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326 pages, Paperback
First published January 1, 1970
O que esperar da prosa de uma escritora que veio da poesia e do teatro? Hilda Hilst, já em seu primeiro livro de contos, consegue esculpir o seu próprio modelo de escrita, único, criativo e flúido. Não é atoa o nome do livro: Fluxo-Floema. A leitura é deliciosa, mas nada fácil. O que se vê nos contos é o protagonismo de narradores-personagem mudando de um para outro, subitamente; diálogos e fluxo e de consciência costurados em conjunto, o que dificulta saber o que se diz e o que se pensa (para Hilda, tudo se desdobra numa coisa só); neologismos; descrições inimagináveis etc. Eu poderia buscar compará-la com qualquer outro escritor, mas não conseguiria, porque Hilda vale por si mesma e seu talento é assustador. Não é atoa que é uma autora pouco estudada e ofuscada do meio literário, num geral.
A primeira coisa que notei foi a presença de traços de teatralidade nos enredos e nos personagens, nascidos do mais absurdo exagero, do expressionismo, poliformes por natureza. Como também há traços da poesia, pois tudo é recheado de uma beleza acalentadora, desde a "vida" até a "morte". Ou desde as primeiras letras do "Fluxo" até às últimas letras do "Floema" (primeiro e último conto, respectivamente).
Confesso que me faltou sinestesia e foco para entrar a fundo nessa leitura, contudo, isso não prejudicou a experiência, pois, ainda assim, o livro conseguiu me cativar bastante. Além de despertar em mim mais interesse por essa lendária escritora, que não poderia ser de outro país, senão do nosso (amado, ou nem tanto) Brasil. E à primeira pergunta, respondo: de Hilda, espere mais Hilda.
Contos preferidos: Fluxo, Osmo e Lázaro.