim.

Destaco alguns pontos. Em determinados trechos, o autor deixa o leitor extremamente confuso com a ordem das coisas, sendo que, em alguns momentos, não era possível distinguir os personagens, suas ações e falas. Isso implicou numa lentidão maior para finalizar a árdua leitura de um texto extremamente voltado à enaltecer as belezas e riquezas do Brasil, mas que se perdeu no meio do caminho, chegando a se tornar cômico. Exarcebar o nacionalismo exagerado do personagem principal; talvez tenha sido essa a ideia de Lima Barreto. Confesso que não me adequei e achei super enfadonho.

Personagens extremamente sem sal, histórias que não se conectam e um historicismo sem sentido algum. Detestei e não recomendo.

No fim, acho que o triste fim foi meu por ler esse livro...
Profile Image for bloom.
71 reviews1 follower
July 10, 2023
As temáticas são tão atuais que tornam tudo muito deprimente.
117 reviews1 follower
June 1, 2021
3,5 (7/10)

é um livro triste e que de certa forma me comoveu, mas infelizmente não foi uma leitura tão prazerosa assim pra mim.
reconheço a sua importância, entretanto. deu pra perceber as críticas ao longo da obra e por isso estou avaliando com uma nota 7, por ser uma história que tem muitas camadas e os textos de apoio da edição são ótimos em acrescentar à leitura. além disso, adorei a personagem que leva meu nome!
Profile Image for Jose Alves.
48 reviews1 follower
November 21, 2021
Delicious portrait of Brazilian politics society of the end of the 19th century !!! Do read it, specially in Portuguese.
Profile Image for Matthew.
1,173 reviews40 followers
October 13, 2019
Lima Barreto is not part of the absurdist movement, but The Sad End of Policarpo Quaresma contains many elements that would gain the approval of members of that movement. Few works have debunked the futility of reactionary nationalist values better than Barreto’s novel.

His hero is a civil servant of limited intelligence and imagination. His life follows a very strict routine, though personally I do not find that as strange as Barreto seems to do. Is getting home from work at the same time every day really so peculiar?

The driving force in Quaresma’s mind though is his love for his native Brazil. Policarpo is a chauvinist in the original sense of the word, though – to be fair – he is not a bigot. He respects indigenous and black Brazilian culture, and he does not insult other nations. He merely insists against all rhyme and reason that Brazil excels the world in every single part of its geographical, historical and cultural development.

The gap between Quaresma’s beliefs and the reality of Brazil are constantly brought out, as Quaresma’s many endeavours to assert pure Brazilian values end in tragicomic failure. Quaresma seeks out the traditional songs of Brazil, but finds that the indigenous people have forgotten them, or that they have mistakenly adopted songs that came from other countries without realising their origins.

Later Quaresma seeks to re-establish Tupi as the national language of Brazil, but his petition to the government only causes him to be ridiculed. When he begins to translate his office work into Tupi, his boss and workmates are bemused by this language that they believe to be foreign because nobody has ever heard of it.

Quaresma is a mix of King Cnut and Don Quixote. He thinks that he can turn the clocks back to some purer unadulterated Brazil that probably never existed, and which nobody wants anyway. He fails to see that the national culture and language of any country is an evolving process in which it takes the best from other countries and mingles it altogether because Brazil simply is not the country in the world that excels above all others. No country is.

Of course Don Quixote was the more lovable figure because his delusions were total, and he retains a genuine sense of gallantry and kindness, however misplaced. Quaresma is too ridiculous to command either our sympathy or hatred, at least until the end of the book when his end really is as sad as Barreto says.

The only result of Quaresma’s campaign to change the Brazilian language is that he is forced to stay in an asylum for a while. His brand of rigid nationalism is little more than a form of insanity that denies reality.

However this is a world in which others are insane. Another character loses her mind after the lover that she has patiently waited to marry her for many years finally disappears. Was it not mad to wait that long for him when he was not committing to her? The former senior army officers constantly talk about battles at which (if challenged) they will reveal they were never present. The government and rebels are hardly more rational in their brutal actions towards one another.

The story does not stop here. Quaresma engages in two other enterprises for his beloved country. These take him into a more active sphere. He buys a farm, insisting that the soil of Brazil is more fertile than in any other country because, well, it’s Brazil. It is not. He spends a long time engaging in back-breaking work fighting the hostile terrain. Eventually the terrain does yield one rich source of life – a multitude of ants that constantly invade his farm and eat all the crops.

The profits that Quaresma scrapes together from all his hard work are meagre, and these are soon lost in fighting the ants and the local bureaucracy. The noble-minded Quaresma refuses to tell lies on behalf of local political dignitaries, so they slap restrictions and fines on his farm that make it unviable.

As the country tips into rebellion, Quaresma takes up a new activity, namely fighting with the government against the rebels, hoping for a better society where he is free to run his farm in peace. However this too does not go to plan. He is heartbroken by the brutality of the fighting, including that by his own side, and he becomes disillusioned with the corruption of the state that he is fighting for. When he attempts to protest the murder of prisoners, he finally ends up being arrested and executed by his own side.

Barreto’s book is increasingly melancholy, but also very funny. He shows the irrationality of many human enterprises, but also the cynicism and malpractices of those who have a handle on reality. Quaresma’s final tragedy is that he realises the folly of his lifestyle too late, and no longer has even that to hold on to before he dies.
Displaying 1 - 30 of 362 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.