Depois de mais de 40 mil exemplares de A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram Num Bar, chega o novo livro de Ricardo Araújo Pereira. Quem já o leu, já o ouviu na rádio ou já o viu na televisão (e é difícil que uma das três coisas ainda não tenha acontecido a alguém em Portugal) sabe que uma das grandes causas de Ricardo Araújo Pereira é a liberdade de expressão. Reaccionário com Dois Cês é sobre isso, mas é também sobre portugalidade, vitórias no Euro, propriazinhas (ou selfies>/i>), língua portuguesa, Shakespeare, os justiceiros das redes sociais, a vagina de Marine Le Pen e outras rabugices, num livro que se divide em quatro capítulos: - Comente o Seguinte País - Admirável Facebook Novo - Então mas o Que É Isto? - Assim Como Nós Não Perdoamos a Quem Nos Tenha Ofendido
Filho de um piloto da TAP, Artur Álvaro Neves de Almeida Pereira, e de uma assistente de bordo, Emília Rita de Araújo, foi aluno de colégios de freiras vicentinas, franciscanos e jesuítas até se licenciar em Comunicação Social e Cultural, na Universidade Católica Portuguesa. Seguiu-se o trabalho como jornalista, na redacção do Jornal de Letras, Artes e Ideias.
De seguida tornou-se argumentista da agência de criadores Produções Fictícias, tendo sido co-autor de vários programas de sucesso do humor português, entre eles Herman 98 e Herman 99 (RTP, 1998 - 1999), Herman SIC (2000 - 2005), O Programa da Maria (SIC, 2001), Hermandifusão Portuguesa (RDP, 1999 - 2001), as crónicas Felizes para Sempre, no semanário Expresso e As Crónicas de José Estebes, no Diário de Notícias, entre outros.
Por volta de 2003, depois das primeiras aparições na televisão, designadamente no programa de humor stand-up comedy, Levanta-te e ri, na SIC, e criando, já ao lado de Zé Diogo Quintela, Tiago Dores e Miguel Góis, várias rubricas no programa de Nuno Markl, O Perfeito Anormal, na SIC Radical, dá arranque ao projecto Gato Fedorento, cujo colectivo se tornou uma referência do humor português contemporâneo.
A equipa assinou várias séries do programa Gato Fedorento, na SIC Radical (Série Fonseca, Série Meireles e Série Barbosa), e depois na RTP1 (Série Lopes da Silva). Também na RTP1 apresentou Diz Que é Uma Espécie de Magazine em 2007, para de seguida voltar à SIC, com Zé Carlos, em 2008, e Gato Fedorento: esmiúça os sufrágios, em 2009. Na internet os humoristas mantêm o blogue homónimo, onde Ricardo Araújo Pereira assina as suas entradas com as iniciais RAP. Teve ainda várias aparições no programa de humor da SIC, Levanta-te e Ri, onde mostrou por várias vezes os seus dotes no stand-up.
Actualmente escreve todas as semanas no jornal A Bola e na revista Visão. Na TSF integra o painel do debate Governo Sombra, com Pedro Mexia e João Miguel Tavares.
As personagens de Ricardo Araújo Pereira, que encontram eco na actualidade política, desportiva ou social, destacam-se pelos tiques que «saltam» para a rua (como acontecia com as criações de Herman José) e são absorvidos em regime multi-geracional, alimentando campanhas publicitárias de sucesso.
É co-autor do livro O Futebol é Isto Mesmo (ou então é outra coisa completamente diferente) e do disco O disco do Benfiquista, naturalmente. Compilou as suas melhores crónicas da revista Visão nos livros Boca do Inferno e Novas Crónicas da Boca do Inferno. Com Pedro Mexia realizou uma adaptação da peça de teatro Como Fazer Coisas com Palavras, do filósofo inglês John Austin, que também interpretou, no Teatro São Luiz em 2008.
É casado com a produtora de rádio Maria José Areias, com quem tem duas filhas, Rita e Maria Inês. Vive na Margem Sul, Quinta do Conde, e gosta de afirmar que é o sócio nº 17 411, do Sport Lisboa e Benfica, clube de que é adepto fervoroso. Foi militante do Partido Comunista Português, partido que veio mais tarde a abandonar. Continua, porém a afirmar-se como "Marxista não Leninista".
O ano passado li A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram Num Bar, um ensaio sobre o humor escrito por um dos melhores humoristas que Portugal já conheceu, e gostei muito. Decidi, na altura, que ia continuar a querer ler Ricardo Araújo Pereira (RAP), ainda que noutros registos, como é o caso de Reaccionário com Dois Cês, a sua última publicação, que reúne várias das crónicas que publica na revista Visão.
Ora, eu já sabia de antemão que muitos destes textos visavam as “incendiárias” redes sociais; tinha até a ideia que eventualmente não concordaria com muitas das ideias de RAP, mas isso não foi impedimento para as ler, quanto mais não seja para pôr em perspetiva o que pensava sobre este tema e questionar. Faz parte de um diálogo saudável ouvir opiniões contrárias à nossa, seja para a questionar, seja para a reforçar. As redes sociais e a forma como dão voz ao que de pior o ser humano tem são o tema principal de várias destas crónicas e amiúde referidas mesmo quando não é esse o assunto de que se fala.
RAP demoniza excessivamente, quanto a mim, estas plataformas, ignorando – provavelmente porque não é utilizador – todos os aspetos positivos que trazem. Como pessoas adultas que somos, não temos de ler todas as secções de comentários de uma notícia do Facebook, onde é comum ver pessoas a distribuir o seu fel; isso não me impede de utilizar aquela rede social para falar com amigos, ou atualizar-me sobre áreas que me interessam – nomeadamente, a área da literatura e da edição. Utilizo o Twitter de uma forma completamente diferente: aí sim, troco ideias sobre várias temas da atualidade, seja política, sociedade ou futebol. Claro que energúmenos há-os em todo o lado na vida real e não poderiam faltar nestas plataformas, mas cabe a cada utilizador filtrar o que quer ver, selecionar a sua timeline e conseguir – como tenho conseguido – ir acompanhando o mundo que me rodeia pelos olhos de pessoas realmente interessantes, que me desafiam constantemente a refletir sobre as coisas e a forma como as encaro. Tudo isto para dizer que, apesar de bem escritos e aparentemente bem fundamentados, estes textos em particular pecam, quanto a mim, pela falta do saber de experiência feito.
Os textos que mais gostei de ler neste livro são aqueles em que RAP explora tiques de linguagem (adorei o do “então”), eventos políticos (porque me revejo nas suas posições nesta temática) e outros, dos quais me lembro particularmente do que dedicou a Eusébio, que achei brilhante (e eu sou sportinguista desde que me conheço!). Acho que esta edição em particular teria ganho com referências às datas em que os textos foram publicados originalmente, uma vez que se estendem por vários anos e nem sempre foi fácil situá-los olhando apenas para o conteúdo. Também não percebi muito bem a arrumação dos textos nas quatro secções apresentadas na sinopse.
No final das contas, e apesar das retincências que já referi relativamente a vários textos incluídos nesta compilação, foi um livro que gostei de ler, porque continuo a gostar da forma peculiar como RAP olha para a generalidade dos temas da atualidade e da forma como se expressa.
Este rapaz, além do reconhecido e brilhantíssimo humor que cria a ritmo constante para nosso gáudio, tem uma inteligência muito invulgar nos comediantes nacionais. Como se não bastasse, ainda tem o atrevimento de escrever super bem. Um compêndio sobre a difícil arte de escrever crónicas.
Ricardo Araújo Pereira é um humorista português. Mas não é só um humorista, é mais do que isso. É uma personalidade muito estimada e apreciada pelo público. Alguém que respeitamos e admiramos. Paramos para escutar. É o "gato fedorento" que marcou a mudança do humor na televisão.
Saiu mais um livro dele pela Tinta da China. Um livro que reúne várias crónicas sobre temas como Portugal, Redes Sociais, São crónicas publicadas ao longo de cinco anos. Pontos de vista interessantes sobre os assuntos mais chatos. Abre mentes, toca na ferida e ainda levanta questões que passam pela cabeça de alguns, mas muitas vezes ninguém confessa.
Confesso que me diverti muito com este livro. Não concordo com tudo o que ele diz, mas gosto de ver que o humor em Portugal está de boa saúde. O Ricardo Araújo Pereira não perdeu a piada, mas está ligeiramente um Velho do Restelo. Foi engraçado ir até ao passado e recuperar histórias enterradas do meu país. Senti o coração quentinho várias vezes, coloquei um sorriso no rosto outras tantas.
As minhas crónicas preferidas são sobre o facebook e a forma como as pessoas usam as redes sociais. Ri imenso por reconhecer várias peculiaridades minhas e dos que me rodeiam. Para mim, o melhor humorista é aquele que agarra nas coisas mais simples e consegue criar uma empatia entre ele e quem o escuta/lê. Trump, Ricardo Salgado, Vaticano,e-factura,os robôs de cozinha tão escapam ao humorista. E a crónica sobre o feminismo? Brutal, das melhores. Adorava que muita boa gente a lesse. Variedade não falta nesta selecção de crónicas.
A nota introdutória do livro é uma carta a Portugal sobre as três melhores coisas que o país está a perder: comida, clima e língua. Parece completamente fora do contexto e antiga, sendo que este último verão foi o mais quente de sempre. Nesta carta ele reclama de falta de verão e de calor. Das comidas saudáveis e dos ingleses e franceses por todo o lado. Podiam ter escolhido uma introdução mais adequada e atual.
Referências literárias não faltam neste livro, não fosse o Ricardo Araújo Pereira um grande leitor. Temas atuais comentados de forma perspicaz e divertida como seria de esperar.
Não é preciso concordar com Ricardo Araújo Pereira para apreciar a perspicácia do seu humor. Em Reaccionário com dois Cês o humorista ironiza - e rabuja - velozmente sobre os mais diversos temas. O resultado é um livro bem divertido que dá simultaneamente voz a alguns pontos de vista (desagradavelmente) válidos.
O humor não é apenas, mas é também, geracional. A minha geração começou com o Herman José e continuou com o Ricardo Araújo Pereira e seus gatos. Quem ler as crónicas de Robert Benchley percebe bem as influências que teve no autor português. Elas surge sempre de uma mesma "carpintaria": tomar a posição inversa ao razoável fazendo da ironia o seu chicote. Mas estes textos demonstram também uma enorme capacidade de fixar os detalhes de uma sociedade. Quem ler, por exemplo, textos como "Champanhe morno", "A Identidade secreta do povo português", "O feice e o martelo", ou "Um disco riscado chamado Portugal" percebe bem como o seu humor toma posição ante as formas de ser do nosso povo, a tecnologia, a televisão e muitos outros temas. Por isso, a obra de Ricardo Araújo Pereira é bem menos a de um fazedor de piadas e mais (ou também) a de um crítico dos costumes, ao lado de Bocage, Camilo, Pacheco, Gil Vicente e outros.
Sempre gostei muito do trabalho do Ricardo Araújo Pereira, mas deixei de seguir tão de perto, nem sei porquê, e é a primeira vez que leio as suas crónicas. Adorei. Concordo em 95% com as suas ideias e o seu humor, que me roubou várias gargalhadas, continua brilhante. Este ser, por ser tão inteligente e perspicaz, vê o mundo de uma forma que eu considero muito correcta, sempre com respeito pelo outro, e nunca deixou de ter a sua visão tão acutilante sobre os factos. O seu tipo de humor não é aquele fácil e barato, é inteligente e faz-nos reflectir sobre a nossa sociedade e rever algumas das nossas opiniões e, no meu entender, serão na sua maioria sempre muito actuais. Só não dou as cinco estrelas ao livro porque o RAP fala muito de política, tema por que não me interesso muito (problema meu, não dele), e porque seria útil ter o ano de publicação associado a cada crónica para facilitar o enquadramento. Adorei as críticas ao Trump e ao racismo, mas as minhas preferidas talvez sejam sobre o feminismo, em que ele delimita muito bem o que é ser feminista: defender a igualdade de direitos (!) entre os sexos, só e nada mais.
Este livro é demasiado bom, as crónicas são demasiado boas e passei umas belas figuras enquanto tentava conter o riso nos transportes públicos não-subterrâneos de Lisboa. São crónicas previamente publicadas na revista Visão mas vale toda a pena ter o livro!
Sendo eu um seguidor regular do Ricardo, fiquei ligeiramente desapontado com este livro. Esperava mais, talvez tenha apenas criado demasiadas expectativas. O livro é um conjunto de várias crónicas organizadas, de uma forma geral, em três grandes temas: o país, a língua e as redes sociais.
Positivo: A escrita humorística do Ricardo e a sua conhecida preocupação em torno da língua portuguesa.
Negativo: O facto de um livro lançado em final do ano passado ter diversas crónicas escritas há coisa de 2, 3 anos, o que reduz o interesse actual.
O meu humorista favorito regressa às prateleiras com uma compilação de crónicas, como já vai sendo seu apanágio. Em relação a isto, não há muito a dizer. Já se sabe que, em princípio, haverá textos cheios de observações bem feitas sobre o povo Português e piadas à mistura para nos fazer rir e dizer "tem razão, sim senhor!" ou o clássico "tá boa!". Alguns textos são melhores do que outros, como também é expectável, mas no compto geral, os livros de Ricardo Araújo Pereira são sempre uma boa aposta para um momento de literatura descontraído, bem passado e divertido.
Este é o terceiro livro de Ricardo Araújo Pereira que leio em 2019. Estreei-me com este autor neste ano e, em poucos meses, já li 3 livros dele. Isto só pode ser um bom sinal. Estava com algum receio de não gostar tanto deste livro, por ter várias crónicas políticas e eu não ser uma pessoa que siga a actualidade política portuguesa ou internacional. Deste modo, estava com algum receio de não conseguir acompanhar as suas referências e o seu humor. No entanto, os temas sobre os quais o RAP escreve são temas que uma pessoa que esteja minimamente atentas às notícias consegue acompanhar, o que me deixou extremamente feliz e capaz de acompanhar tudo aquilo que ele escreve nas suas crónicas. A sua escrita é clara, fluída, muito bem estruturada e, sim, o seu humor é belo de tão inteligente que é. Com este terceiro livro, a minha admiração pelo trabalho de humorista e de escritor que o Ricardo Araújo Pereira tem realizado ao longo dos anos continua estável. Em 2020, vou com toda a certeza, querer ler os livros mais antigos dele. Ainda que possam estar já um pouco datados - já que as suas crónicas versam mais sobre acontecimentos políticos, sociais e culturais da atualidade - creio que serão uma boa leitura e proporcionarão momentos descontraídos com muito riso à mistura!
Constituído por uma coleção de crónicas breves, traz um outro olhar sobre a vida portuguesa e a realidade mundial ou, pelo menos, o que chega a ser notícia e circula como tal em Portugal nos mais diversos meios de comunicação. São textos inteligentes, cheios de humor, de ironia e de sarcasmo, na melhor acepção do que este último conceito tem de expor ao ridículo, embora com uma finalidade construtiva. Tem textos lapidares, muito bem pensados, sobre a política e os políticos, a sociedade e as pessoas, valores e atitudes, enfim, tudo o que define a vida que levamos e a sociedade em que vivemos, neste início de século.
Este livro é o segundo deste autor que já li. Gostei bastante! Consiste num serie de artigos, publicados inicialmente na revista Visão. São muito engraçados. Soltei gargalhadas durante quase todos. Além disso, os artigos frequentemente têm temas sérios, relacionados com as notícias da época em que foram escritos. Há poucos comediantes que conseguem escrever opiniões assim, e dar um resumo duma situação, com humor e, quando é necessário, força.
Comecei a tentar seguir a carreira de um tal Ricardo Araújo Pereira por volta da “segunda metade do terceiro trimestre da primeira década deste século”. Quando o Jornal “A Bola” publicava as crónicas do Zé Manel taxista, esses textos eram assinados por uma figura emergente de um novo tipo de humor em Portugal. Já só comprava o jornal às terças-feiras para poder ler a crónica dele. Anos depois ao ver a sic radical e mais precisamente, “O perfeito anormal”, deparo-me com uma rábula que me levou às lágrimas. Estavam a dar os primeiros passos os Gato Fedorento. Comecei a acompanhar o trabalho deles. As crónicas da Boca do Inferno na Visão, (sim, eu não lia só notícias desportivas). E enfim... tudo o que ele escreve, eu leio. Aconteceu o ano passado com o livro anterior. Este ano com o novo livro. Força Ricardo!!! Continua a fazer-nos rir por muitos e bons anos. Consigo encontrar neste livro figuras de estilo que me levam ao tempo do Zé Manel. Mas com uma escrita mais cuidada do que aquela que o Sr. José Manuel tinha. “Reaccionário com dois cês” è um livro genial de compilação de textos escritos no passado. Já não me lembrava de todos, obviamente. Foi bom recordar. E gostei da maneira como os textos estão divididos em categorias. Deu um peso ao livro. Muito bom. Diria até “brutal”! Mas não me consigo habituar ao novo uso desta palavra. Assim è só “bonzinho” :)
Excelentes crónicas - ao estilo incisivo e irónico a que RAP nos habituou - intercaladas com outras menos boas e por vezes repetitivas. Falta contextualização ou, pelo menos, a data da sua escrita/publicação. Acaba a saber a pouco.
Gosto muito do Ricardo Araújo Pereira. Para mim, é um dos humoristas mais inteligentes da atualidade e aquele que faz realmente piadas com piada, que nos fazem rir e que nos fazem pensar sobre alguns temas de uma forma diferente - porque o riso ou a ironia não têm de ser o oposto de preocupação ou de indiferença perante o mundo.
RAP é igual a si próprio neste "Reaccionário Com Dois Cês" e isso basta. Ainda que não concorde com todas as opiniões que expressa, admiro a forma como nos diverte e como consegue criticar sem destilar veneno (característica que falha na escrita de muitos humoristas portugueses).
"Reaccionário Com Dois Cês" reúne crónicas escritas para a Revista Visão e apresenta-nos a escrita peculiar do autor em análises críticas à atualidade. Ricardo Araújo Pereira é especialista em abordar temas sérios de forma engraçada sem lhes retirar o peso e é isso que nos prende em "Reaccionário Com Dois Cês". As redes sociais, as rabugices dos portugueses perante todo e qualquer tema, as opiniões contrárias, a liberdade de expressão, os dramas políticos do século XXI, as polémicas do momento (...). Ficaram a faltar as datas de cada texto - acredito que fariam toda a diferença e que ajudariam a contextualizar a crónica em questão, uma vez que algumas delas já estão desatualizadas -, mas não me parece que este seja um impedimento para compreender com clareza cada uma das situações abordadas ou o ponto de vista do autor.
"Reaccionário Com Dois Cês" acaba por ser um livro leve, de leitura fluída e com risos à mistura. Perfeito para um domingo à tarde, sem cair no ridículo ou na inutilidade tantas vezes associados a este dia.
Este livro é uma compilação de crónicas publicadas nos últimos anos pelo Ricardo. Não estamos pois perante algo de novo. Para mim, pessoalmente, que gosto muito do seu trabalho e que apenas tinha lido algumas dessas crónicas, a sua compra foi uma ótima oportunidade de as ler (em alguns casos reler) e guardar para releitura futura. São como habitualmente textos saborosos, em que o autor demonstra o permanente absurdo que desponta em cada dia, qual bolor em parede húmida, nos mais diversos episódios em que o mundo em geral mas em particular a nossa aldeia "Portugal" são pródigos. Como ele diz, a capacidade de fazer sorrir não consegue alterar o destino de forma significativa. Concordo com ele. Boa parte dos decisores são cretinos. Se não entendem a piada, continuam na mesma rota. Se a entendem revoltam-se, reforçando a asneira anterior, para mostrar que têm ideias (ou algo que consideram ideias) bem definidas. Ou seja, se esta perspetiva está correta, o humor pode levar a um mundo pior... Em qualquer caso, sem dúvida que ler estas crónicas nos alivia a bílis e descongestiona as mucosas, pelo que os benefícios para a saúde do leitor mais do que justificam a sua compra. Não classifico com 5 estrelas porque acho pouco correto que o livro não alerte para o facto de se tratarem de crónicas pré-publicadas. Não havia necessidade...
(PT) Mais uma série de crónicas sobre o mundo à volta, escritos entre 2013 e 2017, no mesmo sentido das "Bocas do Inferno". Só que desta vez, tem alguns objetivos específicos: há um capitulo dedicado à liberdade de expressão, as redes sociais e o abuso delas. Mas Ricardo Araújo Pereira (RAP) decide arrancar com o livro com a crónica que escreveu quando a seleção nacional venceu o Europeu de futebol.
De resto, houve algumas coisas sobre a atualidade nacional, mas essencialmente, fala sobre o mundo à nossa volta, um mundo cada vez mais perigoso, porque o mundo decide desabafar nas redes sociais e decidiu eleger caixas de comentários ambulantes. Como um certo senhor na América (na altura em que este livro foi escrito, porque há mais).
Como sempre, divertido. E claro, não vai fazer outra coisa senão isto.
"Reaccionário com dos cês" consiste numa compilação de textos da autoria de Ricardo Araújo Pereira para uma revist. Nestes textos RAP dedica-se, com bastante sarcasmo e ironia, a dar a sua visão crítica sobre vários temas, como as controvérsias nas redes sociais, extremismo do politicamente correcto, etc. Sempre com uma escrita cuidada mas de fácil leitura, são sem dúvida uma forma divertida de abordar temas bastante relevantes. Recomendado para quem saiba pensar por si próprio e seja capaz de perceber sarcasmo.
São poucos os humoristas com o Ricardo Araújo Pereira e isso todos nós ja sabemos. Este livro é uma compilação de crónicas escritas e já publicadas. É um livro para guardar e pegar quando precisamos de algum estímulo criativo que nos obriga a olhar à nossa volta e para a sociedade de forma diferente.
O único problema (será um problema?) como outro leitor já apontou é que nestes livros de compilações de crónicas corre-se o risco de se ter textos datados e desatualizados. No entanto, a escrita do RAP acaba certamente por ser intemporal.
Um livro para rir mas sobretudo para refletir e pensar.
A capacidade de observação do Ricardo Araújo Pereira fascina-me, por isso, é sempre um gosto lê-lo, é sempre um gosto ser desarmada com o seu humor inteligente.
Reaccionário com Dois Cês é leve, mas faz-nos pensar. É fluído, mas há retratos que ficam connosco. Acho que o único problema, que não é um problema tão grande assim, é que algumas das crónicas são mais datadas, presas à época em questão, mas isso é uma consequência de o humorista escrever sobre temas da atualidade. E a escrita do RAP compensa sempre.
Apesar de referir que já escreve há uma década e há quase o mesmo tempo não tem nada para dizer, este livro com mais uma compilação dos artigos da Visão, mostra que o RAP tem tido muito a dizer e continuará a ter. Dos poucos que ainda não se deixou levar pelo políticamente correcto que invade a nossa vida. Para ler, guardar e daqui a uns anos re-ler e admirar como tanto ainda está actual.
Depois de "A Doença, O Sofrimento E A Morte Entram Num Bar" esperava mais um livro na mesma onda de RAP, o melhor comediante da actualidade. Infelizmente, e por falta de informação minha, deparei-me com um livro com as crónicas feitas por RAP, não desgostando da escrita de RAP , o meu único ponto negativo é o facto de o livro ser apenas uma "reunião" de crónicas.
Estas colectâneas de crónicas vivem muito dos temas da altura e da inspiração momentânea do escritor. O humor de RAP é muito consistente, não só ao longo do livro, mas ao longo de praticamente toda a sua carreira de colunista. Quem comprar o livro já saberá certamente o que esperar, mas admito que entre todos os seus livros, não é dos piores.