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416 pages, Hardcover
First published December 14, 2017
Lovecraft esposava algumas ideias claramente racistas. Para ele, qualquer um que não tivesse a “pele clara dos nórdicos” (carta endereçada a Lilian D. Clark em 1926) era inferior. Seus sentimentos excludentes eram direcionados não apenas aos negros, mas aos poloneses, mexicanos, portugueses e judeus. Ainda na adolescência, Lovecraft escreveu um poema chamado “On the creation of niggers”, repleto de versos profundamente ofensivos. Contos como “O horror em Red Hook”, “A sombra vinda do tempo” e “O chamado de Cthulhu” também trazem elementos racistas. Para alguns autores, como China Miéville, o ódio de raça é um elemento fundamental da prosa lovecraftiana, pois, basicamente, seus monstros e aberrações são a representação de seus temores e fobias de raça. Em Providence, série em quadrinhos de autoria de Alan Moore e Jacen Burrows, gays, judeus, negros e imigrantes são mostrados como inspiração para as aberrações criadas por Lovecraft. S. T. Joshi, biógrafo do autor e provavelmente o maior especialista em sua obra, discorda a respeito da centralidade do racismo na obra de Lovecraft. Segundo ele, as posturas mais radicalmente racistas do autor estavam presentes em seu trabalho de juventude e não eram centrais nas histórias em si. Ainda segundo Joshi, o racismo de Lovecraft foi sendo minorado com a idade e a maturidade. Seu casamento com uma mulher de ascendência judaica, ainda que fracassado, e o estabelecimento de relações com pessoas de ascendências diversas teria feito Lovecraft repensar suas posturas. Em 2014, após imensa pressão de autores do mundo todo, o World Fantasy Awards, um dos maiores prêmios atribuídos a autores de ficção científica e fantasia, mudou o desenho de seu troféu, que antes trazia um busto de Lovecraft. O racismo do autor teria sido o motivo.