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Nós matamos o Cão Tinhoso!

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O livro de contos Nós matamos o Cão Tinhoso!, de Luís Bernardo Honwana, é um marco da literatura africana. Obra polêmica, publicada em Moçambique em 1964, foi criticada por aqueles que defendiam o colonialismo português, e aclamada pelos que defendiam a liberdade e a autonomia do país.

O volume é composto por sete contos que expressam de forma emocionante a realidade sufocante dos trabalhadores moçambicanos durante a colonização portuguesa. O leitor vai conhecer contos sublimes que dão destaque às experiências dos oprimidos como as crianças e os trabalhadores negros na era colonial.

Nós matamos o Cão Tinhoso! foi publicado em alemão, espanhol, francês, inglês e sueco, além das várias edições em Português em Moçambique e Portugal. No Brasil, teve uma única edição em 1980. A obra recebeu prêmios em Moçambique e na África do Sul, e foi classificada entre os “100 melhores livros africanos do século XX”, pela ASC Library, da Universiteit Leiden, na Holanda.

148 pages, Paperback

First published January 1, 1964

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About the author

Luís Bernardo Honwana

16 books13 followers
Luís Bernado Honwana (born 1942) is a Mozambican author.

Luís Bernardo Honwana was born Luís Augusto Bernardo Manuel in Lourenço Marques (present-day Maputo), Mozambique. His parents, Raúl Bernardo Manuel (Honwana) and Naly Jeremias Nhaca, belonged to the Ronga people from Moamba, a town about 55 km northwest of Maputo. In 1964 he became a militant with FRELIMO, a front that had the objective to liberate Mozambique from Portuguese colonial rule. Due to his political activities he was arrested by the colonial authorities and was incarcerated for three years.

He studied law in Portugal and worked for some time as a journalist. He was appointed director of President's office under Samora Machel. Later in 1981, he became Secretary of State for culture. He served on the Executive Board of UNESCO from 1987 to 1991 and was chairman of UNESCO's Intergovernmental Committee for the World Decade for Culture and Development. In 1995, he was appointed director of the newly opened UNESCO office in South Africa. Since he retired from the organization in 2002, he has been active in research in the arts, history and ethno-linguistics.

Honwana is the author of a single book, Nós Matámos o Cão-Tinhoso (1964), translated into English as We Killed Mangy Dog and Other Stories, and the tale "Hands of the Blacks". This work has proved enormously influential and a case can be made for it being the touchstone of contemporary Mozambican narrative. We Killed Mangy Dog is a collection of short stories set in the (Portuguese) colonial era at the turn of the sixties and is reflective of the harsh life black Mozambicans lived under the Salazar regime. Several of the stories are told from the point of view of children or alienated adolescents and most feature the rich mix of races, religions and ethnicities that would later preoccupy Mozambique's most internationally celebrated writer, Mia Couto.

(from Wikipedia)

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Displaying 1 - 30 of 92 reviews
Profile Image for Beto.
105 reviews25 followers
February 22, 2019
Este é um livro que passa despercebido a um grande leque de leitores. Porém, quando olhado com mais atenção, percebe-se que em poucas e simples páginas procurou/a chamar a atenção de situações injustas, exploratórias e pobremente humanas. Desenrola-se nele uma sequência de contos interligados a um espaço, um território que precisa de ser tomado em atenção.

Penso que é o despertar desta atenção que o autor procurou quando elaborou esta obra. Tudo isto através da perspectiva de uma criança, que se por alguns momentos apresentou pensamentos e sentimentos conscientes e maduros, em outros momentos apresentou pensamentos "egocêntricos", tal como a demais população de qualquer idade. Sente-se a tristeza das personagens enquanto lentamente vamo-nos engrenando na terra onde a História, de facto, não é mais que o relato de sofrimento e abuso humano.

Em consonância com a capa do livro, acredito que Honwana para descrever resumidamente este livro poderia recorrer à célere frase do pintor com uma pequena adaptação (Basquiat):

"Believe or not, actually I draw."
Profile Image for Harry Rutherford.
376 reviews106 followers
August 2, 2008
This is one for the reading-around-the-world challenge. I came across it when I was browsing through my bookshelves looking for books by people with foreign-sounding names.

I have actually read it before — I read it when I bought it, about 15 years ago — but it's short, so I thought I'd re-read it before ticking Mozambique off the list. I don't remember it making much impact on me then, but this time I was impressed. It's a slim (117 page) collection of vivid, fatalistic short stories, set in rural Mozambique and mainly told from a child's perspective. Stylistically it has a kind of plain directness, in this translation at least, that reminds me of Hemingway. Not that I've read any Hemingway recently.

It seems to be out of print, unfortunately, but if you happen upon a copy somewhere, pick it up.
Profile Image for Barbara Maidel.
109 reviews44 followers
December 26, 2023
ÀS VEZES A ALEGORIA SERVE À PREGUIÇA

Nada contra a alegoria na literatura – A revolução dos bichos é uma, e eu gosto dela –, mas tudo contra a alegoria que é uma estratégia preguiçosa pra afetar profundidade. Um romance simplista sobre um pai autoritário em conflito com seu filho rebelde – dita alegoria sobre como o Brasil sob o regime militar tratava os universitários de esquerda – continua sendo um romance simplista. Não passa a ser profundo porque é alegórico a um embate de valor social.

Nós matamos o cão tinhoso!, compilação de sete contos do moçambicano Luís Bernardo Honwana, parece recorrer a essas alegorias contra a opressão dos colonizadores portugueses e a imobilidade social em algumas regiões da África, tanto que foi recebido com louvor pelos que combatiam a colonização e com críticas pelos seus defensores. Mas na maior parte dos contos o autor falha em encantar pelo texto. Esses momentos não são muito ruins, mas também não são bons, e fazem brotar pensamentos da espécie não sei por que você se deu ao trabalho de escrever isso e não sei por que eu estou me dando ao trabalho de ler.

Os contos que me interessaram são justamente os dois últimos, “As mãos dos pretos” e “Nhinguitimo”, e por eles achei bom ter resistido na leitura até o final do volume. Livro de contos tem dessas oscilações – uma história selecionada ao acaso não necessariamente denuncia os predicados, ou a falta deles, nas histórias vizinhas. Em “As mãos dos pretos”, de três páginas, um menino tenta descobrir por que é que as mãos dos pretos são mais claras do que o restante do corpo, e ouve uma porção de adultos a esboçar teorias:

Antigamente, há muitos anos, Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, Virgem Maria, São Pedro, muitos outros santos, todos os anjos que nessa altura estavam no céu e algumas pessoas que tinham morrido e ido para o céu, fizeram uma reunião e resolveram fazer pretos. Sabes como? Pegaram em barro, enfiaram-no em moldes usados e para cozer o barro das criaturas levaram-nas para os fornos celestes; como tinham pressa e não houvesse lugar nenhum ao pé do brasido, penduraram-nas nas chaminés. Fumo, fumo, fumo e aí os tens escurinhos como carvões. E tu agora queres saber por que é que as mãos deles ficaram brancas? Pois então se eles tivessem de se agarrar enquanto o barro deles cozia?!


O personagem do Senhor Frias surge com outra teoria:

Nesse mesmo dia, o Senhor Frias chamou-me, depois de o Senhor Antunes ter-se ido embora, e disse-me que tudo o que eu tinha estado para ali a ouvir de boca aberta era uma grandessíssima peta [mentira]. Coisa certa e certinha sobre isso das mãos dos pretos era o que ele sabia: que Deus acabava de fazer os homens e mandava-os tomar banho num lago no céu. Depois do banho as pessoas estavam branquinhas. Os pretos, como eram feitos de madrugada e a essa hora a água do lago estivesse muito fria, só tinham molhado as palmas das mãos e as plantas dos pés, antes de se vestirem e virem para o mundo.


As especulações seguem:

Mas eu li num livro, que por acaso falava nisso, que os pretos têm as mãos assim mais claras por viverem encurvados, sempre a apanhar o algodão branco de Virgínia e de mais não sei onde. Já se vê que a Dona Estefânia não concordou quando eu lhe disse isso. Para ela é só por as mãos deles desbotarem à força de tão lavadas.


Explicações científicas pra por que o nosso corpo é como é são fascinantes – quem olha pra ciência e de fato a vê sabe que ela não é frígida, e tem poder de sedução –, mas pessoas comuns tentando decifrar o mundo com explicações mágicas também fascinam. Salvarei o conto.

O outro conto que salvarei, “Nhinguitimo” (palavra que na língua ronga significa tempestade, como explica o posfácio de Vima Lia de Rossi Martin), tem algumas descrições caprichadas, como esta das rolinhas:

Essencialmente prática, a rola sacrifica no seu voo a graça de uma pirueta e a amplitude de uma curva à necessidade de chegar mais depressa. Ninguém se lembra de ter visto uma rola a deixar-se embriagar pela carícia do vento, como frequentemente acontece à andorinha; ninguém pode jurar que, como o abutre, a rola se entregue no seu voo ao prazer sensual de deslizar contra o azul pastoso do espaço, com as asas todas desfraldadas; por certo também ninguém ouviu dizer que uma rola tenha passado uma manhã inteira a catar piolhos no ventre, a estufar o peito e a alisar a penugem, como faz a preguiçosa sécua.

Com os olhitos negros sempre vigilantes, a rola viaja na esteira dos grãos e volta pontualmente todos os anos, semanas antes do início das colheitas. Reproduz-se enquanto vai e volta e engorda calmamente com o tempo. Engorda e enegrece.

O seu cantar, que não tem tempo de ser musical, é imediatamente triste; é uma espécie de refilanço [reação, resistência, segundo a nota de rodapé] rouco e agreste. Às vezes, sendo monótono, é descritivo e nostálgico. Nunca porém poético ou divagante: é sempre horrivelmente direto.

Cantando, a rola não lamenta, como fazem muitos outros pássaros, acusa. Entristece o vale. Torna despropositado o verde dos campos e insípido o azul intenso do céu.


Nós matamos o cão tinhoso! valeu pra mim pela recepção do livro – quando o livro importa mais pelo que representou do que por aquilo que estetizou –, pelos dois contos indicados acima – pra eles eu daria quatro estrelas –, por alguns pequenos trechos doutros contos e pelo aprendizado de vocabulário regional, que a editora Kapulana explicou em notas. Na página 32, por exemplo, no meio do conto que dá título ao livro, o leitor se depara com termos de designação depreciativa como monhé (“comerciante de origem indiana ou paquistanesa”), labrego (“campônio; pessoa sem educação”) e maguerre (“branco inculto”). Dá pra aprender muito sobre um país, ou sobre grupos específicos dentro dele, pescando que palavras são usadas como xingamento.

Depois dos sete contos e do posfácio, a Kapulana publicou outro conto de Honwana chamado “Rosita, até morrer”, que é ruim.

¿A que se deve a nota ótima deste livro – 3.87 enquanto escrevo – considerando o padrão Goodreads? Acredito que seja pelo fator nicho. O Goodreads, assim como o IMDb, é um alto preditor de qualidade quando você não está pesquisando por um título captado por nichos do amor ou do ódio. Como existe condescendência com “literatura negra”, “crítica social” e protesto anticolonial, leitores tendem a ter a mão aberta na hora de avaliar. Note-se que Memórias póstumas de Brás Cubas, um dos maiores clássicos da ficção brasileira, tem nota 4.25, enquanto o medíocre O avesso da pele, que é do nicho afrossentimental, tem nota 4.57. ¿A História corrigirá isso? Não sei, a idiotia parece uma tendência de longa duração. A boa notícia é que Machado de Assis já está garantido como um dos nossos grandes autores. E por acaso – não em primeiríssimo lugar e como estratégia de alpinismo literário – era mulato.

Avaliando o todo de Nós matamos o cão tinhoso!, duas estrelas.
Profile Image for Lara.
33 reviews
July 10, 2025
So beautifully written and so bloody heartbreaking.
Profile Image for Lucinda.
223 reviews10 followers
September 14, 2014
This collection of short stories is full of compassionate, honest and simple voices. The prose is beautiful for its simplicity. First published in 1969, Honwana's stories present to the reader various aspects of life in a small Mozambican village. I was surprised at how subtle these stories are in their political and humanistic messages, particularly in light of their having been written during a period of great change and turmoil. The title story is absolutely heartbreaking and brilliant - worthy of being taught in any high school/ undergraduate Literature class.
Profile Image for Inês Montenegro.
Author 49 books147 followers
February 6, 2016
Escritor moçambicano, Luís Bernardo Honwana nasceu em 1942, vivendo parte da sua vida ainda durante a época colonial. Em 1964 publicou “Nós Matamos o Cão-Tinhoso”, uma narrativa que compila sete contos, onde o visual domina a escrita, e a hierarquia colonial, nas suas marcas do dia-a-dia, domina as temáticas.

Opinião completa em: https://www.goodreads.com/book/show/2...
Profile Image for Miguel.
Author 8 books38 followers
February 2, 2016
Obra verdadeiramente fundadora da literatura de Moçambique, o livro de Luís Bernardo Honwana ultrapassa a dimensão política que a inscreve na história do nacionalismo moçambicano; trata-se, mais do que isso, de uma obra de vocação universal, em que cada um dos sete contos que a compõem reflectem o essencial da condição humana, sobretudo vista do lado dos que sofrem a exploração, o racismo ou a violência social.
Escrita e publicada nos anos 60, quando o autor tinha pouco mais de 20 anos, a obra era naturalmente denunciadora do sistema colonial português e por isso esteve proibida, até que a independência de Moçambique lhe trouxe o reconhecimento e a importância que efectivamente merece.

Contos e excertos de contos de Honwana podem ser lidos neste link: http://asombradospalmares.blogspot.pt....
Profile Image for manu.
44 reviews
October 21, 2023
fuck portugal stupid ass country

brincadeiras à parte: foi tão triste e revoltante ler o quão habituadas as crianças estavam com a violência constante e consequentemente inseridas nela por conta da colonização. como se matar um cachorro fosse uma tarefa do dia e em seguida eles voltariam à aula como se nada tivesse acontecido… gostei muito do contraste de pensamentos do ginho, ao mesmo tempo que ele tem uma ingenuidade que só crianças tem, traços de uma maturidade e seriedade também marcaram presença. a hesitação em matar o cão tinhoso e depois a constatação de que para ele seria melhor morrer do que viver como vivia, foi algo muito profundo e maduro para uma criança.

também li o conto “as mãos dos pretos” e ele me pegou muito porque lembrei da frase de moonlight “in moonlight, black boys look blue” com a cena da mãe explicando sobre a tonalidade das mãos e pés, e depois o filho chorando no quintal, como se ele tivesse entendido que a visão racista e eurocêntrica sempre teria um peso maior no mundo do que a versão honrosa que a mãe contou à ele, sério que final impactante!!
Profile Image for Kit.
361 reviews3 followers
August 22, 2009
I found a handful of African Writers series books in a secondhand stall and bought the lot. This is the best of the lot.
Profile Image for anna c.
133 reviews21 followers
Read
May 4, 2023
não sei se entendi
1 review
February 23, 2022
O Cão Tinhoso tinha uns olhos azuis que não tinham brilho nenhum, mas eram enormes e estavam sempre cheios de lágrimas, que lhe escorriam pelo focinho. Metiam medo aqueles olhos, assim tão grandes, a olhar como uma pessoa a pedir qualquer coisa sem querer dizer.

Minha primeira leitura do ano de 2022 foi o belo livro de contos do moçambicano Luís Bernardo Honwana. Ao todo, são oito contos: Nós matamos o Cão Tinhoso – que dá título ao livro - ; Inventário de móveis e jacentes; Dina; A velhota; Papá, Cobra e Eu; As mãos dos pretos e Rosa até morrer. Na obra, o autor retrata o cotidiano de trabalhadores e famílias moçambicanas pobres enfrentando as agruras do colonialismo em meados do século passado.
Todos são contos incríveis, especialmente o comovente “Nós Matamos do Cão tinhoso” que dá título à obra. O conto é narrado por uma criança – O Ginho – que, juntamente com seus colegas de aula, são instados pelo “Senhor Administrador” e pelo “Doutor da Veterinária” a matar o Cão Tinhoso.
Inicialmente, pensei que as crianças iriam matá-lo por se tratar de um cão “ardiloso” que oferecia perigo para as pessoas. Contudo, logo percebi que o significado de “tinhoso” em Moçambique não é o mesmo que aqui no Brasil. Lá, “tinhoso”, pelo menos na obra, tem o significado de “sardento”, “ferido”, “doente”, “abandonado”, conforme vemos na descrição de Ginho:
“O cão tinhoso tinha a pele velha, cheia de pelos brancos, cicatrizes e muitas feridas. Ninguém gostava dele porque era um cão feio. Tinha sempre muitas moscas a comer-lhe as crostas das feridas e quando andava, as moscas iam com ele, a voar em volta e pousar nas crostas das feridas. Ninguém gostava de lhe passar a mão pelas costas como aos outros cães. Bem, A Isaura era a única que fazia isso. A Isaura era a única que gostava do Cão Tinhoso e passava o tempo todo com ele, a dar-lhe o lanche dela para ele comer e a fazer-lhe festinhas, mas a Isaura era maluquinha, todos sabiam disso.
O Cão Tinhoso vivia nas proximidades da escola e do Clube onde os meninos jogavam futebol, mas era ignorado por todos, com exceção da Isaura, e, embora não oferecesse perigo a ninguém, gozava da antipatia do Senhor Administrador que, certo dia, estando a conversar com o Senhor Chefe dos Correios, lá no Clube, asseverou:
- “ouve lá, o que é que este cão está a fazer ainda vivo? Está tão podre que é um nojo, caramba! Bolas para isto! Ai que eu tenho de me meter em todos os lados para pôr muita coisa em ordem”.
Ginho que a tudo ouvira, desabafou: “ eu fiquei um momento a olhar para aquilo tudo até compreender o que o administrador queria dizer: - o Cão Tinhoso vai morrer.
Ao ouvir a sentença de morte do Cão Tinhoso, Ginho corre para dar a notícia aos colegas:
- fui a correr para o campo de futebol avisar a malta: “- O Cão Tinhoso vai morrer”. Mas não teve boa recepção.
- O Gulamo disse-me: “Fora daqui. Agarrei-me a ele e voltei a dizer-lhe que o Cão Tinhoso ia morrer: Larga- me. Ele só dizia isso: Larga-me.
Não tendo recebido atenção dos colegas, Ginho desabafa: - ...fui embora para fora do campo, mas fiquei chateado porque os outros não queriam saber do Cão Tinhoso.
A sorte do Cão Tinhoso estava selada. “um dia, o Senhor Duarte da Veterinária veio ter conosco... -ó rapazes tenho uma coisa para vocês. - ouçam, ó rapazes, tenho uma coisa para vocês, repetiu. É uma coisa de malta, mesmo de malta... é coisa que eu com a vossa idade não deixaria de fazer, se me pedissem para fazer.
E continuou:
-Bem vocês, vocês sabem, o Doutor mandou-me dar cabo de um cão , aquele, vocês conhecem-no, aquele que anda por aí todo podre que é um nojo, vocês não o conhecem? ...Ora, o Doutor mandou-me dar cabo dele.
Nenhum protesto da turma(malta). Nem mesmo de Ginho de quem o Cão Tinhoso havia ganhado a simpatia, nos últimos dias. Quem poderia no entanto protestar se o Doutor da Veterinária tiraria suas cartas da manga, incriminando os garotos?
- ...sim, sei que vocês gostam de dar por aí uns tiritos às rolas e aos coelhos, mesmo sem terem licença de uso e porte de arma, para não falar na licença de caça , e vocês sabem que se são apanhados por mim ou por um fiscal de caça, chupam uns meses de prisão que se lixam. Mas deixa lá que eu não levo a mal nem digo a ninguém que vocês usam as armas dos vossos pais ilegalmente
- Fique descansado, senhor Duarte. Falou Quim, o líder da malta.
A partir daquele momento, com a morte do Cão Tinhoso sentenciada puseram-se a fazer a divisão de tarefas para a concretização do que queria o Senhor Administrador e conforme ordenou o Doutor da Veterinária. Lá se foram, conforme narra Ginho:
- Nós éramos 12 quando fomos para a estrada do matadouro com o Cão Tinhoso. O Quim, O Gulamo, o Zé, o Xangai, o Carlinhos, o Issufo, e o chico iam pelo meio da estrada com as espingardas apontadas para frente. Atrás deles ia o faruk, que não tinha espingarda, a arrastar o Cão Tinhoso pela corda. O Cão Tinhoso não queria andar e chiava, com a boca fechada. Nós, eu e o Telmo de um lado, o Chichorro e o Norotamo do outro lado, íamos também armados ...
Ao chegar no local da execução, houve uma breve discussão sobre quem daria o primeiro tiro
e com que tipo de cartucho; Enquanto isso, Ginho tentava demover os companheiros, a não executarem o serviço.
- Quim, a gente pode não matar o cão, eu fico com ele, trato-o das feridas e escondo-o para não andar mais pela Vila com estas feridas que é um nojo...

Houve um momento em que até mesmo Quim, que era o que mais determinado em querer matar o cão, teve um pouco de hesitação, conforme compreendemos pela fala de Ginho:

- O Cão Tinhoso chiava baixinho e roçava-se pelas minhas pernas a tremer. O Faruk agarrava a minha espingarda com força e apontava-a para mim, com as pernas afastadas, mas olhava para o cão Tinhoso, com os olhos grandes de medo. Os outros todos ficavam também com os olhos cheios de medo quando olhavam para os olhos azuis do Cão Tinhoso.
- É pá, vamos deixar para outro dia – o Faruk olhava para o brilho do cano da Ponto 22 de um Tiro – vamos deixar isto para amanhã ou outro dia.
Mas a determinação do Quim era mesmo de realizar o intento e gritou:
- ó meus filhos da mãe, vocês estão com medo?
Só o Ginho respondeu:
-Eu estou com medo – custou-me dizer aquilo porque mais ninguém estava com medo, mas foi melhor assim – eu estou com medo Quim...
A franqueza de Ginho levou a malta a “morrer de rir” por ele ter medo.
-Esta é forte malta, - dizia o Quim com a boca toda aberta e os olhos a chorar de tanto rir.
- Parece que nunca mais acabavam de se rir , e eu com aquilo só tina vontade de chorar ou fugir com o Cão Tinhoso.
O Faruk , assim como o Ginho, também tentava demover a malta:
-Vamos deixar isto para outro dia, pá...Damos cabo do cão amanhã ou outro dia... É que já está quase escuro e podíamos ferir alguém sem querer, no escuro com tantas espingardas....
Impossível, adiar. O pior é que deliberaram que o primeiro tiro seria de Ginho. Mesmo diante de seus protestos, a malta não o dispensava de tamanha crueldade:
- Quim eu não quero dar o primeiro tiro... Sabes Quim, é que eu não quero matar o Cão Tinhoso ...Eu não quero não...É que eu sou um bocado amigo do cão...
A pressão psicológica sobre Ginho continuava:
- Anda lá, anda lá, não tenhas medo... Já viram isso malta, um de nós borrar-se todo por causa do cão.. eu não sei por que é que esse tipo anda conosco se não é macho de verdade...
- Já viram? Tu não és macho como a gente.. Maricas! Não tens vergonha? Dá lá o tiro, anda... Merda para ti, caramba! Preto de merda! Dispara , pá, não sejas medroso .. até parece que é a primeira vez que agarras uma arma...
Se continuas assim a gente depois conta lá na escola que tu tiveste medo de matar o cão, que começaste com cagufas...a gente vai dizer que te borraste todo ...a gente vai contar isso, palavra que vai contar... medroso, me-dro-so, me-dro-so....
Despois de tanta pressão Ginho acabou cedendo:
- Eu não sou medroso! Já disse não sou medroso! Atiro sim, e depois? Eu mando já um tiro no sacana desse cão...
Embora tendo tomado essa resolução, Ginho não se dispunha a atirar de imediato, o que irritou a malta:
- Então, atiras ou não? Vamos pá, atira lá que nós estamos à espera de ti, mostra que és teso e que podes continuar com a malta.... Porra, atiras ou não, preto de merda?
Enquanto os meninos estavam a xingar o Ginho, este estava a conversar com o Cão Tinhoso a pedir perdão pelo que iria fazer..
- Desculpa-me Cão Tinhoso, mas não vou atirar a matar...Eu só havia de dar o primeiro tiro porque a malta queria que fosse eu, mas eu não havia de matar o Cão Tinhoso . Eu não tenho outro remédio, Cão Tinhoso, eu tenho de atirar...Eu estou cheio de medo, desculpa, Cão Tinhoso.. Deixa-me atirar e não me olhes dessa maneira... Se pudesse, fugia e levava-te comigo .. e depois tratava-te e nunca mais apareceria pela vila com essa feridas que é um nojo , mas o Quim...
- Tu morres e vai direto para o céu, direitinho ao céu...vais gozar lá no céu...mas antes disso hei de enterrar o teu corpo e hei de pôr uma cruz branca... E tu vais para o limbo...sim antes de ires para o céu , vais para o limbo, como uma criança pequena...Estás a ouvir Cão Tinhoso?
Logo após essas confidências, o inevitável aconteceu. Ginho acabou disparando:
- Logo depois do estouro vi um grito monstro e nada mais. O meu tiro devia ter magoado o Cão Tinhoso para ele gritar como uma pessoa. Fiquei sem saber o que havia de fazer porque, logo depois, o Cão Tinhoso começou a gemer como uma criança.
Em seguida, a malta foi surpreendida com algo inimaginável:
A Isaura estava agarrada ao Cão Tinhoso e era ela quem estava a gemer ...
A malta estava toda de boca aberta a olhar para aquilo e só se ouvia a Isaura a gemer muito alto e a olhar para todos os lados com os olhos todos saídos e muito agarrada ao Cão Tinhoso.
O primeiro a sair da letargia foi o Quim:
- o que é que esta tipa veio para aqui fazer? Ó tipinha, não te disseram que nós não queremos fêmea a esta hora? o que é que vieste para aqui fazer? Não queremos gaja a atrapalhar o que nos mandaram fazer, ouviste?
A Isaura não dizia nada e só gemia para a malta
Ficou tudo calado por um instante e a malta a olhar uns para os outros , sem saber o que fazer.
- Ginho, tira a gaja de cima do cão. Não vês que ela não quer sair? Isaura sai daí... Isaura... a gente quer fazer o que nos mandaram fazer.. sai daí... mas que burro que ele é! Não vês que ela não quer sair? Arranca a tipa, não ouves? Isaura, não vês que foi o Senhor Duarte que mandou?
Quim começo a contagem regressiva para finalizarem o serviço:
Um...
Nesse ínterim, Ginho procurava consolar Isaura:
- Isaura, o Cão Tinhoso já deve ter visto que os outros cães não querem brincar com ele...Ninguém gosta dele.. eu nunca vi ninguém a passar-lhe a mão pelas costas como se faz com os outros cães.
Doooooiiiiiiiis...o Quim levou um tempo enorme para dizer dois.
Ginho continuava a consolar Isaura:
- ele deve saber que é melhor morrer do que aturar aquilo tudo, os miúdos da primeira classe a atirar-lhe pedras e a fazer rodinhas para lhe chamar Cão Tinhoso, a senhora professora a dizer-lhe suca e o senhor administrador a mandar o doutor da veterinária matá-lo por ele ter feridas...
- Iiiiiii – sibilava quinho
A Isaura continuava a gemer, estava toda mole e a não querer andar e os olhos todos saídos a olhar Cão Tinhoso.
- TRÊS
Ficou tudo parado e até a Isaura calou-se e ficou dura.
Quim esbravejou:
- Atirem porra! Poça, ninguém atira?
Todos continuavam atônitos e Ginho a consolar a Isaura:
- A gente não pode dar nada ao Cao Tinhoso...a gente não sabe o que ele quer . Palavra que a gente não sabe,
Quim, fulo de raiva, continuava esbravejando:
- eu vou contar outra vez até três, mas ai do gajo que não atirar!...
- Isaura...
Um...doi..zi três!...
- Os tiros rebentavam por todos os lados e mesmo com os olhos fechados eu via fogo a saltar dos canos das espingardas. O corpo da Isaura estava duro e estremecia a cada estouro... o cão já estava morto, mas eles continuaram a atirar.
- A Isaura gemia para mim e chorava baixinho, sem lhe saírem lágrimas dos olhos.
.........
Na escola, querendo redimir-se do que havia feito – já que o protagonismo pela matança do cão foi sua – Quim, ao avistar alguns cães lá fora comentava com o Ginho:
- eles não queriam brincar com o Cão Tinhoso – apontava para eles. – Eles não queriam brincar com o Cão Tinhoso...
- Ginho... Tu estás zangado comigo? A gente não devia ter liquidado o cão? Foi o Senhor Duarte que mandou.. Tu também estavas lá.
- Meninos! para a aula! Para a aula eu já disse..
A senhora professora perguntou se os nossos pais não nos davam educação lá em casa e nós nunca mais falamos do Cão Tinhoso......


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Profile Image for Sophie Will.
16 reviews1 follower
September 13, 2025
Só não é o meu estilo. Nada contra o autor, mas não leria de novo
Profile Image for Jessica.
55 reviews7 followers
July 25, 2023
acho que não há palavras pra descrever o peso desse livro, e não é atoa que é um clássico cobrado pela FUVEST. cada conto é de revirar o estômago e só traz ao leitor uma revolta profunda pela colonização portuguesa.
Profile Image for Raul Amorim.
17 reviews
December 19, 2024
"Deus fez pretos porque tinha de os haver. Depois arrependeu-se de os ter feito porque os outros homens se riam deles e levavam-nos para as casas deles para os pôr a servir como escravos ou pouco mais. Mas como Ele já os não pudesse fazer ficar todos brancos porque os que já se tinham habituado a vê-los pretos reclamariam, fez com que as palmas das mãos deles ficassem como as palmas das mãos dos outros homens. E sabe por que é que foi? Foi para mostrar que o que os homens fazem, é apenas obra de homens. Que o que os homens fazem é feito por mãos iguais, mãos de pessoas que se tiverem juízo sabem que antes de serem qualquer outra coisa são homens. Deve ter sido pensar assim que Ele fez com que as mãos dos pretos fossem iguais às mãos dos homens que dão graças a Deus por não serem pretos."
Profile Image for Jerome Kuseh.
208 reviews20 followers
December 13, 2015
Underwhelming. Perhaps my lack of knowledge on colonial Mozambique affected my appreciation of the work. But I enjoyed the first story, Dina, and then it went downhill from there. The story the book takes its title from, We killed Mangy-Dog, was unnecessarily drawn out and repetitive in some places. I'm glad at least that it was a short read.
Profile Image for Alexandre Pomar.
Author 2 books12 followers
March 6, 2021
A 1ª edição traduzida (por Dorothy Guedes, mulher de Pancho Guedes), com um desenho de Pedro Guedes reproduzido na capa. A edição original de Nós Matámos o Cão Tinhoso é de 1964, estando o autor preso e em risco de desaparecer na prisão, tendo sido editada pelo arquitecto Pancho Guedes
Profile Image for Domingos Novela.
67 reviews3 followers
March 22, 2016
Muito bom.
Descrições espectaculares.
Contos magníficos.
Dramatização poética.
Profile Image for Rogerio Lopes.
820 reviews17 followers
August 31, 2024
Nós Matamos O Cão Tinhoso de Luís Bernardo Honwana é um pequeno e devastador livro de contos. O leitor incauto que imagine “ah são pouco mais de cem páginas dá para ler brincando” se engana e muito. Existe uma dose de violência gráfica e muito mais simbólica e psicológica que invalidam uma leitura corrida. O leitor vai sim precisar parar para respirar.
Como todo livro de contos existem variações mas todos os contos são muito bons, impressiona a capacidade de Honwana em comunicar a extrema violência tratada sem necessariamente descrevê-la minuciosamente. Chama à atenção também a capacidade do autor de dentre uma cena de violência demonstrar a existência de outras as vezes não tão evidentes para quem está de fora.
É o que acontece por exemplo ao falar da vulnerabilidade da filha de um dos personagens em não poder se furtar as caprichos do administrador, mas cuja maior dor é ter sua humilhação exposta a próprio pai. O subsequente entendimento e solução proposta pelo opressor é um soco no estômago do leitor.
O conto título é outro em que o fato narrado empalidece face a imensa violência simbólica que o perpassa e a impressão constante de que o cão do título nem de longe é apenas um cão mas o símbolo de todo um povo.
Seu desamparado olhar triste e condenatório atravessa os personagens e o leitor, denunciando a imensa violência, desprezo e impotência que os oprimidos sofrem. A percepção e tentativa de justificativa do narrador de que o único consolo possível para o cão seria a morte, ultrapassa os limites do conto podendo ser tanto dirigido aos negros como a qualquer outra minoria oprimida.
Nós Matamos O Cão Tinhoso se destaca portanto pela capacidade do autor em escrever narrativas vívidas e graficamente eficientes, hábeis em comunicar ao leitor muito mais do que os meros fatos contam.
Profile Image for Gabriela Brown.
55 reviews2 followers
June 25, 2024
Brilhantes contos de Honwana <3 Simbolismos por todos os lados, e câmbios de focos narrativos com tanta maestria que parece até uma dança por entre linguagens, tão profundamente mescladas que não se sabe onde começa e onde termina o eu do colonizado. Honwana pareceu buscar uma descolonização mental em seus conterrâneos, com o despertar do olhar crítico estratégico para o florescer da contracultura e da sobrevivência.

Racismo, hierarquia social, injustiça fleumática e repetitiva, simulando esse cenário que perdurou em seu momento como se fosse pra sempre e que, no fim, infelizmente acabou sendo mesmo, pois é impossível um povo colonizado voltar integralmente ao que era.

Madala, no conto "Dina", melancolicamente representou não só a sabedoria dos anos corridos, como a prudência para uma lu.a anticolonial estruturada, para uma vitória libertadora moçambicana certeira.

Como sempre, fui extremamente afetada pelos contos com narrador infantil, que é a voz que mais conversa comigo. A literatura humaniza mundos desconhecidos e nos permite ligas emocionais intercontinentais. Viva lei11645-08.

"Madala estendeu o olhar em volta, sentindo um certo prazer em magoar a vista nos pedaços de sol que saltavam das folhas lisas do milho.""

"Além disso, não seria eu a destruir neles fosse o que fosse."

"o nosso filho acha que ninguém monta em cavalos doidos, e que nos famintos e mansos é onde lhes dá mais jeito, percebeste? Quando um cavalo endoidece dá-se-lhe um tiro e tudo acaba, mas aos cavalos mansos mata-se todos os dias"

"ao prazer sensual de deslizar contra o azul pastoso do espaço"

por fim, algo de rosita

"minha boca não gosta falar coisa que meu coração está dizer, mas minha cabeça fica maluco quando minha boca não diz: eu gosto muito você"
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Profile Image for Tamiris Durigan.
151 reviews1 follower
November 22, 2024
Li esse livro por puro entretenimento e curiosidade depois que uma vestibulanda veio atrás dele meses atrás e não o tínha na biblioteca em que trabalho.

No geral, achei um livro bem mediano. Entendo a importância que este livro têm ao jogar luz sobre as vivências e danos causados pela colonização mas não consegui achar ele interessante. Só o fato de começar com a morte no primeiro conto já me desconectou de todos os outros. Além disso, antes de saber sobre o que o livro era, fui enganada pelo título e o primeiro conto me deixou horrorizada.

Só fui digerir melhor o que li quando terminei o posfácio e assisti alguns vídeos. Esse livro, para mim, ficou óbvio como um que deve ser dirigido "em estudo".
Profile Image for Anderson  Carneiro Guislandi .
39 reviews1 follower
August 11, 2021
Literária
NÓS MATAMOS O CÃO-TINHOSO, traz em seus contos marcas da colonização, os  contos  do escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana deste livro publicado que foi publicado em 1964,  ano em que eclodiu a luta pela independência de Moçambique da conhecida opressão colonial portuguesa.
Sao contos que mesmo por.vezes tendo um toque re humor,  estão sempre recheados de racismo, violência contra a mulher,  desrespeito ao idoso e racismo  são textos que de certa forma denunciam as mazelas da colonização.
Esse livro vai além dos seus contos de leitura fluida e acida, ele estarra na história recente do povo moçambicano, mas também fala do nosso cenário atual de sombras e incertezas.
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Profile Image for Lean.
17 reviews
August 15, 2023
Acho que seria a nota 2,5/5
É um livre interessante pra sair da zona de conforto, principalmente por ser de um Moçambique, um país que faz parte de um continente que é tão rico mas está tão pouco inserido no entretenimento, por exemplo.
Contudo, sendo sincera, é um livro que eu terminei de ler por ser leitura obrigatória para o meu vestibular, pois achei difícil, não necessariamente na linguagem, mas principalmente por não ser um livro tão fluído e alguns contos, como o Inventário de imóveis e jacentes, serem complicados de pegar as mensagens.
Pra finalizar com um tópico positivo, o meu conto favorito foi As mãos dos pretos
Profile Image for Laryssa Silva.
4 reviews
October 17, 2023
lindo e surpreendente, o autor faz denúncia sobre o que acontece no local, mas de uma maneira sútil e delicada, parece que não tem nada ali sendo falado, quando você vê, está tudo escancarado. a consciência é construída, e esse pra mim é o ponto que vejo genialidade sem tamanho, o livro se dispõe a mostrar para à população o que está acontecendo, mas tem que vir de cada individualmente um senso crítico acerca das coisas! fica claro que o intuito não é apenas demonstrativo, mas também projetor de uma clareza e criticidade ao presente e passado, para que possa haver o rompimento futuro dessa ordem opressora.

genial
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